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segunda-feira, 19 de novembro de 2018

Fumeiro de Santa Catarina (Bica)

Este foi um daqueles restaurantes que desde o inicio me suscitou alguma curiosidade, muito pelo conceito que tentam implementar na sua ementa. Todos os pratos têm um elemento fumado, o que acaba por dar um toque diferenciador a todos eles... ou pelo menos tentar! Doses de tamanho reduzido para um, portanto sendo preferível abordar a refeição numa óptica de partilha e tentando experimentar o máximo de sabores possíveis. Aproveitar para destacar também o bom serviço e a excelente cadência com que os pratos foram chegando à mesa.
O primeiro prato a chegar, e até rápido demais, foram os Legumes Grelhados com Búfala, sendo servido a uma temperatura tépida, revelando uma preparação demasiado antecipada na preparação dos legumes.


Chegou depois a Sandes de Costela de Boi e Vinho do Porto, de onde esperava uma maior intensidade na carne. Melhora bastante, e dá vida ao prato, com os pickles e a maionese que vêm no prato.


Excelentes são as Batatas do Vovô! Chips perfeitamente fritas, sem qualquer excesso de gordura e bem temperadas. De tal forma viciantes que fomos obrigados a pedir uma segunda dose.


Também há pratos que aparecem em doses mais substanciais, como a Fumada Mista, composta por Salsicha, Entrecosto e Bife. Este último componente foi o que achei menos piada, ainda que não fosse mau. Faltava-lhe tempero, faltava-lhe reação de Maillard no exterior, faltava-lhe um sabor fumado que compensasse as falhas ditas. Já a Salsicha e o Entrecosto apresentaram-se saborosos, sem estarem secos e com algum sabor fumado mais intenso que em pratos anteriores.


Boa consistência nas Vieiras, Crocante de Enchidos e Alho Francês, com cada elemento a apresentar uma textura e um sabor bastante diferente, que acabava por se complementar bastante bem!


Para mim, o prato da noite foi a Salada de Rosbife Fumado com Rabanetes, que estranhamente foi um dos últimos pratos a chegar, ainda que seja servida à temperatura ambiente. Ainda assim, excelentes sabores, com o fumado a sobressair no rosbife e todos os restantes elementos perfeitamente balanceados.


O Bacalhau Confitado em Azeite revelou-se uma reinterpretação dos sabores clássicos do Bacalhau com Grão, sendo este último apresentado em forma de puré.


Ainda não tinha pedido nenhum dos pratos acima descritos e já tinha escolhido a sobremesa. Sonhos de Bacon?! Como assim? Não estranhem o uso de bacon na sobremesa. Não é a primeira vez que me deparo com isso e adorei as vezes anteriores (no LOCO - aqui - e no Volver - não publiquei nada sobre a refeição onde experimentei o seu Cheesecake Fumado mas é imperdível!).
Infelizmente, não esteve à altura das expectativas, com o uso do bacon a passar despercebido. Fora isso, bons sonhos, bem fritos e fofinhos.


Acho que o conceito pode ser ainda melhor explorado, mas a verdade é que gostei da comida, ainda que tivesse alguns altos e baixos, do espaço e do serviço!

Fumeiro de Santa Catarina
Lisboa, Portugal
Fumeiro de Santa Catarina Menu, Reviews, Photos, Location and Info - Zomato
Preço Médio: < 30 €
Data da Visita: 20 de Outubro 2018

terça-feira, 23 de outubro de 2018

Cantinho do Avillez (Chiado)

Depois da visita que fiz ao Cantinho do Avillez da Expo (aqui), tinha alguma curiosidade para visitar o espaço original e perceber as diferenças entre ambos. E, ainda que se representem o mesmo tipo de conceito do grupo José Avillez, existem realmente diferenças.
A maior diferença encontra-se no espaço e respectiva decoração. Um espaço muito mais escuro, daí as fotos terem ficado com tão pouca qualidade (desta vez, chuto as responsabilidades da falta de qualidade para outrém!) e com um ar mais "caseiro" do que o seu irmão do Parque das Nações. Alguns pratos também diferentes na ementa, mas a base é muito semelhante. O serviço é jovem, informado e altamente prestável.
Começámos com o Tártaro de Atum com Sabores Asiáticos, que já havia experimentado, e achei-o ligeiramente menos atrevido e com sabores menos intensos que da primeira vez. Mantém-se a qualidade soberba do atum.



Excelentes as Vieiras Marinadas com um cremoso creme de abacate a servir de cama para o delicado bivalve, e um crumble de pão alentejano a adicionar-lhe uma (necessitada) camada de textura. Prato muito suave, equilibrado e com uns apontamentos de cebola roxa a ajudar a manter o interesse no mesmo.



Os Ovos à Professor Séc. XXI, uma modernização de uma receita que um antigo cliente do Belcanto criou (muito antes do chef lá ter chegado) que rapidamente se tornou um clássico de José Avillez, foi o prato que se seguiu. Rapidamente percebi o porquê da fama dos ovos. Ovos cozidos a baixa temperatura, chegam à mesa perfeitos, com a gema cremosa que envolve os saborosos pedaços de chouriço salteado e do crumble de pão frito. Prato muito guloso, de comer à colher ou usando o diversificado pão do couvert (se calhar deveriam começar a incluir tostas neste prato)!



E depois da gulodice, outro pecado chegou à mesa, na forma do Queijo de Nisa no Forno. Sabores fortes, mas que sabem trabalhar em conjunto para nos conquistar o palato.



A expectativa para o Bife Tártaro era alta, mas saiu um pouco defraudada. Começando pela melhor parte, as batatas fritas são muito boas! Crocantes, com um nível de sal qb mas dispensava facilmente a redução de balsâmico. O tártaro em si apresenta-se numa receita muito próxima do clássico, com um excelente corte na carne mas a faltar-lhe tempero. Precisava de mais sal e mais mostarda, pelo menos. Longe de estar entre os melhores de Lisboa, infelizmente, mas ainda assim um bom tártaro.



Muito bom o molho que vem no Prego Tradicional, ensopando todo o pão, impossibilitando que se coma o prego à mão, mas compensando largamente ao nível do sabor. Bom pão, bife servido médio, bem temperado e bem regado com a óptima molhanga.



Não podia sair do Cantinho do Avillez sem atacar a mais que obrigatória Avelã3! Aquele contraste de texturas, aquele intenso sabor a avelã e aquela flor de sal... que coisa fantástica.



Excelente refeição, como seria de esperar num restaurante do grupo Avillez, mas a deixar a impressão de que se cortaram nalguns pratos e decidiram ser contidos nos sabores. Não sei se por ser uma zona mais turística, e assim conseguem mais facilmente agradar a todos os seus clientes, mas esperava mais do tártaro de atum (por comparação com experiência prévia) e do bife tártaro!

Cantinho do Avillez
Lisboa, Portugal
Cantinho do Avillez Menu, Reviews, Photos, Location and Info - Zomato
Preço Médio: < 40 €
Data da Visita: 5 de Outubro 2018

terça-feira, 14 de agosto de 2018

Altântico by Miguel Laffan (Estoril)

O nome de Miguel Laffan pode parecer estranho aos mais distraídos, mas este tem sido um dos chefs portugueses mais reconhecidos na cena gastronómica portuguesa recente, muito devido ao seu trabalho no L'And Vineyards, em Montemor-o-Novo, onde ganhou uma estrela Michelin, perdeu-a, e depois conseguiu recuperá-la.
Entretanto parece que têm sido uns últimos tempos ocupados para o chef, que abriu recentemente O Ato, em Lisboa, e deu nova vida ao Atlântico, o restaurante do Hotel Intercontinental Estoril. Restaurante esse do qual já tinha ouvido falar bem nos últimos anos mas confesso que a chegada de Miguel Laffan, que estava presente nesse dia, me suscitou ainda mais curiosidade. Dada a posição que tem, nada como aproveitar um final de tarde veranil para ir conhecer a sua fantástica esplanada e deslumbrante vista.
Excelente serviço ao longo de toda a refeição, perfeitamente encaixado no posicionamente que o restaurante pretende atingir, que mal nos sentou sugeriu uns refrescantes cocktails para iniciar a refeição. Sim, eu sei que estão a vender e a impingir-nos bebidas que poderiam ser necessárias, mas num dos dias mais quentes do ano, um cocktail fresco enquanto admirava o esplendoroso mar que banha a Linha de Cascais soube-me maravilhosamente.


Bom couvert (que infelizmente se escapou ao registo fotográfico), com 3 tipos de pão à escolha, com especial destaque para o pão integral, azeite transmontano e uma manteiga francesa (não perguntei qual a diferença entre uma manteiga francesa e qualquer outra) simples mas extremamente viciante. Pão e manteiga, um casamento perfeito.
Chegou também uma oferta da casa, no formato de um clássico Pastel de Bacalhau de excelente fritura, boa proporção entre batata e fiel amigo mas onde senti faltar um pouco de sal.


A cozinha do Atlântico é, logicamente, muito virada para os produtos marítimos, o que fazia um match perfeito com os nossos apetites nesse dia. As Vieiras, Cogumelos Selvagens e Sabayon Trufado entusiasmaram da primeira à última garfada. 3 camadas distintas, cada uma com um sabor muito próprio mas que se complementavam na perfeição. Em baixo, o Sabayon trufado, a lembrar um brás, com vieiras, cogumelos e óleo de trufa. Não sou um fã do mesmo, pela facilidade com que se torna um elemento dominador em qualquer prato em que toque. Aqui estava mesmo nesse limiar, mas revelou-se acrescentar uma camada de sabor à existente, sem abafar completamente os restantes. Óptima telha de tinta de choco, a dar um ligeiro salgado ao conjunto e, por cima, uma vieira perfeitamente cozinhada com espuma de amêndoa (o elemento menos diferenciador em todo o prato).
Único problema? Ter acabado!


Chegamos aos pratos principais e mantemos o registo marinho, com um aparentemente simples (mas fantástico) Atum dos Açores com Molho de Soja e Gengibre. O atum braseado, num perfeito tom avermelhado mas que eu, pessoalmente, até cozinharia menos, a ligar muito bem com um molho entre o salgado e o ácido. Acompanhou com uns legumes salteados mas que mais pareciam cozidos a vapor. Nada contra, pois apresentavam um sabor bastante natural, em particular as ervilhas quebradas.


Se não tinha nada contra o acompanhamento do atum, não deveria ter nada contra o acompanhamento do Pregado com Molho de Caril e Manjericão, pois era o mesmo. Aqui a questão prendeu-se com a escolha de talheres para o efeito, visto que os legumes estavam algo encruados, o que não dá jeito nenhum quando se tem uma faca de peixe na mão. Tirando isso, prato bastante aromático, peixe cozinhado na perfeição e o molho a conjugar-se lindamente, sem ofuscar o sabor do peixe.


Acabámos a refeição em beleza, com um Crème Brûlée de Maracujá onde a doçura contrabalançava bem com a acidez do maracujá e tudo era coberto por uma fina e estaladiça crosta. Os elementos externos, maioritariamente doces, ajudaram a dar novas notas ao palato tanto pelo exotismo dos frutos tropicais como bela doçura excessiva do suspiro.


Uma óptima refeição, num restaurante bonito, com bom serviço, uma vista de outro mundo e excelente comida. Fica a eterna questão do valor final da conta, quando os pratos principais rondam os 30€, mas é difícil encontrar contextos com esta comida, espaço e vista e pagar meia dúzia de tostões.
Mas, como bónus, o restaurante tem Zomato Gold! O que significa que, com uma refeição no Atlântico, conseguimos poupar o valor equivalente a uma subscrição de 12 meses, se usarem o código DEVANE (que vos dá 25% de desconto)! Estão à espera de quê?

Atlântico
Estoril, Portugal
Atlântico - Bar e Restaurante Menu, Reviews, Photos, Location and Info - Zomato
Preço Médio: < 60 €
Data da Visita: 2 de Agosto 2018

domingo, 29 de julho de 2018

Cantinho do Avillez (Parque das Nações)

José Avillez dispensa qualquer tipo de apresentações. Ele é, sem dúvida, o chef mais mediático em Portugal, Rei do Chiado e Arredores, faltando-lhe apenas partir para d'Aquém e d'Além Mar, detentor de um Império invejável mas, tal como D. Afonso Henriques e respectiva descendência, isso não era suficiente e está agora a conquistar o resto do país, um restaurante de cada vez!
Bem, deixemo-nos de história porque essa é sobejamente conhecida e foquemo-nos no presente! Abriu há cerca de dois meses o terceiro Cantinho do Avillez, no Parque das Nações, numa rua que se está a revitalizar e apresenta já várias propostas muito interessantes como o Cantinho ou o Old House.



Este será já o quarto restaurante do Império que visito (quase que poderiam considerar fazer uma espécie de passaporte e ia-se levando carimbos dos vários locais), depois do Mini Bar (aqui), Belcanto (aqui) e Pitaria (a falar num futuro "próximo). Claro que José Avillez não pode estar em todo o lado ao mesmo tempo e confiou a chefia deste seu novo Cantinho ao chef João Novo, que já está no grupo Avillez há 5 anos, com passagens pelo Take-Away de Cascais (já fechado), Cantinho do Chiado e Belcanto, mais recentemente. E ficou bastante bem entregue, diga-se de passagem!
Iniciámos com um Gaspacho de Cerejas do Fundão com Presunto, Ovo Cozido e Croutons, um prato fresco e muito bom para o tempo quente que tarda em vir. Era desejável um sabor mais intenso a cereja, para que se tornasse mais diferenciador e pudesse andar mais a par com o salgado do presunto e a acidez natural de gaspacho. Se não me tivessem dito, não saberia que havia cerejas no gaspacho.



O Tártaro de Atum com Sabores Asiáticos é fantástico. Nota-se a qualidade do produto, muito pelo corte que deixa perceber a textura do mesmo, com o tempero picante a tentar desequilibrar o prato, mas a maionese de miso acaba por ajudar a conjugar tudo, dando-nos, ainda assim, pequenas pontadas de intensidade. Para adicionar mais uma camada de textura, é engraçado a utilização de pequenas esferas de arroz tufado (masago arare).



A carta está bastante bem construída. Podemos fazer uma refeição a puxar mais para sabores fortes ou mais para sabores delicados, bem como para pratos mais frescos ou pratos mais quentes! Todo este lero lero para dizer que gostei da frescura e delicadeza do Ceviche de Vieiras, Batata-Doce e Abacate, percebendo a opção por cortar naquela acidez típica do leche de tigre de forma a não ofuscar a vieira. Foge um pouco aos típicos ceviches que estamos habituados mas, ainda assim, mesmo não puxando pela acidez, com o risco de cozinhar a vieira e tirar-lhe protagonismo, puxaria um pouco mais pelo chili.



Por falar em expectativas, os Tacos Al Pastor foram a primeira grande surpresa da noite! Um prato que, muito provavelmente, não iria pedir mas que me deixou a salivar e a pedir por mais. Passei de "não pediria" para "fazia disto o jantar" facilmente. Sabores pujantes mas equilibrados, que nos despertam todo o interior da boca e nos fazem abrir os olhos tentando perceber de onde saiu tudo aquilo. É salgado, é doce, é ácido, é picante e, quando nos apercebemos, já a nossa boca regozija com tanto sabor.



Terminámos as entradas com o Queijo de Nisa no Forno, uma luta de sabores fortes entre o queijo, o presunto e o mel de rosmaninho, com o óleo de trufa a querer também intrometer-se, desnecessariamente na minha opinião. Considero a utilização do óleo de trufa muito perigosa pela facilidade com que ofusca os restantes ingredientes do prato. Felizmente não aconteceu aqui mas apenas pelo facto de estar a lidar com ingredientes igualmente fortes. O queijo untuoso em conjunto com o presunto torna-se uma combinação verdadeira pecaminosa!



E passamos para os pratos principas e aquele que foi o melhor da noite, a divinal Moqueca de Corvina e Camarão! Duas estrelas no prato, cada uma a fazer brilhar mais a outra. Corvina num ponto perfeito, a tornar-se viciante pelo guloso que estava o caldo. De tal forma que, depois de tratar dos componentes sólidos do prato, pedi uma colher para poder terminar o prato como se de uma sopa se tratasse. Aliás, facilmente me imaginava a comer um prato que consistisse apenas de arroz embebido no caldo. Por preferência pessoal, acrescentava-lhe um pouco de picante mas admito que não precisou de uma gota sequer para ser um prato soberbo.



Apesar de estar num Cantinho do Avillez, e sabendo os padrões elevados que por cá se praticam, não estava à espera de gostar tanto do Risotto de Cogumelos Portobello! Já estava algo cheio, mas é um prato que adoro e acabei por limpar cada bago existente. Boa dose de parmesão, excelente caldo de cogumelos e algum manjericão para nos ir refrescando o palato. O óleo de trufa voltou a fazer uma das suas aparições, mas principalmente ao nível aromático, pois raramente se notou enquanto se comia o prato. Usado desta forma doseada, onde acrescenta ocasionalmente alguns laivos de sua graça, já me faz algum sentido.



Muito bom a Vitela de Comer à Colher com Molho de Caril, com uma conjugação de sabores surpreendente e muito menos pesado do que estava à espera. A bochecha de vitela, a desfazer-se ao toque, combinava na perfeição com o sedoso caril. Para ir cortando a riqueza do prato, cebola roxa e maçã conferiam alguma leveza e necessária frescura. Não utilizei colher no final por dois simples motivos: estava prestes a rebolar para fora da mesa e não sobrou tanto molho pois fazia questão de envolver bem cada pedaço de bochecha ou legume! Mais uma vez a questão do picante que lhe adicionaria, e que podia bem ter pedido, mas são apenas gostos pessoais.



No capítulo dos doces, uma das mais icónicas sobremesas de José Avillez, o Avelã3. E porquê a notação matemática? Porque é uma sobremesa de avelã em três diferentes texturas: gelado, mousse e ralada. Parece demasiado? Não é! Não se torna demasiado doce e ainda tem flor de sal no topo para intensificar algumas das colheradas que sofregamente damos no vaso. Ok, seria sofregamente se não estivesse tão cheio mas dêem-me esta sobremesa depois de uma refeição mais levezinha e vão ver o que acontece!



Para ajudar a empurrar o resto do licoroso Carcavelos Villa Oeiras, um refrescante Sorvete de Limão e Manjericão com Vodka. Não é algo surpreendente, ainda que a adição do manjericão seja uma combinação natural e não desaponte! De ressalvar que todos os gelados servidos no restaurante são Artisani.



O Cantinho do Avillez é daqueles restaurantes que divide opiniões, todas elas válidas. O preço pode parecer elevado, principalmente quando existe um prato na carta a custar quase 40€, mas a verdade é que, por exemplo, o melhor que comi nesta refeição (a Moqueca) custa 14€, o que acho mais do que justo para os sabores experimentados face também à consistência apresentada.
Eu disse no post anterior que não me iria alongar mas parece que é inevitável!

Cantinho do Avillez - Parque das Nações
Lisboa, Portugal
Cantinho do Avillez Menu, Reviews, Photos, Location and Info - Zomato
Preço Médio: < 40 €
Data da Visita: 23 de Julho 2018

quarta-feira, 25 de julho de 2018

Stuppendo Sushi Bar / Momentum Sushi Bar (Paço de Arcos)

O primeiro contacto que tive com o Momentum Sushi (que entretanto virou Stuppendo Sushi Bar) não foi o melhor (aqui). A vontade de conhecer este outro espaço do grupo (na Quinta da Fonte) nem era muita, mas alguns comentários que fui recebendo convenceram-me a dar uma oportunidade. E ainda bem que o fiz.
Senti que a qualidade entre os espaços é abismal. Talvez a medíocre experiência, com sabor a centro comercial, tenha baixado de tal forma as expectativas que a surpresa tenha sido maior. O espaço também é algo descaracterizado e manteve-se maioritariamente vazio durante toda a noite, num jantar a meio da semana, mas acredito que seja mais pela localização do restaurante (dentro de um pólo empresarial) e não pela qualidade do que é servido.
Um ponto que me deixou meio dividido foi o serviço. Extremamente informado, explicando cada prato do extenso Menu de Degustação do Chef Especial com bastante detalhe (tanto que não consegui decorar tudo!) mas com uma simpática arrogância que se foi suavizando ao longo da noite acabando por deixar uma boa impressão mas marcando uma forte primeira posição que pode não ser a mais confortável para todos.
O menu de degustação especial é uma enxurrada de comida tal que apenas não sobrou nada porque estavam duas pessoas de apetite saudável à mesa (vá, uma era um bocado alarve... não vou dizer quem!). Claro que este banquete também se paga (e bem), por isso, caso não tenham apetite para devorar 7 entradas, 1 combinado de sushi de mais de 40 peças e 4 gunkans especiais, existe uma opção mais comedida.
Para não me alongar em demasia (vou tentar com que estes devaneios sejam cada vez mais concisos e objectivos) é de referir que o ponto alto da refeição não foi o sushi, mas sim as várias entradas que o precederam, onde quase todos os pratos superaram as expectativas. Apenas o Tataki de Atum com Cogumelos Shiitake e Cebola Frita deixou um pouco a desejar pela temperatura (fria) a que foi servido.

Tempura
Tataki de Atum, Cogumelos Shiitake, Cebola Frita
Camarão e Rúcula
Usuzukuri
Soft Shell Crab Uramaki
Gunkan Salmão, Vieira, Ikura
Tártaro de Salmão
A expectativa para o combinado era grande mas, apesar da variedade e qualidade aceitável do peixe servido, deixou um pouco a desejar. É sushi de fusão, e não naquele excesso de molho que muitas vezes encontramos mas acabou por ser pouco surpreendente.


Como "sobremesa", chegaram ainda os gunkans que são imagem de marca da casa (e que já tinha experimentado no Taguspark). Boa concretização mas peças demasiado pesadas para o fim de uma refeição tão longa. Sim, é suposto uma refeição de sushi começar nos sabores mais leves e terminar nos mais fortes mas a sensação de ter o estômago a rebentar acaba por prejudicar a experiência.

Gunkan de Picanha
Gunkan de Salmão e Pistáchio
Uma experiência diferente e que surpreende pelos seus primeiros momentos, ficando aquém no momento que deveria ser a apoteose da refeição. Ainda assim, a opinião final é positiva quanto à qualidade da comida, ainda que os preços pareçam um pouco desenquadrados para o contexto.

P.S: Desculpem a longa ausência, mas andava com pouca disponibilidade para escrever. Tentarei que haja uma maior regularidade nos próximos tempos, mas não prometo nada!
Entretanto podem seguir-me no Instagram (aqui) onde vou deixando pequenos resumos rápidos das refeições que vou fazendo!

Momentum Sushi Bar
Edifício Holmes Place - Quinta da Fonte
Paço de Arcos, Portugal
Momentum Sushi Bar by Chef Gerardo Menu, Reviews, Photos, Location and Info - Zomato
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TheFork
Preço Médio: < 40 €
Data da Visita: 14 de Março 2018

terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

Saikō (Campo Pequeno)

Não sabia bem o que esperar deste convite para ir conhecer o Saiko Campo Pequeno. A sua abertura criou bastante curiosidade. Seria este um espaço réplica do Estoril (de que já falei aqui)? Só isso já é sinónimo de muita qualidade e o melhor sushi de fusão que a cidade de Lisboa já testemunhou! Mas uma cópia exacta não seria o suficiente para me fazer deslocar propositadamente até Lisboa, já que o Estoril é mais prático para mim.
Até que, em conversa com a pessoa que me convidou, percebi que a carta tinha também evoluído, sempre com a consultoria do chef Péricles Lacerda (que acompanho desde os tempos do Tamagoshi). As condições são outras e é natural que exista esta evolução mas tinha que lá ir para experimentar e verificar isto por mim próprio.


O Couvert é muito semelhante ao que já tinha experimentado anteriormente e continua delicioso. Aquelas folhas de endívia deixam-me sempre rendido.


Já tinha visto este tipo de pratos várias vezes mas, vá se lá saber porquê, nunca tinha tido a curiosidade de o experimentar. Felizmente nesta noite a ementa não foi escolhida por nós, e este Nasu Dengaku é a primeira entrada que nos chega à mesa. Um prato delicado, com a beringela a ser simplesmente glaceada com o molho dengaku (um molho à base de miso), o que lhe dá uns excelentes toques salgados e adocicados.


O Kimuchi Moriawase é um contraste de sabores grandes, com os vários peixes perfeitamente envolvidos no molho ligeiramente picante, mas que se balanceia perfeitamente com a acidez do sunomono, a cama de pickles de pepino que estava no fundo do prato. Qualquer um dos três peixes (salmão, atum e peixe branco - que não me recordo qual era neste dia) de uma frescura exemplar e ajudados ainda pelo molho ponzu, que lhe confere acidez e doçura.


Como já conhecia a casa do Estoril, adaptaram o menu que me foi servido, dando-me a conhecer vários pratos novos, com maior incidência nos pratos quentes. Daí esta ter sido uma refeição com pouco sushi, mas ainda assim excelente, como foi caso deste Maguro Chili! É nestes pormenores que o sushi do Saiko está a anos luz da maior parte das fusões manhosas que por aí se vê. Não é preciso molhos que disfarcem e tapem completamente os restantes sabores. É preciso saber combinar as coisas para que se enalteçam os ingredientes. Neste caso, excelente uso de sriracha, que combina lindamente com o atum, e a piada de ter no exterior massago arare (pequenas pérolas de arroz crocante) a complementar o arroz do sushi.


Chegamos aos pratos que diferenciam as duas casas, com uma aposta maior nos pratos quentes japoneses neste novo espaço, muito devido às melhores condições da cozinha aqui existente. A Ebi Soba é um prato que faz, por si só, uma refeição consistente. Boa massa de trigo sarraceno, excelente ovo com a gema ainda meio líquida, os legumes e algas cozidos ainda com aquela ligeira resistência à dentada, só para dar textura... mas tudo ficou meio ofuscado pelo óptimo caldo e pelo fantástico camarão panado! Só tive pena que não houvesse mais camarões porque estava verdadeiramente viciante.


Por falar em viciante, a Yaki Hotate, uma espetada de vieiras (que pareciam zamburinhas tão pequenas eram) com cogumelos shitake, foi uma verdadeira surpresa. A mostrar, uma vez mais, uma das novas possibilidades da nova cozinha, com a introdução de pratos yakitori na ementa. Concretização fantástica, com a vieira cozinhada na perfeição e a ligar bastante bem com a intensidade dos shitake, tendo os sabores sido ainda balanceados pela adição do molho tarê.


Assim tinha acabado o menu de pratos que estava definido mas, sendo a primeira vez que a minha companhia visita um Saikō, não podia deixar que saísse do restaurante sem experimentar aquele que é o meu prato favorito, o Gunkan Egg. É a perfeição num gunkan só, com a gema a explodir-nos na boca e a desencadear pequenos gemidos de prazer.


As sobremesas chegaram em forma de Pijaminha, com algumas já bem conhecidas da minha parte, mas que não desiludiram em nada, havendo-as para todos os gostos. Excelente gelado de sésamo (Goma Aisukurïmu), com uma profundidade de sabores que não esperava. Menos fantástico, mas ainda assim bom, o gelado de chá verde. Voltamos ao campo do excelente com o Ryôri de Lima, parecido com um cheesecake mas feito com natas, e o Müsu de Maracujá! Excelentes as texturas e os sabores.
A Mousse de Chocolate foi alvo de grandes elogios por parte da minha companhia, dizendo que a fazia lembrar da mousse da mãe dela. Que maior elogio existe quando o que estamos a comer nos traz à memória momentos familiares? 
As duas versões de cheesecake (Chizukeki Saikō), apresentados sem uma base fixa mas sim bolacha esfarelada espalhada à volta, de uma textura aveludada fantástica e com óptimos toppings.


O Saikō continua memorável e continua a superar-se a si próprio. Esta ambição é de louvar e esperemos que não fique por aqui! A minha dificuldade agora vai ser escolher entre o Estoril e o Campo Pequeno!

Saikō Campo Pequeno
Praça do Campo Pequeno, 602
Lisboa, Portugal
Saikō Campo Pequeno Menu, Reviews, Photos, Location and Info - Zomato
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Preço Médio: < 50 €
Data da Visita: 23 de Janeiro 2018