sábado, 29 de novembro de 2014

SushiCafé Oeiras Parque (Oeiras)

O grupo SushiCafé não é uma referência desconhecida quando falamos sobre os melhores restaurantes de sushi na área de Lisboa, mas nunca tinha tido a oportunidade de visitar os seus dois espaços existentes (não estou a contabilizar os seus Sushi Corners), um perto da Avenida da Liberdade e outro no Centro Comercial das Amoreiras.
Mas "se Maomé não vai à montanha, vem a montanha a Maomé" e, para minha felicidade e sorte, abriu um SushiCafé perto da minha zona de residência, no Centro Comercial Oeiras Parque. E esta oportunidade não se podia deixar passar, mais por sugestão da minha cara-metade (e igual glutona quando a sushi se refere) do que por minha sugestão, decidimos investigar este espaço num almoço durante a semana. 
Para restaurante de centro comercial até está bastante apelativo, com um open space contendo uma ilha com balcão, onde podemos apreciar a nossa comida e a dos outros enquanto esta é preparada, e uma zona de mesas mais reservada. O único problema são os bancos comuns a ambas as zonas que não se revelam muito confortáveis.
Sentámo-nos ao balcão, junto à "montra" de peixe, e rapidamente ficámos surpreendidos com a variedade demonstrada, chegando a um total de 6 tipos de peixe (Atum, Salmão, Peixe-Manteiga, Robalo, Carapau e Encharéu), 1 molusco (Polvo) e 1 bivalve (Vieira). Na ementa, várias propostas interessantes, não só de sushi, onde há peças de fusão e peças mais tradicionais, mas também nos pratos quentes, deixando uma grande curiosidade de voltar a este estabelecimento para experimentar esta secção do menu.
Mas esta refeição era para comer sushi e foi isso mesmo que pedimos, começando por uns gunkans de fusão. O Tartar Gunkan revela-se menos surpreendente e a Batata Doce Crocante acrescenta bastante textura mas pouco sabor a uma peça já de si completa. Mesmo sem que este componente se destacasse muito, revelou-se uma peça de frescura exemplar mas de tamanho exagerado, pois só com alguma dificuldade consegui comer a peça de uma só vez.


Mas para verdadeira fusão, o pedido obrigatório é este Gunkan Suzuki, com Robalo, Pancetta e Cebola Frita. Uma verdadeira maravilha, com a gordura da pancetta a encher-nos a boca de sabor e a contrabalançar bem com a doçura da cebola. O peixe, escondido atrás da fatia de pancetta, acaba por brilhar ainda mais enquanto a gordura da pancetta parece fazer sobressair o sabor delicado do robalo. Um delicioso Surf & Turf em forma de sushi.


Tentando experimentar uma maior variedade de peixe, pedimos o combinado Sushi to Sashimi. Infelizmente, este combinado parece que está preparado para apenas 1 pessoa, pois os nigiris são todos de diferentes variedades de peixe, não permitindo que duas pessoas partilhem este combinado e tenham a mesma experiência. Exceptuando isso, fantástico peixe e óptimo arroz. Eclipsou totalmente um tradicional maki de pepino e meteu no bolso um uramaki de salmão, manga e pepino que nada de novo trouxe à mesa, apenas confirmando a qualidade do peixe e do arroz. Mas o melhor neste prato foi o sashimi, de corte um pouco mais grosso do que o habitual, acabando este factor por destacar ainda mais a textura do peixe, que se desfazia na boca.


E como o sashimi foi aquilo que mais nos satisfez, nada melhor que acabar a refeição com um combinado só de sashimi! O combinado Kisetsu trouxe atum, encharéu, salmão, vieira, robalo, polvo e ainda wakame com ikura (ovas de salmão). Exceptuando o polvo, de textura borrachosa e difícil de mastigar, tudo o resto é irrepreensível. As vieiras foram uma boa surpresa pela cremosidade da sua natureza crua e este açoriano encharéu encheu-me as medidas.


Não é um restaurante barato, mas ainda assim acabei a refeição meio deslumbrado pela qualidade do que tinha comido, tanto na facção fusão como na tradicional. O uso da pancetta foi algo inovador para mim e fez-me feliz (porque o bacon torna tudo melhor, não é?) mas a estrela da refeição foi o sashimi experimentado.
Um restaurante capaz de satisfazer todos, dos amantes de sushi de fusão, passando pelos tradicionalistas, aos que nem sushi comem.

SushiCafé Oeiras Parque
Oeiras, Portugal
Preço Médio: < 40 €

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

The Meating (Chiado)

Este texto foi escrito há algum tempo e, na altura, o restaurante The Meating ainda se encontrava aberto. Decidi publicá-lo na mesma pois este é um conceito de restaurante americano que quase não existe em Lisboa, excepção feita ao Joe's Shack, no Mercado de Campo de Ourique. O Harlem não aprofunda tanto, aproximando o seu menu mais da Soul Food, e os diners americanos acabam por estar mais focados nos hambúrgueres do que no conceito de "American Barbecue".
Acho que é um mercado que tem muito por explorar em Portugal. Afinal de contas, quantos de nós não salivámos já a ver imagens como esta?

Franklin Barbecue - Link Original
Lisboa tem algumas opções (algumas de qualidade, outras não) de "diner" americano, mas faltava-lhe algo que conseguisse replicar e identificar-se pelo Barbecue à Americana. O The Meating é a resposta a quem se salivava a ver as imagens do Franklin Barbecue e sonhava com uma casa parecida em Lisboa. Eu disse parecida, e é só isso que o The Meating é. É um projecto de restaurante, que me parece ter bastante potencial, mas ainda não é aquilo que penso ser o verdadeiro barbecue, como vemos em tantos filmes, séries e afins.
A primeira vez que olhei para a carta do The Meating, comecei imediatamente a salivar, imaginando e revendo mentalmente as imagens que tantas vezes vi, com carne ultra temperada, fumada durante horas e a desfazer-se ao toque. Por querermos experimentar mais do que uma das especialidades, pedimos um Dá Para Dois, Três ou Quatro.
Dizer que dá para dois eu aceito, três ou quatro é exagerado, a não ser que essas pessoas peçam mais pratos para partilhar. Mas, felizmente, éramos só dois, num almoço tardio, em que fomos bem recebidos ainda que já não fossem horas normais de almoço e achámos que ficaríamos bem com uma "tábua XL".
Esta tábua consiste nuns bons Aros de Cebola, bastante consistentes a nível de fritura e umas Batatas Fritas médias e com ar pouco caseiro, mas que deram para satisfazer a fome.


Mas a verdadeira curiosidade era a qualidade das Asas de Frango BBQ e do Entrecosto BBQ. E, se em relação à forma como a carne era cozinhada, não saí desiludido pois a carne era realmente muito macia e a libertar-se facilmente dos ossos, no que respeita ao sabor penso que coloquei as minhas expectativas demasiado altas.
A carne é boa e apresenta uma boa caramelização, principalmente no entrecosto, mas ultrapassada a crosta criada pelo molho, o resto da carne apresenta um sabor muito uniforme, acabando por ser bom mas não fantástico.
Já as asas de frango, são suculentas mas têm pouco de estaladiço e crocante, que é o que está descrito no menu.


Para terminar a refeição com um pequeno doce, experimentámos a Mousse de Lima, que de mousse pouco tinha. Nada cremosa, de consistência bastante sólida e a deixar-nos desiludidos com a sobremesa pedida.


Acabo por culpar mais a pessoa que escreveu a ementa e a descrição dos pratos, que promete mais do que cumpre, reflectindo-se no restaurante pelas expectativas criadas. Tem potencial e merece que esse potencial seja explorado com um aperfeiçoamento dos pratos.

The Meating
Lisboa, Portugal
Preço Médio: < 20 €

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Arigato SushiHouse (Parque das Nações)

Desde que comecei a falar na minha tentativa de encontrar o melhor All You Can Eat, tenho ouvido falar bastante do Arigato SushiArena, no Campo Pequeno, como um dos melhores a nível da relação triangular qualidade/diversidade/preço. Infelizmente ainda não foi desta que lá fui, mas numa passagem fugidia até à margem Sul, decidi parar no seu irmão no Parque das Nações, de forma a testemunhar a qualidade standard que esta "marca" apresenta. E não saí desiludido.
Ao almoço, o serviço All You Can Eat é disponibilizado numa versão Buffet com uma fila organizada para que, por ordem de chegada, os clientes possam passar por todas as ofertas disponibilizadas, ofertas essas que raramente se deixam ficar de prato vazio, pois um dos empregados está constantemente a avisar os sushimen quais as peças que estão a acabar, para que rapidamente possam ser repostas.
No meio da (muito) variada oferta do buffet, um Shot de Gaspacho. Refrescante sem ser fantástico e não percebo muito bem qual a sua necessidade de existência junto às peças de sushi, mas a acidez do gaspacho ajudou a limpar o palato para aquele que seria o início de uma bela refeição.


É difícil descrever todas as variedades de peças disponíveis neste buffet, pois dispõe de uma variedade quase (será mesmo só quase?) inigualável para um menu All You Can Eat, todas com uma qualidade acima da média, com um bom arroz, tanto a nível de sabor como de cozedura, apesar de estar um pouco pegajoso demais. Existem várias peças que merecem um destaque especial, tanto pelo facto de ser diferente do habitualmente visto em menus com este regime, como pela qualidade da peça:
- Sashimi de Espadarte, fresco e usando um tipo de peixe que nunca tinha provado em sashimi
- Sashimi de Dourada (pareceu-me dourada mas não tenho a certeza), que era marinado numa espécie de cebolada
- Sashimi de Peixe Manteiga, a desfazer-se na boca e algo do qual sou um grande fã
- Uramaki de Salmão e Queijo Filadélia com Arroz com Tinta de Choco, apesar de não ser surpreendente o sabor, achei piada ao uso da tinta de choco no arroz
- Uramaki e Nigiri de Pele de Salmão Grelhada, algo que facilmente encontramos noutros restaurantes de sushi mas que não deixa de ser um dos meus favoritos
- Nigiri de Rábano Japonês em Pickle, um ingrediente que nunca tinha experimentado e de que gostei bastante



Existem mais propostas acima da média mas estas foram aquelas que memorizei e interiorizei melhor. Existe ainda uma secção com alguns itens cozinhados, suponho que para satisfazer aqueles que não sejam adeptos do sushi, apresentando algumas coisas como Polvo à Lagareiro ou Batata-Doce em Tempura.
Fiquei curioso em conhecer o espaço do Campo Pequeno, tanto ao almoço em buffet como ao jantar em rodízio, e de conhecer o menu de degustação deste espaço no Parque das Nações. Não é, para mim, o melhor All You Can Eat, mas está bastante perto, principalmente devido à diversidade apresentada, mantendo sempre um nível de qualidade acima da média.

Arigato SushiHouse
Lisboa, Portugal
Preço Médio: < 30 €

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Come Prima (Alcântara)

Por vezes sinto-me uma pessoa mimada. Não quero com isto dizer que seja um mimado, apenas que a Zomato me mima com os convites fantásticos para experimentar restaurantes como este Come Prima. Se nunca ouviram falar no Come Prima, fiquem desde já a saber que este é um dos melhores restaurantes italianos (ou, quem sabe, o melhor) da cidade de Lisboa. Quer isto dizer que será gerido e com produtos confeccionados por italianos? Nem por isso, porque o chef Tanka Sapkota, apesar de nepalês, conhece bem a cozinha italiana e isso nota-se no respeito que ele tem pelos ingredientes.
O convite Zomato referia que iria experimentar o menu "O Melhor de Itália", mas não soube o que isto incluía, e os primeiros empregados que nos atenderam também não sabiam, acabando por nos colocar a ementa nas mãos. Acabámos por dar uma vista de olhos na ementa, e se nos fosse pedido para escolher à carta já sabíamos o que pedir, mas isso não foi necessário porque a responsável pela sala rapidamente nos veio sugerir que fossem eles a encarregar-se da escolha dos pratos, ao que nós prontamente acedemos, pois assim conseguimos perceber o verdadeiro potencial do restaurante e eles têm a hipótese de mostrar o que consideram ser os seus melhores pratos.
Enquanto o parágrafo anterior se passava, chegou o couvert, composto por um fantástico pão caseiro (a fazer lembrar uma focaccia) servido com azeite e vinagre balsâmico, uma Bruschetta con Pomodoro e Basílico (Bruschetta de Tomate e Manjericão) feita com o mesmo pão caseiro, bastante crocante e plena de sabor com o tomate cortado finamente e o manjericão a dar a dose certa de frescura, e um copo de Prosecco


Começam então a chegar os pratos do menu, todos bastante bem cadenciados, e começam-se a notar os pormenores que fazem deste restaurante um dos melhores da cidade, com o serviço cuidadoso a explicar-nos os pratos, chegando a explicar modos de confecção de certos componentes.
A primeira entrada, Funghi Ripieni (Cogumelos Recheados com Legumes e Queijo) acerta em cheio na entrada que pediria caso fosse lá comer à carta. Cogumelos frescos, cozinhados de forma perfeita, com proporção correcta de recheio em cada cogumelo e tudo com bastante sabor. Mais uma nota de distinção do serviço a oferecerem-se, sempre que necessário, para moer a pimenta preta sobre o prato na hora, cuidados estes que são retrato da tradição italiana.


A segunda entrada que pediria seria a Melanzane Alla Parmigiana (Beringelas Panadas com Tomate e Parmigiano Regiano) e foi exactamente essa a segunda entrada que nos trouxeram para a mesa, quase como se nos estivessem a ler a mente. Tinha uma ideia um bocadinho diferente do que poderia ser o prato, pois imaginava rodelas de beringela panadas, mas ainda assim as expectativas foram ultrapassadas, principalmente a nível de sabor. Fatias fininhas de beringela, onde se denotava algum sabor a pão, cobertas por molho de tomate e parmesão. Tudo fantástico, especialmente o molho de tomate. O chef faz tudo de raiz, assando os tomates antes de os pelar e triturar, juntando depois algumas ervas do seu próprio terraço. Todo este trabalho e dedicação nota-se na qualidade deste molho.


Mas não há duas sem três, e também acertaram na muche quanto ao primeiro prato principal com o Tris di Casa per Due (uma Degustação de Massas Frescas da Casa para duas pessoas) composto por (e sendo sugerido que comêssemos por esta ordem) Ravioli di Ricotta e Spinaci, Taglitatelle Della Casa e Rigatoni Alla Siciliana.
Óptimo raviolis com proporções perfeitas em tudo, desde a espessura da massa, à quantidade de recheio e balanço entre o queijo ricota e os espinafres sendo tudo bastante bem temperado, especialmente com a pimenta moída fresca que liberta e intensifica os restantes sabores. Espectacular em toda a sua simplicidade.
O tagliatelle também esteve perto da perfeição, pena estar um pouco grosso demais para o meu gosto, mas tudo o resto estava perfeito. Camarões frescos espectaculares, e em número generoso para a porção apresentada, complementados com cogumelos frescos laminados e um molho de tomate, natas e (julgo) creme de marisco que era fantástico, com um balanço perfeito e não se tornando enjoativo.
Parece que a execução de massas é realmente a grande especialidade, porque o rigatoni estava soberbo. Toda a conjugação entre as beringelas, a mozzarella e o molho de tomate (o mesmo das beringelas) equilibra-se perfeitamente. As beringelas macias a funcionarem bem com a textura da mozzarella derretida e tudo ligado pelo (não me canso de dizer) fantástico molho de tomate.
Não me lembrava de comer massas tão boas há muito tempo, se é que alguma vez comi massas tão boas. Simplesmente soberbo. Com as entradas e este primeiro prato foi-nos servido um vinho branco Quinta da Lagoalva. Bastante suave e a uma temperatura correcta, acompanhou bastante bem as entradas e as massas.


O Primi Piatti ainda tínhamos considerado e pensado, mas nada nos tinha preparado (e aos nossos estômagos) para a chegada do Secondi Piatti, Vitello Alla Milanese, felizmente numa porção reduzida. Este foi o prato que menos impressionou em toda a refeição. Sim, os medalhões de vitela branca estão a marinar de um dia para o outro em cerca de 7 ervas diferentes, todas do terraço do chef. Sim, a carne é depois cozinhada a baixa temperatura por duas horas, recozida depois só para a avivar antes de ir a panar. Carne tenra e muito saborosa. Mas o próprio empratamento, e os grelos bringidos que são servidos como acompanhamento, fazem com que considere este prato consideravelmente mais pobre que os restantes. Não é que seja mau, mas perto dos restantes pratos este é apenas bom. Para este prato, foi-nos servido um Quinta da Lagoalva, mas tinto.


Já cheios e com vontade de rebolar pela rua abaixo, vieram duas sobremesas para que pudéssemos dividir entre os dois. Não foi fácil aguentar, mas assim que nos pousaram os pratos na mesa, não conseguimos resistir a comer cada bocadinho.
O Dolce Della Casa é bastante semelhante a uma panna cotta. E se avaliarmos isto enquanto panna cotta, é muito boa. Cremosa e com um bom sabor cítrico, especialmente dado pela casca de laranja com que é cozinhado. A acompanhar, uma quantidade apropriada de frutos silvestres mornos, e mais uma clara distinção de qualidade face aos restaurantes que normalmente nos servem os frutos ainda semi-congelados.


Como é lógico, num dos melhores italianos da cidade, não poderia faltar uma das sobremesas mais emblemáticas de Itália, o Tiramisu. Bom contraste entre o doce do mascarpone e o amargo do café que envolve os palitos la reine, notando-se ainda o cacau polvilhado por cima, sendo tudo bastante bem balanceado.


No final ainda estivemos um pouco à conversa com o chef Tanka, que nos continuou a convencer que o resultado de uma refeição deste nível tinham sido muitos anos de trabalho e amor pelo produto que apresentam, confeccionando de raiz tudo o que enviam para a mesa.
Soberbo! Fantástico!
Espero lá voltar muitas vezes, principalmente quando voltarem a fazer um dos seus jantares de abertura de Parmigiano Reggiano!

Come Prima
Alcântara, Portugal
Preço Médio: < 30 €

domingo, 16 de novembro de 2014

Pho-Pu (Mouraria)

O facto de ver alguns programas televisivos sobre viagens e novas culturas, sempre me despertou uma curiosidade gigante para este tradicional prato vietnamita, o Phô! E, finalmente, abriu em Lisboa um restaurante totalmente dedicado a este prato, o Pho-Pu. A curiosidade aumentou e a oportunidade finalmente surgiu, com um jantar em companhia da dupla Onde Vamos Jantar?, sempre simpáticos, com a conversa todo o jantar a andar à volta de comida e restaurantes. E não poderia ser de outra forma, ou não fossemos todos nós aficionados de comida.
Com tanta ansiedade pela aproximação da visita, tentei informar-me o mais possível sobre o que é o prato e até da forma como o comer e fui dar a um artigo da Food Republic que nos ajuda a compreender melhor este prato e suas nuances. Mas, e o que se come mais para além desta sopa vietnamita? Não muito. A grande estrela deste restaurante é o Phô e é para comer esta especialidade que me desloquei propositadamente à zona multi-cultural do Martim Moniz.
Fizemos o pedido, decidindo ainda experimentar as diferentes entradas que completam o menu. Veio para a mesa uma generosa dose de Crepes Chineses que apesar de estaladiços e saborosos, eram de um tamanho mais reduzido que o habitual, e com pouco recheio.


A outra "entrada" pedida foram os Raviolis Fritos, uns típicos dumplings à semelhança do que podemos encontrar um pouco por toda a Ásia (e consequentemente por restaurantes asiáticos em Portugal). Mais uma generosa dose, com uma melhor proporção de recheio para a massa, e um interior saboroso. Referi "entrada" porque o Phô é algo rápido a chegar e estes dumplings já chegaram quando todos já estávamos a meio do nosso prato principal.


Mas aqui o que interessa é o Phô, essa sopa vietnamita de caldo rico e saboroso. No escaldante caldo do phô vêm fatias de carne, almôndegas, uns pequenos e deliciosos bocados de tripa, cebolinha, cebola e uma das 3 possíveis escolhas de massa que a ementa nos dá. Todos estes componentes fazem deste um prato completo e muito bom. Mas ainda não acabou!
Num prato à parte temos aquilo que torna o phô num prato mais divertido e mais pessoal. Rebentos de soja, manjericão, hortelã, lima, malagueta e molho hoisin (este só descobri depois de ler o post do Onde Vamos Jantar) que podemos usar para completar o phô à nossa medida. Podemos balancear o picante, o ácido ou até a textura (dada pelos rebentos de soja) e criarmos a nossa versão perfeita do phô. Independentemente de tudo aquilo que o phô já traz, o componente principal é o caldo, que já de base é muito bom mas que fica fantástico quando somado todos os restantes ingredientes.



E sobremesas? Não há. Café ainda se arranja mas nada mais. Mas tenham atenção aos gestos que vão fazendo para com as empregadas presentes, pois um simples levantar de mão para chamar à atenção leva com resposta um genuíno e simpático aceno. Aliás, toda a comunicação é difícil visto que o português das pessoas que lá trabalham é... inexistente! Mas faz parte da experiência e acaba por proporcionar alguns momentos divertidos.
E depois da "sopinha"? Foram jantar? Depois de duas horas à volta da mesa (e da sopa) e de muita conversa com os Onde Vamos Jantar, lá decidimos dar por terminada a refeição.
Enganem-se os que pensam que esta sopa vos vai deixar esfomeados, como pensou a minha regularmente presente e sempre gira companheira de refeição. Esta é uma tigela de tamanho XXL que vos vai deixar satisfeitos só por a conseguirem acabar!
Vale a pena sairmos da nossa zona de conforto por uma sopa? Oh sim, se vale!

Pho-Pu
Mouraria, Portugal
Preço Médio: < 10 €

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Adega das Gravatas (Carnide)

É assustador chegar à Adega das Gravatas, num almoço de domingo, sem reserva e encontrar o restaurante cheio. Mais assustador fica quando escrevemos o nome na folha de pessoas à espera e contamos 36 pessoas antes de nós. Passava pouco das 13 horas quando isto aconteceu, mas tínhamos feito uma viagem longa (com uma tentativa falhada de ir ao cozido d'A Coudelaria, sem reserva, pelo caminho) e como já andava a adiar uma ida ao Gravatas há algum tempo, decidimos ficar e esperar o tempo que fosse necessário.
Mas essa espera foi curta. As mesas pareciam rodar rapidamente e cada vez mais mesas de duas pessoas ficavam disponíveis, com o serviço a passar casos como o nosso à frente de grupos de tamanho igual ou superior a três pessoas, o que deu origem a uma espera de cerca de apenas 15 minutos. Entretanto, já tínhamos olhado para a ementa que se encontra fora do edifício e assim que nos indicaram a nossa mesa pedimos logo os pratos desejados, dispensando qualquer entrada, pois reza a fama deste estabelecimento que as doses são de tamanho XXL.
Se me surpreendeu o tempo de espera por uma mesa, também o tempo de espera pelos pratos foi surpreendente, tendo em conta que o restaurante se encontrava cheio com pessoas a entrar e a sair constantemente. Mas parece-me que aqui reside um dos segredos do Gravatas. Fazer o pedido, comer os pratos principais, pedir e comer a sobremesa, beber café e pagar não ultrapassou os 60 minutos. Com um serviço desta rapidez e qualidade, é uma casa que facilmente consegue rodar as mesas pelo menos três vezes por serviço. Apesar de rápido, nunca me senti pressionado a abandonar o restaurante ou a despachar-me a comer. Serviço rápido e simpático com casa cheia é coisa rara.
Mas vamos ao que interessa, a comida. Sendo esta a primeira visita, decidimos ir para os ex-libris da casa, o Naco na Pedra e a Açorda de Gambas. Apesar de ser fácil a escolha dos pratos, não foi fácil decidir qual o tipo de corte que desejava para o prato de carne, havendo a possibilidade de escolher entre o afamado Lombo ou a menosprezada Alcatra. Acabei por me decidir pela Alcatra, porque a acho uma carne mais saborosa e tendo quase a certeza que a qualidade da carne aqui não iria desiludir ao nível de "limpeza" da peça que me iriam apresentar. E não me enganei. Dois bons nacos de carne, com um corte perfeito, de boa altura e limpos de qualquer nervo que pudesse ser mais complicado de mastigar. Pena apenas que os acompanhamentos não acompanhem a qualidade da carne, tendo-me sido servida uma travessa com um arroz de miúdos seco ainda que saboroso, umas batatas caseiras razoáveis mas sem ser nada de memorável e uma incompreensível e altamente dispensável massa, tipo fusilli mas mais larga, com carne picada e molho de tomate.


Também a Açorda de Gambas à Gravatas é um prato memorável e mais do que recomendável neste restaurante. Boa textura e consistência, não sendo líquida demais nem sólida demais, com um sabor acentuado a alho (algo que não me incomoda nada) e uma quantidade generosa de recheio. Aliás, toda a dose era de tamanho generoso, desde o tacho ao tamanho e quantidade das próprias gambas servidas, não faltando a generosidade e acerto no nível de tempero.


Para satisfazer a necessidade de açúcar, mais da minha excelsa e giríssima companhia do que a minha, pedimos uma Tarte de Limão Merengada para dividir. Fatia de bom tamanho, base saborosa e boa lemon curd, não sendo excessivamente doce, mas acabava tudo por ser estragado pelo excesso de açúcar do merengue, sendo ainda possível sentir os grãos de açúcar do mesmo. Como isto já não bastasse para tornar o conjunto em si doce demais, ainda lhe juntam uma espécie de calda de açúcar, tornando cada garfada, que englobe todos os componentes, enjoativa.


Um clássico lisboeta que tinha na wishlist há muito tempo e que não desiludiu. Fantástica carne e uma açorda exemplar. Fica a vontade de lá regressar para experimentar o resto da ementa.

Adega das Gravatas
Carnide, Portugal
Preço Médio: < 20 €

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Sr. Frango / Mr. Chicken (Almancil)

aqui falei do Frango da Guia do Ramires mas existem várias casas pelo Algarve fora que têm neste prato a sua imagem de marca, como é o caso do Sr. Frango / Mr. Chicken, estabelecimento que se pode encontrar em Vilamoura e em Almancil. Apenas experimentei o de Almancil, por isso toda a minha opinião é baseada nesse restaurante.
Apesar de haver vários pratos, a escolha aqui é bastante lógica. Se a casa é conhecida pelo Frango no Churrasco, então é esse mesmo que quero, sabendo que passarei toda a refeição a tentar arranjar comparações com o do Ramires. É algo inevitável, principalmente quando lá estive no início de Junho (este post foi escrito e retrata uma refeição de Agosto).


Apesar de ser bom, está um bocadinho atrás do seu mais famoso exemplar (e suposto antecedente). Frango bem grelhado mas a pele pouco estaladiça e o molho menos saboroso mas quase ao nível do original. A Salada de Tomate (o acompanhamento obrigatório para este prato) bastante boa, bem temperada mas com um bocadinho de oregãos em excesso para mim. Também as batatas fritas caseiras estavam bastante boas.


A refeição foi acompanhada com a melhor imperial que bebi este Verão no Algarve. Porquê referir este facto? Apesar de, na maior parte dos sítios, se beberem boas imperiais, em quantos sítios ficamos positivamente surpreendidos com aquele primeiro gole? 
Um restaurante que, não sendo o melhor para comer Frango da Guia, é, sem dúvida, um local que está perto do topo no que toca ao mercado de restaurantes que apregoam este prato como especialidade.

Sr. Frango / Mr. Chicken
Almancil, Portugal
Preço Médio: < 20 €

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

O Devaneios esteve na TV...

...mais precisamente no Você na TV, com Manuel Luís Goucha e Cristina Ferreira! E o que fui lá fazer? Falar sobre sushi! Não sou um especialista na matéria, mas sou sem dúvida um entusiasta e um fã de sushi, e, por isso mesmo, a Zomato forneceu o meu contacto à TVI para que pudesse participar num mini debate que iriam promover sobre o tema, opondo 3 pessoas que gostam de sushi a 3 pessoas que não são apreciadoras. Para ajudar à conversa, ainda tive a oportunidade de provar algumas peças preparadas pelo Marcus Araújo, o sushiman do Coral Sushi Concept, e que estavam fantásticas!
É um tema que tem potencial para muito mais, e onde poderia haver um maior debate de ideias, tentando perceber e aprofundar melhor os porquês das pessoas não gostarem, dando a experimentar diferentes variedades e combinações. A semana passada lancei um artigo sobre este mesmo assunto (cuja leitura recomendo a amantes de sushi e não só!) e que me parece enquadrar-se perfeitamente neste debate.
Deixo-vos com o vídeo do segmento onde participei!

Foto by Coral Sushi Concept

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Musashi Sushi Fusion (São Domingos de Rana)

Se alguma vez já ouviram o nome Musashi Sushi Fusion, é provável que a primeira pergunta que façam é "Qual deles? E qual é a diferença entre os dois estabelecimentos?". Se à primeira pergunta vos consigo responder facilmente a segunda já é mais complicada. 
Este restaurante fica perto do E.Leclerc de São Domingos de Rana e não, não sei qual é a diferença entre este estabelecimento e o existente na Parede (nas costas do Pingo Doce). Apenas sei que os dois têm o mesmo nome e o mesmo logo, mas não se relacionam em mais nada. Isto faz-me alguma confusão e não percebo bem o porquê de assim ser, acabando por criar alguma confusão na cabeça dos clientes que pensam que ir a um sítio ou a outro é indiferente. 
Nunca tendo ido a nenhum deles, e apesar de ter maior curiosidade em relação ao Musashi na Parede, a escolha acabou por recair no de São Domingos de Rana apenas pelo facto de terem All You Can Eat durante a semana.
Chegando ao restaurante perto das 14 horas senti-me um pouco desencorajado por apenas se encontrarem mais 2 pessoas, mas como já passava um pouco da hora de almoço normal e a localização do espaço não me parece atrair muita gente de zonas empresariais decidi abstrair-me desse facto.


Primeiro vieram para a mesa uns Temakis simpáticos, mas é um tipo de peça que não me agrada muito pois é realmente importante a qualidade da alga (e a forma como se trabalha) para que consigamos ultrapassá-la facilmente em cada dentada, algo que aqui não aconteceu. Ainda assim, boa qualidade de arroz e de salmão.




Os rolos que se apresentaram a seguir mostraram que a qualidade do Sushi é um pouco acima da média, com um especial destaque para o rolo frito que vinha bastante estaladiço. De forma menos positiva, a apontar o facto de que falta alguma consistência na forma como os rolos são feitos, tendo visto alguns erros na proporção de ingredientes, disposição incoerente e até algum desleixo na forma como fazia os rolos. Ainda assim, algumas combinações saborosas...


O prato de Sashimi que chegou à mesa apresentava um salmão de boa qualidade, um peixe branco (que não sei identificar) que depois de cortado foi cozinhado recorrendo a um maçarico que estava bom e de algumas fatias de atum que não me convenceram. A qualidade do atum parecia-me algo duvidosa revelando uma textura áspera e que me leva a crer que não seria muito fresco.


Para acabar um rolo com abacate que trazia um molho um pouco enjoativo, que dominou todo o palato devido à quantidade apresentada. 


Em todo a refeição, o serviço pareceu-nos estranho, e por o restaurante estar tão vazio, acabámos por nos aperceber numa relação muito dominante da dona perante o sushiman que parecia não o deixar à vontade para criar o que quisesse. Esta relação também se notou aquando o pedido do último rolo em que nos sentimos algo pressionados pela veemência demonstrada para dizermos o que queríamos no rolo.
Saí do restaurante com o sentimento de que apesar de não ter sido uma má refeição, não é um espaço ao qual pense voltar brevemente nem no qual pensarei quando quiser ir a um serviço All You Can Eat...

Foodspotting
Musashi Sushi Fusion
São Domingos de Rana, Portugal
Preço Médio: < 30 €