segunda-feira, 31 de julho de 2017

Poké Bowls (Oeiras)

Estas coisas das modas não é fácil de acompanhar. Tivemos sushi, hamburguerias, petiscos, steakhouses e, quando tudo apontava para que este fosse o ano de explosão da cozinha peruana em Portugal (à semelhança do que está a acontecer no resto do mundo), parece que há uma tendência que se quer intrometer, o Poké.
Não, não estou a gozar convosco ou a tentar fazer piadas com o mundo da animação que é o Pokémon! Este prato oriundo do Havai, servido como entrada ou como prato principal, é uma salada de peixe cru. Quase um pouco à semelhança do que se foi conhecendo na Europa como um tártaro, onde cubos de uma proteína eram temperados e servidos, no Havai este prato foi crescendo até se tornar o maior representante da gastronomia havaiana além fronteiras. Pode-se até encontrar facilmente um pouco por todos os mercados havaianos (ou assim diz este artigo, donde saiu a foto abaixo)



O poké em si só começou a ser mais conhecido nos anos 60, apesar de se atribuir a sua origem às primeiras navegações que se fizeram para a ilha com a chegada dos primeiros nativos, ainda antes do Capitão James Cook a ter descoberto e revelado ao mundo "civilizado". A diferença é que os cubos de peixe começaram a ser servidos numa taça de arroz glutinoso. Enquanto me preparava para escrever este post fui tentar pesquisar um pouco sobre a tradição e origens do prato, descobrindo que tradicionalmente é servido sobre uma taça de arroz quente e não à temperatura de ambiente, como eu pensava. Pensei que a influência japonesa de guardar o arroz à temperatura ambiente, sendo aquecido apenas pelo calor das mãos enquanto se montam as peças, fosse aqui replicada, mas estava errado.
Já abriram alguns espaços de Poké em Lisboa, e em boa hora porque este é, para mim, um excelente prato para o Verão. Não podia, como é lógico, deixar de ir experimentar o espaço que abriu no Centro Comercial Oeiras Parque (irmão do já existente nas Amoreiras ou no Mercado do Bom Sucesso) e ver qual é o hype que se pode gerar à volta desta comida.
O espaço é igual a tantas outras lojas de fast food com ingredientes numa "montra", ainda que as cores e a temática puxem o lado surfista que há em nós, o que me parece bastante óbvio e fácil. Podemos optar por dois métodos de escolha. Ou vamos meio perdidos, olhamos para a ementa, que tem alguns pratos pré-definidos (e cuja descrição de ingredientes se encontra na parede à direita) e escolhemos um desses em tamanho Normal ou XL. Ou podemos começar por escolher a base (arroz, quinoa, alface), a proteína (atum, salmão, peixe branco ou polvo), uma mistura de mais de 10 ingredientes e um de 4 molhos diferentes (picante, tártaro, ceviche e um quarto que não me recordo mas penso que era soja). Sendo a primeira vez, fiz um mix de ambas. Sabia que queria experimentar o arroz (algo muito fácil de estragar), portanto olhei para as proteínas e gostei bastante do ar do salmão. Para facilitar o restante processo de escolha, optei pelo pré-concebido Poké de Salmão (com funcho, abacaxi e molho tártaro) em tamanho XL, que é terminado com coentros picados e um quarto de lima.



Os ingredientes são realmente bons. Bons e grandes cubos de salmão, algo que aprecio mais do que pequenos e evaporantes pedaços, numa dose simpática, onde o funcho dá um toque anisado engraçado (por não ser excessivo), o abacaxi traz doçura ao conjunto, a lima junta-lhe acidez e os coentros trazem-nos os sabores para casa. O molho tártaro, em nada relacionado com o molho tártaro que acompanha tradicionalmente filetes, peixes fritos ou carnes, tinha um sabor aproximado ao wasabi ainda que bastante ligeiro.
A base de arroz também é bastante simpática, com os bagos bem cozinhados, mas a faltar-lhes alguma goma para poderem ser comidos mais facilmente com os hashi. O arroz é servido à temperatura ambiente (um pouco à semelhança do que acontece no sushi), o que sinceramente me agradou nestes tempos mais quentes. Talvez no Inverno já faça mais sentido servir sobre arroz quente mas agora parece-me adequado a temperatura a que foi servido, tornando-se assim um prato bastante refrescante.
Tendo optado pela dose XL (e daí ter classificado o restaurante como < 20 €), não fiquei com fome, ainda que não tenha ficado cheio, mas senti-me satisfeito com o que comi. É uma refeição leve, saudável qb (pode ser mais, optando por outros ingredientes) e saborosa, mesmo com o preço acima da maior parte da oferta do restante food court, mas é algo que se percebe pelo conceito e tipo de ingredientes usados. Alguns pontos a melhorar, mas é mais uma óptima oferta para começar a diversificar e a melhorar as opções de quem quer jantar num centro comercial, principalmente durante o tempo quente.

Poké Bowls
CC Oeiras Parque, Piso 1
Oeiras, Portugal
Ceviche & Poké Bowls Menu, Reviews, Photos, Location and Info - Zomato
Foodspotting
Facebook
Preço Médio: < 20 €
Data da Visita: 23 de Julho 2017

domingo, 30 de julho de 2017

Marginalíssimo (Paço de Arcos)

Sendo de Paço de Arcos, há muitos anos que ouço falar do Marginalíssimo e o seu fondue. Sempre proclamado como um sítio ideal para grupos poderem encher o bandulho com a especialidade da casa e beber à vontade, por um preço um pouco mais alto do que nos tradicionais jantares de grupo mas que compensaria porque "é fondue". A carne mais encontrada nos fondue é o lombo, por ser bastante macia ainda que perca no sabor (daí os molhos), o que torna impossível que um fondue possa ser barato devido ao preço por quilo do mesmo.
Situado na Avenida Marginal, em Paço de Arcos, é um restaurante meio escondido se não soubermos da sua existência pois confunde-se com as restantes habitações que ali existem, e com as limitações de estacionamento próximo que da localização advém. E o que se come no Marginalíssimo? Fondue e só fondue, ainda que possamos optar por Carne, Carne e Camarão ou Peixe. Isto sempre contemplando entradas (pão, tostas, paté de atum, azeitonas e manteiga de chouriço), o fondue à discrição e respectivos acompanhamentos (batata frita, salada, fruta e molhos), sobremesa (profiteroles), bebidas (sangria branca e tinta, vinho branco e tinto da casa, cervejas, refrigerantes e águas), também ela à discrição, e café. Ou seja, tendo em conta que o fondue mais caro são 25€/pax e inclui tudo isto, até considero o preço justo!



Fiz a reserva da mesa pelo The Fork mas, apesar de ter recebido o email e o SMS de confirmação da mesa, quando cheguei ao restaurante não tinham informação da minha reserva. Felizmente havia mesas disponíveis porque, caso contrário, poderia ter-se tornado numa situação bastante desagradável.
As entradas são simpáticas mas parecem estar lá claramente para encher o estômago dos comensais para que haja menos espaço para o prato principal (e aquele com maior food cost). O destaque é a manteiga de chouriço que sempre dá algum prazer ao comer.



O destaque do fondue não vai só para a carne. As batatas fritas que acompanham são muito boas, com a sua fritura perfeita, bem temperadas e muito (muito!!!!!) viciantes. A salada foi-me de tal forma desinteressante que não lhe toquei, mas a forma como é servida não ajuda a misturar tudo acabando algumas das coisas no prato por cair para a mesa, mas está lá para cumprir o propósito de ir cortando tanta gordura que estamos a ingerir. Melhor a fruta, servida com o mesmo propósito. Os molhos são bons mas não há nenhum que sobressaia.





A carne apresenta qualidade e chega bem temperada à mesa, nuns cubos grandes que permitem que se controle melhor a temperatura a que queremos que eles fiquem. Se fossem demasiado pequenos, cozinhariam depressa demais, por isso prefiro que se opte por um corte maior para que possa continuar a comer a carne mal passada! A única coisa que não inspirou muita confiança foi o fondue em si, com o pote (da 1ª foto deste texto) a estar tão periclitantemente equilibrado que tive sempre algum receio que caísse. Felizmente, isso não aconteceu e pude desfrutar da minha refeição com uma gula imensa.



Os profiteroles de sobremesa são perfeitamente banais e mal lhes toquei. Aconselho-vos a não deixarem espaço para os profiteroles e continuarem a encher a barriga de carne e batatas!
O serviço do Marginalíssimo não é fantástico, parecendo estar escondido demasiadas vezes ainda que seja simpático e prestável, levando a alguma logística de antecipar o que vamos querer para que possamos pedir assim que ponhamos a vista na pessoa (na noite em que fui só vi uma pessoa a atender às mesas).
Gostei da experiência do Marginalíssimo, e saí de lá satisfeito, com o único inconveniente de sair de lá a cheirar a fritos. Por muito que as janelas possam estar abertas, ter todas as mesas a consumir óleo acaba por criar um cheio que penetra em todas as nossas roupas. 

Marginalíssimo
Paço de Arcos, Portugal
Marginalíssimo Menu, Reviews, Photos, Location and Info - Zomato
Preço Médio: < 30 €
Data da Visita: 14 de Agosto 2016

Boi-Cavalo (Alfama)

Hugo Brito é um dos chefs do momento em Lisboa. Desde que abriu o Boi-Cavalo em 2014, com Pedro Duarte mas tomando as rédeas do projecto a solo em 2015, que se tem vindo a destacar na cena gastronómica da capital como um dos novos chefs a ter em conta. Tanto que foi um dos chefs a subscrever o Manifesto para o Futuro da Cozinha Portuguesa (aqui), proclamado no Peixe em Lisboa, conjuntamente com outros colegas bastante relevantes. A lista completa: Henrique Sá Pessoa (Alma / Tapisco), José Avillez (Belcanto / Mini Bar / Cantinho do Avillez  / Bairro do Avillez / Pizzaria Lisboa / Café Lisboa), Alexandre Silva (LOCO), João Rodrigues (Feitoria), Milton Anes (LAB by Sergi Arola), Kiko Martins (O Talho / A Cevicheria / O Asiático / Surf & Turf / O Watt), Hugo Nascimento (Tasca da Esquina / Peixaria da Esquina / Taberna da Esquina), Pedro Pena Bastos (Herdade do Esporão), Tiago Bonito (Largo do Paço), Luís Barradas (Tago's), Leandro Carreira, Hugo Brito (Boi-Cavalo), Manuel Maldonado (Ostraria), Tiago Feio (Leopold), Rodrigo Castelo (Taberna Ó Balcão), David Jesus (Belcanto) e Carlos Fernandes (LOCO).
Num registo muito próprio, Hugo Brito apresenta-se no Boi-Cavalo com uma cozinha muito diferente e muito única, com um menu de degustação (7 pratos, 32€) que muda semanalmente. Claro que esta mudança semanal acarreta riscos. Existe sempre o risco de um novo prato, pouco trabalhado ainda, não estar a funcionar bem, ou até a possibilidade de chegar a um bloqueio criativo pois é um trabalho extremamente exigente que obriga o chef a reinventar-se e continuar em constante adaptação com os produtos disponíveis. Se, ao fim de 3 anos, Hugo Brito conseguiu domar este animal selvagem que é o Boi-Cavalo, muito diz do trabalho nele colocado e que tornou este espaço como um dos melhores de Lisboa. Era um restaurante que já tinha na lista há muito tempo mas acabei por aproveitar o voucher 2 por 1 da Time Out que surgiu a meio de Julho.
Espaço esse que é bastante giro, tendo sido em tempos idos um talho, mas com as mesas relativamente pequenas e as cadeiras algo desconfortáveis. Apesar da política de menu de degustação, que deveria levar as pessoas a desfrutar de uma viagem nas mãos do chef sem tempo limite, o restaurante impõe (ao fim de semana) uma política de dois turnos (às 20h e às 22h30) o que, tendo em conta as cadeiras em questão até é benéfico pois perto do fim da refeição já existe muito a vontade de se levantar e esticar as pernas. O aviso relativo aos turnos foi feito na hora da reserva, até com alguma insistência mas a verdade é que, chegando às 20h, tudo correu bastante suavemente, tendo quase toda a gente saído do restaurante um pouco antes do início do turno seguinte, mas já com o decorrer do reboliço de preparação para a nova fornada de clientes.
A ementa servida por Hugo Brito é uma imensidão de irreverência com sabores novos e conhecidos a conjugarem-se em técnicas bem executadas mas onde nem sempre o resultado foi perfeito. O principal a ter em conta aqui é que temos que ir de mente aberta e sem restrições (pois também essas não nos foram perguntadas em momento algum, da reserva ao fim da refeição, e neste tipo de conceito deve sempre ser perguntado). Mente aberta é realmente o mais importante aqui, e aconselho a só mencionarem restrições alimentares se forem realmente condições médicas. Se não comem carne, peixe ou legumes por opção vossa (e respeito a vossa opção apesar de não concordar com ela) arrisquem na mesma e deixem-se ir! A questão é sempre "Porque não arriscar?"... porquê ficar amarrado a manias, quando podemos numa refeição descobrir novos horizontes e novos prazeres?
Nota de aviso: é muito possível que os nomes dos pratos esteja um pouco errado porque em momento algum me disponibilizaram uma ementa com o que iria comer (o que seria agradável) e foi tudo baseado em notas tiradas depois da descrição do prato.
Digo tudo isto mas, atenção, a refeição nem sequer começou bem! O Lingueirão, Manjericão Tailandês e Framboesa Desidratada ficou muito aquém das expectativas. O bivalve de sabor natural intenso mas algo estagnado, não de mar aberto e pirolitos na praia mas mais de Ria Formosa e seu natural lodo, que quando primeiramente provado não deixou ninguém na mesa perceber onde raio estavam os restantes ingredientes. Lá descobrimos uma folha de manjericão na casca do bivalve e esfregámo-lo veementemente (se fosse um mexilhão isto lembrava-me a outra música) e tudo tomou uma nova dimensão! Aqui já mais agradável mas sem chegar ao patamar que estávamos à espera. Ah, e a framboesa desidratada? Quando provada em conjunto era totalmente afogada pelos restantes sabores. Quando provada individualmente tinha piada mas o seu propósito no conjunto já se tinha perdido.


Felizmente foi só o início que foi atribulado porque a restante refeição correu bastante melhor. Atenção, correu bastante melhor para mim, mas houve pessoas na mesa que não gostaram do prato X ou Y. E é isso que também é engraçado nestes menus em que não sabemos o que vamos comer. O entrar num local com uma venda nos olhos e ir retirando a venda aos poucos. Cada pessoa irá interpretar aqueles sabores à sua maneira e gostará ou não. Mas ao menos arriscou!
Claro que houve alguns pratos consensuais, como foi o caso do Creme de Favas com Chouriço, Chips de Batata Roxa e Ovo Curado. Que sabores tão portugueses, tão fantásticos e tão bem trabalhados! Altamente viciante e a apetecer-me lamber toda a taça! Único pormenor que não percebi no prato, e que aconteceu nalguns pratos salgados sem fazer grande sentido gostativo, foi o Ovo Curado, apresentado em forma de pó.


Também a puxar aos sabores portugueses, mas com aquele toque de irreverência essencial, o Puré de Morcela e Tamarindo, Tagliatelle de Lula, Vinagrete de Maracujá, Amêndoa Torrada e Pó de Nori. Começando pelo aspecto menos positivo, o pó de nori que não pareceu acrescentar nada de novo excepto dar mais uma cor ao prato. Todos os restantes ingredientes bastante bons quando provados individualmente, com o vinagrete de maracujá a surpreender bastante e o puré a puxar também ao avinagrado dos chouriços de sangue. E, por muito estranho que seja combiná-los, fazia total sentido!


O prato de peixe da noite consistiu num Chicharro Braseado com Molho de Poejo e Pó de Mexilhão (lá está o pó que para mim nada acrescentou) acompanhado por Noodles de Batata Macerados à Bulhão Pato com Pele de Porco. Ainda que o chicharro estivesse ligeiramente salgado, estava fantástico. Excelente textura, com uma cozedura mesmo muito ligeira e pleno de sabor. Do outro lado, uns leves noodles de batata, onde o bulhão pato não era de todo pronunciado mas que ligava lindamente com a estaladiça pele de porco.


O prato mais "simples" da noite não foi menos bom pela aparente simplicidade com que chegou à mesa. 3 componentes, sem grandes descrições ou complicações nas notas tiradas. Um excelente, super macio, super tenro e bastante saboroso Lombinho de Porco com Puré de Alface e Vinagrete de Batata-Doce. Aqui, finalmente, sem pós de pirlimpimpim ou outros adereços que não faziam sentido. 3 sabores distintos e fortes, com o lombinho de porco (que era realmente de bradar aos céus, com o seu interior ainda rosado) a puxar o lado salgado, o puré de alface a trazer amargor e o vinagrete de batata-doce, que não era um componente ácido mas sim um componente doce. Excelentes individualmente mas muito melhores juntos.


O penúltimo momento pareceu muito pouco português no seu timing, a puxar mais por raízes francesas julgo, com um prato de Queijos e Pães a chegar à mesa antes da sobremesa. 3 tipos de pães (que não me recordo quais eram mas todos de bom nível) e 3 queijos, bastante diferentes entre si mas todos de sabores únicos e pronunciados. O de Serpa (na image, o do meio) com tons mais macios ao palato mas a acariciar-nos gentilmente as papilas gustativas, assim como o Chèvre que sendo um pouco mais intenso, e de uma excelente qualidade, nos ajuda a progredir para aquele que foi um queijo apoteótico com o São Jorge de 40 (!!) meses de cura. Um queijo que surpreende e evolui na própria boca para ser uma verdadeira bomba! Para ir cortando e limpando o palato, uns simpáticos pickles de rabanete.


Falava-se à mesa como é cada vez mais comum encontrar, em restaurantes com cozinhas de autor ou mais vanguardistas, sobremesas menos doces. Algo que não seja aquelas bombas de doçura que nós portugueses tão bem fazemos. Atenção, nada contra os nossos tradicionais doces conventuais mas é bom variar de vez em quando. O Cheesecake de Banana, Molho de Sakê, Espuma de Raíz Forte, Doce de Marmelada e Banana Frita acabapor fazer isso mesmo. Apesar do (longo e provavelmente errado) nome soar a algo bastante doce, o sabor da raíz forte, com toques entre a mostarda e o wasabi, ajuda a contrabalançar tudo o restante, transformando-a numa sobremesa que foi crescendo a cada colher.


Mesmo não tendo ficado fã do primeiro prato, a vontade de voltar ao Boi-Cavalo é grande! Porque a probabilidade de comer o mesmo que comi na semana que lá fui é muito baixa. Porque quero conhecer melhor o nível de criatividade de Hugo Brito. Porque quero perceber se a sua cozinha irá de encontro ao Manifesto que proclamou. Mas no final quero voltar por um simples motivo... porque é bom!

Boi-Cavalo
Alfama, Portugal
Boi Cavalo Menu, Reviews, Photos, Location and Info - Zomato
Preço Médio: < 40 €
Data da Visita: 16 de Julho 2017

quarta-feira, 26 de julho de 2017

Cortador Oh! Lacerda (Praça de Espanha)

O Oh! Lacerda é um daqueles sítios icónicos que desde cedo integrou a minha lista de sítios a visitar. Aparecia por muitos dos guias de Lisboa como um dos melhores restaurantes para se comer carne em Lisboa. Isto foi antes das grandes modas das Steakhouses ou até deste boom que a restauração portuguesa tem levado.
E a verdade é que quando entramos no Oh! Lacerda parece que entrámos num restaurante que parou no tempo. A decoração deve ser a mesma desde que abriu, as mesas não são confortáveis e são mínimas. Tão pequenas que acabo a comer de cotovelos pegados com as pessoas que estão a meu lado. Vá lá que não são mesas comunitárias mas não deixa de ser algo constrangedor visto que gosto de ter o meu próprio espaço. Para não dizer que fica curto quando temos pratos, copos, talheres e cestos de pão pela mesa. Pelo lado positivo, o pitoresco que é a decoração que vemos nas paredes onde nos entretemos a ver de que país são todas as notas que observamos.
Quando chego, já estão em cima da mesa alguns acepipes como uma simpática tábua de presunto, que em nada se equipara às que recentemente comi em Barcelona, ou uns surpreendentemente bons ovos com farinheira, com um bom nível de cremosidade e intensos de sabor. 
E eis que chega à mesa a estrela da casa, o Bife à Cortador, que pode ser servido usando lombo ou acém. Sendo eu um adepto de sabor no lugar de textura, a escolha lógica é pedir o acém e mal passado como é lógico. Mas aquilo com que me deparei não se parecia muito com acém, nem ao nível de textura nem de sabor, estando bastante mais perto do lombo. O ponto da carne também não estava perfeito, havendo uns bifes no ponto pedido mas o meu estava um pouco acima. Para não falar do problema do costume para mim, a falta de sal que regularmente sinto quando me servem peças de carne em restaurantes.


E eis que chega um simpático senhor com os ovos estrelados que foram pedidos e aqui são servidos como se tivéssemos em casa, ou seja, vem o nosso avô ou avó devagarinho e sorrateiramente meter-nos o ovo em cima do bife como se dissesse "Come que estás a crescer.". O mesmo acontece com as batatas fritas caseiras que podiam estar mais estaladiças mas que, ainda assim, estavam bastante decentes e chegam à mesa quando as doses anteriores ainda não tinham acabado. 
Chegámos ao final já sem grande apetite, devido ao bom tamanho dos bifes, mas com o sentimento que ficou um pouco aquém das expectativas que tinha criado.

Cortador Oh! Lacerda
Lisboa, Portugal
Oh! Lacerda Menu, Reviews, Photos, Location and Info - Zomato
Preço Médio: < 20 €
Data da Visita: 30 de Junho 2017

terça-feira, 25 de julho de 2017

La Vecchia Roma III (Parede)

Conheço relativamente bem o La Vecchia Roma de Oeiras (aqui). No concelho de Oeiras é capaz de ser o italiano que mais frequentemente visito, apresentando sempre uma boa relação qualidade-preço, principalmente no que às pizzas diz respeito. 
Em Março de 2017, o La Vecchia Roma expandiu-se para a Parede, numa zona onde não há muita coisa interessante, podendo assim tornar-se um local referência para cozinha italiana. Isto se conseguir manter, pelo menos, a mesma qualidade que o irmão mais velho, que já está bastante bem estabelecido em Oeiras.
Num sábado já tardio, ligou-se para o restaurante perto das 22 horas, tentando arranjar uma mesa para 9 pessoas. Felizmente, conseguiram fazer alguma ginástica na sala e encaixar-nos mesmo a essa hora tardia. O serviço, desde o primeiro telefonema, foi simpático mas pareceu sempre algo distante e até demorado. Aproveitei e usei também o Zomato Gold (aqui), apesar de não ter sido propriamente fácil, mas disso já falei noutro post.
A comida parece estar ao nível do que já conhecia, ainda que tenha havido um percalço grande com uma Lasanha que chegou à mesa com o seu centro ainda frio. Isto é um problema porque revela desleixo por parte da cozinha e porque dá a ideia de que a sua lasanha é congelada. Não estou a dizer que seja mas a imagem que passa é esta!
Apesar de já ter experimentado algumas massas no La Vecchia Roma de Oeiras, a verdade é que a minha preferência aqui recai sempre sobre as pizzas. Não é que sejam más mas não estão ao nível das pizzas. Essas são consistentes e boas. Massa fina, molho de tomate decente e bons toppings, tudo o que já estava habituado em Oeiras. Uma das minhas pizzas favoritas, e a escolhida para esta noite, foi a Pizza alla Diavola, com o seu óptimo salame picante.


Terminei com um bom Tiramisù, refrescante, excelentes notas de mascarpone a balancear-se com o café. Não o melhor que já experimentei, e longe do experimentado no Pátio Antico ou Bella Ciao, mas ainda assim bastante respeitável.


Não fiquei deslumbrado, mas a verdade é que também não o esperava ficar. As expectativas quanto à comida foram cumpridas mas, sinceramente, esperava mais do serviço.

La Vecchia Roma III
Parede, Portugal
La Vecchia Roma III Menu, Reviews, Photos, Location and Info - Zomato
Preço Médio: < 20 €
Data da Visita: 24 de Junho 2017

segunda-feira, 24 de julho de 2017

Envalira (Barcelona)

Nem todas as refeições em Barcelona poderiam ser tapas. Quer dizer, poder até podiam mas a verdade é que crescia em mim uma vontade de experimentar alguns dos afamados arrozes que por lá se fazem. Ainda que a tradição das paellas seja atribuída à zona de Valência, um pouco por toda a costa da Catalunha se fazem diversos arrozes como pratos regionais. Em Barcelona, os arrozes são mais facilmente encontrados na zona de Barceloneta, mais junto ao mar, porque era um prato típico dos pescadores aí residentes. Nas zonas mais interiores de Barcelona é mais difícil encontrar mas há um restaurante que aparece na maior parte das listagens dos melhores pratos de arroz em Barcelona.
Situado no bairro de Gràcia, na movimentada e vivida Praça del Sol, este restaurante tem a sua ementa virada para a comida espanhola, mas onde é sobejamente conhecido é pelos seus arrozes. Uma breve palavra para o movimento e vida que a Praça del Sol demonstrava nas primeiras horas da noite, com muita gente, sentada não só em esplanadas como em escadas ou no meio do chão, a conviver à volta de um copo ou um petisco.
Chegámos cedo e, como tal, ainda tivemos que fazer algum tempo até que o restaurante abrisse. Em Espanha janta-se um pouco mais tarde que em Portugal, e por isso é natural que alguns restaurantes só abram perto das 21 horas. O problema aqui foi a porta da rua do restaurante, que se encontra constantemente fechada, dando ares de quem se encontra fechado. É pouco convidativo a entrar, daí não termos visto muitas pessoas a frequentar o restaurante nessa noite, mas depois de lá estarmos dentro (o que demorou cerca de 10 ou 15 minutos enquanto tentávamos perceber se já se encontraria aberto ou não) percebemos que a porta se mantém fechada para preservar o ambiente calmo e tranquilo do restaurante. Cada vez que a porta se abria ouvia-se o rebuliço vivo da rua e respectiva dose de decibéis demasiado elevada. A sério, é mesmo muito elevada, como comprovava um estudo que se encontrava nesse dia no meio da Praça del Sol!
Começámos com o típico e tradicional Pão com Tomate! Já estão fartos de me ouvir falar de pão com tomate não é? Prometo que é o último, visto esta ter sido a minha última refeição em Barcelona. Aqui, um exemplar decente mas nada de fantástico. A forma como a baguete foi cortada não ajuda na forma como se come...


Apesar deste tipo de pratos se fazer acompanhar normalmente de proteínas marítimas, na Time Out Barcelona (aqui) mencionavam o Arroz à Milanesa do Envalira. De espanhol tem pouco mas de bom tem muito! Um arroz perfeitamente cozinhado, seco mas ainda com alguma goma e muito sabor! Pequenos pedaços de frango e de bacon iam populando o prato e o queijo derretido revelou-se um excelente acrescento. A nível de sabor não me soube a Espanha mas antes a Itália, lembrando um bom risotto, mas a verdade é que não desiludiu.


O que conseguiu surpreender foi o Arroz à Marinera. O ponto do arroz impecável mas o que aqui fazia a diferença era o caldo onde o arroz tinha sido cozinhado. Tudo ali sabia a mar! As doses aqui são adequadas para uma pessoa mas podiam ter um recheio mais uniforme. Havia no prato 1 lagostim, meia dúzia de bivalves (penso que amêijoas mas não me recordo bem) e algum choco e peixe (que parecia tamboril). Mas o que fez toda a diferença foi o caldo. E se estamos a falar de um prato de arroz, o destaque estava (e bem) no arroz!


Para nos despedirmos de Barcelona, decidimos comer Crema Catalana uma última vez. Excelente exemplar, com todas as texturas certas. Creme muito bom e nada grumoso e uma carapaça estaladiça perfeita, numa dose bastante grande que dá perfeitamente para dividir.


Foi um final muito bom para uma refeição que me encheu as medidas. Procurava este tipo de comida e sabe-nos sempre bem quando encontramos o que procuramos.

Envalira
Plaça del Sol, 13
Barcelona, Espanha
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Facebook
Site
Preço Médio: < 30 €
Data da Visita: 22 de Junho 2017

domingo, 23 de julho de 2017

Mussol Arenas (Barcelona)

Uma das primeiras pessoas a colocar a Catalunha no mapa da gastronomia mundial foi Ferran Adrià. O chef do El Bulli, que encerrou em 2011 e foi durante muitos anos considerado o melhor do mundo para a revista Restaurant, revolucionou mentalidades e introduziu na cabeça de muitos o conceito de gastronomia molecular! Ferran tem um brilhante irmão de nome Albert, que também o acompanhou no El Bulli, e que é neste momento o chef executivo de vários restaurantes do grupo El Barri Adrià (onde se inclui os estrelados Tickets, Hoja Santa ou Pakta, entre outros). Neste momento, Albert Adrià parece estar para Barcelona como José Avillez está para Lisboa, ou não tivesse o português bebido muitas influências dos irmãos Adrià aquando a sua passagem pelo El Bulli em 2006. Ambos detêm vários restaurantes na cidade onde trabalham e todos os seus restaurantes estão confinados numa única zona geográfica dentro da cidade. Se Avillez é o rei do Chiado, Albert Adrià tem todos os seus restaurantes perto da Plaça de Espanya (não sei exactamente o nome da zona). Claro que tentei marcar para o Tickets, mas a sua logística de abrir as reservas para o dia X exactamente 2 meses antes não ajudou e não consegui mesa. Por algum descuido, mas também para não ter restrições a nível de organização dos dias (só o Tickets me iria fazer ter essa condicionante), acabei por não marcar para qualquer outro do grupo Adrià, tentando a minha sorte na Bodega 1900. Como já devem calcular, pelo título do post, foi uma tentativa infrutífera, tendo acabado por ir jantar ao supracitado Mussol Arenas, que me tinha sido recomendado por alguém que vive na cidade. Então porquê todo este texto sobre a família Adrià? Porque são um marco na gastronomia catalã e, como tal, merecem ser referenciados sempre que possível.
Apesar do restaurante se encontrar num Centro Comercial, construído numa antiga Praça de Touros, o nível onde se encontra faz com que não se sinta qualquer ambiente de food court comercial. No topo do edifício, quase como se de um terraço se tratasse, encontram-se vários restaurantes com espaço própria, tendo alguns uma excelente e privilegiada vista para o Monte Montjuïc e a sua Fonte Mágica.
O Mussol Arenas apresenta uma ementa bastante variada e interessante, não sendo totalmente virada para tapas e apresentando alguns pratos de carne bastante apetitosos, mas o nosso apetite era o de tapear algo para depois podermos observar o espectáculo da Fonte Mágica através do parapeito do próprio "terraço". E, para começar a picar algo, umas boas Azeitonas, de 4 ou 5 variedades diferentes, e bem temperadas.


Excelentes os Cogumelos Recheados com Queijo de Cabra e Escalivada, uma espécie de ratatouille catalão, onde os vegetais (maioritariamente pimentos e beringela) são grelhados. A combinação é um sucesso com o forte sabor dos cogumelos a ser ajudado pelo fumado da escalivada e o queijo de cabra a dar aquele toque salgado essencial. Para um pouco de frescura, um ligeiro apontamento de manjericão.


Não podia faltar o Pão com Tomate, também executado com o catalão Pão de Coca, mas aqui algo a chegar-se ao queimado. De resto, a simplicidade do costume e os sabores excelentes como em qualquer outro lado.


Os Ovos Rotos com Presunto Ibérico de Bolota estavam muito bons, principalmente pela sempre suprema qualidade do presunto apresentado, mas as batatas fritas poderiam ser bem melhores.


As Batatas Bravas tinham algumas falhas. Não me importo que se sirvam as batatas em gomos, e até podem ser grandes mas então as batatas terão que cozinhar mais tempo senão ficam ainda encruadas por dentro (como era o caso). Pena também o seu nível de picante ser bastante baixo, parecendo mais umas batatas mansas que bravas.


Há aqui uma variedade de pratos pedidos que são recorrentes entre vários restaurantes porque são algumas das nossas coisas favoritas em Espanha e que não são fáceis de encontrar bem feitos em Portugal. Os Croquetes de Presunto Ibérico de Bolota do Mussol foram, infelizmente, os menos bons que já comi. Fritura algo desastrada, a chegarem à mesa com excesso de óleo e com alguns exemplares a abrirem já. O recheio é sempre bom e consistente, ainda que já tenha experimentado melhor.


As sobremesas também estiveram a um nível bastante aceitável com principal destaque para o Carpaccio de Ananás com Mousse de Crema Catalana. Bons contrastes de acidez e doçura com a hortelã a darem um novo nível bastante interessante.


Menos surpreendente e a um nível mais baixo, a Tarte Tatin Fria de Pêra com Gelado de Violeta e Chocolate Branco. Textura da fatia de Tarte Tatin demasiado gelatinosa mas com um decente sabor a pêra a combinar bem com o sabor mais floral do gelado.


Não sendo um sítio fantástico não deixa de ser uma boa opção para jantar. Talvez até menos para tapas e mais para a restante ementa existente. Tem ainda a mais valia da localização fantástica para quem quiser assistir ao espectáculo da Fonte Mágica.

Mussol Arenas
Barcelona, Espanha
Preço Médio: < 30 €
Data da Visita: 21 de Junho 2017

quarta-feira, 19 de julho de 2017

La Paradeta - Passeig de Gràcia (Barcelona)

Um dos muitos sítios que me recomendaram em Barcelona (e, mais uma vez, obrigado a todos os que me deram recomendações) foi o La Paradeta do bairro de Born. Claro que todas as recomendações acabaram por levar alguma pesquisa da minha parte, até para conseguir obter informações de datas de encerramento, preços, etc. Foi nesse momento que cheguei à conclusão que este La Paradeta tem 7 restaurantes espalhados por toda a zona de Barcelona e apresenta um conceito muito engraçado.
O que mais me atraiu nestes restaurantes foi, sem dúvida, o seu conceito. Estamos perante uma marisqueira self-service, com bons níveis de crítica pelas plataformas habituais (TripAdvisor e Yelp) e que parece apresentar uma relação qualidade-preço bastante apelativa. Apesar de não ter conseguido ir à de Born, visitei a que se encontra perto do Passeig de Gràcia, zona onde estava hospedado.
Quando digo que é uma marisqueira self-service, é mesmo a sério. Entramos e deparamo-nos com uma montra de peixe e marisco fresco, quase tudo com excelente aspecto (apenas a peça de atum que lá estava não convenceu). Daí, escolhemos o que queremos e o seu modo de confecção, dentro das possibilidades existentes, sendo que as opções estão limitadas (normalmente) a 1 ou 2 métodos de confecção pré-definidos. Os produtos escolhidos são pesados, é anotada a confecção, dão-nos um recibo com um número e as nossas escolhas são encaminhadas para a cozinha enquanto nós passamos para a 2ª fase. Ao balcão, e já com um tabuleiro, escolhemos o que queremos beber e pagamos. A seguir, vamos para a sala, bem decorada com apontamentos marítimos, e escolhemos uma mesa das que estiverem livres. Recomendo que escolham uma mesa que seja próxima da cozinha... já vão perceber porquê.
Lembram-se do recibo com um número que recebemos? Pois bem, este é o número que identifica o nosso pedido e que será comunicado pelos altifalantes para que possamos ir recolher a nossa comida. Este processo é feito item a item, logo este recibo tem que ser guardado até que todos os itens pedidos sejam riscados no recibo. A nossa escolha da mesa já foi a considerar esta logística logo ficámos na mesa mais próxima da janela para que este processo fosse o mais rápido possível.
O primeiro item a chegar à mesa foi uma Salada bastante grande (mesmo!), simpática, com tempero à parte, para ser ajustada pelos comensais, mas sem grandes apontamentos. A única questão menos boa, e algo questionável, foi a introdução do que nos pareceu casca de laranja, dando um sabor estranho ao prato. Acabou por servir bem o seu propósito de acompanhar o marisco ao longo de toda a refeição e cortando alguns sabores mais fortes.



Depois da exorbitância paga no Tapas 24 (aqui), foi de forma algo relutante que avançámos para as Puntillitas, ou Chipirones, "a la Andaluza" (fritos). Mas, aqui, o preço dos Chipirones ao quilo é mais baixo do que uma dose no Tapas 24! Existiria assim uma substancial diferença de qualidade? Não, nem por isso, pois também estes estavam bastante bem fritos. Os do Tapas 24 achei melhor temperados mas nada que justificasse a diferença abismal de preços.



Também nos fritos, escolhemos uma única lula, que foi rapidamente transformada nos famosíssimos calamares. Consistente a qualidade da fritura com este exemplar a apresentar-se ainda bastante macio.



Para terminar esta secção de fritos, uma (semi) novidade para mim, Chanquetes! Em Sevilha tinha experimentado um prato onde incluía estes minúsculos peixinhos fritos (aqui), desta vez experimentei-os numa prestação a solo. Devido à sua pequena estatura a verdade é que absorveram em excessivo o sabor do óleo, não apresentando nenhum sabor muito acentuado para além deste. Muito menos deslumbrante que a Chanquetada experimentada mas ainda assim simpático.



No campo das miniaturas, mas fugindo aos fritos, há também disponíveis Pulpitos, pequenos polvos, que aqui foram cozinhados "a la Plancha", ou seja, na chapa. Não sendo particularmente intensos no seu sabor, ficam bastante melhores quando levemente molhados no molho de ervas que estava presente no prato.



A única "desilusão" da noite foram as Gambas a la Plancha. Ainda que cozinhadas no ponto certo, esperava sabores mais acentuada, tendo as mesmas sido apenas levemente grelhadas na grelha sem grande mão no que a temperos refere. Ainda que o molho de ervas, o mesmo dos polvos, ajudasse um pouco, não se tornou nada de memorável.




No final, resta juntar os pratos todos e entregar numa janela específica para a recolha de loiça suja. Como vêem, a ausência de grande logística de empregados de sala ajuda a baixar os preços, tornando os preços desta marisqueira bastante competitivos e mais baixos do que a realidade da maior parte dos lugares. Claro que se optarmos por marisco mais "nobre" o preço poderá subir bastante mas é um local fantástico para comer bons petiscos marítimos a preços bastante justos.

La Paradeta
Carrer del Consell de Cent, 318
Barcelona, Espanha
Foodspotting
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Preço Médio: < 20 €
Data da Visita: 20 de Junho 2017

terça-feira, 18 de julho de 2017

Tapas 24 (Barcelona)

Carles Abellán é um dos nomes que mais vezes me surgiu em pesquisas por restaurantes de Barcelona. Não tanto pelo restaurante com o nome do próprio mas principalmente quando se listava alguns dos melhores restaurantes de tapas em Barcelona! Cheguei a ver até comparações entre este Tapas 24 e o Cantinho de José Avillez, como restaurante de qualidade mas com preços acessíveis de chefs com ambições Michelin. Sendo próximo da zona onde estava hospedado, e onde por uma questão de logística acabei por fazer a maior parte das minhas refeições, tive que o incluir na lista.
Não tinha a certeza de como seriam os meus dias em Barcelona por isso não reservei nenhum restaurante, tendo procurado antes ter escolha em várias localizações onde calculei que me pudesse encontrar. Como tal, quando me dirigi ao Tapas 24, a fila era algo extensa mas estava de férias e ainda aconchegado dos churros do lanche por isso não me importei de esperar cerca de 30 minutos para conseguir dois lugares num local privilegiado, ao balcão juntos à janela da cozinha, onde pudemos ir cuscando toda a acção que ia acontecendo numa cozinha bem mais pequena do que esperava.
A ementa é composta maioritariamente por clássicas tapas espanholas, havendo ainda uma ementa do dia que aparenta demonstrar um maior nível de criatividade mas com valores bastante mais elevados que a carta fixa.
Como já disse noutro post, a zona da Catalunha não é conhecida pelas suas tapas, mas ainda assim a maior parte dos restaurantes que vemos abordam esta gastronomia tradicional espanhola. Mas não deixa de haver em Barcelona algumas tapas típicas, como esta Bomba de la Barceloneta, que mais não é que uma bola panada de puré de batata com carne picada e um bem condimentado molho. 


Excelentes também os Croquetes de Presunto Ibérico do Tapas 24. Cremosos, como manda a tradição, mas de intenso e fantástico sabor a presunto.


Não podia faltar o Pão com Tomate, como é óbvio! Aqui, numa versão fantástica onde utilizam pão de coca torrado, um tipo de pão tradicional na zona, bastante melhor que as sobrevalorizadas baguetes. De resto, a receita é simples: tomate maduro, bom azeite e sal. Não há como falhar.


Penso que a nível geral esta tenha sido a melhor refeição que fiz em Barcelona. Nada falhou, fosse nos pratos mais tradicionais, fosse em interpretações mais modernas de Carles Abellán, como testemunhámos nesta fantástica Salada Russa. Foge da típica salada russa com o uso de azeitona ou alguns pickles mas ganha em vivacidade e multiplicidade de sabores.


Não tínhamos visto as Puntillitas, ou Chipirones, na ementa mas dada a proximidade da cozinha conseguimos descortinar uma dose destes fantásticos e pequenos moluscos. O único problema? O preço exorbitante (21€) cobrado por uma dose que não era assim tão grande...


Uma das secções da ementa do Tapas 24 é exclusivamente dedicado aos Ovos Rotos, com cerca de 5 variedades diferentes de enchidos que podemos pedir para complementar o prato. Neste caso, optámos por pedir com Butifarra del Perol, um enchido de porco típico da Catalunha que tinha bastante curiosidade em experimentar. Todos os componentes do prato muito bons, mas o destaque vai mesmo para as batatas que se mostraram impecáveis. Não ia com expectativa nenhuma para a butifarra mas mostrou-se uma boa surpresa.


Toda a refeição esteve a um nível muito bom! Não fosse o preço exagerado das Puntillitas e acharia que o preço pago tinha sido mais do que justo pela qualidade apresentada.

Tapas 24
Barcelona, Espanha
Preço Médio: < 30 €
Data da Visita: 19 de Junho 2017

segunda-feira, 17 de julho de 2017

Curtas #17: Xurreria Banys Nous (Barcelona)

Sou um fã de Anthony Bourdain. Praticamente tudo o que o senhor produz eu vejo! Acho que ele tem, na verdade, a melhor profissão do mundo, tal como o próprio admite, ainda que não seja tudo um mar de rosas. Mas o que acho realmente fantástico é a procura de autenticidade que ele faz em cada sítio onde vai. Com a minha ida a Barcelona e o consequente trabalho de casa que fiz, descobri que no site do seu actual Programa, Parts Unknown, existem alguns episódios sobre o seu regresso à Catalunha. Claro que fui logo ver tudo e sacar mais algumas referências gastronómicas da cidade de Barcelona!
Uma delas, e a única pela qual passei, foi a Xurreria na Carrer dels Banys Nous, no Bairro Gótico de Barcelona. O passeio pelo bairro é mais do que obrigatório, por isso nada melhor que parar a meio e "restabelecer forças". Ainda estou meio chocado com a minha experiência de churros ao pequeno-almoço (aqui) por isso esta pausa foi feita a meio da tarde. Pensei que fosse encontrar um sítio superlotado de pessoas, mesmo que estes vídeos não tenham passado no programa da CNN mas apenas estejam disponíveis no site, mas encontrei uma pequena loja deserta.
Estávamos a meio da tarde com temperaturas acima dos 30 graus e percebo que a injecção de açúcar que os churros proporcionam não é a coisa mais apelativa, mas ainda assim tenho que dar a mão à palmatória e admitir que me souberam pela vida.
Impressionante qualidade na massa e respectiva fritura, nos dois tipos experimentados, polvilhados quanto baste com mais açúcar. Para terminar a bomba calórica e a injecção de diabetes imediata, um dos tipos que pedimos era recheado com doce de leite. Diria que isto poderia ser algo enjoativo mas a verdade é que se torna extremamente viciante!




Se estiverem por Barcelona, vão lá! A sério! É impressionantemente bom e eu nem sou grande fã de doces!

Xurreria Banys Nous
Carrer dels Banys Nous, 8
Barcelona, Espanha
Foodspotting
Preço Médio: < 10 €
Data da Visita: 19 de Junho 2017