terça-feira, 30 de setembro de 2014

Fábrica do Costa (Cacela Velha)

Até há uns tempos atrás eu dizia aos quatro ventos que na Fábrica (é como é conhecida a praia perto de Cacela Velha onde se situa o restaurante) se comia o melhor Arroz de Lingueirão. Um outro sítio, bem mais perto de casa, já me provou que aquele não é o melhor mas até prova em contrário é o segundo melhor!
Ainda assim, não deixa de ser um dos sítios que facilmente recomendo para se comer bem a quem se desloque para esta zona do Algarve.
Um espaço grande colado à zona onde os barcos transportam os veraneantes para a praia que fica do outro lado da ria, onde se encontram bons produtos locais (e não só), mas onde a especialidade e a razão pelo qual a casa é conhecida é o Arroz de Lingueirão, e claramente o prato pedido para (quase) toda a gente na mesa. Caldoso, como manda a tradição, e bem recheado do dito bivalve, com um bago ligeiramente encruado, é um muito bom prato e bem executado.


Antes do arroz ainda tive a oportunidade de provar umas excelentes Conquilhas e Amêijoas à Bulhão Pato. Ambas as opções bastante saborosas, com bom tempero e bom molho, a permitir mergulhar alguns bocados de pão no delicioso molho que se acumula no fundo do prato.




Mais um sítio de referência na Zona Este do Algarve, com bons produtos e bem executados, e com preços um pouco acima da média, mas relativamente compreensível para o tipo de ementa e para a zona.

Fábrica do Costa
Cacela Velha, Portugal
Preço Médio: < 30 €

sábado, 27 de setembro de 2014

Passatempo (by Zomato) - 1º Aniversário Devaneios de um Foodie

Hoje é dia 27 e marca o 1º Aniversário do Devaneios de um Foodie! Foi um ano de alguma irregularidade na periodicidade de posts, e até com mudanças na forma como os realizava, mas foi ao mesmo tempo um ano de muitas e boas experiências gastronómicas. Algumas delas foram proporcionadas quando a Zomato entrou no mercado português. Com a Zomato e os seus Foodie Meetups, tive a oportunidade de conhecer alguns colegas foodies cujos blogs já seguia, e outros que passei a seguir.


Mas a Zomato não é só a app mais informativa de restaurantes de sempre! A Zomato também dá presentes aos seus utilizadores mais regulares, com convites para alguns dos restaurantes seus parceiros, e é graças à Zomato que o blog poderá realizar este passatempo! Um muito obrigado a toma a equipa Zomato, que trabalha diariamente para manter e melhorar a qualidade da empresa, mas em especial à Sara, que é a pessoa que mais me tem aturado e com quem falei para ter a possibilidade de fazer este passatempo e celebrar o aniversário do blog!
Mas chega de conversa da tanga, e vamos ao que interessa. O Kook Chiado é um restaurante muito recente, aberto em Agosto, que combina na sua ementa sushi e petiscos. Parece estranho? Sim, mas a verdade é que conseguem apresentar uma ementa bastante apelativa. Para saberem como foi a minha experiência no Kook Chiado cliquem aqui.

Kombinado de 20 peças
BaKalhau à Lagareiro
Suspiros
Para terem a oportunidade de ganhar um Jantar para Duas Pessoas no Kook Chiado (bebidas não incluídas), e poderem desfrutar das Sugestões do Chef, apenas têm que que seguir 4 simples passos:
- Seguir o Devaneios de um Foodie no Facebook ou Google+
- Registarem-se na Zomato e seguirem o Devaneios de um Foodie
- Caso desejem ter direito a mais uma entrada, basta partilharem de forma pública o link deste passatempo
- Preencher o questionário seguinte com o vosso Nome, Email, Link do vosso Perfil Zomato e o Link da Partilha Pública (tem mesmo de ser pública para eu poder verificar correctamente)


Simples, não é? Apenas será aceite uma participação por pessoa e poderão participar até dia 4 de Outubro, inclusive! Se tiverem alguma dúvida, enviem-me um email que responderei o mais depressa possível!

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Kook Chiado (Chiado)

Ouvi falar, pela primeira vez, no Kook Chiado à cerca de duas semanas, quando saiu um pequeno artigo sobre a sua equipa e o seu conceito. A equipa parecia-me interessante e com passagens por sítios de renome na cidade de Lisboa, mas o conceito assustava-me um pouco. Sushi e petiscos portugueses no mesmo espaço? Já tive más experiências com restaurantes que ambicionam agradar a um público alvo vasto, ou encaixar-se nas modas, e depois falham miseravelmente.
Mas a possibilidade de fazer o passatempo de aniversário do blog num espaço recentemente aberto, com boa pinta e com uma carta que, apesar do anteriormente mencionado, até parece apelativa, era irrecusável. E não poderia lançar um passatempo sobre um restaurante sem primeiro vos dar a minha opinião sobre o mesmo não é?


Ao entrarmos no restaurante ficamos agradados com a decoração. É um restaurante moderno, decorado com bom gosto e recebemos logo o primeiro sorriso da noite. Ao longo de toda a refeição, todo o atendimento foi (quase) exemplar, mas sempre bastante simpático e prestável. Tão prestável que, enquanto nos colocávamos nas mãos do chef David Costa, não colocando qualquer restrição aos pratos com que ele nos quisesse presentear, estávamos bastante indecisos sobre o que beber, ao que nos foi sugerido uma Sakerinha de Maracujá. Fresca, quase um sumo, não se notando muito o álcool e servido com os caroços do maracujá, e isso para mim é um ponto a favor. É como as mousses de maracujá, se não tiver sementes não tem metade da piada.


Assim que chega o Couvert, senti as minhas expectativas subir, apenas pela forma cuidada como é apresentado. Uma base com dois tipos de pães (e dois exemplares de cada) quentinhos a libertar um aroma que nos mete a boca a salivar. A manteiga de ovelha cremosa, quase com a textura de um queijo, derretendo-se assim que colocada num pedaço do fantástico pão. Também o hummus é muito bom, de boa consistência e com a adição de um qualquer ingrediente que não consegui descortinar, mas que lhe conferia uma ligeira acidez, tornando-o multidimensional. (Depois de uma rápida consulta à ementa do Kook, apercebi-me que o hummus do restaurante é feito de tremoço. Excelente ideia e concretização)
Nunca um couvert me deixou com um sorriso tão grande na cara.


Com o couvert, chega também um mini cesto de Chips de Batata-Doce Frita. Não pareciam acabadas de fritar pela temperatura a que estavam e faltava-lhes a adição de um pouco de sal, mas estavam boas e cada rodela estaladiça foi devorada até não restar nada mais no cesto.


Para entrada, o chef quis presentar-nos com uma verdadeira obra de arte, concretizada pelo sushiman Octávio Melo. Apesar de não ser das minhas piores fotos (sendo que as minhas fotos nunca são realmente boas), ela não faz justiça ao prato que nos foi colocado à frente. Sim, sushi é arte, mesmo que não tenha sido pintado por Picasso, e a forma como as peças são dispostas no prato são o cartão de visita do sushiman, pois os olhos também comem.
Variedade suficiente para nos dar a provar um pouco do que têm na carta de sushi, vou tentar descrever-vos o melhor possível aquilo que havia neste combinado de 20 peças. Aqui foi um ponto onde o serviço falhou porque não nos foi explicado (nem antes nem depois) o que nos estava a ser servido. Penso que apenas no couvert e na sobremesa isso nos foi explicado.
Sashimi de salmão, camarão e atum ligeiramente braseado. Fantástico a nível de frescura e sabor, principalmente o atum. Tem sido raro encontrar sashimi de atum desta qualidade, parecendo-me até ser um corte de uma zona mais gorda, mas não sendo barriga. Mais um ponto positivo na apresentação do sashimi de camarão, com a cauda e a cabeça do animal a ser também apresentado. Bonito, mas acima de tudo saboroso.
Nos nigiris, bom o de atum (agora já parecendo ter um tipo de atum mais magro) com um arroz acima da média mas com o formato de nigiri a ser mais alto do que o que estou habituado. O de salmão foi mais uma fantástica surpresa, pela adição de pesto no topo do peixe. Boa combinação e a funcionar bastante bem.
O (único) rolo presente tinha um nível técnico e de inovação que apreciei bastante. O Salmão braseado a fazer a vez do arroz, com atum picado no interior e um molho de kimuchi (a versão japonesa do kimchi) por cima. Excelente combinação, dando para distinguir na perfeição os dois peixes diferentes
Para completar as 20 peças, dois gunkans de salmão, com uma variedade grande de ingredientes a servir de topping, mas infelizmente não fui capaz de distinguir mais quase nenhum. Mesmo não sabendo bem o que estava a comer, a explosão de sabores que senti foi impressionante. Sabores que parecia reconhecer mas que o meu cérebro não conseguiu nomear. Muito bom.


Para nos dar a conhecer a vertente de cozinha portuguesa do Kook, chegaram à mesa dois pratos principais diferentes, tendo a empregada que colocou os pratos se enganado, porque colocou o prato de peixe a quem tinha os talheres de carne e vice-versa. Mas nada de grave.
O prato de peixe era o BaKalhau à Lagareiro, uma reinterpretação bastante fiel do nosso prato tão bem conhecido, sendo o ponto principal de diferenciação o nível da apresentação, não sendo servido uma posta grande mas três bocados. O bacalhau estava excelentemente cozinhado, a lascar bastante bem e com bom ponto de sal, apresentando ainda o pormenor da pele semi-estaladiça. Normalmente evito a pele do bacalhau porque é um pouco grossa e costuma apresentar-se com uma textura mais gelatinosa, mas esta não resisti e não sobrou nem uma amostra para levar à cozinha. Boas batatas no forno e umas folhas de espinafres salteadas completam um conjunto tão típico da nossa cozinha, neste caso elevado a uma qualidade superior à normalmente encontrada.


Porque este é um restaurante com uma temática bastante portuguesa, o prato de carne teria que ser um dos mais emblemáticos pratos de carne em Portugal, o cozido à portuguesa, aqui apelidado de Kozido Kook. E aqui nota-se claramente o cuidado na apresentação (e consequente inovação) que parece ser uma das imagens de marca do Kook. À esquerda, apresentado como numa terrina, as várias carnes colocadas em camadas. Carne de vaca, farinheira, chouriço, morcela e no fim carne de porco e sua orelha. Todas as componentes muito boas individualmente e a funcionar bem quando juntas. A orelha (algo que adoro) estava bastante cozida e até gosto dela um pouco menos cozida para dar uma textura diferente ao conjunto. Também o acompanhamento é diferente e apresentado de forma original, com os legumes cozidos (cenoura, batata-doce e batata?) a estarem enroladas em couve lombarda. Um pouco cozidos demais os legumes, tornando-se em puré já na boca, mas pouco grave na minha opinião. Diferente, novo, original e com um toque de hortelã. Tudo finalizado com o caldo do cozido que é despejado sobre o prato.
Se tivesse que dar um exemplo do que é reinterpretar um clássico, este é um exemplo perfeito. E estava de tal forma saboroso e viciante que, não só fiquei triste quando acabou o prato porque ainda queria mais, como me esqueci de verter mais caldo de tão entusiasmado que estava.


Também nas sobremesas, tivemos o prazer de receber duas diferentes para poder experimentar o máximo de coisas possível. Primeiro, uma surpresa original mas que junta vários sabores nossos conhecidos. Suspiros em cama de mousse de lima, com um granizado de mirtilos (que não era só granizado mas continha também alguns pedaços de gelatina de mirtilos). Individualmente todos os elementos a serem fantásticos, mas a sua combinação é uma coisa de outro mundo. Excelente balanço entre acidez e doce.


Mas as reinterpretações deles não se ficaram pelos pratos principais. Quando me colocaram o prato à frente (foto em baixo) senti-me intrigado, mas devo ter feito cara de parvo quando ouvi as palavras "Este é o nosso Arroz Doce". Arroz doce? Mas onde é que está o arroz? Vou tentar descrever todos os elementos como me foram descritos mas posso-me enganar algures... Arroz doce frito com leite de coco (umas pequenas bolas a fazerem lembrar arancini), mousse de leite de coco com creme de maracujá e gelado de mojito. Muita coisa? Sim, talvez um pouco demais. Individualmente tudo era fantástico. As bolas de arroz doce fritas com o arroz ainda cremoso e bastante saboroso. A mousse de coco e o creme de maracujá a funcionarem bem juntos, graças à acidez do maracujá. E o sorbet de mojito? Genial! Muito bom mesmo. O único problema? Estes elementos não funcionavam bem juntos. Uma pena porque todos eles eram excelentes.


Saio do Kook feliz. Um sorriso na cara e na mente embarcam-me o espírito para o regresso a casa, acreditando que este é um restaurante que pode dar que falar. Pena é, a uma 5ª feira, ter tido apenas 4 clientes (eu e a minha companhia incluídos) enquanto lá estive. E quando saí de lá às 21h30 ficou o restaurante vazio. Apesar de não ser um restaurante barato, achando apenas que existe um desequilíbrio nos preços dos pratos principais, parece-me que tudo o resto é justo para o que é servido. Motivo mais do que suficiente para ser merecedor de algumas visitas e poder experimentar o resto da carta.

Kook Chiado
Lisboa, Portugal
Preço Médio: < 30 €

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Restaurante Dervixe (Santos)

Já desde que comecei a compilar a minha lista de restaurantes (tenho um documento Excel com várias entradas pelo país fora), que o Restaurante Turco Dervixe está como um dos restaurantes que mais curiosidade tinha em visitar. Apesar de ao longo do tempo ter lido e ouvido vários comentários sobre o Dervixe, uns bons, outros maus, a curiosidade mantinha-se pelos dois pratos que tinha referenciado e por ser um restaurante relativamente barato. Os menus de almoço a 7,50€ dão-nos a possibilidade de experimentar quase todos os pratos da carta, com direito a entrada ou sobremesa, prato, bebida e café, sem cortar no tamanho das doses.
Começarei por falar no menos interessante, o Pão Turco com Manteiga de Alho. Uma fina fatia de pão folha (como o usado em wraps), coberto por uma camada de manteiga de alho relativamente saborosa. Mas o problema aqui é mesmo no pão, que aparenta estar excessivamente cru, não ajudando à textura numa massa tão fina.


Mas o pão turco não era uma das curiosidades que tinha para satisfazer. A primeira das curiosidades foi satisfeita quando chegaram à mesa seis rolinhos de Sigara Borek, ou massa filo recheada com queijo Feta, que surpreenderam pela simplicidade e confecção. A massa bastante estaladiça e não oleosa, com uma proporção correcta de recheio com o queijo Feta a ficar cremoso e a encher a nossa boca de sabor.


Para prato principal, sempre li que o recomendado neste restaurante é o Iskender Kebab, e foi isso mesmo que pedi. O Iskender Kebab é um prato parecido com o Doner Kebab, com o mesmo tipo de carne finamente fatiada, numa cama de pão, com um molho de tomate, manteiga e especiarias, com um bocado de iogurte ao lado. 
Neste caso, e numa dose bastante generosa, a carne vinha bem fatiada e ainda húmida (algo que normalmente não acontece nos Doner e nos Durum), envolvida por um molho saboroso que ensopa todo o pão no fundo do prato e confere-lhe bastante sabor. O iogurte ajuda a trazer alguma acidez e cremosidade quando misturado com a carne e molho de tomate. Infelizmente, o arroz que acompanha o prato vem empapado, excessivamente cozinhado e sem grande sabor. 


Uma boa surpresa, num restaurante que passa despercebido a tanta gente que lá passa. Não sendo um restaurante fantástico, acho que é uma opção bastante válida, principalmente neste regime de almoço!

Dervixe
Santos, Portugal
Preço Médio: < 20 €

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Zé Maria & Lita (Tavira)

Tavira é um dos meus destinos de férias preferidos, mesmo com o número de pessoas que escolhem este destino a aumentar anualmente. Boas praias, uma vila bonita mas, principalmente, muito boa comida. Há muitas opções de qualidade em Tavira, mas há um sítio que me deixa a "sofrer por antecipação" (no bom sentido) cada vez que sei que venho de férias para esta zona.
O Zé Maria & Lita é uma tasca escondida (se clicarem na morada, no fim do post, ficam com a imagem do sítio no Google Maps), perto do centro de Tavira, com a principal característica de ter O Melhor Peixe Grelhado Que Já Comi! E não digo que isto aconteceu uma vez por mero acaso. É um facto que se repete a cada visita que faço a este estabelecimento. Vejamos, este post está a ser escrito em Agosto (no momento em que o escrevo ainda não sei quando o irei publicar), mas já tive a felicidade de lá ir duas vezes e em ambas saí de lá maravilhado. E qual é a diferença entre este restaurante e tantos outros que podemos encontrar por Tavira fora? O Zé Maria! O "homem da grelha"! A mão experiente que faz com que cada peixe chegue à mesa num ponto de perfeição que não é alcançável para todos.
Na primeira visita, e como ainda não tinha comido muitas sardinhas este ano, fui para umas excelentes Sardinhas Assadas. Bem gordas e bastante saborosas, bem grelhadas e a puxar para o sal, o que para mim é perfeito porque gosto daquele toque mais salgado e saboroso que o sal acaba por dar à pele estaladiça da sardinha. Simplesmente fantástico.


Para acompanhar as opções não são muitas, mas eu gosto de me ficar pela Salada Algarvia típica com tomate, cebola, pepino e oregãos, estes normalmente numa quantidade excessiva. Refrescante e bem avinagrada, como eu gosto.


Na segunda visita, o acompanhamento repete-se com a salada algarvia mas decidi variar de peixe e fui para os Salmonetes Grelhados. Bastante frescos, com uma boa firmeza na carne e, mais uma vez, perfeitamente grelhados.


Provei ainda os Chocos Grelhados na Brasa, e cheguei até a arrepender-me de ter pedido os salmonetes de tão bom que estavam. Macios, saborosos e com alho cortado por cima a dar-lhe um toque especial.


Aqui o difícil é escolher, mas não se acanhe. Entre, olhe para a montra de peixe e, se ainda assim não se tiver decidido, pergunte ao Senhor Zé Maria o que recomenda. Este é o meu restaurante de eleição na zona de Tavira, provando que por vezes os produtos mais simples são os melhores, desde que sejam bem tratados. Portugal é especialista nisso e o Zé Maria é um dos seus melhores tesouros escondidos.

Zé Maria & Lita
Tavira, Portugal
Facebook
Preço Médio: < 20 €

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Prim (Ericeira)

Encontrar um restaurante aberto à 2ª feira não é fácil. Se a isso juntar o facto de estar na Ericeira, e eu não a conhecer assim tão bem as numerosas opções gastronómicas existentes, então a hipótese de ir parar a um sítio excessivamente virado para turistas e de pouca qualidade torna-se elevada. Mas, felizmente isso não aconteceu, porque enquanto deambulava por alguns restaurantes que se encontravam fechados, fui dar com o Prim, um restaurante que já tinha visitado e do qual tinha boa impressão.
Como me encontrava em família, havendo pessoas com maior preferência para a carne e outros para o peixe, achei que a variada ementa deste espaço seria suficiente para satisfazer os restantes comensais e não me enganei.


Pedi um Bife Nobre do Prim, que é como quem diz um bife do lombo com um molho de natas, alho, vinho do porto e cogumelos selvagens. Carne de boa qualidade, bastante macia e saborosa, com um pequeno erro de temperatura, visto que o bife foi pedido mal passado e chegou à mesa médio-mal. Mas o molho é que tornava este prato uma das "especialidades" da casa. Um molho bastante saboroso e apetitoso, com um bom nível de cremosidade e uns bons cogumelos (uns mais selvagens que outros mas ainda assim saborosos).
Os acompanhamentos um pouco mais fracos, tendo pedido arroz branco e feijão preto, com o arroz um pouco seco demais mas não se notando em demasia depois de misturado o feijão.
Provei ainda o Bife de Espadarte, que me pareceu um pouco seco e com falta de sal. Faltar-lhe-ia ou mais tempero ou a adição de um bom e simples molho de manteiga que ajudasse o peixe a brilhar.

Restaurante Prim
Ericeira, Portugal
Preço Médio: < 30 €

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Casa do Abade (Santa Luzia)

A zona de Tavira está bem recheada de boas opções para jantar mas, como um pouco por todo o país, muitas delas encerram à 2ª feira para descanso do pessoal, e juntando a isto aquele hábito/mito alimentar de que não se deve comer peixe à 2ª (como referido, por exemplo, por Anthony Bourdain no seu livro "Kitchen Confidential"/"Cozinha Confidencial" - excerto do livro aqui), as opções vão-se reduzindo na procura por um local para jantar. Decidiu-se então apostar na zona de Santa Luzia, mas quando lá chegámos o restaurante que era a primeira opção estava fechado e, como estavam a decorrer as festas de Santa Luzia, toda a rua principal estava cheia. Decidimos então jantar na Casa do Abade onde tínhamos visto mesas (ainda) vazias.
A ementa tem de tudo um pouco, havendo um claro destaque nos produtos regionais, e portanto decidi começar com uma Sopa de Peixe. Sim, eu sei que disse que não tenho por hábito pedir peixe à 2ª feira num restaurante, mas vamos ser sinceros, quantos restaurantes é que fazem a Sopa de Peixe usando peixe fresco e cozinhado para esse efeito? A Sopa de Peixe é uma das formas mais saborosas de reaproveitamento de peixe já cozinhado e por isso é uma das excepções que não me importo de fazer. E eis que chega à mesa uma malga de um óptimo caldo de peixe, com bons bocados de peixe (imagino que de qualidades variadas) e terminado com esparguete partido curto e uns cubos de pão torrado ainda estaladiços, apesar de estarem mergulhados na sopa.


Para prato principal decidi apostar nos Secretos Ibéricos Grelhados, pois estava assinalado no menu como uma das especialidades da casa. É, aliás, o único prato que está assim assinalado, o que sendo um prato relativamente fácil de encontrar por Portugal fora coloca a fasquia um pouco alta. Os três bocados de secretos que vieram estavam realmente bem grelhados e bem temperados. Os acompanhamentos já não estavam à altura da carne. Uma porção mínima de arroz branco, seco e bastante insípido, umas batatas fritas congeladas e um naco de tomate grelhado, algo que aprecio bastante, mas que precisava de um pouco mais de sal para fazer sobressair todo o umami do tomate.


Casa do Abade
Santa Luzia, Portugal
Preço Médio: < 30 €