Por vezes sinto-me uma pessoa mimada. Não quero com isto dizer que seja um mimado, apenas que a Zomato me mima com os convites fantásticos para experimentar restaurantes como este Come Prima. Se nunca ouviram falar no Come Prima, fiquem desde já a saber que este é um dos melhores restaurantes italianos (ou, quem sabe, o melhor) da cidade de Lisboa. Quer isto dizer que será gerido e com produtos confeccionados por italianos? Nem por isso, porque o chef Tanka Sapkota, apesar de nepalês, conhece bem a cozinha italiana e isso nota-se no respeito que ele tem pelos ingredientes.
O convite Zomato referia que iria experimentar o menu "O Melhor de Itália", mas não soube o que isto incluía, e os primeiros empregados que nos atenderam também não sabiam, acabando por nos colocar a ementa nas mãos. Acabámos por dar uma vista de olhos na ementa, e se nos fosse pedido para escolher à carta já sabíamos o que pedir, mas isso não foi necessário porque a responsável pela sala rapidamente nos veio sugerir que fossem eles a encarregar-se da escolha dos pratos, ao que nós prontamente acedemos, pois assim conseguimos perceber o verdadeiro potencial do restaurante e eles têm a hipótese de mostrar o que consideram ser os seus melhores pratos.
Enquanto o parágrafo anterior se passava, chegou o couvert, composto por um fantástico pão caseiro (a fazer lembrar uma focaccia) servido com azeite e vinagre balsâmico, uma Bruschetta con Pomodoro e Basílico (Bruschetta de Tomate e Manjericão) feita com o mesmo pão caseiro, bastante crocante e plena de sabor com o tomate cortado finamente e o manjericão a dar a dose certa de frescura, e um copo de Prosecco.
Começam então a chegar os pratos do menu, todos bastante bem cadenciados, e começam-se a notar os pormenores que fazem deste restaurante um dos melhores da cidade, com o serviço cuidadoso a explicar-nos os pratos, chegando a explicar modos de confecção de certos componentes.
A primeira entrada, Funghi Ripieni (Cogumelos Recheados com Legumes e Queijo) acerta em cheio na entrada que pediria caso fosse lá comer à carta. Cogumelos frescos, cozinhados de forma perfeita, com proporção correcta de recheio em cada cogumelo e tudo com bastante sabor. Mais uma nota de distinção do serviço a oferecerem-se, sempre que necessário, para moer a pimenta preta sobre o prato na hora, cuidados estes que são retrato da tradição italiana.
A segunda entrada que pediria seria a Melanzane Alla Parmigiana (Beringelas Panadas com Tomate e Parmigiano Regiano) e foi exactamente essa a segunda entrada que nos trouxeram para a mesa, quase como se nos estivessem a ler a mente. Tinha uma ideia um bocadinho diferente do que poderia ser o prato, pois imaginava rodelas de beringela panadas, mas ainda assim as expectativas foram ultrapassadas, principalmente a nível de sabor. Fatias fininhas de beringela, onde se denotava algum sabor a pão, cobertas por molho de tomate e parmesão. Tudo fantástico, especialmente o molho de tomate. O chef faz tudo de raiz, assando os tomates antes de os pelar e triturar, juntando depois algumas ervas do seu próprio terraço. Todo este trabalho e dedicação nota-se na qualidade deste molho.
Mas não há duas sem três, e também acertaram na muche quanto ao primeiro prato principal com o Tris di Casa per Due (uma Degustação de Massas Frescas da Casa para duas pessoas) composto por (e sendo sugerido que comêssemos por esta ordem) Ravioli di Ricotta e Spinaci, Taglitatelle Della Casa e Rigatoni Alla Siciliana.
Óptimo raviolis com proporções perfeitas em tudo, desde a espessura da massa, à quantidade de recheio e balanço entre o queijo ricota e os espinafres sendo tudo bastante bem temperado, especialmente com a pimenta moída fresca que liberta e intensifica os restantes sabores. Espectacular em toda a sua simplicidade.
O tagliatelle também esteve perto da perfeição, pena estar um pouco grosso demais para o meu gosto, mas tudo o resto estava perfeito. Camarões frescos espectaculares, e em número generoso para a porção apresentada, complementados com cogumelos frescos laminados e um molho de tomate, natas e (julgo) creme de marisco que era fantástico, com um balanço perfeito e não se tornando enjoativo.
Parece que a execução de massas é realmente a grande especialidade, porque o rigatoni estava soberbo. Toda a conjugação entre as beringelas, a mozzarella e o molho de tomate (o mesmo das beringelas) equilibra-se perfeitamente. As beringelas macias a funcionarem bem com a textura da mozzarella derretida e tudo ligado pelo (não me canso de dizer) fantástico molho de tomate.
Não me lembrava de comer massas tão boas há muito tempo, se é que alguma vez comi massas tão boas. Simplesmente soberbo. Com as entradas e este primeiro prato foi-nos servido um vinho branco Quinta da Lagoalva. Bastante suave e a uma temperatura correcta, acompanhou bastante bem as entradas e as massas.
O Primi Piatti ainda tínhamos considerado e pensado, mas nada nos tinha preparado (e aos nossos estômagos) para a chegada do Secondi Piatti, Vitello Alla Milanese, felizmente numa porção reduzida. Este foi o prato que menos impressionou em toda a refeição. Sim, os medalhões de vitela branca estão a marinar de um dia para o outro em cerca de 7 ervas diferentes, todas do terraço do chef. Sim, a carne é depois cozinhada a baixa temperatura por duas horas, recozida depois só para a avivar antes de ir a panar. Carne tenra e muito saborosa. Mas o próprio empratamento, e os grelos bringidos que são servidos como acompanhamento, fazem com que considere este prato consideravelmente mais pobre que os restantes. Não é que seja mau, mas perto dos restantes pratos este é apenas bom. Para este prato, foi-nos servido um Quinta da Lagoalva, mas tinto.
Já cheios e com vontade de rebolar pela rua abaixo, vieram duas sobremesas para que pudéssemos dividir entre os dois. Não foi fácil aguentar, mas assim que nos pousaram os pratos na mesa, não conseguimos resistir a comer cada bocadinho.
O Dolce Della Casa é bastante semelhante a uma panna cotta. E se avaliarmos isto enquanto panna cotta, é muito boa. Cremosa e com um bom sabor cítrico, especialmente dado pela casca de laranja com que é cozinhado. A acompanhar, uma quantidade apropriada de frutos silvestres mornos, e mais uma clara distinção de qualidade face aos restaurantes que normalmente nos servem os frutos ainda semi-congelados.
Como é lógico, num dos melhores italianos da cidade, não poderia faltar uma das sobremesas mais emblemáticas de Itália, o Tiramisu. Bom contraste entre o doce do mascarpone e o amargo do café que envolve os palitos la reine, notando-se ainda o cacau polvilhado por cima, sendo tudo bastante bem balanceado.
No final ainda estivemos um pouco à conversa com o chef Tanka, que nos continuou a convencer que o resultado de uma refeição deste nível tinham sido muitos anos de trabalho e amor pelo produto que apresentam, confeccionando de raiz tudo o que enviam para a mesa.
Soberbo! Fantástico!
Espero lá voltar muitas vezes, principalmente quando voltarem a fazer um dos seus jantares de abertura de Parmigiano Reggiano!
Mas não há duas sem três, e também acertaram na muche quanto ao primeiro prato principal com o Tris di Casa per Due (uma Degustação de Massas Frescas da Casa para duas pessoas) composto por (e sendo sugerido que comêssemos por esta ordem) Ravioli di Ricotta e Spinaci, Taglitatelle Della Casa e Rigatoni Alla Siciliana.
Óptimo raviolis com proporções perfeitas em tudo, desde a espessura da massa, à quantidade de recheio e balanço entre o queijo ricota e os espinafres sendo tudo bastante bem temperado, especialmente com a pimenta moída fresca que liberta e intensifica os restantes sabores. Espectacular em toda a sua simplicidade.
O tagliatelle também esteve perto da perfeição, pena estar um pouco grosso demais para o meu gosto, mas tudo o resto estava perfeito. Camarões frescos espectaculares, e em número generoso para a porção apresentada, complementados com cogumelos frescos laminados e um molho de tomate, natas e (julgo) creme de marisco que era fantástico, com um balanço perfeito e não se tornando enjoativo.
Parece que a execução de massas é realmente a grande especialidade, porque o rigatoni estava soberbo. Toda a conjugação entre as beringelas, a mozzarella e o molho de tomate (o mesmo das beringelas) equilibra-se perfeitamente. As beringelas macias a funcionarem bem com a textura da mozzarella derretida e tudo ligado pelo (não me canso de dizer) fantástico molho de tomate.
Não me lembrava de comer massas tão boas há muito tempo, se é que alguma vez comi massas tão boas. Simplesmente soberbo. Com as entradas e este primeiro prato foi-nos servido um vinho branco Quinta da Lagoalva. Bastante suave e a uma temperatura correcta, acompanhou bastante bem as entradas e as massas.
O Primi Piatti ainda tínhamos considerado e pensado, mas nada nos tinha preparado (e aos nossos estômagos) para a chegada do Secondi Piatti, Vitello Alla Milanese, felizmente numa porção reduzida. Este foi o prato que menos impressionou em toda a refeição. Sim, os medalhões de vitela branca estão a marinar de um dia para o outro em cerca de 7 ervas diferentes, todas do terraço do chef. Sim, a carne é depois cozinhada a baixa temperatura por duas horas, recozida depois só para a avivar antes de ir a panar. Carne tenra e muito saborosa. Mas o próprio empratamento, e os grelos bringidos que são servidos como acompanhamento, fazem com que considere este prato consideravelmente mais pobre que os restantes. Não é que seja mau, mas perto dos restantes pratos este é apenas bom. Para este prato, foi-nos servido um Quinta da Lagoalva, mas tinto.
Já cheios e com vontade de rebolar pela rua abaixo, vieram duas sobremesas para que pudéssemos dividir entre os dois. Não foi fácil aguentar, mas assim que nos pousaram os pratos na mesa, não conseguimos resistir a comer cada bocadinho.
O Dolce Della Casa é bastante semelhante a uma panna cotta. E se avaliarmos isto enquanto panna cotta, é muito boa. Cremosa e com um bom sabor cítrico, especialmente dado pela casca de laranja com que é cozinhado. A acompanhar, uma quantidade apropriada de frutos silvestres mornos, e mais uma clara distinção de qualidade face aos restaurantes que normalmente nos servem os frutos ainda semi-congelados.
Como é lógico, num dos melhores italianos da cidade, não poderia faltar uma das sobremesas mais emblemáticas de Itália, o Tiramisu. Bom contraste entre o doce do mascarpone e o amargo do café que envolve os palitos la reine, notando-se ainda o cacau polvilhado por cima, sendo tudo bastante bem balanceado.
No final ainda estivemos um pouco à conversa com o chef Tanka, que nos continuou a convencer que o resultado de uma refeição deste nível tinham sido muitos anos de trabalho e amor pelo produto que apresentam, confeccionando de raiz tudo o que enviam para a mesa.
Soberbo! Fantástico!
Espero lá voltar muitas vezes, principalmente quando voltarem a fazer um dos seus jantares de abertura de Parmigiano Reggiano!
Come Prima
Alcântara, Portugal
Preço Médio: < 30 €
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