Viagens para Norte ou Sul de Portugal são, para mim, sempre desculpas perfeitas para conhecer restaurantes a meio caminho. São viagens longas e que "obrigam" quase sempre a uma ou outra paragem, portanto porque não fazer pequenos desvios e ir conhecer aqueles restaurantes que, noutros casos, não teríamos uma oportunidade tão fácil?
Foi numa dessas viagens, para a fantástica cidade de Tavira, que resolvi fazer mais um desses desvios. Habitualmente, o ponto de paragem obrigatório é O Cruzamento (já falei sobre ele aqui), em Grândola, mas desta vez queria algo diferente. A fama da Tia Rosa em Melides é mais que muita e não é assim tão longe de Grândola... Porque não?
Entro cedo num restaurante bastante vazio mas isso não me intimida. A zona não é propriamente famosa pelo seu turismo nos meses de Inverno e o restaurante é algo remoto dos locais mais habitados da zona. Desde que a comida valha o desvio e corresponda às altas expectativas que tinha criado, nada mais importa.
As hostilidades começam com um Prato de Enchidos de Porco Preto. Estive entre esta entrada e a Alheira Assada no Forno (e o serviço não ajudou muito na decisão) por isso fui por aquele que me parecia mais adequado a uma pessoa. E lá chega o pratinho com rodelas de chouriço, chouriço de sangue e farinheira... enrolado em plástico. Daquelas técnicas de conservação de snack bar, mostrando claramente que aquele prato estava cortado e preparado há algum tempo. Porque cortar enchidos na hora é uma tarefa hercúlea. A qualidade dos mesmos não era má mas também não me excitaram as papilas gustativas por aí além.
Mas aqui a atracção principal era o Pato Assado no Forno com Arroz de Miúdos, o prato que move multidões e é alvo de peregrinações! Ok, se calhar é um pouco exagerado a parte das peregrinações mas a verdade é que é a especialidade da casa e aquele de que toda a gente fala e que dizem ser obrigatório. Estão a imaginar a expectativa com que entrei no restaurante, certo? Sentei-me estrategicamente para ter uma visão para a cozinha e conseguir observando os passos que levariam o meu prato a chegar à mesa e foi aí que começou a desilusão. Começo por ver a travessa do pato a ser aquecida num microondas e depois colocada no forno. Pelo caminho, vejo verterem um pouco de óleo também para lá.
Resultado final, quando o prato chega à mesa já estou meio desconfiado, mas tento afastar os preconceitos da minha mente. A pele é logo a primeira coisa a ser atacada e, para minha felicidade, revela-se estaladiça e saborosa. A carne já não tanto, estando o peito do pato algo seco mas todos conhecemos a dificuldade de cozinhar uma ave inteira, visto ter tão diferentes pontos de cozedura. Melhor a carne da asa, que chego a roer com as mãos. O problema está no fundo do prato com uma altura de gordura algo desnecessária e que em nada acrescenta a nível de sabor. Ainda tentei verter um pouco sobre o pato mas não adicionou nada de positivo, apenas tornou o prato desnecessariamente mais pesado. Talvez tenha adicionado às batatas que nela cozinharam mas quando as colocava no prato tentava levar o mínimo de óleo possível.
O Arroz de Miúdos era também alvo de grande expectativa. Adoro miudezas de aves, seja na canja, no arroz ou simplesmente estufados! Mas este arroz também não esteve à altura. Cozinhado em demasia, apresentando-se já um pouco empapado, a necessitar de mais sal e com aquela camada de ovo em cima que é dispensável, ainda que a nível visual seja apelativa. Se fosse uma leve pincelada percebia que ajudasse a dar cor no forno ainda passava, mas é demasiado e acaba por ser arroz com ovos mexidos por cima.
Salvou-se a honra da casa com a sobremesa. Umas belíssimas Farófias, feitas no forno, fantásticas nas suas texturas e com um doce de ovo que não era demasiado doce. Faria um desvio por estas farófias mas não pelo pato!
Não é que tenha sido uma má refeição, muito pelo contrário. Saio desiludido porque tinha as expectativas num patamar demasiado elevado. Já falei várias vezes sobre o quão perigosas são e aqui foi mais um caso em que só saio algo desanimado porque esperava muito melhor. Não me levem a mal os fãs daquele pato assado, pois acho o prato interessante e se tivesse na zona não teria problemas em lá voltar, mas não me convencem a fazer outro desvio propositado por ele. Já por aquelas farófias...
Mas aqui a atracção principal era o Pato Assado no Forno com Arroz de Miúdos, o prato que move multidões e é alvo de peregrinações! Ok, se calhar é um pouco exagerado a parte das peregrinações mas a verdade é que é a especialidade da casa e aquele de que toda a gente fala e que dizem ser obrigatório. Estão a imaginar a expectativa com que entrei no restaurante, certo? Sentei-me estrategicamente para ter uma visão para a cozinha e conseguir observando os passos que levariam o meu prato a chegar à mesa e foi aí que começou a desilusão. Começo por ver a travessa do pato a ser aquecida num microondas e depois colocada no forno. Pelo caminho, vejo verterem um pouco de óleo também para lá.
Resultado final, quando o prato chega à mesa já estou meio desconfiado, mas tento afastar os preconceitos da minha mente. A pele é logo a primeira coisa a ser atacada e, para minha felicidade, revela-se estaladiça e saborosa. A carne já não tanto, estando o peito do pato algo seco mas todos conhecemos a dificuldade de cozinhar uma ave inteira, visto ter tão diferentes pontos de cozedura. Melhor a carne da asa, que chego a roer com as mãos. O problema está no fundo do prato com uma altura de gordura algo desnecessária e que em nada acrescenta a nível de sabor. Ainda tentei verter um pouco sobre o pato mas não adicionou nada de positivo, apenas tornou o prato desnecessariamente mais pesado. Talvez tenha adicionado às batatas que nela cozinharam mas quando as colocava no prato tentava levar o mínimo de óleo possível.
O Arroz de Miúdos era também alvo de grande expectativa. Adoro miudezas de aves, seja na canja, no arroz ou simplesmente estufados! Mas este arroz também não esteve à altura. Cozinhado em demasia, apresentando-se já um pouco empapado, a necessitar de mais sal e com aquela camada de ovo em cima que é dispensável, ainda que a nível visual seja apelativa. Se fosse uma leve pincelada percebia que ajudasse a dar cor no forno ainda passava, mas é demasiado e acaba por ser arroz com ovos mexidos por cima.
Salvou-se a honra da casa com a sobremesa. Umas belíssimas Farófias, feitas no forno, fantásticas nas suas texturas e com um doce de ovo que não era demasiado doce. Faria um desvio por estas farófias mas não pelo pato!
Não é que tenha sido uma má refeição, muito pelo contrário. Saio desiludido porque tinha as expectativas num patamar demasiado elevado. Já falei várias vezes sobre o quão perigosas são e aqui foi mais um caso em que só saio algo desanimado porque esperava muito melhor. Não me levem a mal os fãs daquele pato assado, pois acho o prato interessante e se tivesse na zona não teria problemas em lá voltar, mas não me convencem a fazer outro desvio propositado por ele. Já por aquelas farófias...
Tia Rosa
Melides, Portugal
Preço Médio: < 20 €
Data da Visita: 19 de Janeiro 2018