segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Yum Cha Garden (Oeiras)

Já vos falei (aqui) em como acho que a mentalidade portuguesa sobre a comida chinesa está a mudar, muito por culpa dos variados restaurantes cantoneses, ou seja, com comida inspirada na província de Cantão, que vão abrindo pela cidade, mas também pelo facto de estarmos a abrir a nossa mentalidade para novas abordagens gastronómicas. Para mim, o Yum Cha Garden foi o meu primeiro cantonês e, até agora, aquele de que mais gostei. Por isso, quando me pediram uma recomendação para um almoço familiar de Dim Sum, não hesitei em nomear o Yum Cha Garden.
Nunca lá tinha ido ao fim de semana nem com um grande número de pessoas, por isso começo por salientar que a diferença na qualidade do serviço é notável, para pior, quando em grupo. As dificuldades de comunicação aumentam, o serviço parece tornar-se atabalhoado, lento e até um pouco antipático.
A extensa ementa não facilita as escolhas quando em grupo numeroso mas lá acabamos por escrever (aqui tenta-se dissimular as falhas de comunicação escrevendo os números dos pratos que desejamos, pois os empregados não falam português) o nosso pedido. A cadência com que chegou a comida foi desorganizada, havendo doses do mesmo prato a chegar em alturas diferentes à mesa, quando já nos interrogávamos se iria sequer chegar. E, se aqui fiquei meio desiludido, principalmente quando comparando com as minhas visitas prévias, a qualidade da comida continua a não desiludir.
Bons Crepes Vietnamitas, de recheio puramente vegetal saboroso, mas com a massa a estar apenas semi-crocante. Ainda assim, uma alternativa válida e segura para quem está habituado aos crepes chineses dos restaurantes chineses. Para molhar, um molho avinagrado para fugir ao "tradicional" agridoce.


Claro que para a mesa tinha que vir aquele que é provavelmente o meu Dim Sum favorito, os Pães Chineses com Porco e Mel. Fantásticos no sabor, com boa proporção do recheio e bom balanço de sabores. Podem comer com pauzinhos, mas estes pães são tão gulosos que eu como-os à mão. Diferente do que estamos habituados, mas obrigatório seja a vossa primeira ou milésima experiência a comer Dim Sum.


Também os Raviolis de Carne e Vegetais (ou Jiaozi) se adequam às pessoas que tenham algum medo de arriscar na gastronomia cantonesa, pois fazem lembrar as japonesas Gyozas. Massa de espessura adequada e bem fechada, mantendo toda a humidade e sabor da carne e dos vegetais, sendo depois passada numa frigideira para lhe dar algum contraste na textura.


Um prato que me ficou na memória da minha visita ao Restaurante Dim Sum (também em Oeiras) foi o Bolo de Nabo. Se são daquelas pessoas que dispensa a batata no cozido e não passa ao lado do nabo então este é um prato para vocês. Com um sabor bastante próximo à cultura ocidental, este bolo de nabo é passado na frigideira, dando-lhe um muito ligeiro crocante. Simples e bom!


Dentro dos Dim Sum ainda consegui ainda provar as Bolas de Choco com Vegetais e os Crepes Chineses com Gambas, duas propostas interessantes mas sem me deslumbrarem por aí além. Interessantes as Bolas de Choco apesar da sua unidimensionalidade de sabor e um pouco pior os Crepes com Gambas com boa fritura e uma saborosa pasta de gambas no interior, mas não me enchendo as medidas.
Uma das vantagens destes "novos" restaurantes chineses é o facto de podermos pedir variados Dim Sum, acabando por servir como entrada, complementando depois com um prato mais "composto". Dentro desta categoria, tive a oportunidade de provar as Gambas com Caju, com uns legumes bastante saborosos e vibrantes a complementarem bastante bem o conjunto das gambas com o caju. Um prato sólido onde, mais uma vez, temos presentes sabores nossos conhecidos.


Uma das estrelas da casa, e um prato icónico da cozinha chinesa, é o Pato à Pequim, e este é um dos sítios onde (supostamente) melhor o cozinham em Lisboa. Muito bom, em dose que dá facilmente para 3 ou 4 pessoas, dependendo da quantidade de Dim Sum previamente degustado. Carne bastante saborosa, apesar de as pernas estarem com uma consistência um pouco borrachosa, algo que já não aconteceu com o peito da ave, que estava macio e tenro. Mas a estrela deste prato é a pele do pato. Repleta de sabor de toda a gordura que lhe está normalmente acoplada, com uma caramelização perfeita e que a torna bastante estaladiça. Era de tal forma gulosa que dispensei toda aquela cerimónia dos crepes com vegetais e molho, acabando por preferir comer o pato assim mesmo sem grande acompanhamento.


Provei ainda a Massa Fresca com Carne de Vaca e Vegetais, que poderão reconhecer mais facilmente como uma versão do nosso "conhecido" Chao Min de Vaca. Boa porção, com bons sabores mas menos surpreendente que os seus antecessores.
Apesar de não ser uma pessoa fanática por doces, a oportunidade de provar algo diferente é algo que me atrai e decidi experimentar o Doce Recheado com Pasta de Lótus. De consistência estranha, nenhum dos componentes que compõem esta sobremesa é algo que definiria como doce, apresentando dois sabores distintos, que apesar de não combinarem mal, não me farão repetir esta sobremesa.


Se quiserem terminar a sobremesa numa nota doce, sugiro algo que experimentei numa visita prévia, o Ma Lai Kho. Um pequeno bolo fofo de três camadas com um doce de ovo entre camadas. Bom, com uma dose de tamanho suficiente para dividir, pois ao fim de algumas colheradas pode começar a tornar-se desinteressante.


Apesar de não ter sido a melhor visita que já fiz ao Yum Cha Garden, e por muito que o fraco serviço tenha afectado a minha opinião sobre o restaurante, a qualidade da comida continua a tornar este estabelecimento como um que facilmente recomendo.
Para os que ainda acham que as ementas destes novos chineses são intimidantes, têm aqui a prova de que muitos dos sabores que estão disponíveis são sabores que já conhecemos! Claro que não vos recomendaria começar de imediato por uma Salada de Medusa ou as Línguas de Pato, mas se se sentirem aventureiros, porque não? Estejam descansados que, quando eu provar essas iguarias, deixarei aqui o meu relato.

Zomato
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Yum Cha Garden
Praceta de Maputo, 6
Oeiras, Portugal
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Preço Médio: < 20 €

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