segunda-feira, 30 de julho de 2018

Germano (Marvila)

Nós, portugueses, somos um povo que gosta de se reunir à volta da mesa. Passamos horas à volta de uma mesa bem recheada, entre conversas, gargalhadas e histórias. Estamos até, muitas vezes, a comer e a falar de refeições passadas ou futuras! É por este tipo de coisa que eu considero a comida um dos maiores factores que mais une pessoas, seja em que parte do mundo for.
É por isso que vejo com alguma estranheza atitudes de desconfiança para pessoas que se sentem nas mesas ou nosso lado. E digo isto, seja que tipo de restaurante for, ainda que perceba que a probabilidade de ocorrência possa ser inversamente proporcional ao preço final da refeição.
Porquê este discurso todo? Porque acho que a comida tem mais piada quando partilhamos essa experiência com alguém, conhecido ou desconhecido. E porque me aconteceu algo deste género no Germano, um pequeno restaurante no Braço de Prata, que originou uma noite altamente improvável mas bastante memorável.
Ao chegarmos ao restaurante acabamos por nos assustar um pouco com a quantidade de pessoas que está cá fora à espera. Não existem turistas aqui, são mesmo pessoas que moram naquele bairro ou lisboetas que ali de propósito se deslocam, para experimentar os petiscos da Dona Graça.
Lá nos sentamos, damos uma olhadela rápida pela ementa e pedimos o que nos parece melhor, numa ementa simples, curta e concisa. Estamos no registo dos petiscos, tudo parece tradicional, portanto é deixar-nos levar pelos apetites e vontades da hora. Estamos nas mãos da D. Graça, estamos em boas mãos.
As Amêijoas à Bulhão Pato são as primeiras a chegar à mesa e rapidamente nos apercebemos do erro que foi não pedir logo um cesto de pão torrado. Boas amêijoas com um molho apurado e a pedir para a travessa ser limpa até à última gota. Óptima mão no tempero, algo que se revela uma constante nos diversos pratos experimentados.


As Caracoletas Assadas são algo surpreendentes pois fogem ao registo a que estou habituado. Não há cá molho de manteiga, mostarda ou picante! São assadas com um intenso molho de alho e limão, levando-nos mais uma vez a puxar do pão torrado e absorver o máximo possível do que se encontra na travessa. E é aqui que voltamos ao início deste texto. Chegam as caracoletas e as duas pessoas da mesa ao lado comentam-nas, ao que prontamente nos oferecemos para que provem da nossa travessa. Conversa puxa conversa, não só acabamos a provar os caracóis e os bifes que tinham pedido, como às tantas percebemos que não eramos assim tão desconhecidos. 


No meio de toda esta conversa, chega ainda o Pica-Pau de Vaca e as Batatas Fritas à mesa mas fogem do registo fotográfico. Pica-Pau a manter a consistência ao nível da molhanga dos 2 pratos anteriores mas achei que a carne em si poderia ter um pouco mais de sal. Já as batatas fritas caseiras serviram o propósito de acompanhar a carne mas poderias estar mais fritas.
Não estava com vontade de sobremesa, mas chegou à mesa (que agora já se tinha tornado numa mesa de 4 em vez de duas de 2) uma Mousse de Chocolate, que me disseram estar boa, e um Cheesecake de Morango, considerado fraco.
Gosto de restaurantes assim. Restaurantes honestos, comida simples, a preços justos. Tascas, na verdadeira aceitação da palavra e não nas suas reinterpretações modernas, onde o serviço é sempre familiar, a casa está cheia de clientes habituais e onde saímos a querer fazer parte desse selecto grupo de regulares.

Germano
Lisboa, Portugal
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Preço Médio: < 20 €
Data da Visita: 28 de Julho 2018

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