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quinta-feira, 16 de agosto de 2018

Taberna 2 à Esquina (Alcácer do Sal)

Mais uma viagem A2 fora, mais uma paragem a meio caminho para se ir descobrindo restaurantes que, não fosse estas ocasiões, ficariam eternamente na minha longa lista. Ainda que vá fazendo estas viagens, parece que as hipóteses são sempre tantas e a dificuldade é escolher.
Claro que existem alguns casos que acabam por ser recorrentes, já falei d'O Cruzamento (aqui), mas a vontade de experimentar locais novos é grande e irresistível. Excepto se quiser mostrar a grandiosidade do já supramencionado, mas isso são outras histórias.
Fiquei na esplanada mas um breve olhar para o interior do restaurante chegou para reparar em toques do antigamente, que conferiam à casa alguma autenticidade, algo que se reflectiou no primeiro olhar lançado sobre a ementa. Duas pequenas molduras, maioritariamente com pratos para dividir, mas uma com pratos portugueses e outra mais tipicamente alentejana. Nada fácil a escolha do que comer, com muita coisa apelativa e apenas 1 estômago. 
Enquanto tomava a difícil decisão, na qual fui bastante bem ajudado pelo fantástico serviço prestado, trouxeram-me um óptimo queijo amanteigado, que devorei sozinho acompanhado de bom pão e boas azeitonas.


As hostilidades seguiram com uma Sopinha de Tomate maravilhosa, com todos os intensos sabores a que estamos habituados. Tomate, cebola, pimentos, pão, chouriço e lardo, num caldo aromático com hortelã, oregãos e talvez algo mais. Mas havia um bónus, que deu um excelente toque à sopa, ajudando a cortar toda a sua riqueza... figos! Único ponto a melhorar, o ponto do ovo escalfado que é servido, que se apresentou com a gema totalmente cozida.


Depois da sopa quente, talvez não a minha escolha mais inteligente do dia mas tenho saudades do Hortelã da Ribeira (que me disseram ter fechado) e onde comia sempre a Sopa de Tomate, chegou um Coelho à São Cristóvão, um prato de coelho desfiado assado, temperado com azeite, alho, vinagre e coentros e servido tépido. Os temperos fortes não se sobrepuseram ao sabor do coelho, mas deram-lhe alento e vida. Já tinha experimentado este prato aquando a visita do Luar de Janeiro ao Porto, num evento Mesas Bohemias de que (talvez) falarei no futuro, e mais uma vez não desiludiu. Excelente prato para tempos mais quentes.


Único ponto da refeição que não me satisfez por aí além foi a sobremesa, a anos luz da qualidade dos outros pratos. Uma Tarte de Requeijão e Doce de Abóbora, com pouca intensidade tanto no seu recheio como no seu topping, e um fundo completamente queimado.


Ainda que com uma sobremesa aquém do expectável, pela qualidade apresentada até então, saio do Taberna 2 à Esquina com uma impressão muito positiva. As doses são realmente de partilha, pois só o facto de ser um alarve permitiu que ingerisse tudo isto sozinho, e os sabores típicos estão lá, fazendo desta casa uma nova referência para quem gosta destes pequenos desvios gastronómicos.

Taberna 2 à Esquina
Alcácer do Sal, Portugal
Preço Médio: < 20 €
Data da Visita: 10 de Agosto 2018

terça-feira, 30 de janeiro de 2018

Tascö (Porto)

Do pouco tempo que andei pelo Porto, este pareceu-me ser um dos restaurantes mais requisitados da cidade, tanto que só à terceira tentativa lá consegui fazer uma refeição. Mesmo aos dias de semana a reserva é mais do que obrigatória.
Fui a um domingo, bastante cedo, e mesmo assim liguei antes para confirmar que à terceira era de vez. Ok, liguei também porque queria lá ir com um objectivo muito específico, as Tripas à Moda do Porto. A ementa do Tascö divide-se em pratos típicos portugueses, muitos deles mais virados para o conceito de partilha do que prato individual, mas nenhum desses me apelava muito ao espírito. Excepto uma pequena secção intitulada "Amor de Mãe", que me leva a pensar em comida caseira de conforto, e que continha as Tripas e Arroz de Cabidela, juntamente com uma pequena descrição que reforçava o amor com que estes pratos específicos são feitos pela "mãe" deles.
Este conceito da "mãe" e do amor que colocam nos pratos foi-me também explicado mal cheguei ao restaurante. O serviço foi sempre bastante atencioso e disponível, explicando o restaurante, a ementa e de uma simpatia e à vontade fantásticos. Rapidamente me senti em casa, o que elevou a minha expectativa da tal "comida caseira".
Apesar de dispensar as entradas, pois esperava-me um prato mais pesado, não quis passar o Couvert ao lado, pois foi-me prontamente avisado que iria demorar um pouco pois é feito na hora, mas que valeria a pena (algo que também está descrito na ementa)! Pão simpático, boas azeitonas e excelentes manteigas (não me recordo de quê) lá foram entretendo o meu apetite enquanto aguardava o acto principal.



Lembram-se de eu ter telefonado porque ia fisgado numas Tripas? Bem, disseram-me logo que não havia mas sou um fã de Arroz de Cabidela e estava com muita vontade de comer algo que me soasse a caseiro, por isso encaixava nos meus apetites. E a espera, valeu a pena? Sim, sem dúvida! O primeiro factor a impressionar é a quantidade de recheio que o tacho que chega à mesa carrega. Isso mesmo, o tacho! Estamos num tasco, lembram-se? Por muito moderno que possa ser, não deixa de fazer sentido. Não foi a melhor cabidela que já comi, pois gosto delas mais puxadas no vinagre, e o rácio galinha-arroz podia ser mais equilibrado (ainda que para mim isto não seja problema porque é do arroz que gosto mais) mas de resto tudo estava impecável! O ponto de cozedura do arroz, a sua cremosidade, a suculência do frango, tudo!



Estava já algo cheio, pois fiz questão de encher o prato três vezes (!!), mas queria terminar a refeição com algo doce, ainda que não excessivamente. Alguma indecisão, misturada com alguns risos à mistura quando li o "Vigésimo Oitavo Melhor Bolo de Chocolate do Mundo".  Adorei a ironia imposta na decisão do nome quando toda a gente proclama ter o melhor... Mas, seguindo o conselho de quem me atendeu, embarquei no Poço de Caramelo com Noz, tendo-me sido vendido como algo moderadamente doce. Infelizmente foi exactamente neste ponto que falhou. Achei-o bastante doce mesmo com a noz para ir cortando um pouco. Excelente para pessoas adeptas de comer leite condensado às colheres ou aquelas babas de camelo mais fortes.



Saí do Tascö com vontade de voltar. Não foi perfeito mas teve muitos pormenores de qualidade e acredito que se repetiriam noutros pratos. Ou, pelo menos nas Tripas, que da próxima vez não me escaparão!

Tascö
Porto, Portugal
Tascö Menu, Reviews, Photos, Location and Info - Zomato
Preço Médio: < 20 €
Data da Visita: 10 de Setembro 2017

domingo, 23 de julho de 2017

Mussol Arenas (Barcelona)

Uma das primeiras pessoas a colocar a Catalunha no mapa da gastronomia mundial foi Ferran Adrià. O chef do El Bulli, que encerrou em 2011 e foi durante muitos anos considerado o melhor do mundo para a revista Restaurant, revolucionou mentalidades e introduziu na cabeça de muitos o conceito de gastronomia molecular! Ferran tem um brilhante irmão de nome Albert, que também o acompanhou no El Bulli, e que é neste momento o chef executivo de vários restaurantes do grupo El Barri Adrià (onde se inclui os estrelados Tickets, Hoja Santa ou Pakta, entre outros). Neste momento, Albert Adrià parece estar para Barcelona como José Avillez está para Lisboa, ou não tivesse o português bebido muitas influências dos irmãos Adrià aquando a sua passagem pelo El Bulli em 2006. Ambos detêm vários restaurantes na cidade onde trabalham e todos os seus restaurantes estão confinados numa única zona geográfica dentro da cidade. Se Avillez é o rei do Chiado, Albert Adrià tem todos os seus restaurantes perto da Plaça de Espanya (não sei exactamente o nome da zona). Claro que tentei marcar para o Tickets, mas a sua logística de abrir as reservas para o dia X exactamente 2 meses antes não ajudou e não consegui mesa. Por algum descuido, mas também para não ter restrições a nível de organização dos dias (só o Tickets me iria fazer ter essa condicionante), acabei por não marcar para qualquer outro do grupo Adrià, tentando a minha sorte na Bodega 1900. Como já devem calcular, pelo título do post, foi uma tentativa infrutífera, tendo acabado por ir jantar ao supracitado Mussol Arenas, que me tinha sido recomendado por alguém que vive na cidade. Então porquê todo este texto sobre a família Adrià? Porque são um marco na gastronomia catalã e, como tal, merecem ser referenciados sempre que possível.
Apesar do restaurante se encontrar num Centro Comercial, construído numa antiga Praça de Touros, o nível onde se encontra faz com que não se sinta qualquer ambiente de food court comercial. No topo do edifício, quase como se de um terraço se tratasse, encontram-se vários restaurantes com espaço própria, tendo alguns uma excelente e privilegiada vista para o Monte Montjuïc e a sua Fonte Mágica.
O Mussol Arenas apresenta uma ementa bastante variada e interessante, não sendo totalmente virada para tapas e apresentando alguns pratos de carne bastante apetitosos, mas o nosso apetite era o de tapear algo para depois podermos observar o espectáculo da Fonte Mágica através do parapeito do próprio "terraço". E, para começar a picar algo, umas boas Azeitonas, de 4 ou 5 variedades diferentes, e bem temperadas.


Excelentes os Cogumelos Recheados com Queijo de Cabra e Escalivada, uma espécie de ratatouille catalão, onde os vegetais (maioritariamente pimentos e beringela) são grelhados. A combinação é um sucesso com o forte sabor dos cogumelos a ser ajudado pelo fumado da escalivada e o queijo de cabra a dar aquele toque salgado essencial. Para um pouco de frescura, um ligeiro apontamento de manjericão.


Não podia faltar o Pão com Tomate, também executado com o catalão Pão de Coca, mas aqui algo a chegar-se ao queimado. De resto, a simplicidade do costume e os sabores excelentes como em qualquer outro lado.


Os Ovos Rotos com Presunto Ibérico de Bolota estavam muito bons, principalmente pela sempre suprema qualidade do presunto apresentado, mas as batatas fritas poderiam ser bem melhores.


As Batatas Bravas tinham algumas falhas. Não me importo que se sirvam as batatas em gomos, e até podem ser grandes mas então as batatas terão que cozinhar mais tempo senão ficam ainda encruadas por dentro (como era o caso). Pena também o seu nível de picante ser bastante baixo, parecendo mais umas batatas mansas que bravas.


Há aqui uma variedade de pratos pedidos que são recorrentes entre vários restaurantes porque são algumas das nossas coisas favoritas em Espanha e que não são fáceis de encontrar bem feitos em Portugal. Os Croquetes de Presunto Ibérico de Bolota do Mussol foram, infelizmente, os menos bons que já comi. Fritura algo desastrada, a chegarem à mesa com excesso de óleo e com alguns exemplares a abrirem já. O recheio é sempre bom e consistente, ainda que já tenha experimentado melhor.


As sobremesas também estiveram a um nível bastante aceitável com principal destaque para o Carpaccio de Ananás com Mousse de Crema Catalana. Bons contrastes de acidez e doçura com a hortelã a darem um novo nível bastante interessante.


Menos surpreendente e a um nível mais baixo, a Tarte Tatin Fria de Pêra com Gelado de Violeta e Chocolate Branco. Textura da fatia de Tarte Tatin demasiado gelatinosa mas com um decente sabor a pêra a combinar bem com o sabor mais floral do gelado.


Não sendo um sítio fantástico não deixa de ser uma boa opção para jantar. Talvez até menos para tapas e mais para a restante ementa existente. Tem ainda a mais valia da localização fantástica para quem quiser assistir ao espectáculo da Fonte Mágica.

Mussol Arenas
Barcelona, Espanha
Preço Médio: < 30 €
Data da Visita: 21 de Junho 2017

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

Mini Bar (Chiado)


José Avillez é, sem grande dúvidas, o chef português mais mediático por este mundo fora. O Grupo José Avillez tem 7 restaurantes (se contar o Bairro só como um) e 1 serviço de Take-Away (que já usei e do qual gostei bastante!). Estamos perante um dos melhores chefs portugueses e o "Rei do Chiado", logo as expectativas em todos os restaurantes com o seu nome são naturalmente altas assim como o nível de exigência.


Perú de Natal do Take-Away do Grupo José Avillez
Tenho adiado a minha visita ao Belcanto (mais do que devia mas tentarei ir lá este ano de 2017!), e por muito que quisesse que o Belcanto fosse o meu primeiro contacto com a cozinha de José Avillez, decidi ir visitar o Mini Bar para festejar o meu aniversário. Apetecia-me algo diferente, apetecia-me cozinha de autor, em modo "petisco" e que pudesse vir a ser uma das melhores refeições do ano. E foi!
Antes de começar a dissertar sobre os pratos, aconselho vivamente os cocktails do Mini Bar. Penso que se enquadram melhor na temática do restaurante. Todos os 4 experimentados eram muito bons.


Cosmopolitan - Vodka Absolut Citron, Triple Sec, Frutos Silvestre
Kir Royal - Champagne Perrier Jouët Grand Brut NV, Licor Cassis
Lisboa - Vodka Absolut Blue, Frutos Silvestres, Gengibre
Menina e Moça - Rum Havana Club Añejo Especial, Abacaxi, Limão, Cardamomo
A viagem no Menu Épico, composto por 12 momentos, começou com uma refrescante interpretação de um cocktail, a Margarita de Maçã Verde e Hortelã com flor de sal e flocos de piri piri. Um prato de textura engraçada e de sabores subtis, a servir como um limpa-palato para a refeição que se iniciava.



Um dos componentes icónicos comum a vários restaurantes de Avillez (seja isolado como no Mini Bar ou fazendo parte de um Bacalhau à Brás como no Café Lisboa), são as Azeitonas Explosivas, onde Avillez faz uso de uma técnica de esferificação, que utiliza alginato, popularizada por Ferran Adriá no seu (já extinto) El Bulli, onde o chef estagiou em 2007. É uma técnica "antiga", que já se vê em diversos restaurantes mas da qual ainda não me cansei, pois o seu resultado é sempre fantástico.



Também bastante popular é o Ferrero Rocher de José Avillez, onde o chef criou um prato visualmente perfeito na sua conceptualização, apresentando uma mousse de foie gras com avelã como recheio de um bombom de chocolate. Um dos motivos pelo qual a cozinha de autor me fascina bastante é por este desafio cerebral a ideias pré-concebidas. Neste caso, o nosso cérebro vê um ferrero rocher perfeito, a primeira dentada e os primeiros sabores que nos chegam ao cérebro são do chocolate e da avelã... e demora cerca de 3 segundos a aperceber-se que não estamos a comer um prato doce. Conceptualmente perfeito.



As brincadeiras com "finger food" continuam com o Ceviche de Gambas do Algarve, com a meia lima a servir de colher para duas óptimas e frescas gambas, um grão de milho frito, uma esfera de sumo de beterraba, uma rodela de malagueta e brotos de coentros. Sabores perfeitamente balanceados com o sumo da lima, que mordemos e apertamos enquanto colocamos tudo na boca, a contribuir com a sua acidez para se criar o famoso leche de tigre directamente na nossa boca. Fantástico apontamento do milho frito que acrescenta textura e dá um excelente toque salgado ao prato.



E agora, o momento da noite, com a chegada do Frango Assado de José Avillez. Frango assado?! Comida de autor?! Meus caros, este é dos melhores frangos assados que já experimentei. Todos os fantásticos sabores estão lá, representados por uma das coisas que mais aprecio no frango assado, a pele, tendo como toppings um creme de requeijão fumado e outro de abacate. Para terminar, piri-piri em pó para dar algum "kick" a todo o conjunto. Perfeito!



A finger food terminou com um duo de tártaros em cornetto. Excelente Tártaro de Novilho com Emulsão de Mostarda, com vários dos sabores clássicos de um tártaro presentes. Apreciei bastante o corte mais grosseiro na carne, a funcionar bastante bem e a ser um bom ponto diferenciador dos demais tártaros que existem.



A interpretação asiática de José Avillez para o Tártaro de Atum era fenomenal. O atum de uma qualidade exemplar, marinado em soja, e a desfazer-se na boca. Era difícil superar o tártaro de novilho mas conseguiu!



O Ovo BT com Parmesão não convenceu na plenitude ainda que tudo estivesse bem executado. O uso de óleo de trufa não me seduz e não acho que acrescente algo de fantástico ao prato. Já a simples combinação pão torrado, parmesão e ovo é muito boa e funciona bastante bem sem o acrescento do óleo de trufa.



Muito boas, tanto a nível de textura como de sabores, as Vieiras Salteadas com Sabores Thai, onde o molho era uma representação de um caril verde tailandês.



Para terminar os momentos salgados do Menu Épico, o JAburguer DOP. Excelente pão, excelente carne, principalmente a nível de tempero e temperatura, com uma folha de alface e um pouco de tomate. Melhor que muitos hambúrgueres espalhados pela maior parte das hamburguerias que continuam a proliferar por este país fora. Acompanhava com umas excelentes Batatas Parvas.



Para estômagos mais pequenos, este menu tem uma dimensão óptima mas aqui o glutão não se satisfez com (só) 12 momentos e decidimos pedir algo mais. Repetimos as Azeitonas e o Frango Assado e pedimos uns Croquetes com Emulsão de Mostarda, fantásticos nas texturas com o exterior estaladiço e um interior suculento e muito saboroso.



Fechámos o capítulo salgado com um bom Presunto Joselito Gran Reserva.



A sobremesa do menu épico nesta noite foi o Globo Lima-Limão, traduzindo-se na grande desilusão da noite. Apesar de ser um grande fã de sabores cítricos, não gostei dos sabores aqui apresentados, fosse na "casca" de lima ou na espuma cremosa de yuzu. Conceptualmente, a ideia da sobremesa é boa mas não gostei da concretização com sabores que pareceram pouco naturais.
O serviço foi competente e bastante rápido durante toda a noite e apenas aqui houve uma pequena falha. Um dos globos foi para trás com mais de metade no prato e não houve a preocupação de perguntar porquê. Se um prato volta para trás com comida, penso que será do interesse de todos perceber o que deu origem a isso...



O último momento do menu chega com o café (que estava algo queimado), com um Marshmallow de Maracujá e Coco e um Bombom de Chocolate.



As expectativas eram altas ou não estivesse a falar de um restaurante de José Avillez e não foram defraudadas. Falta agora conhecer os restantes espaços do grupo.

Mini Bar
Lisboa, Portugal
Mini Bar Menu, Reviews, Photos, Location and Info - Zomato
Preço Médio: < 60 €
Data da Visita: 20 de Janeiro 2017

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Volver by Chakall (Lumiar)

Por vezes, os restaurantes parecem menosprezar clientes que se apresentam com vouchers ou com qualquer tipo de vale de desconto. São olhados como os poupadinhos, que tentarão fazer a refeição sem grandes gastos e provavelmente não deixarão gorjeta. Por isso, parece que o serviço se torna mais atencioso para com os clientes "normais", sendo desleixado e despreocupado para com quem aproveita estas promoções.
Mas em restaurantes como o Volver by Chakall isto não acontece! Somos respeitados e estimados como qualquer outro cliente, apresente voucher ou não (fui lá com um vale 2 por 1 da Time Out). O serviço foi sempre bastante profissional, notando-se uma preocupação com a satisfação dos clientes e garantindo que tudo estava do nosso agrado. O único problema que notei foi a existência de alguma demora entre as entradas e os pratos principais. 
Óptimos cocktails, principalmente o Daiquiri de Morango e Gengibre, mas também o gin, um Plymouth com romã, estava bem preparado, ainda que seja algo bastante mais simples quando comparado com um daiquiri.




A ementa não é nada fácil. Não é que seja esquisita ou com mau lettering mas porque ficamos com uma quantidade salivar extraordinária só de ler. Deixa-nos com vontade de provar tudo. Como tal não é possível, decidimo-nos por 2 entradas e 3 pratos principais (sendo que um deles é sugerido para 2 pessoas). A falta de luz nas fotos é natural, pois o Volver apresenta uma decoração bonita mas algo escura, tentando deixar um ambiente mais intimista e com pouca luz, algo que não ajuda quando andamos a tirar fotos à comida mas isso é um problema meu e não do restaurante!
O Couvert é bastante variado, tentando dar uma amostra da variedade e qualidade que se pratica no Volver. Muito bom hoummos e interessante combinação de cogumelo, puré de ervilha e crumble de morcela. Mesmo não sendo um fã de azeitonas, devorei sem misericórdia o scone de azeitona e a tapenade.



A cozinha do Volver não é necessariamente uma cozinha de autor ou complicada. Baseia-se também na qualidade dos seus produtos e na arte de os deixar brilhar sozinhos, como é o caso do excelente Chorizo Argentino con Chimichurri. Diferente dos chouriços ibéricos, e também por vezes chamado chouriço crioulo, não parece ter passado intensivamente por um processo de cura ou de fumo, apresenta-se quase fresco, sendo depois grelhado e regado com o chimichurri.



O Provoleta com Azeitonas e Bacon é qualquer coisa ridiculamente viciante. Não é uma fórmula muito difícil eu sei. Um bom queijo derretido, azeitonas (que eu pessoalmente dispensava mas é um gosto pessoal) e bacon. Algum pão torrado para acompanhar et voilà, uma entrada que vai deixar todos na mesa a desejar ter pedido mais do que uma dose daquilo. Guloso, pecaminoso e viciante provoleta. Pequeno apontamento para as facas que vêm com o queijo não darem muito jeito, sendo mais útil uma colher e uma faca. O pão que acompanha poderia ter maior largura para suportar melhor o peso do queijo.



O Baby Beef, um bife de vazia maturada de 500g, é uma das estrelas da casa. Carne bastante saborosa, apesar de não ser extremamente macia, oferecendo uma ligeira resistência. As pontas da peça não estavam bem limpas e tinham alguns nervos, tornando-se um pouco mais complicado de as mastigar. Tudo o resto estava impecável. Apesar de indicar que será para duas pessoas, a qualidade é tal que acho que conseguiria dar cabo de um bife destes sozinho.



Pouco menos saboroso, mas mais macio, o Olho-de-Boi (300g) é a confirmação que aqui a carne é tratada como em poucos sítios. Não só a qualidade das peças é das melhores em Lisboa, como a simplicidade com que é cozinhada e apresentada torna o Volver um restaurante de visita obrigatória.



Para entrar na "Alma" do restaurante, pedimos ainda o Wellington's Back, a interpretação do clássico prato britânico, Beef Wellington. A carne não poderia ser mais macia, desfazendo-se na boca, e todas diferentes variantes de sabor se ligam muito bem. O queijo da serra dá-lhe um toque salgado que conjuga na perfeição com o doce do mel e a pimenta rosa, acabando por ser tudo suportado pela duxelle. A temperatura da carne estava impecável mas a massa folhada poderia estar um pouco mais cozinhada, tendo o interior ainda um pouco encruado.



Acompanhámos os pratos com um Puré de Espinafres e Banana que me pareceu doce demais e sem grande encanto, um Mix de Batatas Fritas sem uma história de destacar e um excelente Arroz de Pinhões e Coentros. 
De louvar como em nenhum dos pratos a temperatura estava incorrecta. Pedimos as carnes mal passadas e foi exactamente isso que recebemos. 
Os 3 molhos que acompanham as carnes são todos muito bons, ainda que o Crioulo de Manga fosse o mais discreto e que menos aconselharia para acompanhar carne grelhada. Tanto o Chimichurri como o Diávolo estão aprovadíssimos
Depois da qualidade constante que todos os pratos mostravam pensei que não fosse possível as sobremesas estarem ao mesmo nível. Mas enganei-me! Estavam fantásticas, sendo o final perfeito para uma refeição de grande nível. Sinceramente, nem sei qual delas a melhor, se o maravilhosamente preparado Crumble de Morango e Ruibarbo, onde a acidez se intromete na doçura num equilíbrio digno de um trapezista do Cirque du Soleil, ou se a famosa Torta Rogel, com as texturas contrastantes e o viciante sabor do dulce de leche. Os morangos ajudam a cortar alguma da doçura excessiva desta última. Das melhores sobremesas que experimentei, seja em Lisboa ou em qualquer parte do mundo.


Crumble de Morango e Ruibarbo
Torta Rogel
O Volver by Chakall não é um restaurante barato. Existem em Lisboa outros restaurantes para comer carne com preços mais apelativos e com carne de excelente qualidade, mas no cômputo geral este é um dos melhores restaurantes de Lisboa, seja qual for a categoria onde o queiram inserir. 
Sem dúvida alguma hei-de voltar para o Menu Cool Taping, que me parece ser muito apelativo para um simpático jantar de amigos, com a partilha a ser a palavra de ordem.

Volver by Chakall
Lumiar, Portugal
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Preço Médio: < 40 €