segunda-feira, 29 de junho de 2015

Restaurante Lounge Sal (Ilha de Tavira)

Última manhã de praia em Tavira, lá fomos nós até à Ilha de Tavira para aproveitar as últimas horas de sol algarvio, seguido de almoço num dos restaurantes da própria ilha. A ideia que tinha desses restaurantes é que seriam todos exagerados ao nível financeiro, virados para as centenas (milhares?) de estrangeiros que todos os dias frequentam aquela praia e sem uma qualidade por aí além. 
Mas este Sal acabou por me convencer do contrário. Começámos por conhecer a cozinheira que está à frente do estabelecimento, que é amiga de uma das pessoas com quem me encontrava, bastante simpática e que disse que fazia os possíveis na cozinha mas sempre com bastante amor. Pode parecer conversa da treta, mas o ar da senhora convenceu-me.
Começámos a refeição com um dos pratos mais curiosos da ementa, Mexilhão com Gengibre e Molho Napolitano. Bons mexilhões mas a verdadeira diferença estava no molho, com a conjugação do tomate, cebola e alho a combinarem perfeitamente com o gengibre tostado finamente picado, dando uma verdadeira sensação de profundidade nos vários sabores que nos vão preenchendo a boca.


As Tiras de Choco Frito são boas e com uma fritura uniforme, de boa textura e sabor, acompanhadas por uma maionese de alho não excessivamente forte. Não são as melhores que já comi mas são bastante boas!


O Lingueirão Salteado com Alho e Limão, a fazer lembrar um Bulhão Pato, com os bivalves bem cozinhados e um nível quase acertado de tempero, faltando-lhe ser acompanhado por um gomo de limão que pudesse ser mais facilmente espremido do que a rodela que vem no prato. Problema facilmente e rapidamente resolvido quando o pedido é feito aos empregados e rapidamente correspondido.


Mas, infelizmente, nem tudo esteve a um bom nível nesta refeição. O Polvo "Aglio Olio" com Batata-Doce com um péssimo nível de cozedura, estando duro, borrachoso e difícil de mastigar. O sabor até era agradável com o azeite a ser perfumado pelo alho que lá foi frito e as batatas de bom sabor e bem cozidas, mas o polvo acabou por estragar a experiência deste prato.


Também a Posta de Garoupa com Amêijoas, um dos pratos sugeridos pela cozinheira, acaba por não surpreender apesar do bom sabor da garoupa, mas a ser estragado pela quantidade de amêijoas que tinham areia, algo bastante desagradável. Um prato bom e consistente mas sem deslumbrar.


Também no campo das sobremesas houve altos e baixos. A Baba de Camelo, realizada com uma receita da filha da cozinheira, era bom por não ser tão doce como as que habitualmente se costumam comer, mas a textura não estava correcta e até já tinha criado um fundo de soro. 


Mas o melhor da refeição ficou mesmo para o fim, acabando com uma nota altíssima toda esta experiência. Pedimos dois Cheesecakes, um de Frutos Vermelhos e outro de Figos, e se o de Frutos Vermelhos já era bom, não sei bem como hei-de descrever o de Figos! É um dos melhores, ou até mesmo o melhor, cheesecake que já experimentei! A base podia não ser a mais consistente mas era bastante saborosa, com o queijo creme a ser complementado com raspas de lima que lhe dão um toque amargo ideal, sendo tudo encimado por um doce de figos de comer e chorar por mais. Inesquecível!




No final, não foi só o ar da senhora que me convenceu mas também a sua cozinha, apesar de alguns pontos mais baixos, a ser consistente e feita de bons ingredientes, com os preços a estarem um pouco acima do normal por o restaurante estar localizado na Ilha de Tavira.

Restaurante Lounge Sal
Tavira, Portugal
Preço Médio: < 30 €

quarta-feira, 24 de junho de 2015

Zomato Foodie MeetUp @ Tágide Wine & Tapas Bar (Chiado)

Tive o prazer de ser convidado para mais um Zomato Foodie MeetUp, desta vez realizado no restaurante Tágide Wine & Tapas, um restaurante com uma vista fantástica sobre a cidade e com alguma fama, o que automaticamente cria expectativas altas. Um muito obrigado à Zomato pelo convite e aos restantes comensais por mais de 3 horas de boa conversa, um dos pontos altos recorrentes dos encontros onde já estive.
Serviço impecável e irrepreensível durante todo o jantar, infelizmente não sendo bem acompanhado pela comida, que teve demasiados baixos e poucos altos. Para um restaurante que se quer impor como um restaurante de qualidade acima da média, a comida tem que acompanhar a ambição.
Começámos a refeição com uma tábua com um Mix de Petiscos, donde se destacava a Morcela Beirã Assada com Banana e Gengibre. Surpreendente o toque do gengibre a aliviar o peso dado pela conjunção da morcela com a banana. A tábua apresentava ainda uns Mexilhões em Escabeche e um Queijo de Azeitão com Compota de Tomate, mais normais sem deslumbrarem nem comprometerem muito.



Seguiram-se uns Ovos Rotos cuja denominação facilmente poderia ser outra. Na realidade era um prato que apresentava uns ovos mexidos já a caminho de um estado desidratado, umas batatas fritas que apesar da boa fritura apresentavam um excessivo sabor a óleo, safando-se apenas o bom presunto.



O Bacalhau Confitado com Broa, Grão e Hortelã foi o melhor prato da noite com o bacalhau a apresentar-se bem cozinhado e a lascar facilmente, contrastando na perfeição com a textura da broa crocante. Tudo bem temperado e com a hortelã a refrescar-nos o palato enquanto se intrometia com os sabores mais fortes do prato.



Depois do melhor veio também o pior prato da noite, com um Pica-Pau de novilho muito duro e difícil de mastigar. Molho bem apurado, muito devido à mostarda de grão usada, e uns pickles simpáticos mas que não chegavam para salvar o prato em si.



A sobremesa foi uma simpática Trilogia onde nenhuma das individualidades brilhou, mas que se mantiveram com um nível bastante aceitável. Pecou o Creme Brulèe na caramelização do açúcar, a Trufa na cremosidade e a Mousse de Dois Chocolates com Frutos Vermelhos no pouco balanceamento da doçura dos chocolates com a acidez dos frutos vermelhos, pendendo a balança para os chocolates.



Uma refeição fraca para os preços presentes na ementa, com alguns apontamentos engraçados mas caindo a maior parte da refeição numa mediocridade sofrível. Safa-se o bom serviço, a vista e a conversa que durou até gentilmente nos expulsarem do restaurante.

Tágide Wine & Tapas Bar
Lisboa, Portugal
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Preço Médio: < 30 €

segunda-feira, 22 de junho de 2015

O Convento (Tavira)

Desde pequeno que costumo ir passar férias a Tavira e sempre tinha reparado no Convento das Bernardas, um edifício imponente e num estado avançado de degradação. Mas isso mudou, e agora o Convento das Bernardas é um recuperado (pelo arquitecto Eduardo Souto Moura) complexo de habitação, que inclui um restaurante, O Convento.
Com mesa marcada, entramos no restaurante e deparamo-nos com uma sala grande e de aspecto requintado, com um pé-direito alto o que provoca algum eco na acústica da sala. Mas, sendo um grupo de 7, indicaram-nos uma sala à parte onde tinha sido colocado a nossa mesa para que estivéssemos mais à vontade. Apesar do sentimento de maior privacidade, a sala onde fomos colocados era toda uma diferente cacofonia de pratos a bater, o elevador da comida a subir e descer, a máquina do café a trabalhar, etc. Foi uma tentativa simpática, mas não sei até que ponto não preferia o eco das mesas vizinhas na outra sala...
A ementa é variada, com destaque para alguns pratos com produtos regionais (Polvo de Tavira, Amêijoas da Ria Formosa), mas depois de mais de uma semana a comer apenas peixe, decidi ir para a Bochecha de Porco Preto com Batata-Doce Frita e Cogumelos Salteados. Fantástica a bochecha, a desfazer-se com o garfo e a ligar perfeitamente com os cogumelos salteados, sobressaindo ainda o sabor do alho, mas não de maneira negativa. Também a batata-doce frita era muito boa e a funcionar muito bem como acompanhamento.


A sobremesa foi escolhida rapidamente, mantendo um tema de batata-doce com a aposta a recair sobre a Torta de Batata-Doce com Sabayon de Amarguinha. A torta cremosa e com um nível de humidade adequado onde a batata-doce brilhava, bem acompanhada de um sabayon que balanceava na perfeição a Amarguinha e a amêndoa, não ofuscando o sabor da batata-doce quando combinado com a torta.


Um restaurante simpático em Tavira, com algum requinte na confecção dos pratos mas principalmente na sua apresentação, com um serviço jovem mas bastante prestável e simpático. Os preços são um pouco mais altos do que as ofertas normais, mas entende-se pela qualidade dos pratos que acima descrevi.

O Convento
Tavira, Portugal
Preço Médio: < 30 €

quarta-feira, 17 de junho de 2015

A Escadinha (Alfragide)

Este texto começou por ser um esboço em Novembro de 2014! Foi a primeira vez que me dirigi ao restaurante A Escadinha, já depois de muito cobiçar as suas ementas de pratos do dia e até de já o ter recomendado a quem de lá saiu muito satisfeito. Mas como é que um restaurante perdido numa zona residencial de Alfragide se pode tornar tão apelativo? Basta consultarem as ementas que eles lançam semanalmente para perceber. 
Senhores e senhoras, apresento-vos comida de autor a preços baixos! Apenas há 1 prato do dia, que muda diariamente, raramente se repetindo e sempre com nomes e apresentações pomposas. Juntem bebida e café e fica tudo por 7€ (ou 8€, caso queiram sobremesa).
A primeira vez que lá entrei ia lançado para uns "Nacos de Porco Preto com Crumble de Bacon e Batata Recheada com Queijo da Ilha". Fui a correr para A Escadinha, apenas para lá chegar e ser gentilmente avisado que os pratos do dia já tinham esgotado e que, numa próxima vez, seria muito aconselhável a reserva dos pratos. A delicadeza e simpatia perante a minha ingenuidade foram tais que a vontade de lá ir aumentou. Isso e o facto do cozinheiro de serviço estar a usar uma jaleca da 1300 Taberna. Agora percebo melhor o nível de elaboração do menu num pequeno restaurante que nem jantares serve. Não havendo prato do dia preferi sair com a promessa que iria regressar, desta vez com reserva.
6 Meses Depois
Finalmente! A preguiça batia sempre mais forte e transformava 10km de carro numa viagem que tardava em acontecer. Mas era inevitável que um dia a curiosidade fosse mais forte. Reserva feita e à hora de almoço lá me dirigi para o que se viria a revelar uma verdadeira surpresa. As expectativas eram altas, mas foram claramente superadas.
O Risotto de Polvo Crocante era simplesmente genial! Umas delicadas e macias pernas de polvo, panadas para criar um excelente contraste de texturas, que encimava um saboroso, cremoso e perfeitamente cozinhado risotto de polvo. Para finalizar, algumas lascas de parmesão e bocados de cebola frita. Percebo a cebola frita, ajudando mais na textura que no sabor, mas estranhei o parmesão, por muito clássico que seja finalizar um risotto com o mesmo. A verdade é que funciona maravilhosamente. Das melhores interpretações que já experimentei do típico arroz de polvo.



As doses são de um tamanho suficiente para ficar satisfeito, mas queria saber o que valeriam as sobremesas depois de tão aprumado prato. E as expectativas não foram defraudadas! Excelente Tarte de Lima, com uma base de chocolate consistente a ajudar a quebrar a forte acidez do creme. 



Também o Cheesecake era muito bom. Boa proporção de bolacha, com um creme de (aquilo que acho ser) requeijão bastante saboroso onde apenas lhe faltava ainda mais doce, para a acidez quebrar a riqueza do queijo. Quase perfeito.



Entrei com expectativas altas. Um restaurante que apresenta uma carta com nomes de pratos tão elaborados corre o risco de não conseguir fazer corresponder a comida à expectativa. Aqui foi ao contrário. A relação qualidade/preço é a melhor que já encontrei em menus de almoço, seja onde for! Acredito que nem todos os pratos estejam ao mesmo nível (o que é normal quando o prato muda todos os dias), mas se todos estiverem tão perto da qualidade do que comi então não sairão desiludidos de Alfragide.

A Escadinha
Alfragide, Portugal
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Preço Médio: < 10 €

segunda-feira, 15 de junho de 2015

Ideal (Cabanas de Tavira)

Há vários restaurantes que são de passagem (quase) obrigatória, cada vez que vou para a zona de Tavira, para comer alguns dos pratos mais icónicos da região. Se o Zé Maria e o seu peixe grelhado são obrigatórios, não ficará muito atrás a Sopa do Mar do Ideal, em Cabanas de Tavira. Servida no pão, com um creme de fantástico sabor, bons bocados de peixe e vários bivalves, que, infelizmente, nesta minha última visita estavam um pouco sobre-cozinhados e, consequentemente, de textura um pouco borrachosa.


Para muitos esta sopa pode ser uma verdadeira refeição, mas para mim é apenas o prelúdio para a mesma. Decidimos pedir para entrada também algumas Amêijoas que apesar de bem cozinhadas, lhes faltava mais tempero e uns óptimos Palitos de Atum, que são tiras grossas de atum marinadas em limão, envoltas numa polme e depois fritas. Como o polme ficou um pouco grosso, as tiras não estavam tão estaladiças como seria expectável, mas ainda assim uma boa surpresa.



A qualidade do atum no Algarve é realmente uma coisa do outro mundo. Basta entrar na praça de Tavira para perceber isso verificando a distinção que lá se faz entre o Fresco e o Congelado. Por isso é (normalmente) uma aposta segura pedir um bife de atum num restaurante, e foi isso mesmo que fiz. E o Bife de Atum à Ideal cumpre o requisito, mesmo sendo um bife de cebolada, acabando por não se tornar tão evidente a frescura do atum. Mas que é saboroso, é. Bom sabor, boa textura, bom molho e umas batatas fritas médias compõem este prato. 
Para além da Sopa do Mar, existem outros pratos que merecem ser degustados como é o caso dos Pastéis de Polvo e dos Filetes de Pescada (que tive oportunidade de provar em visitas anteriores).



Para sobremesa, outra especialidade desta casa, o Doce de Vinagre! Tirando o nome da técnica com que o leite é coalhado, este doce de avinagrado não tem nada, sendo bastante doce e um pouco granulado, mas sem dúvida uma sobremesa a experimentar.



Pode não ter sido a melhor visita que já fiz ao Ideal mas é um restaurante que nunca desilude, com pratos consistentemente bons e preços justos. Para garantirem que conseguem provar a Sopa do Mar e o Doce de Vinagre convém reservar quando fizerem a reserva da mesa, algo praticamente obrigatório no Verão, pois o restaurante está sempre cheio, tornando-o um pouco barulhento.

Restaurante Ideal
Cabanas de Tavira, Portugal
Preço Médio: < 20 €

quinta-feira, 11 de junho de 2015

Taberna 12 (Carcavelos)

Apetecia-me algo simples e barato. Petiscar qualquer coisa ou até um hambúrguer. Mesmo que esteja já farto e entediado destas modas, há dias em que me apetece isso mesmo. Mas tinha que ser nalgum sítio diferente. Apetecia-me experimentar um novo restaurante e acabei por me lembrar deste Taberna 12. Sabia que era um sítio com uma ementa dentro dos parâmetros que já fomos habituados noutros restaurantes com os mesmos conceitos e cuja refeição não me iria custar os olhos da cara. Sejamos sinceros, era tarde, tinha fome mas pouca vontade de gastar dinheiro num sítio que já conhecesse.
O Taberna 12 junta as duas modas de 2014 numa só ementa, mas o que me foi aconselhado (em petiscos) para uma pessoa eram 3 mais 1 acompanhamento, o que me levou a crer que as doses seriam pequenas, ainda que a preços relativamente baixos. Acabei por rejeitar os petiscos e aceitar a sugestão do Hambúrguer do Chefe, um hambúrguer em bolo do caco com ovo, bacon, queijo e cebola caramelizada. O bolo do caco era simpático mas poderia ter sido torrado para lhe dar um pouco mais de encanto. Carne saborosa, temperada e apresentada médio-mal, com uns toppings bastante normais. O que mais se destacava era a cebola caramelizada e esta vinha numa dose insuficiente para o tamanho geral do hambúrguer. E se bacon é sempre bom, independentemente da forma como é apresentado, o queijo num hambúrguer precisa de estar derretido, algo que não aconteceu com o queijo cheddar. Até aqui nada realmente negativo, ainda que nada muito positivo, mas o ovo estrelado estraga logo o impacto que o hambúrguer tem quando chega à mesa. Mesmo à primeira vista dava para perceber que tinha sido cozinhado tempo demais e toda aquela fantástica gema líquida estava agora cozida.
Acompanhamentos também não surpreendentes nem de grande nível. Uma salada simples, ainda que bem temperada, e umas batatas fritas que pareciam ter sido temperadas com sal de paprika, mas mesmo isso não deixava ultrapassar o facto de que não se apresentavam minimamente estaladiças.



Não sendo um mau hambúrguer (e certamente bastante melhor que o seu vizinho Gutsy), não é memorável. Fica o espaço engraçado, a fazer lembrar um lodge de madeira, e o serviço entre o taberneiro e o "jovem e simpático", dependendo da pessoa que vos atender. Talvez numa próxima visita experimente os petiscos e consiga ficar mais surpreendido do que com os hambúrgueres.


Taberna 12
Carcavelos, Portugal
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Preço Médio: < 20 €

quarta-feira, 10 de junho de 2015

Well (Praia Verde)

Antes de ir de férias para o Algarve li, num dos muitos blogues que sigo, que tinha aberto um novo, e bom, restaurante de sushi na Praia Verde, perto dos Pezinhos na Areia. A crítica era de tal maneira boa que a minha curiosidade passou de 0 a 100 em menos de 4 segundos! E a oportunidade surgiu, planeando uma tarde naquela praia para depois subir e comer bom sushi. Parecia-me um plano fantástico para um dia de Verão.
Chegámos ao restaurante perto das 19h30 e lá estava a nossa mesa à espera. Enquanto esperávamos que o resto dos comensais chegassem decidimos pedir algumas bebidas e algumas das entradas do menu de sushi para irmos picando até que a mesa estivesse completa. A rapariga que nos estava a atender, de forma um pouco seca e até antipática, disse-nos que não havia nenhuma das entradas nem havia hot rolls. Não é um bom começo, e ao fim de algumas tentativas esquisitas de comunicação lá nos indicou que as únicas coisas disponíveis para o efeito que desejávamos estavam no menu de "snack-bar". Enquanto pedíamos as bebidas lá nos trocaram o empregado e a qualidade do serviço subiu um pouco, principalmente ao nível de atitude.
Pedimos uma boa Muxama de Atum, bem curada e de bom sabor, e uma Salada de Ovas que foi servida à temperatura ambiente, ou seja morna, retirando-lhe o factor refrescante que pretendíamos quando a pedimos.




Até no serviço do Gin houve alguma confusão. Ao início tinha sido pedido um Bulldog e um Gin Mare, mas não havia o Gin Mare. Ok, então passa a dois Bulldogs... Só há uma dose? Então, mas afinal, o que é que há? E lá o jovem que nos atendeu sugeriu um Gin Nordés, que é realmente muito bom, servido com uma folha de louro e uva. Mas um padrão começava a aparecer, notando-se que muitos dos itens que estão escritos no menu, pura e simplesmente aparentam não existir.


Como éramos 10 pessoas, foram pedidos dois combinados Sky (70 peças), sendo-nos imediatamente avisado que tantas peças iriam demorar algum tempo. Alguns minutos depois chegou uma Oferta do Chef, que consistia em tiras de salmão panado e encimadas por um excesso de maionese de alho que acabou por se sobrepor ao salmão, que até estava razoavelmente bom e com boa consistência na fritura.


Felizmente, uma qualquer luz deve ter iluminado as cabeças responsáveis pela confecção do sushi, que decidiram dividir os combinados em pratos diferentes que foram enviando para a mesa. E assim chegaram dois pratos de Nigiri. E aqui, mais um erro de inexperiência, porque os pratos não eram idênticos, o que causa alguns problemas numa mesa de 10 pessoas, quando cada prato é colocado em lados opostos, não sendo de fácil acesso a todas as pessoas. De um lado, apenas peixe branco, com toppings diferentes, e do outro lado os Nigiris apresentado salmão e atum e os mesmos toppings, não deixando de dar uma sensação de pouca variedade numa terra tão rica em bom peixe.



Enquanto lentamente acabávamos estes pratos, para tentar que durassem até à chegada do próximo, chegou um prato de Sashimi, apresentando 4 variedades de peixe. Salmão bom e fresco, com a variante do Tataki de Salmão sobre cama de alho francês a funcionar bastante bem, uma flor de peixe branco que mantinha a consistência da qualidade do peixe em relação aos Nigiris já apresentados, algumas fatias de atum, que eram complementadas com uma mistura em pó um pouco picante (Togarashi) e que tornava o atum mais interessante, e aquilo que me pareceu Sashimi de Robalo, com boa frescura mas com a cama de alho francês a não funcionar tão bem.


E, já ao fim de mais de uma hora desde o pedido inicial, finalmente chegaram as últimas peças dos combinados com alguma variedade de Uramakis e um Hosomaki de Salmão com Queijo. Qualidade satisfatória no arroz mas nada de realmente memorável e pouca consistência na técnica de enrolar. Ainda assim, gostei de todas as combinações apresentadas com especial destaque para o uso de alguns ingredientes como uvas ou amêndoas. 


Bem feitas as contas, claro que no final de tanto tempo e com um rácio tão baixo de peças/pessoas, ainda tinha alguma fome e acabei por pedir mais alguma coisa. Decidi-me pelo Nigiri de Toro (Barriga de Atúm) e por um Futomaki Crunchy (Soft Shell Crab, Salmão, Cream Cheese e Cebola Crocante). Se há barriga de atum fresca, e a qualidade do atum no Algarve é fantástica, em pelo menos 20% dos restaurantes daquela zona do Algarve, então este deveria ser um item de aposta segura e um dos pontos fortes da casa não? Claro que não havia Toro e tentei substituir por Unagi (Enguia), mas também este era mais um item inexistente da ementa.
Acabei por pedir um Gunkan Special Tuna (Atum, Alho Francês e Kimuchi/Kimchi). 30 minutos depois lá chegaram as 12 peças pedidas! 30 minutos... Já eu me tinha arrependido, só não sabia se de não ter pedido logo mais sushi (porque ainda tinha alguma fome) ou por sequer ter pedido aquelas peças. Eram boas, mas não valem nem o preço nem o tempo de espera!



Muitas falhas neste bar de praia. E digo bar de praia porque é aquilo que realmente é. Música alta com um ambiente de um bar que ambiciona muito mas não consegue concretizar com a qualidade necessária. O serviço é muito inexperiente, lento e desorganizado sendo que chegámos a estar a comer sushi em pratos de plástico até termos que relembrar os empregados desse facto, tendo depois que relembrar também a falta de guardanapos. A inexperiência e falta de atenção também se nota na elaboração da ementa, com uma ementa que parece apelativa mas onde depois só existe metade e que apresenta erros ortográficos. Sei que não está tudo na nossa língua materna mas basta uma rápida procura por dicionários ou Internet para saber que não se escreve Kimushee (Kimuchi ou Kimchi), Green Pees (Green Peas/Ervilhas), Sho Toro (Chutoro) ou até Carangueijo (acho que esta não preciso corrigir...)!
Um exemplo claro de um estabelecimento que quis ser mais do que tinha capacidade, que idealizou um conceito mas que não o soube concretizar e acaba por cair num nível de mediocridade, não aproveitando a fantástica localização nem os produtos locais.

Restaurante Well
Castro Marim, Portugal
Preço Médio: < 40 € (Caso se opte pela ementa de sushi)

segunda-feira, 8 de junho de 2015

Walkamole & The Skinny Bagel @ Feira do Livro Lisboa 2015

Final de Maio e início de Junho é uma altura, para mim, sagrada. O tempo aquece, os dias são mais longos e, o mais importante de tudo, existe a Feira do Livro de Lisboa! Não sou só um apaixonado por comida. Sou também um apaixonado por literatura (ainda que não sejam todos os géneros) e a visita anual à Feira do Livro é um daqueles momentos especiais. Posso até não comprar muitos mas é um programa obrigatório.
Este ano foi engraçado constatar que a popularidade recente da Street Food teve repercussões na qualidade das ofertas existentes na Feira do Livro. Vários nomes já badalados estiveram presentes, mostrando a diversidade que a comida de rua pode atingir. Entre os mais mediáticos (e interessantes) estão presentes: The Food Armada, Walkamole, Mister Pig, Pizzaria do Bairro, Frua, Cachorro Vadio, The Skinny Bagel e Comida de Rua (sim, aqueles que foram ao Shark Tank).



Eu decidi experimentar algo que tinha saído frustrado no European Street Food Festival (podem ler mais sobre esse evento aqui e aqui), o Walkamole! Depois da frustração de estarem (quase) sempre encerrados no Estoril, decidi dar-lhes o benefício da dúvida e fui experimentar os seus burritos. O menu é curto e a escolha é simples: Chilli ou Carnitas, Pequeno ou Grande. O preço esse só varia consoante o tamanho (4€ e 6€, respectivamente). Não sendo um especialista na matéria, estes burritos parecem ser uma versão mais Tex-Mex, com a utilização de arroz na sua constituição.



Todos os ingredientes são apresentados numa proporção bastante simpática, não havendo nenhum sabor que se torne absolutamente predominante. Uma boa tortilla, que poderia ser ligeiramente tostada, a suportar um arroz decente que envolve os restantes ingredientes. No caso do Burrito Chilli, um refrescante pico de gallo, um chilli que merecia e deveria ter mais profundidade de sabor, um bom guacamole, uns nachos crocantes que servem todo o seu propósito (o de acrescentar uma camada de textura) e um queijo que passa um pouco despercebido. O picante, que apenas é adicionado se o cliente assim decidir, a ser fraco durante a ingestão do burrito, pois escorreu todo para o fundo da tortilla enrolada. O resultado final são umas últimas dentadas sem ingredientes que contrabalancem o picante que falhou durante o resto da refeição.


Melhor o Burrito Carnitas na sua conjugação de sabores. A mesma base de tortilla, pico de gallo, nachos, arroz e queijo, mas com um melhor entrosamento do Sour Cream com as Carnitas. O Sour Cream parece que ajuda a ligar tudo e as carnitas apresentaram uma relevância maior do que a anterior proteína. Escorrendo sabor e desfibrando-se a carne, este foi o conjunto vencedor.


Para sobremesa, outro conceito que ainda não tinha experimentado, o The Skinny Bagel. Aproveitando também a promoção 2 por 1 da Time Out, fui arrastado pela ideia de um bagel de manteiga de amendoim e banana, o Peanut Bagel. Uma combinação que ficou um pouco aquém das expectativas. Um bagel bem torrado que ao início se revela interessante mas que vai perdendo esse interesse à medida que nos vamos apercebendo que é um pouco maçudo. O duo manteiga de amendoim e banana também não deslumbra. A manteiga de amendoim poderia (e deveria) ser caseira e as rodelas de banana foram escassas. 


Manteiga de amendoim caseira? Isso é fácil de fazer? O Alton Brown explica como!


A Feira do Livro acaba dia 14 de Junho por isso toca a aproveitar para uma última (ou primeira) incursão à mesma, e aproveitem para lá almoçar ou jantar. Há muita variedade e há também qualidade nas ofertas de restauração. Esperemos que esta moda seja recorrente para os restantes eventos deste género.
Este ano fui poupadinho e acabei por apenas trazer 3 livros, mas tenho expectativas altas para qualquer um deles.



Walkamole
Normalmente estão localizados na Praça de Touros do Campo Pequeno mas aconselha-se a consulta da página de Facebook para melhores informações!
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Preço Médio: < 10 €

The Skinny Bagel
Para localização actual o melhor é consultar a página de Facebook!
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Preço Médio: < 10 €

quinta-feira, 4 de junho de 2015

Tô na Onda (Oeiras)

"Estar na onda", "Tar na onda" ou ainda "Tá na onda" é uma expressão normalmente utilizada para dizermos que estamos numa posição de relevo, estamos "na berra", estamos na moda, somos o que está a dar! Com isto em mente, até poderia ter expectativas elevadas, mas sei que este snack-bar é apenas isso, um snack-bar, com uma privilegiada localização na Marina de Oeiras.
Não foi a primeira vez que fui a este estabelecimento, mas sempre que lá estive foi num contexto diferente, fosse para beber um café numa tarde solarenga ou beber um copo à noite. Mas o relato que vos trago é a de um almoço de fim-de-semana. Passando os olhos pelo menu, com algum preconceito para com a qualidade da comida que me poderia ser servida, decidi apostar em algo que me pareceu de fácil concretização e onde qualquer snack-bar se deveria safar. Foi com isto em mente que pedi o Hambúrguer "TôNaOnda", composto de um duplo hambúrguer, alface, tomate, bacon, queijo e ovo estrelado.


Acho incompreensível como, numa época em que as hamburguerias estão na moda, e em (praticamente) qualquer esquina é possível encontrar um hambúrguer razoável, o que me foi apresentado era de tal forma mau que ainda hoje fico com alguma azia ao pensar nele, tal como fiquei durante toda a tarde depois de o comer. Pão seco, batatas fritas congeladas e ingredientes sem grande sabor, mesmo sendo uma combinação fácil de agradar quando se tem bons ingredientes, foram o menos mau da refeição. A carne em si não tinha bom gosto, acabando por me deixar a questionar há quanto tempo ela se encontrava congelada e se estaria ou não própria para confecção.
Não me importo de comer num snack-bar, e acho que o conceito até se adequa à Marina de Oeiras, mas fico bastante desiludido quando um espaço não consegue concretizar bem uma das coisas que anda na moda.



Correu melhor uma segunda visita onde acabei por optar pelo prato de Carbonara, com a massa bem cozida e bastante recheio de bacon, cogumelos e azeitonas. Não é uma carbonara fantástica, mas acaba por ser um prato aceitável, principalmente quando tendo em conta a minha anterior experiência neste restaurante.

Tô Na Onda
Porto Recreio de Oeiras, Bloco B1
Oeiras, Portugal
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Preço Médio: < 20 €

terça-feira, 2 de junho de 2015

Supremo Sushi (Estoril)

Não tenho nada contra restaurantes de hotel. Acho que podem ser uma opção tão válida para uma refeição como qualquer outro estabelecimento. Desde que adaptem a sua sala ao conceito que tentam transmitir, algo que não acontece no Supremo Sushi. Para além do intenso cheiro a incenso, a sala parece ser mais adequada para um bar de hotel do que para um restaurante. Cadeiras fundas e que poderiam ser confortáveis para se estar descontraidamente à conversa, mas nunca para uma refeição onde a proximidade corporal à mesa é maior. Conseguimos trocar as primeiras cadeiras onde nos sentámos para umas um pouco melhores mas ainda assim nada de muito confortável. O espaço está de tal forma pouco preparado para a restauração que existem umas almofadas no parapeito da janela para que grupos maiores se possam acomodar à volta de uma mesa. Ao início pensei que as almofadas lá estivessem para as colocar nas cadeiras mas assisti mesmo à acomodação de um grupo utilizando estes "lugares".



Apesar de ter ido com um convite Zomato, que incluía um Menu de Degustação para 2 e 2 Cocktails, tive a oportunidade de estudar o menu e pareceu-me bastante estranho. Algumas entradas, alguns pratos já típicos como os tártaros (aqui chamados Kimuchi devido ao molho picante japonês usado), carpaccios, hot rolls que não especificam em nada os ingredientes usados, gyosas e tempuras (itens inseridos na secção de Carpaccios vá se lá saber porquê) mas a parte estranha é realmente a secção dedicada ao Sushi. Não existem rolos individuais e não existe nada a não ser o Combinado Sushi-Sashimi (mais tradicional) e Combinado do "chef". Sim, coloquei entre aspas a palavra chef mas continuem a ler que já lá chego...
Como o convite definia um Menu de Degustação, deixámo-nos entregues à casa e começámos a refeição com umas tiras de Cenoura com Maionese de Alho. Nade de muito novo e uma aposta segura para começar a refeição, com a cenoura bem fresca e a sua doçura a contrastar bem com o sabor a alho da maionese.



Enquanto nos entretínhamos com a cenoura chegou à mesa um hot roll (do qual não fiquei com registo fotográfico) de salmão com uma tempura simpática mas nada de extremamente bem executada. Faltava-lhe mais textura e vinha encimada com soja e um molho adocicado que não consegui identificar.
Num nível bastante mediano estava o Carpaccio de Salmão onde é usado um molho de ervas intenso mas sem qualquer tipo de acidez, acabando por tornar um potencial bom prato num prato com os seus sabores menos vincados e menos estabelecidos. A frescura do peixe estava dentro dos parâmetros que se verificam na maior parte dos restaurantes de sushi médios.



Mas se o salmão parecia apresentar uma frescura satisfatória, o mesmo não consigo dizer do (pouco) atum experimentado. No combinado que nos apresentaram como fazendo parte deste menu de degustação, existiam umas escuras fatias e de ar pouco fresco fatias de sashimi de atum. Tanto no aspecto de qualidade como na variedade de peixe pareceu-me fraco, com apenas atum (e muito pouco) e salmão presentes nos pratos que provámos. Era sábado, o restaurante estava vazio e temos uma costa rica, de certeza que conseguiriam arranjar mais alguma variedade não?
Também de mau gosto pareceu-me ser apresentarem as extremidades dos rolos. Fica mal como apresentação no prato, principalmente porque sabemos que o rolo teria mais peças (normalmente os rolos fazem-se em 8 peças mas também é possível ser feito com 4) ou que poderiam ter aparado as extremidades antes de cortar em peças de tamanho igual. De resto, um bom arroz, tanto na cozedura como no sabor, a ser o ponto alto de toda a refeição. O corte do sashimi bastante irregular, com algumas fatias algo triangulares e o sushi sem combinações muito surpreendentes ainda que não fossem mal executadas. Se tivesse que destacar algumas peças como acima da média, diria os nigiris, o hot roll e o gunkan com salmão à volta, pois o de pepino com pasta de salmão era fraquinho.



Mas eu sou um rapaz de muito alimento e por isso ainda tinha fome quando terminámos o menu de degustação oferecido. Pedimos a carta, pois tudo o que ultrapassasse o menu incluído no convite seria pago à parte, e o empregado vendeu-nos a diferença entre os dois combinados como um sendo de sushi mais tradicional e o outro sendo de autor com peças mais elaboradas, combinações inovadoras (chegou até a utilizar as palavras "foie gras"), peças braseadas (repetiu este termo na descrição do combinado 2 vezes) e mais um pouco de lero lero.
Decidi arriscar no Combinado do Chef de 22 peças, não tendo demorado muito tempo a chegar à mesa. Mas, quando olho para o que me foi colocado à frente, e com uma gentileza de peças extras oferecidas pela casa, aquilo com que me deparo é uma réplica quase idêntica do que já tinha comido. Esse pormenor foi chamado à atenção do empregado que nos atendia, vindo com uma resposta (dada pelo chef) de que os combinados do chef são padronizados e é normal ser praticamente igual visto que no menu de degustação também tínhamos experimentado este mesmo combinado. Ora, se o menu não tem qualquer variedade de sushi disponível, apenas é possível pedir combinados, então qual o interesse de visitar um restaurante que apresentará sempre o mesmo tipo de peças, sem qualquer variedade de peixe demonstrada e sem muito mais de relevante do que bom arroz? Onde está a mão inovadora do chef nos seus combinados? Seria de esperar que num menu tão pequeno, e onde só podemos comer sushi se for em combinados, houvesse uma maior inovação nos combinados de forma a cativar os clientes, não?





Não saí do Supremo Sushi minimamente surpreendido ou fascinado. Nada me pareceu acima da média ou merecedor dos preços praticados. Fosse serviço, decoração, ementa ou qualidade da comida, nada se destacou realmente pela positiva. Não é mau, mas há muito melhor pelo mesmo tipo de preços praticados.

Supremo Sushi
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Estoril, Portugal
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Preço Médio: < 40 €