quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Confraria LX (Cais do Sodré)

Nasceu em Lisboa, no LX Boutique Hotel, o irmão mais novo daquele que dizem ser um dos melhor restaurantes de sushi de Cascais, a Confraria, aqui denominado Confraria LX. Mas a fama deste espaço é tal que, para além deste espaço na Rua do Alecrim, também têm uma banca no renovado Mercado da Ribeira. Por isso, toda e qualquer expectativa em torno de uma visita a qualquer um dos seus espaços era alta.
Espaço simpático, com um estilo entre o despreocupado e o chique e um serviço descontraído mas cuidado. Até aqui tudo dentro das expectativas que tinha quanto ao restaurante.
Começámos com umas Gyozas saborosas, com um bom recheio e boa proporção no dumpling entre a massa e o recheio. Uma entrada clássica na maior parte dos restaurantes de sushi e aqui também a não comprometer.


Éramos 3 pessoas e decidimos pedir um combinado de 49 peças, complementado com um pedido à parte de 3 outras peças. O Uramaki Camembert, algo que tinha todo o poder para surpreender, acabou por falhar redondamente. A proporção de camembert era quase inexistente, acabando todo o rolo por saber apenas ao salmão fumado. Poderia ter sido interessante mas não o foi.


Um prato do qual já tinha ouvido falar bastante e do qual tinha alguma curiosidade era o Ceviche Jô, um gunkan de salmão com peixe branco picado e marinado por cima (à semelhança da preparação de um ceviche). Bom peixe mas aqui apresentado com um excesso de cebola no preparado de ceviche, falhando no balanço com uma escassez de acidez nas peças, pedindo até que fosse usado um bocadinho de malagueta para dar mais vida ao gunkan.


Também os Nigiri Skin tinham alguns problemas na sua execução, pois estamos normalmente habituados a que nos apresentem a pele do salmão quente e estaladiça, algo que não aconteceu nestas peças. Pele fria e mole, não aproveitando o contraste de texturas que normalmente existe quando se usa este ingrediente. Bom uso da lima a contrabalançar com a gordura característica da pele e com o molho tare.


Muito melhor e mais consistente o combinado de 49 peças, Garyo. Bom sashimi, nigiris simples mas bem executados, tal como os hosomakis presentes. O uramaki era também de boa execução mas não surpreendente, tal como os gunkan de ovas, ao contrário do gunkan Spice Tuna, com atum picado por cima e um toque de picante bastante interessante.


Em todas as peças havia dois pormenores consistentes. Bom arroz e as peças tecnicamente bem executadas, mantendo a integridade quando se agarrava nelas. Mas não chegou bem ao patamar das expectativas que tinha criado para este restaurante.

Confraria LX
Lisboa, Portugal
Preço Médio: < 40 €

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Restaurante Mensa (Oeiras)

Este é um espaço bastante agradável, no centro de Oeiras, que tenta praticar cozinha do Mundo, com especial destaque para a zona asiática. Não sendo a primeira visita que faço ao estabelecimento, vou começar por falar nos aspectos extra-comida e que são, normalmente, a maior falha deste restaurante.
O serviço é bastante simpático (sem ser forçado) mas parece-me desorganizado, acabando por demorar muito tempo em  todos os pedidos que se façam, seja desde um pedido de um Gin pré-refeição ou o café no fim da mesma.


Mas a comida é realmente acima da média e bastante saborosa, e é isso que me faz voltar lá e facilmente recomendá-lo.
Um dos pratos que mais gosto, apesar de reconhecer a inconsistência na qualidade da sua confecção, é o Bife em Massa Folhada. Se a massa folhada vos leva a pensar em Bife Wellington a la Gordon Ramsay, a verdade é que poucos aspectos há em comum! Sim, é tenro como a carne do Wellington, e sim, leva massa folhada à sua volta. Mas todas as similaridades acabam aí! Este é cozinhado com um revestimento de manteiga que torna cada dentada super saborosa. Mas nem tudo é perfeito... a massa vem sempre mal cozinhada. Umas vezes mais, outras menos, mas a verdade é que nunca apanhei a massa totalmente cozinhada. Para acompanhar, podem pedir qualquer Arroz que a casa tenha, mas não se enganem e peçam o Birmanês! Vai ser dos melhores, e mais gulosos, arrozes que irão comer!


Já o Teppanyaki de Carne e Camarão foi uma boa estreia. Muito saboroso, e não revelando a tendência de exagero de molho de soja que muitos pratos têm, com as proteínas existentes perfeitamente cozinhadas, mas deixando os legumes no prato brilhar. Eu sei que isto parece estranho vindo de um carnívoro como eu, mas a forma como aqueles legumes estavam cozinhados, ainda com alguma textura, e com alguns pedaços de gengibre para ajudar a revitalizar o palato, é a forma perfeita como todos os legumes devem ser cozinhados! O arroz branco ajudava o prato a ganhar algum tamanho no entanto sem se revelar seco e sendo ainda capaz de absorver alguns sucos do teppanyaki!


Uma refeição consistente com o que o restaurante é capaz, sempre com pratos bastante saborosos e onde não se poupa nos temperos! 
Restaurante Mensa
Oeiras, Portugal
Preço Médio: < 30 €

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Casa das Francesinhas - Francesinha à Casa (Take 2) (Abóboda)

Mais uma visita à Casa das Francesinhas e continuo a ficar convencido que esta francesinha está no top 3 da cidade Lisboeta, isto se não chegar mesmo ao 1º lugar! Ainda não experimentei nenhuma com a mesma qualidade na zona de Lisboa.
Porque não falar de entradas ou de sobremesas neste restaurante? Porque cada vez que vou à Casa das Francesinhas sei que saio de lá a rebolar, e por isso mesmo, nunca me arrisquei nas entradas (vá... pão com manteiga não conta) e nunca tenho espaço para a sobremesa!
Com uma dimensão imponente e bem mergulhada no molho da casa, há vários pontos que, para mim, a fazem destacar-se. Primeiro, e sendo que é, muitas vezes, considerado como o ponto fulcral para diferenciar uma boa francesinha de uma excelente, o molho! Cremoso, de boa cor e com bastante sabor, bem balanceado entre a sopa de marisco e o tomate!
Também de destaque o casaco de queijo derretido que esta francesinha leva vestido. Gosto de ver as francesinhas bem vestidas e nada como um queijo, em abundância, bem derretido para as proteger do frio. Mas aqui toda a indumentária é acima da média e também em quantidades equilibradas! Desde a primeira fatia do pão ligeiramente torrado, todos os ingredientes estão bem montados, proporcionando dentadas cheias de sabor. 


Ainda me faltam provar muitas francesinhas pela cidade fora, mas começo a duvidar que seja fácil encontrar um concorrente para esta!

Zomato
Casa das Francesinhas
Abóboda, Portugal
Facebook
Preço Médio: < 20 €

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Pigmeu (Campo de Ourique)

Mal ouvi falar na abertura de um restaurante unicamente dedicado a comer porco fiquei em pulgas. Sou um fã confesso deste tipo de carne e a ideia de um restaurante com um conceito "Nose to Tail" (um conceito popularizado pelo chef Fergus Henderson) é inovador em Lisboa. Bem, neste caso é mais "Ears to Toes", pois não existe nenhum prato com o nariz ou a cauda do bicho. Sim, isto era uma dica para que possam incluir na ementa algo como "Crispy Pig Tails"!
Foto retirada daqui
O restaurante tem a típica decoração de madeira que é usada em qualquer restaurante que queira ter um ar moderno e descontraído, mas o que me trouxe aqui não foi a decoração, mas sim a ementa. E essa tem um aspecto fantástico. Fácil de perceber e com o conceito bem retratado, onde até a opção vegetariana se encaixa no conceito (Sandes Vegetariana de Bolota). Apeteceu-me pedir tudo, mas éramos só 2 e isso poderia ter sido um problema, de maneira que escolhemos apenas os pratos que achámos serem da nossa preferência.
Começámos pelos (já famosos) Croquetes de Bochecha Estufada. Boa fritura e com um interior muito saboroso. Fantástico este novo uso para a bochecha, uma parte do porco que aprecio bastante. Estava apenas um pouco salgado mas ainda assim repetiria vezes e vezes sem conta.


Já o Prato de Presunto Português Reserva não convenceu pela qualidade do produto. A um preço bastante mais simpático que qualquer prato de presunto em qualquer outro restaurante, preferia que o presunto fosse de maior qualidade e que o preço acompanhasse esse ajuste. Pareceu-me um presunto light.


Também a qualidade dos enchidos não satisfez totalmente na Tábua de Enchidos. Existem melhores chouriços, alheiras e morcelas no país, e acho que um restaurante que quer fazer do porco a sua imagem de marca deve usar apenas os melhores produtos que este animal consiga produzir. Não me entendam mal. Os enchidos eram bons, apenas não eram fantásticos. Um pormenor que parece falhar também na tábua é a quantidade dos enchidos. Sendo a maior parte destes acepipes para dividir, não encontro justificação para apenas uma rodela de morcela.


Não sendo fácil a escolha dos pratos principais, optámos por uma Sandes de Pernil, com queijo meia cura, a fazer lembrar a ideia por trás das famosas Sandes de Pernil com Queijo, da Casa Guedes. Boa conjugação de sabores, com um bom balanceamento entre os dois componentes, tudo bem suportado por um fantástico pão. Gostaria apenas que a carne tivesse mais sabor, pois quando provada sozinha parece ser bastante unidimensional. Acho que uma abordagem mais arriscada, com um maior uso de especiarias nas 8 horas que o pernil cozinha, poderia compensar.


Já a Sandes de Barriga, com cebola caramelizada, desapontou um pouco pelos fracos sabores apresentados. Se há algo que a barriga (ou entremeada) precisa é de uma dose de sal qb que ajude a fazer sobressair os sabores deste corte tão subvalorizado. A ideia da sandes está lá, mas precisa de maior aprumo nos temperos usados, acabando por passar como uma sandes insossa. 


Tudo isto foi acompanhado por umas das melhores chips de Batata Doce Frita que experimentei nos últimos anos. Fininhas e estaladiças, estas batatas apresentam um nível de doçura que falta a muitos exemplares que encontramos neste restaurantes "modernos".


A sobremesa deixou-nos um ligeiro amargo de boca. O Crumble de Maçã estava excessivamente doce e com as maçãs apenas semi-cozidas. Não nos convenceu enquanto sobremesa, deixando-me arrependido por não ter experimentado a Mousse de Lima ou o Caldo Verde. Sim, nesta casa o Caldo Verde está na secção das sobremesas, pois é uma forma tão boa como qualquer outra (ou melhor até) de acabar uma refeição. E não, não é uma reinterpretação doce da sopa. 


Saí um pouco desiludido do Pigmeu, não porque tivesse comido mal mas porque reconheço o potencial para ser muito melhor. Adoro o conceito e a forma como foi trabalhado, mas têm que afinar alguns pontos essenciais na confecção dos pratos e nos produtos usados. Precisam também de ser mais arrojados com a forma como cozinham o porco. Atingindo o potencial que demonstram, podem facilmente tornar-se uma nova moda.

Pigmeu
Lisboa, Portugal
Preço Médio: < 20 €

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Gutsy (Carcavelos)

Antes de começar a descrever a refeição que tive no Gutsy, deixem-me começar por dizer que nada tenho contra hamburguerias. Sim, já começo a ficar um pouco farto do conceito, mas continuo a gostar de comer um bom hambúrguer. A ida ao Gutsy surge de alguma curiosidade mórbida da minha parte que, depois de uma crítica negativa ter gerado alguma polémica, aumentou a minha curiosidade quanto ao restaurante. Será assim tão mau como foi dito? Nada como tirar isso a pratos limpos...
Entramos no Gutsy e deparamos-nos com a decoração que tanto se vê por aí, com muitos componentes em madeira. Único problema encontrado foram os bancos da mesa, que criam uma ausência de possibilidade para pendurar casacos ou malas. Assim, preferimos colocar os nossos pertences em bancos não ocupados.
A ementa não traz muito de novo, sendo uma parte dominada por combinações que podemos encontrar na maior parte das hamburguerias, mas hoje em dia já é difícil surpreender neste conceito. Pode ser que alguém se lembre de fazer um restaurante de hambúrgueres influenciados por diferentes países. (Se alguém o fizer, não se esqueçam de me dar mérito pela ideia e convidar-me para a inauguração!)
Para "Entradas" nesse dia, havia apenas linguiça com mel, mas vamos pela ordem em que os pratos chegaram à mesa...
O Corajoso, com tomate seco e queijo da ilha picante, não conseguiu fazer jus ao seu nome. Nada mau o pão, que suportou bastante bem a tarefa de comer um hambúrguer como manda a regra (à mão), pecando apenas por não se apresentar torrado. Fracos eram os ingredientes que compunham o conjunto. Quase nenhuma intensidade sentida por ingredientes que são tão distintos e com sabores tão fortes, justificada também pela pouca quantidade apresentada dos mesmos. Esta escassez de ingredientes criava ainda um desequilíbrio no rácio pão/carne e toppings.


Quase do mesmo mal sofria o Aventureiro que, apesar de apresentar uma quantidade de mozzarella já quase aceitável, poupou na dose de pesto de coentros. Um hambúrguer com pouca vida e a merecer mais audácia, ou algo que proporcione uma maior aventura a quem o coma.


Já dentro de um nível aceitável estava o Atrevido. Bom sabor dado pelos grelos salteados mas, face à pouca quantidade de alheira presente, a tornar-se o sabor dominante no hambúrguer. Ainda pensámos que a alheira viesse misturada com a carne do hambúrguer, mas foi uma tarefa quase microscópica tentar perceber onde se encontrava. Infelizmente, mais uma vez o rácio de ingredientes a falhar.


O que também falhou em 2 dos 3 hambúrgueres (nomeadamente Corajoso e Aventureiro) foi a temperatura da carne. Todos foram pedidos mal passados (claro!), mas apenas o Atrevido chegou à mesa como pedido. Os restantes estavam médio-bem. Também a falta de sal não ajudou a que ficasse com uma boa impressão dos hambúrgueres experimentados. Safavam-se as batatas fritas.
Chegou então a Entrada, que tinha sido esquecida pela empregada. Uma linguiça de boa qualidade mas que vinha completamente arruinada pelo molho doce e enjoativo que a envolvia. Uma coisa é balancear os sabores fortes da linguiça com um agente adocicado, outra é afogar uma linguiça e torná-la enjoativa. Ainda bem que esta entrada veio depois dos hambúrgueres, pois não teria sido um bom início de refeição.


No Gutsy, as sobremesas são servidas em copos de shot (que são também os copos de café). Experimentaram-se duas boas mousses: de Lima e de Chocolate com After Eight. Cremosas e saborosas, pecam pela ínfima quantidade em que são servidas. Mesmo com um preço mais reduzido, se fizéssemos a proporção para doses de tamanho normal, ficaríamos a perder na relação preço/quantidade. Podiam, pelo menos, encher o copo até cima...



Não foi uma boa experiência, desde a comida ao serviço lento e despreocupado. Muito tempo se passa atrás do balcão, sem olhar para a sala, nestes restaurantes que pretendem ter um serviço informal. Por simpático que o serviço tenha sido, não ajuda a equilibrar as falhas que teve.
A minha curiosidade mórbida acabou por dar um tiro no pé e confirmar a opinião que tanta polémica causou. Tão depressa não cedo a estes impulsos...

Gutsy
Carcavelos, Portugal
Preço Médio: < 10 €

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Tasca da Esquina (Campo de Ourique)

Há alguns anos atrás, antes desta moda de petiscos e de tascas modernas, Vitor Sobral (em conjunto com Hugo Nascimento e Luis Espadana) decidiu abrir um restaurante que fosse uma homenagem às tascas portuguesas, mas revitalizando a comida tradicional portuguesa e apostando em pratos portugueses, com um maior cuidado ao nível da apresentação e da qualidade dos produtos. Apenas em Outubro passado tive a oportunidade de visitar este mítico espaço lisboeta, que tem ganho adeptos não só em Lisboa mas também no Brasil e em Angola, com a abertura de outros espaços "da Esquina" nestes mesmos países.
Para grupos superiores a 6 elementos, é sugerido que o grupo siga um dos menus de degustação disponíveis, onde ficamos nas mãos do chef residente. De destacar o serviço de perfeito profissionalismo que acompanhou toda a refeição, tanto na explicação dos pratos, na simpatia demonstrada e prontidão de satisfazer qualquer pedido por nós feito. Da cozinha não foi só a qualidade da comida como todo o timing e cadência dos pratos apresentados a ser adequada.
Começamos com um Couvert composto por bom pão (com destaque para a broa de milho) e uns óptimos croquetes de novilho e amêndoa, de boa fritura e bom tempero. Sou um fanático de croquetes e estes são dos melhores que já comi na cidade.


O Caldo Verde lança uma refeição de 5 pratos de forma perfeita. Bom caldo, bastante cremoso com uma couve galega que parece ter sido previamente salteada e uns pedaços de chouriço que trazem multidimensionalidade ao prato e o torna mais rico.


De seguida, um prato de sabores subtis mas tipicamente portugueses, o Filete de Sardinha Fumado com Pastel de Batata, uma verdadeira homenagem aos produtos portugueses, com o filete de sardinha a apresentar um ligeiro sabor fumado e acompanhado por um pastel de batata que faz lembrar, na sua forma, um pastel de bacalhau. Um molho de pimento ajudava a ligar estes dois componentes, mas, felizmente, não se apresentando dominante sobre os restantes ingredientes a nível de sabor.


Também muito boa a Açorda de Camarão. A textura não era a que mais aprecio, estando um pouco mais líquida que desejaria, mas óptima no sabor e os camarões estavam perfeitamente cozinhados e em número generoso. Aqui quero referir mais um aspecto que achei impecável no serviço, pois estando uma grávida à mesa, foi executado um prato específico para ela, umas Lulas Salteadas com Cogumelos.


Aqui já me encontrava meio maravilhado com tudo, mas eis que chega a estrela do almoço, o Espadarte Braseado com Creme de Nabo e Farófia de Amendoim. A frescura do peixe era incrível, trabalhado na perfeição com apenas os milímetros exteriores cozinhados, mantendo o peixe húmido. Também fantástico o creme de nabo, principalmente para quem, como eu, aprecia bastante este legume. A farófia de amendoim ajudava a dar textura ao conjunto e elevava-o a um patamar bastante acima da maior parte dos pratos de peixe que já provei.


Pedimos para finalizar o menu de degustação com um dos clássicos da Tasca da Esquina, pedido que foi prontamente acedido, e acabámos em nota alta, com o Prego de Atum. Bom pão sem ser nada massudo, o atum cozinhado na perfeição e uma boa proporção entre o pão e o peixe, mantendo toda a integridade estrutural do prego. Apesar de não estarmos numa tasca, este é um prato para comer à mão.


Apesar de satisfeitos com os 5 pratos servidos, não conseguimos evitar pedir algumas sobremesas. Eu estive quase a resistir, mas segui o conselho de quem já experimentou o Kitanda da Esquina (restaurante de Vitor Sobral em Luanda) e que diz que o seu Pudim Abade de Priscos é algo imperdível. E é realmente, com um creme de abacaxi a cortar toda a doçura excessiva que é típica neste pudim. Tive oportunidade de provar também a Sopa de Frutas, um óptimo e guloso caldo de morango.



Pode não ser um restaurante barato mas parece-me que o preço é mais do que justificado pela qualidade da cozinha e do serviço. Não é por acaso que a Tasca da Esquina se tornou um clássico da cidade de Lisboa.

Tasca da Esquina
Rua Domingos Sequeira, 41C
Campo de Ourique, Portugal
Facebook
Site
Preço Médio: < 40 €

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Recuerda Amor (Linda-a-Velha)

Um dia o meu pai quis ir jantar fora... mas apetecia-lhe algo diferente (e não eram Ferrero Rocher). Diferente e na zona de Oeiras? Hmm... não é fácil, mas lá percorri a minha sagrada tabela excel (que criei seguindo os métodos aqui descritos) e cheguei a algumas alternativas. Acabou por ser escolhido este restaurante Dominicano (como em República Dominicana e não Ordem Dominicana), o Recuerda Amor, um estabelecimento de que já tinha ouvido falar e que muita curiosidade me tinha despertado. Mais que um qualquer Ferrero Rocher, oferecido por um qualquer Ambrósio.
Antes de começar a devanear pela apetitosa ementa, uma palavra quanto ao serviço. Não se deixem intimidar pelo tom de voz um pouco abrutalhado com que possam ser atendidos, pois o serviço é genuinamente bom, simpático e prestável. Existe uma real preocupação por parte do serviço em explicar e mostrar aos seus clientes os produtos usados na gastronomia Dominicana e a forma como os pratos são preparados.  Um aviso à navegação antes de começar esta viagem tropical, a maior parte dos pratos (excepto aqueles que na ementa estão descritos como tradicionais da República Dominicana) têm nomes de cidades ou portos. Para qualquer dúvida quanto à forma de confecção, não hesitem em pedir esclarecimentos.


Nas entradas algumas propostas interessantes, mas acabámos por pedir várias para dividir pela mesa toda. Santo Domingo é o nome dado a umas fantásticas Asas de Frango Fritas com Molho Picante de Manga. Uma fritura como não se vê em muitos sítios, com um exterior crocante e que me deixou inicialmente com algum receio de que pudesse estar seco, mas assim que mergulhamos os dentes parece que entramos numa praia diferente de tão suculento e saboroso que o frango está. O molho de manga é pouco picante e traz um adocicado simpático e interessante ao frango. Que belo início de viagem.

La Romana (Pastéis de Mandioca Recheados com Carne)
Pedimos também os pastéis La Romana, na sua versão carnívora e vegetariana. Para nos levar a um sabor mais tropical, estes pastéis são feitos com puré de mandioca, recheados e depois vão a panar, deixando-os perfeitamente cozinhados e com duas texturas contrastantes que funcionam muito bem. Mais saboroso e mais dimensional o recheio de carne do que o de vegetais, mas ambas as versões vêm acompanhadas com um molho rosa que acaba por quase se sobrepor aos sabores dos pastéis. Se na versão de vegetais ajuda a dar alguma graça, torna-se dispensável face aos já saborosos pastéis de puré de mandioca recheados com carne. Ainda assim, muito bom!

La Romana Vegetais(Pastéis de Mandioca Recheados com Vegetais)
Entrando num mar quente de pratos principais, tive a oportunidade de provar duas versões de um dos pratos mais característicos da República Dominicana. Tanto no Moro de Habichuela Roja como no Moro de Guandules, a base do prato é um arroz confeccionado com uma leguminosa. No caso do Habichuela Roja é feijão encarnado, enquanto que no Guandules é-nos apresentado feijão congo, uma variedade que eu desconhecia. Para comer em separado ou juntar à base, conforme vontade do freguês, cada um dos pratos traz um tipo de proteína diferente, ainda que cozinhadas da mesma forma, a fazer lembrar um estufado, ainda que mais caldosa e mais aromática, devido aos restantes legumes que lhe são adicionados. Vaca para o Habichuela e Frango para o Guandules, não foi a proteína o ponto mais fraco do prato pois achei que havia um sabor exagerado a pimento, ingrediente do qual não sou grande fã, mas as carnes estavam bem cozinhadas e saborosas.


Antes de ir ao restaurante não deixei de fazer o meu próprio "background check" tentando perceber que pratos seriam mais tradicionais e mais aconselháveis para pedir, chegando à conclusão (ainda antes de entrar no restaurante) que iria pedir um Mofongo, acabando por me decidir, já no restaurante, pelo Mofongo de Pato. No prato vemos uma torre com camadas diferenciadas de pato desfiado e banana-pão frita, para ser comido retirando as camadas à vez em vez de cortarmos por toda a torre (ou assim me foi explicado pela senhora que nos atendeu). Apesar da complexidade de sabores, parecia faltar-lhe algo que o elevasse um pouco mais, mas ficou facilmente resolvido com a adição de algum picante. E, se em separado os componentes são bons, a junção da camada de banana-pão frita com o pato é muito bom. Bom contraste de texturas, fantásticos sabores e para molhar no molho que preenche todo o prato. E é aqui que tenho o meu único apontamento negativo, pois o molho ocupa mesmo todo o prato, inclusive a parte preenchida pela salada, que tem o seu próprio molho mas que acaba por ficar ofuscado e sem grande piada. Bastaria colocar num prato à parte para funcionar melhor e fazer mais sentido.


Um pouco no seguimento da entrada Santo Domingo, existe também um prato principal com frango frito. O Pica Pollo, outro prato tradicional da República Dominicana, é um prato mais simples com uns toscos bocados de frango frito, também este irrepreensível na sua fritura com a carne suculenta e o exterior estaladiço, que acompanha com tostones, ou seja, rodelas de banana-pão fritas.
Facilmente me imagino numa esplanada de plástico em uma qualquer praia paradisíaca, com os pés bem fincados na areia, petiscando com a mão este Pica Pollo, pois este é um dos representantes mais significativos da street food dominicana!


A minha sobremesa foi a parte menos memorável de toda a refeição. E digo a minha porque as outras duas que provei, o Bolo de Chocolate e o Bolo de Coco, eram excelentes. Ainda húmidos no meio e altamente viciantes. O Recuerdo Tropical parecia-me fazer mais sentido na ementa que no prato. Cubos de Manga, Abacaxi e Papaia flambeados em Rum e com uma bola de gelado. Sente-se o sabor tropical conferido pelo rum e frutas utilizadas mas nada é surpreendente na sobremesa em si. A fazer lembrar o sempre triste último dia de férias depois de 2 semanas de sol e praia.


Mesmo em tempo mais frio, este é um restaurante que serve comida que nos aquece por dentro e por fora. Uma viagem longínqua aqui bem perto de casa.
Apesar de ser um sítio que parece de difícil acesso, uma rápida consulta a um qualquer Google Maps faz-nos perceber que existe uma praceta nas traseiras do restaurante onde podemos estacionar.

Recuerda Amor
Linda-a-Velha, Portugal
Preço Médio: < 30 €

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Sushisan (Beloura Shopping)

Arranjar um restaurante de sushi num sábado à noite, sem reserva não é tarefa fácil, deixem que vos diga. Claro que dizer isto é fácil, mas não me lembrei disso na altura e quando cheguei ao Tomo, perto das 20 horas, num grupo de 8 pessoas, não nos foi possível arranjar mesa e fomos forçados a tentar arranjar uma boa solução para comer sushi e onde achássemos que seria mais provável encontrar mesa.
Eis que surge o nome Sushisan. E porquê? Dois de nós já lá tínhamos ido, sabendo que tem uma boa opção All You Can Eat. Está localizado num centro comercial "fantasma", ou seja, que não tem quase movimento nenhum fora da zona de restauração, e mesmo essa apenas com dois estabelecimentos a atraírem clientela (Zeno e Sushisan). Achámos que conseguiríamos arranjar mesa, o que foi confirmado após um telefonema, onde apenas nos foi indicado que a mesa disponível era numa zona mais escura.
Realmente era uma zona mais escura, em que sem o auxílio de uma lanterna não seria possível distinguir a maior parte dos ingredientes que compõem os rolos, mas enfim, felizmente o sushi não tem espinhas nem ossos (ou não deveria ter).


Não vou estar a descrever prato a prato, preferindo dar apenas uma ideia mais geral do que chegou à mesa. O primeiro prato foi o que trouxe as melhores peças, com várias combinações interessantes e bastante boas, como o caso do rolo com salmão e manteiga de amendoim, do rolo que vem encimado com farripas de alho francês ou de um outro rolo com um ligeiro picante bastante surpreendente e muito bom. Apenas desejei que uma maior variedade de peixe fosse usada, apesar de saber que num regime All You Can Eat todo (ou quase todo) o peixe utilizado é salmão, muito derivado aos custos implicados calculo.


Numa nota menos positiva, os Hot Rolls que chegaram à mesa, que apesar de serem bem fritos e estarem crocantes, não achei que fossem particularmente apelativos a nível de sabor, faltando-lhes o nível de criatividade utilizado nos rolos frios.



Apesar dos altos e baixos da refeição, continuo convencido que é um restaurante com uma boa relação qualidade/preço e um bom serviço All You Can Eat na zona de Lisboa.

Zomato
Sushisan
Abrunheira, Portugal
Preço Médio: < 30 €