Pode parecer estranho que eu pouco escreva (seja aqui ou na página de Facebook do Devaneios) e das últimas vezes que isto aconteceu, refiro bastante a Zomato. Mas toda a publicidade que eu possa fazer à plataforma é pouco, porque a verdade é que chegaram para dinamizar a área como ninguém o tinha feito até agora e cujo sucesso espero que continue a aumentar!
Neste âmbito, e para promover o convívio de alguns dos seus utilizadores mais assíduos, a Zomato decidiu organizar o 1º Foodie Meetup no Restaurante Via Graça, tendo tido o prazer de ser um dos seus convidados.
Este é um restaurante que pode parecer um pouco perdido no meio de Lisboa, numa rua difícil de alcançar, com pouco estacionamento e prédios que facilmente passam despercebidos, mas que esconde uma das melhores vistas da cidade de Lisboa. Chegar a este restaurante ainda de dia e acompanharmos a mudança de iluminação sobre a cidade é realmente algo deslumbrante!
A refeição preparada pelo chef João Bandeira (também responsável pelo Restaurante A Casa do Bacalhau) consistia em 5 pratos com uma forte componente tradicional mas onde se notava sempre um toque bastante pessoal na elaboração do prato.
Os medalhões de vieira a abrir estavam bem cozinhados, com uma textura perfeita. O molho de caril era suave e ajudava a complementar a conjugação vieira/castanha, mas o pormenor que tornava isto mais do que um simples prato eram os bagos de pimenta rosa. O único ponto menos bom neste prato foi a utilização das ovas de vieira. Nunca tinha provado as suas ovas, e na altura não sabia o que era, mas mesmo sendo um fã de ovas, estas não me convenceram e acho que a sua utilização em nada melhorou o prato.
Em seguida chegou um prato que, na verdade, eram dois. De um lado um arroz de polvo malandrinho, com o polvo a desfazer-se e o arroz basmati no ponto certo de cozedura, apenas com um pequeno excesso de sal, mas ainda assim muito bom. Do outro lado, um polvo à lagareiro, que oferecia mais resistência aos dentes que o utilizado no arroz, mas ainda assim macio. O polvo vinha numa cama de pimentos (vermelho, amarelo e um padrón) que é um ingrediente do qual não sou fã (excepto dos de padrón) e frequentemente ponho para o lado no prato. Mas estes não... até estavam agradáveis e limpei o prato (dizer isto de pimentos é um grande elogio)! Quando o prato nos foi apresentado, era incendiado um ramo de alecrim, que apesar de deixar, por breves instantes, um aroma simpático no ar, pouco mais trouxe ao prato a nível de palato.
E o 3º prato era, para mim, o mais esperado e aquele que mais expectativas tinha, devido ao uso de Sames (ou Samos) de bacalhau, ou seja, da bexiga natatória do bacalhau. É um ingrediente do qual eu nunca tinha ouvido falar mas que me deu uma curiosidade imediata. E para mim foi o prato da noite! A feijoada estava fantástica, com um caldo apuradíssimo que fazia brilhar todos os componentes do prato. Os sames em si, são bastante bons, com uma textura que pode não agradar a todos mas que me agradou e um ligeiro sabor a bacalhau.
Passamos então ao prato de carne, e último prato antes da sobremesa. Uma empada de caça (perdiz, javali, lebre e faisão) em que apesar das carnes serem todas cozinhadas individualmente, a sua junção funcionava na perfeição, não deixando as carnes secas como muitas vezes acontece neste tipo de pratos. Os grelos salteados que acompanhavam o prato apresentavam ainda alguma textura, e eram realmente muito bons. O único senão foi o facto de ter trincado um pequeno osso, mas numa preparação tão exigente percebo que deslizes destes possam acontecer.
Não sendo eu um grande fã de doces, a sobremesa era o prato pelo qual eu tinha menos expectativas, e talvez por esse mesmo motivo, foi um prato bastante surpreendente e que quase me fez reconsiderar tudo aquilo que alguma vez disse sobre doces e o quão bem eu passo sem sobremesas. Uma coisa vos garanto, se todas as sobremesas fossem assim, eu teria o triplo da barriga (e ela não é propriamente pequena!).
Um fondant de caramelo perfeito, com um nível de gulosice gigante e acompanhado por um gelado cítrico que cortava na perfeição cada colherada naquele fondant que eu desejava nunca ter acabado. Mas felizmente a porção foi grande o suficiente para me satisfazer e pequena o suficiente para me deixar a sonhar com ela.
Um fim de refeição numa nota altíssima.
Uma refeição memorável com alguns pontos melhores que outros, mas tornando o Via Graça um restaurante a considerar seriamente para ambientes requintados e até de algum romantismo. Toda esta experiência foi também memorável pela companhia presente tornando-o numa experiência bastante enriquecedora.
Para último queria deixar um agradecimento enorme à Sara, ao Neel e ao Miguel, que tão bem receberam os foodies e que foram uns anfitriões espectaculares.
Restaurante Via Graça
Rua Damasceno Monteiro, 9
Lisboa, Portugal
Preço Médio: < 60 € (Baseado não no menú de degustação experimentado mas na ementa disponível no site do restaurante)
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