Este projecto das Mesas Bohémias, com patrocínio Sagres e que nasceu da cabeça de Rodrigo Meneses (curador da Academia Time Out, da qual já falei aqui), é das propostas gastronómicas mais interessantes que podemos actualmente encontrar. A habilidade de, por alguns dias, transladar uma região para uma das duas maiores cidades portuguesas é de louvar! E sim, disse transladar uma região. Porque aqui a questão não é só trazer alguns restaurantes longínquos a Lisboa ou Porto. Aqui, o conceito é trazer também os produtos, desde as proteínas, às especiarias e passando, inclusive, pelo carvão onde os produtos são confeccionados! Como bom apaixonado pela cozinha portuguesa, esta procura de autenticidade é algo muito própria do Rodrigo, querendo dar às pessoas a possibilidade de desfrutar e experimentar novas sensações que muitas, de outra forma, não teriam hipótese de vivenciar e sempre com o maior nível de autenticidade possível.
A logística envolvente deve ser um verdadeiro pesadelo, com toda a questão do transporte (mantendo a frescura e qualidade) dos produtos, das equipas e também do espaço que irá acolher este restaurante durante os dias em que o evento durar. É o exemplo gastronómico do provérbio "Se a montanha não vai a Maomé, vai Maomé à montanha". A toda a equipa que está envolvida no projecto, os meus mais sinceros parabéns! Fiquei fã e, se fosse possível, reservava já um bilhete de época para todo o ano!
A 1ª edição viu Lisboa, especificamente o restaurante D. Afonso o Gordo, receber a Casa Inês, restaurante icónico da cidade do Porto e casa-filha do também nacionalmente reconhecido Casa Aleixo (sobre o qual falei brevemente aqui). Já o Porto recebeu, no BH Foz, o algarvio Noélia, facilmente proclamado como um dos melhores restaurantes de todo o Algarve.
Nesta 2ª jornada, Lisboa teve o prazer de receber O Abel, um dos melhores e mais conhecidos restaurantes transmontanos, no restaurante Cantina LX (do qual já falei aqui) e o evento esgotou em poucos dias! O nome do evento também não é ao acaso, pois a ideia é também a de juntar um grupo de desconhecidos à volta da mesa, partilhando boa comida. Algo bastante português, como não poderia deixar de ser! E, para perceberem o quão famoso é O Abel, estive sentado com algumas pessoas que costumam ir ao Abel e, mesmo assim, não deixaram passar a oportunidade de comer a sua comida na capital!
Às Mesas Bohémias vamos já com um menu de degustação pré-definido, quiçá o melhor menu de degustação do país por tão baixo valor, e onde podemos experimentar o melhor que o restaurante tem para oferecer. As expectativas eram altas mas ainda assim consegui sair de lá surpreendido, não só pela comida, como pela experiência e ambiente sentido durante toda a refeição. Presenciar o momento em que 100 pessoas gritam, qual grupo de estudantes universitário eufóricos, "chicha" é bastante único.
O Pão de Gimonde abriu a refeição, excelentemente acompanhado por um bom Azeite Transmontano. Pão esse que é ainda amassado à mão antes de ir a cozer num forno a lenha, numa padaria de Gimonde, como nos explicou uma das pessoas da organização.
Com a mesa já completa, pois para facilitar o trabalho e organização da cozinha as mesas são servidas de forma sequencial, começam a chegar as entradas. Excelente Alheira transmontana, feita especialmente para esta refeição, e uma fantástica Chouriça Assada, ambas com notas ligeiramente picantes com o intuito de ligar à amargura encontrada na nova Bohémia IPA.
Fiquei fã do Cordeiro Grelhado! Não foi só o facto de cada peça ter sido temperada (com o molho da posta) à mão pelo Óscar, responsável pela cozinha d'O Abel, mas a forma delicada como estava grelhada, com a gordura extremamente saborosa e a deliciosa e macia carne a encantar o palato. Excelentes também as batatas assadas, que também vieram de Trás-os-Montes, com o sabor adocicado característico das batatas novas e temperadas com cebola crua para lhe dar mais vida. Sabores bastante fortes e que foram combinados com a Bohémia Puro Malte, uma cerveja mais leve e menos intensa, que deixou a comida brilhar.
O prato estrela d'O Abel, a Posta à Abel, não podia faltar. Estamos a falar da, provavelmente, posta transmontana mais conhecida de todo o país! As expectativas que a minha mente criou foram enormes mas valeu cada dentada neste belo naco de carne. Aqui, a posta foi servida em versão meia dose, e ainda bem pois o exemplar completo seria claramente comida a mais para o estômago da maior parte dos comensais. Excelentes também as batatas fritas, extremamente viciantes e a surpreenderem de tão boas. Este prato foi acompanhado pela Bohémia Original.
Para terminar a refeição, um Pudim de Castanhas muito bom, perfeitamente cozinhado e onde o único problema foi a utilização de um caramelo industrial.
Nem tudo foi perfeito, como é natural num restaurante e numa equipa que está a trabalhar num espaço que não o seu. Por exemplo, nem todas as postas estavam com a mesma temperatura e o pudim da minha companheira de aventuras não tinha o sabor das castanhas que o meu tinha, levando a várias comparações entre os pratos apenas para chegar à conclusão que o dela sabia apenas a... pudim.
Mas todos estes pormenores são facilmente desculpados. A logística de alimentar 100 pessoas desta forma não é fácil, acabando por naturalmente afectar um pouco da qualidade, mas não o suficiente para que as pessoas saiam do Mesas Bohémias desiludidas, como se podia ver pelos rasgados sorrisos das pessoas enquanto saíam.
O conceito é muito bom, e a execução não lhe fica atrás, trazendo um nível de autenticidade que não é comum encontrar-se. A oportunidade de conhecer restaurantes que se encontram a muitos quilómetros de distância é quase impagável. E o preço que pagamos nas Mesas Bohémias é uma ninharia para o que retiramos da experiência.
Nesta 2ª jornada, Lisboa teve o prazer de receber O Abel, um dos melhores e mais conhecidos restaurantes transmontanos, no restaurante Cantina LX (do qual já falei aqui) e o evento esgotou em poucos dias! O nome do evento também não é ao acaso, pois a ideia é também a de juntar um grupo de desconhecidos à volta da mesa, partilhando boa comida. Algo bastante português, como não poderia deixar de ser! E, para perceberem o quão famoso é O Abel, estive sentado com algumas pessoas que costumam ir ao Abel e, mesmo assim, não deixaram passar a oportunidade de comer a sua comida na capital!
Às Mesas Bohémias vamos já com um menu de degustação pré-definido, quiçá o melhor menu de degustação do país por tão baixo valor, e onde podemos experimentar o melhor que o restaurante tem para oferecer. As expectativas eram altas mas ainda assim consegui sair de lá surpreendido, não só pela comida, como pela experiência e ambiente sentido durante toda a refeição. Presenciar o momento em que 100 pessoas gritam, qual grupo de estudantes universitário eufóricos, "chicha" é bastante único.
O Pão de Gimonde abriu a refeição, excelentemente acompanhado por um bom Azeite Transmontano. Pão esse que é ainda amassado à mão antes de ir a cozer num forno a lenha, numa padaria de Gimonde, como nos explicou uma das pessoas da organização.
Com a mesa já completa, pois para facilitar o trabalho e organização da cozinha as mesas são servidas de forma sequencial, começam a chegar as entradas. Excelente Alheira transmontana, feita especialmente para esta refeição, e uma fantástica Chouriça Assada, ambas com notas ligeiramente picantes com o intuito de ligar à amargura encontrada na nova Bohémia IPA.
Fiquei fã do Cordeiro Grelhado! Não foi só o facto de cada peça ter sido temperada (com o molho da posta) à mão pelo Óscar, responsável pela cozinha d'O Abel, mas a forma delicada como estava grelhada, com a gordura extremamente saborosa e a deliciosa e macia carne a encantar o palato. Excelentes também as batatas assadas, que também vieram de Trás-os-Montes, com o sabor adocicado característico das batatas novas e temperadas com cebola crua para lhe dar mais vida. Sabores bastante fortes e que foram combinados com a Bohémia Puro Malte, uma cerveja mais leve e menos intensa, que deixou a comida brilhar.
O prato estrela d'O Abel, a Posta à Abel, não podia faltar. Estamos a falar da, provavelmente, posta transmontana mais conhecida de todo o país! As expectativas que a minha mente criou foram enormes mas valeu cada dentada neste belo naco de carne. Aqui, a posta foi servida em versão meia dose, e ainda bem pois o exemplar completo seria claramente comida a mais para o estômago da maior parte dos comensais. Excelentes também as batatas fritas, extremamente viciantes e a surpreenderem de tão boas. Este prato foi acompanhado pela Bohémia Original.
Para terminar a refeição, um Pudim de Castanhas muito bom, perfeitamente cozinhado e onde o único problema foi a utilização de um caramelo industrial.
Nem tudo foi perfeito, como é natural num restaurante e numa equipa que está a trabalhar num espaço que não o seu. Por exemplo, nem todas as postas estavam com a mesma temperatura e o pudim da minha companheira de aventuras não tinha o sabor das castanhas que o meu tinha, levando a várias comparações entre os pratos apenas para chegar à conclusão que o dela sabia apenas a... pudim.
Mas todos estes pormenores são facilmente desculpados. A logística de alimentar 100 pessoas desta forma não é fácil, acabando por naturalmente afectar um pouco da qualidade, mas não o suficiente para que as pessoas saiam do Mesas Bohémias desiludidas, como se podia ver pelos rasgados sorrisos das pessoas enquanto saíam.
O conceito é muito bom, e a execução não lhe fica atrás, trazendo um nível de autenticidade que não é comum encontrar-se. A oportunidade de conhecer restaurantes que se encontram a muitos quilómetros de distância é quase impagável. E o preço que pagamos nas Mesas Bohémias é uma ninharia para o que retiramos da experiência.
O Abel
Gimonde, Portugal
Preço Médio: < 20 € (Mesas Bohémias: 30€)
Data da Visita: 27 de Maio 2017
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