terça-feira, 31 de janeiro de 2017

A Brasa da Belavista (Rebelva)

Já muitas vezes referi A Brasa da Belavista nos meus textos mas nunca tinha escrito nada concreto sobre a mesma. Este é o meu "go to restaurant" quando me apetece carne grelhada! É (relativamente) perto de casa, é barato e é muito bom! Tem apenas um "pequeno" problema, pois está constantemente cheio de gente e é comum ver filas até à porta.



O espaço não tem nada demais e o serviço não é fantástico mas é competente. Aqui, o que move multidões é a comida! Comida simples, com uma ementa virada para os grelhados, mas impecavelmente executados.



Fantástica Costeleta de Novilho, de tamanho XXL, carne no ponto pedido e onde apenas faltava um pouco de sal.



Também no Bife à Cortador faltava um pouco de sal, pois gosto dos grelhados sempre a roçar o salgado, mas a carne era óptima e um bife deu para 2 pessoas.



Uma das minhas mais regulares apostas é a Entremeada, pois chega sempre perfeita à mesa. Carne suculenta e saborosa, bom ponto de sal e o courato estaladiço!



Em jantares a 2, e como as doses são bastante grandes, costumo pedir umas excelentes Amêijoas à Bulhão Pato, com uns exemplares de bom tamanho e um molho apurado.



Apenas as sobremesas não estão ao nível da restante qualidade, como era o caso do excessivamente doce Molotof, mas confesso que é raro chegar ao momento da sobremesa com qualquer tipo de apetite, tal é a gula aplicada ao prato principal. 



Um restaurante que vale principalmente pela qualidade da sua grelha, mas que devido à sua consistência e preços justos, faz com que a ele regresse com bastante regularidade.

A Brasa da Belavista
Rebelva, Portugal
A Brasa da Belavista Menu, Reviews, Photos, Location and Info - Zomato
Preço Médio: < 20 €

segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

O Crispim (Fátima)

É raro sair das redondezas de Lisboa, o que é uma pena quando existe todo um mundo gastronómico para conhecer em Portugal. Somos, provavelmente, o país do mundo com a gastronomia mais rica e diversificada. É pena, também, que não saibamos vender esta diversidade maravilhosa para o resto do mundo, acabando sempre por passar que somos um povo que come bacalhau e sardinhas. Não é mentira, visto termos mais de 1000 receitas de bacalhau e as melhores sardinhas do mundo (tal como no futebol, também no campeonato das sardinhas temos os melhores do mundo), mas torna-se limitativo para o que realmente fazemos, um pouco por todo o país. Bem, mas estou-me a dispersar...
A caminho da cidade invicta, decidiu-se fazer uma paragem gastronómica por um dos restaurantes mais conhecidos de Fátima, O Crispim. Casa de boa reputação, e onde fui com alguém que já conhecia a casa, fomos tratados de forma exemplar e tivemos uma refeição fantástica.
A partida foi dada por uns fantásticos Enchidos (Chouriço e Morcela), que foram rapidamente deglutidos pela pressão estomacal que se fazia representar em três esfomeados comensais.


Foi uma refeição exclusivamente carnívora, não porque não haja pratos de peixe, mas porque estávamos mais virados para estes apetites nesta noite. E nada melhor para satisfazer apetites carnívoros que uma fantástica Costeleta de Vitela Mirandesa, de uma altura considerável, tempero adequado e temperatura acertada.


E se a grelha é boa, não há como falhar ao pedir o óptimo Entrecosto de Porco Preto, com a carne perfeitamente grelhada e a soltar-se facilmente do osso.


Mas os "ossos" não se ficaram por aqui e ainda se devorou de forma avassaladora um dos pratos tradicionais da zona de Ourém (fonte), a Friginada de Entrecosto. Carne bastante apurada e a desfazer-se ao toque, num daqueles pratos reconfortantes e de que falava no início.


Para terminar, um Cheesecake de Morango bastante aceitável, onde me pareceu que não foram utilizadas natas (e ainda bem!).


Um restaurante "da terra", como não se encontra nas zonas cosmopolitas, com pratos honestos e simples, sabores apurados e a preços justos e que vale bem o desvio a quem se encontre perto de Fátima.

O Crispim
Fátima, Portugal
Preço Médio: < 30 €
Data da Visita: 4 de Dezembro 2015

domingo, 29 de janeiro de 2017

Claro (Paço de Arcos) - Encerrado

Não é fácil ter os timings certos para a partilha de alguns artigos. Mas sinto o dever de partilhar as experiências que tenho, mais antigas ou mais recentes, melhores ou piores, para que fique na memória de uma pessoa que seja, um nome, uma imagem, um prato... um interesse que seja para futura (ou passada) referência. 
E há um nome que quero que todos retenham neste post, Vítor Claro. Foi ele o chef à frente do restaurante homónimo, no hotel Solar Palmeiras, em Paço de Arcos, terra que me viu nascer e crescer. E demorei tempo demais a conhecer a sua fantástica cozinha, algo que me pesa ainda mais agora que fechou e não sei quando a poderei voltar a experimentar. O Vítor decidiu dedicar-se a tempo inteiro à produção do seu próprio vinho, encerrando assim um dos restaurantes que mais cartas deu nos últimos anos, havendo mesmo quem dissesse que poderia estar próximo de ganhar a sua 1ª estrela Michelin. Esperemos que a sua ausência das cozinhas seja breve.
Antes de começar a falar sobre a fantástica refeição de 3 horas que fiz no Claro, no passado mês de Setembro, um agradecimento para o serviço exemplar do seu sommelier Thomas Domingues, que nos acompanhou durante toda a viagem.
Antes de ir ao Claro, li tudo o que havia para ler em blogues e sites sobre o chef, sobre os menus que apresentava, sobre o seu tipo de cozinha e criei as minhas próprias expectativas sobre o que esperar. Penso que nos devemos tentar informar o melhor possível sobre os sítios, principalmente quando vamos a um restaurante de autor. Perceber se o restaurante será o mais correcto para nós, se o tipo de técnicas usadas se enquadra nos nossos gostos. Pessoalmente não tenho muitos problemas com isso, pois sou um curioso natural, mas acabei por aprender que Vitor Claro apresentava pratos "simples" com os elementos bastante bem trabalhados, principalmente no que a caldos se diz respeito. E foram nesses pormenores que fui tentando ter mais atenção e também que me levaram a ter bastante curiosidade pela sua cozinha.
Começámos com um Couvert bastante simples, com pão, focaccia e manteiga, tudo feito na casa e de um bom nível mas sem a variedade que poderia estar à espera deste tipo de restaurante.


Fizemos o wine pairing, sugerido pelo Thomas, ainda que numa versão mais reduzida pois não queríamos sair completamente ébrios do restaurante, deixando as memórias bem vivas. Como tal, começámos com um fantástico espumante Quinta das Bageiras (Bruto Natural, 2014), feito sem qualquer adição de açúcar mas de uma doçura considerável, que acompanhou os primeiros dois pratos.


O primeiro prato era, até à data, talvez o mais icónico do Claro, com a sua interpretação do Bacalhau à Conde da Guarda, um prato com um impacto visual muito grande mas onde é promovida a simplicidade de ingredientes e os seus contrastes. Quente da quenelle de bacalhau com o frio do tomate, salgado contra acidez, cremosidade contra granularidade. Seria perfeito, não houvesse uma espinha no meu prato, algo que acho pouco admissível neste tipo de restaurante, mas o ar de "pânico" do empregado que recolheu o prato retratou bem o quão improvável e anormal é isto acontecer.


Bastante bom também o Filete de Carapau Alimado, mas gosto deste tipo de pratos mais avinagrados do que o que nos foi apresentado. Talvez o prato menos surpreendente e inovador de toda a visita, mas, ainda assim, um bom prato.


Para os seguintes pratos o Fossil (Branco, 2014) do Vale da Capucha.


A seguir, uma homenagem a um dos chefs com quem trabalhou, Santi Santamaria, na forma de um Raviolo de Gambas e Cogumelos, onde a gamba é trabalhada de forma exemplar a fazer o invólucro que protegem uns óptimos cogumelos salteados. Mais uma vez, simplicidade e uma brilhante execução, tal e qual o que esperaria de Vitor Claro.


Chegou a hora do momento menos conseguido da refeição, com um prato que não nos encheu as medidas e que não conseguiu fazer sentido para nós, a Terrina de Foie Gras de Pato e Alperce Seco Cozido com Especiarias. O alperce não conseguiu cortar na perfeição a riqueza do foie, principalmente por este se apresentar cru, e o sabor a funcho era demasiado pronunciado sobre todo o conjunto.


Continuámos com um Nieeport Dão (Branco, 2015).


Depois de um momento menos bom, mais um momento que nos fez soltar aqueles gemidos pecaminosos de satisfação com um perfeito Choco Grelhado com Molho Romesco. E quando digo perfeito, é mesmo perfeito! Um choco comprado na praça local, levemente passado na brasa mas o suficiente para trazer um pouco do sabor a grelhado para o choco e com uma textura perfeita. 


A Essência de Lavagante mostra a versatilidade deste chef nos seus caldos, com o lavagante perfeito na sua textura, a nadar num caldo trabalhado com caramelo. Mais um prato perfeito e de se sorver todas as gotas que existam na taça.


Thomas decidiu então passar para o tinto, abrindo as hostilidades com o vinho produzido por si próprio, em conjunto com Vitor Claro, o Foxtrot Dominó (Tinto, 2014), surpreendendo bastante a sua escolha porque o primeiro prato que iria acompanhar seria um prato de peixe. E que bem ligou...


...com o Filete de Linguado à Delícia, um prato inspirado no que se servia nalguns restaurantes de cozinha francesa da Linha de Cascais no século XX, que junta um delicadíssimo filete de linguado à doçura da banana caramelizada e à acidez dos cornichons.


O Foxtrot Dominó acompanhou ainda aquele que foi o prato da noite, e um dos Melhores que experimentei em 2016, o Caldo de Bivalves, Coentros e Presa de Porco. Se havia pratos que até agora tinham estado perfeitos, este alcançou todo um novo nível que até agora eu desconhecia, muito graças aos filetes de sardinha "surpresa" e que me espancaram o palato com a imensidão de sabor que continham. Sim, é estranha e arriscada esta combinação de sardinha e porco com um caldo de bivalves à mistura mas é inexplicavelmente bom.


Mudou-se o vinho para um Moinho do Gato (Tinto, 2014) da Quinta do Romeu.


E chegámos ao expoente máximo dos caldos que aqui eram feitos, com o Rosbife Laminado e Molho do Assado, onde a quantidade de umami que invade a boca através do molho é, atrevo-me a dizer, demais. A carne perfeita e algumas folhas de manjericão e hortelã para dar frescura ao conjunto tornaram este momento em mais um prato fantástico.


Ao longo da refeição notou-se um padrão nas influências que actuavam na cozinha, fosse pelas anteriores experiências laborais de Vítor Claro, fosse pelas convivências gastronómicas que tem, como é o caso do Leite Creme Bonsai, uma receita do restaurante Bonsai, do tempo de Mio e Ricardo Komori.


Para terminar uma longa e fantástica refeição, e numa altura em que o nosso estômago já não tinha espaço para muito mais, um Moscatel de 2014 da Casa Agrícola Horácio Simões (sobre a qual já falei aqui).


Que acompanhou a última sobremesa, na forma de uma Ameixa de Elvas e Massapão. Uma nota de boca já demasiado doce para o meu palato mas as texturas e os sabores tão tipicamente portugueses estavam lá perfeitamente representados.


O estereótipo que existe em volta da alta cozinha e (vou usar um termo que não gosto muito de usar) "gourmet" faz algumas pessoas pensar em pratos demasiado elaborados para as "caganitas" apresentas, sem sentido e sem sabores aprumados, sendo cobrados de forma excessiva. 
Vitor Claro prova a todas essas pessoas o contrário. Base de sabores bastante portuguesa, com os ingredientes certos a destacarem-se em cada prato e com uma procura pela perfeição dos sabores em cada prato. E esteve quase sempre perfeito! O que torna justificável e justo o preço cobrado por uma experiência como esta.
Um restaurante e um chef que deixarão saudades... Daí a necessidade que senti em escrever este texto mesmo com o restaurante já encerrado (e também pelo estímulo provocado por uma acção semelhante no blog Ovo Cru).

Claro
Paço de Arcos, Portugal
Restaurante Claro Menu, Reviews, Photos, Location and Info - Zomato
Preço Médio: < 60 €
Data da Visita: 7 de Setembro 2016

quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Maresias (Parede)

As expectativas são uma coisa muito difícil de gerir. A criação de uma ideia mental ilusória e abstracta quanto à qualidade de um sítio, baseada em meros relatos lidos, enche-nos o espírito de altas expectativas, e pode ser complicado gerir isto de forma a não sairmos defraudados. 
Bem, na verdade, o que aqui aconteceu nem foi bem um defraude de expectativa, pois o restaurante já não existe com o mesmo conceito que ouvi falar desde meados de 2015 até 2016, tendo mudado de gerência com a mudança do ano, mas mantendo o nome, o logo e toda a decoração. Mas estive o último ano a alimentar o espírito com imagens de diversos pratos, todos eles com um excelente aspecto, numa ementa cravejada de variedade (12 Petiscos, 3 Sopas, 6 Entradas, 8 Pratos de Peixe, 7 Pratos de Carne). Até que surgiu a oportunidade de conhecer o Maresias, onde em tempos se situava o Peixe na Linha e depois o Petis.cos, e ver se as expectativas iriam corresponder à realidade.
E começou "mal", quando abro a ementa e me deparo com uma ementa completamente diferente da que tinha visto na Zomato. Menor variedade e uma ementa menos apelativa assustam-me pois a minha mente começa a divagar para o "não era isto que eu queria". E isso influencia mentalmente toda a experiência, mas tentarei ser o mais imparcial possível.
Começámos com um Creme de Lavagante interessante, mas onde esperava uma maior profundidade de sabor.


Também como entrada, um Tártaro com um bom corte manual, uma apresentação bastante clássica, ainda que faltando a gema de ovo no topo, mas sem ser fantástico. Pequena nota para as tostas que poderiam ser em maior quantidade, para que se conseguisse comer a maior parte do tártaro com as mesmas.


Dividiu-se umas Amêijoas à Bulhão Pato medianas, onde os bivalves eram bons mas o seu molho era pouco apurado. Merecia ser mais trabalhado.


Como não estávamos com muita fome, partilhámos o Polvo Maresias, um polvo extremamente bem cozinhado, que aparentava uma textura borrachosa mas na verdade se apresentava macio na boca, com umas boas batatas assadas, bons grelos e um mau puré de cebola, demasiado doce para o conjunto.


As sobremesas não nos atraíram e decidimos dar a refeição por terminada. Algumas notas extras no que toca ao serviço, bastante "verde" apesar de ser simpático e esforçado mas nota-se alguma falta de experiência. Avaliando esta experiência por aquilo que foi não consigo deixar de pensar que acabou por se tornar cara face à qualidade da comida.
Se em 2016 o Maresias estava numa maré alta de fama e prestígio, veremos o que esta mudança da maré irá fazer. Percebo que tentem aproveitar a fama já ganha pelo restaurante, mas isso ajuda a criar expectativas que podem sair furadas.

Maresias
Praia da Bafureira
Parede, Portugal
Maresias Menu, Reviews, Photos, Location and Info - Zomato (a página da Zomato ainda referencia o antigo restaurante)
Foodspotting
Facebook
Preço Médio: < 40 €
Data da visita: 6 de Janeiro 2017

terça-feira, 24 de janeiro de 2017

O Talho (Lisboa)

Kiko Martins entrou de caras na cena gastronómica lisboeta (e nacional). Viajou o mundo, voltou, lançou um livro e abriu um restaurante de sucesso. Pareceu fácil, pareceu natural e a'O Talho seguiram-se A Cevicheria e O Asiático mas só foi possível graças a muito (e bom) trabalho. Neste momento, Kiko Martins parece uma máquina imparável e está já a preparar a abertura do seu 4º restaurante (O Watt, na sede da EDP). Isto só para falar no que a restaurantes diz respeito e tentando passar ao lado das inúmeras aparições televisivas que vai fazendo. Mas será que todo este sucesso é justificado?
O "meu primeiro Kiko" teria que ser o original...fazia-me sentido ir à "casa-mãe" e ver onde "tudo começou" (ok, se calhar estou a abusar das aspas e dos chavões). As primeiras visitas fizeram-se para experimentar a vertente talho e, tentando não me alongar muito, é muito bom! Mais caro que os talhos normais, inclusive os ditos gourmet, todos os produtos que trouxe de lá são muito bons e já lá fui algumas vezes só para ir buscar carne!



Mas falemos sobre a vertente restaurante e tentemos não nos alongar. Primeiro, o espaço é bonito e gosto, particularmente, dos tons mais sóbrios. Especialmente por contrastarem com um serviço descontraído e jovial, ainda que perfeito. É fácil notar que se está num dos melhores restaurantes da cidade apenas pela qualidade do serviço.
Aqui, apesar do tema principal ser a carne, ou não estivéssemos nós num talho, a ementa sofre influências de todo o mundo e a primeira prova disso é a variedade de pão no Couvert, onde podemos apreciar pão português ao lado de uma focaccia ou de papadum. Um início bastante auspicioso para o que seria esta viagem pelos sabores do chef Kiko Martins.



Antes das entradas chega uma pequena oferenda por parte da cozinha, na forma de um Creme de Castanha com Amêndoa que nos aquece e reconforta numa fria noite de Janeiro.



Logo na primeira entrada, o restaurante consegue superar-se a ele próprio. Os Croquetes de Cozido à Portuguesa são bons quando comidos em casa (podem-se comprar congelados) mas não se compara à experiência de os comer no restaurante acompanhados por uma fantástica maionese de chouriço.



Ainda que estando num talho, a ementa incorpora um dos pratos chave de outro restaurante de Kiko Martins, o Ceviche Puro. Excelente da primeira à última dentada, com as notas ácidas perfeitas no leche de tigre e um bom jogo de textura, principalmente na batata-doce em 2 texturas.



Mas O Talho não é um restaurante que se leve muito a sério. Quer dizer, leva-se a sério e tudo o que faz, fá-lo seriamente bem, mas não deixa de ser um restaurante que quer proporcionar experiências diferentes e brincar com o que conhecemos. O melhor exemplo disso é o seu Tártaro, com uma interpretação e um empratamento que nos leva a pensar em sushi. A alga nori está lá e temos um creme de rábano, que nos leva a pensar no sabor do wasabi, substituindo o uso da tradicional mostarda de Dijon. Temos ainda um shot de vodka, que podemos beber, mas que serve para misturar com a carne, iniciando um ligeiro processo de cozedura. Acompanha com umas batatas fritas fantásticas. Excelente textura e excelentes sabores num dos melhores tártaros lisboetas!



O Surf and Turf (que se encontrava disponível na altura), um Quinoto do Mar com Tonkatsu de Barriga de Porco, foi menos consensual na mesa. Se a minha paciente e corajosa companhia (pois é preciso paciência e coragem para me aturar nestes desvarios), não ficou minimamente impressionada com o prato que (quase) lhe impus (queria o Tártaro só para mim e ainda queria muito muito muito experimentar este!). Já eu tive uma opinião muito contrária. Apesar de ser um prato algo pesado, com um quinoto de densos sabores a mar a não conseguir contrabalançar completamente a riqueza da barriga de porco, achei que os dois sabores juntos conseguiam funcionar. A minha imposição sobre a escolha do prato seria só para provar mas não resisti e "ajudei" a acabar o prato.



Para terminar a refeição, um Crumble que esteve demasiado rico, demasiado doce e pouco equilibrado, com a manteiga de amendoim e o dulce de leche a não conseguirem ser totalmente cortados pelo uso da lima.



Ainda que terminando numa nota menos boa, toda a refeição esteve num patamar muito alto. A definição de barato ou caro varia consoante o valor pessoal que damos a uma experiência. Consoante o valor que nós próprios damos à satisfação com que saímos do restaurante. E deixem-me dizer-vos que saí muito satisfeito d'O Talho.

O Talho
Lisboa, Portugal
O Talho Menu, Reviews, Photos, Location and Info - Zomato
Preço Médio: < 50 €
Data da Visita: 13 de Janeiro 2016

segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Belvedere - Grande Real Villa Itália (Cascais)

Há alguns anos atrás os restaurantes de hotel eram vistos, quase sem excepção, como uma praga na restauração que teimava em mal impressionar os turistas que recebiam. Felizmente esse paradigma mudou e temos cada vez mais e melhores restaurantes, podendo agora ser vistos como uma opção válida para se jantar sejamos hóspedes ou não. E foi assim que a curiosidade foi despertada, sendo concretizada com um voucher 2 por 1 da Time Out.
O Hotel Grande Real Villa Itália é luxuoso, com uma decoração imponente e de bom gosto, reservando para o seu restaurante uma sala bastante espaçosa. O serviço foi digno do requinte que o local aparenta e mostrou-se informativo durante toda a refeição. Enquanto aguardávamos a mesa, e tomávamos um aperitivo, encaminharam-nos para uns sofás algo desconfortáveis mas a estadia foi curta e rapidamente nos pudemos sentar numas cadeiras bastante melhores.
Couvert com uma óptima variedade. Pão bola, grissini, focaccia, pão integral, tudo de bom nível. Duas manteigas, com especial destaque para a de pancetta (ou prosciutto - já não me recordo), e uma espécie de brandade (mas não triturada) de bacalhau, cebola e tinta de choco muito boa.



Bom Funghi Gratinati Con Mozzarella e Pancetta (Cogumelo Gratinado com Mozzarella e Pancetta), com uma generosa dose de queijo, mas onde se pedia que a pancetta se destacasse mais. Simpática a salada que acompanha e ajuda a cortar a untuosidade e riqueza da mozzarella.



Seguimos a recomendação de entrada do chef para o Cacio e Pepe, um prato que já tinha visto nalguns programas da "especialidade" e que tinha muita curiosidade em experimentar, pela sua simplicidade. Massa fresca muito saborosa, com sabor intenso a alho e pimenta preta (algo normal e que apreciei bastante). Bom equilíbrio destas componentes com o pecorino.



Excelente o Risotto Di Asparagi Verdi E Capesante (Risotto de Espargos Verdes e Vieiras). Boa cremosidade, excelente ponto de cozedura no arroz, notando-se um caldo bem trabalhado e com várias camadas de sabor, onde apenas o sal poderia ser um pouco menos. Pena a escassa existência de vieiras (3), achando que seria mais adequado a adição de mais 1 ou 2. As vieiras perfeitamente cozinhadas, com uma caramelização externa fantástica e depois o seu miolo macio.



Já os Ravioli Al Funghi E Spinaci, Melanzane Con Ricotta, Zucca Arrosto con Pinoli E Crema Di Barbabietole (Raviolis de Cogumelos e Espinafres, Beringela Recheada com Ricotta, Abóbora e Pinhão e Creme de Beterraba) não apresentavam o mesmo trabalho ao nível do sabor. Nada tinha muito sabor, fossem os raviolis de ricotta e espinafres, o creme de beterraba ou a beringela recheada, ainda que esta última fosse o melhor aspecto do prato. Apesar dos muitos componentes do prato, funcionavam bem juntos, mas a falta de sabor do conjunto não fez corresponder às expectativas que tinha do prato.



As sobremesas foram médias, sem serem fantásticas. Não percebo (e embirro com) a utilização de copos afunilados em sobremesas por camadas. Tiramisù fresco mas com sabor a café intenso demais, ofuscando os restantes sabores.



Melhor o "Cappuccino" com uma boa panna cotta de café, bem balanceada com a mousse de chocolate branco e os morangos.



Os preços acima da média (cerca de 73€ para 2 pessoas, sem vinhos, apenas água e 2 proseccos de aperitivo), se fosse só pela comida, não justificariam totalmente mas quando se toma em conta todas as variáveis (espaço, serviço, localização) parece mais justificável. As expectativas eram altas, pelo local, ementa e preçário, e acabei por sair satisfeito com toda a experiência mas não sei se o mesmo teria acontecido caso não tivesse usufruído do voucher da Time Out. 

Belvedere
Cascais, Portugal
Belvedere - Grande Real Villa Itália Menu, Reviews, Photos, Location and Info - Zomato
Preço Médio: < 40 €
Data da Visita: 25 de Outubro 2015 (a partir deste momento, quase todos os posts passarão a contar com uma data para que seja melhor contextualizada a altura em que a visita ocorreu. Sim, alguns posts têm mais de 1 ano de atraso mas tenho cerca de 100 notas para passar a texto e irá demorar algum tempo até conseguir pôr tudo em dia!)