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domingo, 11 de fevereiro de 2018

Tia Rosa (Melides)

Viagens para Norte ou Sul de Portugal são, para mim, sempre desculpas perfeitas para conhecer restaurantes a meio caminho. São viagens longas e que "obrigam" quase sempre a uma ou outra paragem, portanto porque não fazer pequenos desvios e ir conhecer aqueles restaurantes que, noutros casos, não teríamos uma oportunidade tão fácil?
Foi numa dessas viagens, para a fantástica cidade de Tavira, que resolvi fazer mais um desses desvios. Habitualmente, o ponto de paragem obrigatório é O Cruzamento (já falei sobre ele aqui), em Grândola, mas desta vez queria algo diferente. A fama da Tia Rosa em Melides é mais que muita e não é assim tão longe de Grândola... Porque não?
Entro cedo num restaurante bastante vazio mas isso não me intimida. A zona não é propriamente famosa pelo seu turismo nos meses de Inverno e o restaurante é algo remoto dos locais mais habitados da zona. Desde que a comida valha o desvio e corresponda às altas expectativas que tinha criado, nada mais importa.
As hostilidades começam com um Prato de Enchidos de Porco Preto. Estive entre esta entrada e a Alheira Assada no Forno (e o serviço não ajudou muito na decisão) por isso fui por aquele que me parecia mais adequado a uma pessoa. E lá chega o pratinho com rodelas de chouriço, chouriço de sangue e farinheira... enrolado em plástico. Daquelas técnicas de conservação de snack bar, mostrando claramente que aquele prato estava cortado e preparado há algum tempo. Porque cortar enchidos na hora é uma tarefa hercúlea. A qualidade dos mesmos não era má mas também não me excitaram as papilas gustativas por aí além.


Mas aqui a atracção principal era o Pato Assado no Forno com Arroz de Miúdos, o prato que move multidões e é alvo de peregrinações! Ok, se calhar é um pouco exagerado a parte das peregrinações mas a verdade é que é a especialidade da casa e aquele de que toda a gente fala e que dizem ser obrigatório. Estão a imaginar a expectativa com que entrei no restaurante, certo? Sentei-me estrategicamente para ter uma visão para a cozinha e conseguir observando os passos que levariam o meu prato a chegar à mesa e foi aí que começou a desilusão. Começo por ver a travessa do pato a ser aquecida num microondas e depois colocada no forno. Pelo caminho, vejo verterem um pouco de óleo também para lá.
Resultado final, quando o prato chega à mesa já estou meio desconfiado, mas tento afastar os preconceitos da minha mente. A pele é logo a primeira coisa a ser atacada e, para minha felicidade, revela-se estaladiça e saborosa. A carne já não tanto, estando o peito do pato algo seco mas todos conhecemos a dificuldade de cozinhar uma ave inteira, visto ter tão diferentes pontos de cozedura. Melhor a carne da asa, que chego a roer com as mãos. O problema está no fundo do prato com uma altura de gordura algo desnecessária e que em nada acrescenta a nível de sabor. Ainda tentei verter um pouco sobre o pato mas não adicionou nada de positivo, apenas tornou o prato desnecessariamente mais pesado. Talvez tenha adicionado às batatas que nela cozinharam mas quando as colocava no prato tentava levar o mínimo de óleo possível.


O Arroz de Miúdos era também alvo de grande expectativa. Adoro miudezas de aves, seja na canja, no arroz ou simplesmente estufados! Mas este arroz também não esteve à altura. Cozinhado em demasia, apresentando-se já um pouco empapado, a necessitar de mais sal e com aquela camada de ovo em cima que é dispensável, ainda que a nível visual seja apelativa. Se fosse uma leve pincelada percebia que ajudasse a dar cor no forno ainda passava, mas é demasiado e acaba por ser arroz com ovos mexidos por cima.


Salvou-se a honra da casa com a sobremesa. Umas belíssimas Farófias, feitas no forno, fantásticas nas suas texturas e com um doce de ovo que não era demasiado doce. Faria um desvio por estas farófias mas não pelo pato!


Não é que tenha sido uma má refeição, muito pelo contrário. Saio desiludido porque tinha as expectativas num patamar demasiado elevado. Já falei várias vezes sobre o quão perigosas são e aqui foi mais um caso em que só saio algo desanimado porque esperava muito melhor. Não me levem a mal os fãs daquele pato assado, pois acho o prato interessante e se tivesse na zona não teria problemas em lá voltar, mas não me convencem a fazer outro desvio propositado por ele. Já por aquelas farófias...

Tia Rosa
Melides, Portugal
Preço Médio: < 20 €
Data da Visita: 19 de Janeiro 2018

terça-feira, 8 de agosto de 2017

Adega do Falhão (Caparide)

A Adega do Falhão muito provavlemente passa despercebida a quem por lá passar. Não está extremamente sinalizada, notando-se apenas a existência de um toldo no meio das vivendas. Um restaurante como há muitos outros, onde em zonas residenciais nasciam pequenas tascas nas próprias vivendas, com o propósito de conseguir alimentar os restantes habitantes do bairro a preços justos.
Aqui, a ementa anda muito à volta dos grelhados mas com preços que considero um pouco mais altos que outros estabelecimentos deste tipo. A sua decoração roda à volta de um só tema, o futebol, com camisolas por todas as paredes, de vários clube e gerações! O serviço é simpático, ainda que não seja o mais expedito do mundo... Ou seja, um sítio porreiro para se juntar um grupo, comer qualquer coisa e ver o jogo que estiver a dar na TV.
Começámos as hostilidades com uma travessa de bons Enchidos, com especial destaque para a Linguiça.


O Entrecosto e a Entremeada, servido numa dose para dois bastante considerável, apresentou a carne bem grelhada, ainda que apresentando um ou outro bocado já algo esturricado, bem temperada e algo gulosa. Um prato seguro e bem executado.


O pior foi o Bife de Novilho, pedido como sempre mal passado, mas chegando à mesa bem passado e já algum tempo depois das restantes pessoas da mesa estarem servidas! Tudo neste prato ficou um pouco aquém... o ovo também podia ter estrelado um pouco menos e as batatas fritas a precisarem de mais tempo dentro do óleo! O arroz? Bem, o arroz é aquele pré-feito servido em 80% dos estabelecimentos que só servem arroz assim por uma preguiça imensurável, acabando por não dar nenhum destaque positivo mas também não prejudicando a imagem da casa se o resto dos componentes cumprirem com o esperado. E, se no entrecosto e entremeada isso aconteceu, aqui já não foi bem assim.


Como as doses são de bom tamanho, e havendo planos para um bolo de aniversário a seguir ao jantar, já não fomos às sobremesas e arrumámos assim a refeição.
Dependendo do contexto acho que pode ser um sítio engraçado para se frequentar. Se quisermos lá ir pela comida, acho que há melhor e aos mesmos preços, mas se quisermos juntar um grupo de amigos, petiscar algo e beber umas cervejas enquanto vemos a bola... então parece-me bastante mais adequado.

Adega do Falhão
Caparide, Portugal
Adega do Falhão Menu, Reviews, Photos, Location and Info - Zomato
Preço Médio: < 20 €
Data da Visita: 14 de Junho 2016

segunda-feira, 8 de maio de 2017

Adega Típica da Tala (Belas)

Acordar a um domingo a horas tardias com apetites específicos pode ser um problema. A não ser que esses apetites sejam de Cozido à Portuguesa, pois aí a resolução é simples e basta dirigir-nos à Adega Típica da Tala, um dos melhores (e mais conhecidos) locais em Lisboa para comer um excelente Cozido!
Ligamos ainda meio ensonados para saber se há mesa, ao que nos dizem que não aceitam reservas e será por ordem de chegada, mas podem já colocar o nosso nome na lista de espera. Este telefonema poupou-nos muito tempo de espera pois, quando lá chegamos passados 40 minutos, já estamos no topo da lista e somos rapidamente encaminhados para uma mesa. O restaurante está cheio e até no parque de estacionamento privado tive dificuldade em arranjar lugar. Será a fama de tal sítio justificável?
O espaço é enorme e atafulhado de pessoas e mesas, tornando as várias salas em espaços algo desconfortáveis e barulhentos, mas acaba por ser um restaurante que respira vida ao redor de mesas lotadas com famílias reunidas.
Para nos entreter enquanto esperamos pela estrela principal, comemos uns tristes Cogumelos com Bacon. Não percebo a utilização de cogumelos de lata num restaurante, seja de que nível for! Os restaurantes deveriam sempre tentar ter bons produtos e cogumelos em lata não o são! Juntar-lhes bacon torna-os menos maus (porque bacon faz tudo melhor) mas não os torna bons!


Melhor a Entrada da Casa com Bacon Grelhado, Morcela e Linguiça, com ingredientes de qualidade decente mas não fantásticos.


Fui especificamente para experimentar um único prato, por isso não sei qual a qualidade da restante ementa, mas o Cozido à Portuguesa é dos melhores que já experimentei. Não ao nível duma Coudelaria mas ainda assim muito bom e servido numa dose gigante! Excelentes carnes e óptimos enchidos são o essencial para um bom cozido e aqui preenchem esses requisitos. O único problema que encontrei foi no arroz, servido branco em vez de cozinhado no caldo do cozido!



Já não chegámos à sobremesa, tendo até sobrado alguma comida, mas caso o meu estômago tivesse mais espaço seria para conseguir acabar este fantástico Cozido!

Adega Típica da Tala
Belas, Portugal
Adega Típica da Tala Menu, Reviews, Photos, Location and Info - Zomato
Preço Médio: < 20 €
Data da Visita: 28 de Fevereiro 2016

domingo, 5 de fevereiro de 2017

A Curva (Caxias)

Há restaurantes que não tenho bem noção qual o primeiro contacto que tive com eles. Surgiram nalgum momento que não me recordo, cativaram e entraram na minha lista como referência a visitar. De vez em quando acabam por cair no esquecimento e ficam perdidos numa infinidade de referências gastronómicas em Portugal, mas A Curva foi-me sempre ficando na memória como algo a visitar brevemente, pelo tipo de comida, proximidade a casa e preços praticados. 
De fora, é um restaurante que passa completamente despercebido. Já tinha passado naquela rua várias vezes e nunca me tinha apercebido que existia ali algo interessante. Até entrar esperava encontrar um tasco com balcão de metal, copos de três e outros clichés tasqueiros afins. Mas enganei-me e ao passar a porta entro numa casa bonita, bem iluminada e com engraçados toques decorativos a puxar a temática alentejana que caracteriza este restaurante.
As hostilidades nem começam muito bem com o pão, para mim um dos grandes representantes da cultura gastronómica alentejana, a ser de qualidade mediana, tal como os torresmos que apesar do bom sabor, faltava-lhes a textura estaladiça que aprecio.
Já a Salada de Ovas foi servida numa dose generosa e de bom tempero, numa versão mais aproximada ao escabeche do que a tradicional salada de ovas.


Como bom restaurante alentejano, as doses são realmente bem servidas, como é prova a dose (para 2) de Migas Alentejanas com Espargos, Entrecosto Frito e Enchidos, que deu para duas pessoas jantarem e ainda trouxe para o meu almoço do dia seguinte. Excelentes migas e excelentes enchidos, só a carne não era fantástica ainda que fosse bastante boa, mas estava um pouco seca. 


Já cheios e a abarrotar, mas a precisar de algum aconchego doceiro, aceitámos a sugestão do Bolo Conde de Alcáçova, uma sobremesa menos doce que as restantes opções (que andam à volta de Encharcada, Pão de Rala e outros nomes típicos das fantástica sobremesas conventuais alentejanas). Boa crosta e um recheio de bolo bem equilibrado e integrando doce de chila e amêndoa.


Um bom restaurante e uma agradável descoberta em Caxias, com comida agradável e a bons preços.

A Curva
Caxias, Portugal
A Curva Menu, Reviews, Photos, Location and Info - Zomato
Preço Médio: < 20 €
Data da Visita: 26 de Janeiro 2017

segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

O Crispim (Fátima)

É raro sair das redondezas de Lisboa, o que é uma pena quando existe todo um mundo gastronómico para conhecer em Portugal. Somos, provavelmente, o país do mundo com a gastronomia mais rica e diversificada. É pena, também, que não saibamos vender esta diversidade maravilhosa para o resto do mundo, acabando sempre por passar que somos um povo que come bacalhau e sardinhas. Não é mentira, visto termos mais de 1000 receitas de bacalhau e as melhores sardinhas do mundo (tal como no futebol, também no campeonato das sardinhas temos os melhores do mundo), mas torna-se limitativo para o que realmente fazemos, um pouco por todo o país. Bem, mas estou-me a dispersar...
A caminho da cidade invicta, decidiu-se fazer uma paragem gastronómica por um dos restaurantes mais conhecidos de Fátima, O Crispim. Casa de boa reputação, e onde fui com alguém que já conhecia a casa, fomos tratados de forma exemplar e tivemos uma refeição fantástica.
A partida foi dada por uns fantásticos Enchidos (Chouriço e Morcela), que foram rapidamente deglutidos pela pressão estomacal que se fazia representar em três esfomeados comensais.


Foi uma refeição exclusivamente carnívora, não porque não haja pratos de peixe, mas porque estávamos mais virados para estes apetites nesta noite. E nada melhor para satisfazer apetites carnívoros que uma fantástica Costeleta de Vitela Mirandesa, de uma altura considerável, tempero adequado e temperatura acertada.


E se a grelha é boa, não há como falhar ao pedir o óptimo Entrecosto de Porco Preto, com a carne perfeitamente grelhada e a soltar-se facilmente do osso.


Mas os "ossos" não se ficaram por aqui e ainda se devorou de forma avassaladora um dos pratos tradicionais da zona de Ourém (fonte), a Friginada de Entrecosto. Carne bastante apurada e a desfazer-se ao toque, num daqueles pratos reconfortantes e de que falava no início.


Para terminar, um Cheesecake de Morango bastante aceitável, onde me pareceu que não foram utilizadas natas (e ainda bem!).


Um restaurante "da terra", como não se encontra nas zonas cosmopolitas, com pratos honestos e simples, sabores apurados e a preços justos e que vale bem o desvio a quem se encontre perto de Fátima.

O Crispim
Fátima, Portugal
Preço Médio: < 30 €
Data da Visita: 4 de Dezembro 2015

quarta-feira, 27 de julho de 2016

De Castro Elias (São Sebastião da Pedreira)

O nome do Chef Miguel Castro e Silva deve soar familiar a muitos dos portugueses. Um historial de restaurantes de renome, sempre com o foco na comida tradicional portuguesa. O De Castro Elias é um dos seus espaços mais antigos na cidade de Lisboa (talvez até o mais antigo), sendo daqueles espaços onde a ementa reflecte o foco do chefe, apostando em petiscos e pratos portugueses, com os preços dos petiscos a aparentar um nível baixo mas que acaba por corresponder ao tamanho diminuto das doses. Tenho por hábito escolher 4 petiscos para duas pessoas e aqui tive que ir aos 7 para sair satisfeito.
Lado Positivo: experimentamos mais da ementa (e esta é uma daquelas ementas onde nos apetece pedir tudo).

Lado Negativo: sai um pouco mais caro do que nos habituais restaurantes de petiscos.
Começámos com uns fantásticos Ovos de Codorniz com Chouriço, extremamente bem executados e bastante saborosos. Simples e guloso.



Também na Açorda de Cogumelos e Enchidos a execução era fantástica, com a consistência ideal e os sabores bastante bem balanceados, não havendo nada que se ofuscasse ou sobrepusesse ao outro.



Já os Peixinhos da Horta não se apresentavam tão estaladiços como seria desejável e a polme poderia também ser mais saborosa. Aqui a estrela acabou por ser a maionese de alho e limão, que pegava nuns banais peixinhos da horta e os elevava a um nível acima da média.



A fritura das Lulinhas Fritas já repôs a qualidade e justiça quanto à capacidade de fritar comida da cozinha do De Castro Elias. Pedaços estaladiços por fora, macios por dentro, cheios de sabor e sem um pingo de excesso de gordura.



Um verdadeiro clássico de Miguel Castro e Silva são as suas fantástica Iscas do Cachaço do Bacalhau, com umas lascas perfeitas, no sabor e na textura, ajudadas por um polme saboroso e leve. Não se deixem enganar pelo nome, pois as iscas de bacalhau são um parente aproximado das pataniscas, e nada têm de relacionado com fígado.



Os Ovos Mexidos com Enchidos e Pão Frito (há aqui uma tendência grande para o uso de enchidos, mas quem sou eu para me queixar disso?) não desiludem e apresentam-se húmidos, contrastando com a textura do pão frito.



As Mini-Francesinhas são, adivinhem lá, mesmo mini! O pão é simpático e o seu interior é bastante interessante, ainda que mais contido do que estamos habituados a ver nas francesinhas tradicionais. Carne assada, macia e a transbordar de sabor, cortada grosseiramente e ajudada pelo sabor de um chouriço de óptima qualidade. O queijo cumpria o seu dever de encasacar tudo mas a (mini) estrela é o molho. Leve mas cheio de sabor ao mesmo tempo e com aquele picantezinho agradável.




A qualidade da comida é muito boa, e os preços podem parecer desajustados para as quantidades, mas a qualidade paga-se e este De Castro Elias está acima da maior parte dos restaurantes de petiscos.

De Castro Elias
Lisboa, Portugal
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Preço Médio: < 30 €

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

SOCIEDADE (Parede)

Uma das melhores refeições do ano de 2015, num restaurante que me vinha aguçando a curiosidade desde a sua abertura, em Novembro de 2014. A SOCIEDADE (assim mesmo com o nome totalmente capitalizado) é um renovado restaurante na SMUP (Sociedade Musical União Paredense), que promete sabores portugueses com um twist. Adoro reinvenções de pratos e sabores clássicos, portanto fiquei automaticamente curioso com o conceito.
Mas já muitos conceitos me fizeram perder de amores apenas para depois me deixarem de coração partido com altas expectativas. A entrada no restaurante é feita com sorrisos, gestos e palavras simpáticas. Algo que se estende ao longo do tempo como se de clientes habituais nos tratássemos. E foi assim que nos sentimos durante todo o jantar, com o serviço a fazer-me apaixonar-me pela casa e pelo espaço. Ah, já vos falei da ementa? Babei-me, sobre a folha que nos foi entregue, durante todo o longo e penoso processo de selecção. Por mim, vinha tudo! Caso se sintam neste labirinto amoroso, entreguem-se ao serviço e deixem-se levar pelo que vos poderá ser proposto.



Com o couvert, um pão cortado com uma grossura milimétrica e dois tipos de manteiga (cabra e ovelha), é colocado na mesa um Queijo Fresco e Azeite impecável e um prato de Enchidos de Porco Preto e Não Só cortados tão finos que se conseguiam ver à transparência. A delicadeza de um excelente queijo fresco regado de um azeite também de bom nível abrem as hostilidades para uns enchidos que fazem as delícias do meu palato. Sempre ouvi dizer que um homem se conquistava pela barriga, e eu já não precisava de muito mais do que isto para ficar rendido. Mas a refeição ainda agora tinha começado...




A fome neste jantar não era muita (também não pode ser sempre a alarvar, não é?) por isso optámos por pedir 2 petiscos e 2 pratos para dividirmos por 3 adultos e 1 criança. Reparámos depois que as doses de petiscos são de tamanho generoso, daí o preço geral dos petiscos (rondam os 8€, se não me engano) ser mais alto do que estamos habituados. Claro que a qualidade deste SOCIEDADE também é mais alta do que estamos habituados.
Começámos por um Escabeche de Pato muito bom, com uma quantidade invejável da dita ave, e sem qualquer excesso de gordura. A cebola acrescenta-lhe pormenores adocicados, parecendo-me ainda reparar numa ligeira nota cítrica na preparação do prato. Talvez um pouco mais de acidez pudesse ajudar o prato a brilhar ainda mais mas nada de grave.



O segundo petisco escolhido foram uns fantásticos e gulosos Cogumelos, Pancetta e Queijo Emmental, um twist genial nos típicos cogumelos salteados com a adição do emmental a funcionar na perfeição neste típico petisco. Apenas a quantidade de pancetta era algo escassa, acabando por se esconder atrás do sabor dos cogumelos e do queijo. Apesar de o prato ser excelente com os cogumelos paris (Agaricus Bisporus), cada vez sou mais adepto da utilização de cogumelos diferentes e acredito que ajudaria a dar mais "encanto" a este prato. Transforma o sabor dos pratos, confere diferentes texturas, etc.



Muito acima da média estava também o Leitão, Batata-Doce e Abacaxi. Um belo "naco" deste jovem suíno, com a carne muito macia e a desfazer-se na boca, mas a pele poderia estar mais tostada e mais estaladiça. A combinação original do abacaxi com o leitão funciona e surpreende-nos o palato. Acompanha com umas boas chips de batata-doce. Por esta altura já andava a suspirar alto e a pensar que teria que vir a este restaurante mais vezes, mas a refeição ainda nem tinha acabado.



Faltava ainda o prato da noite. Aquele pelo qual me rendi, me ajoelhei, me lambi e que fiquei a desejar mais, as Bochechas de Porco Preto, Pão e Tomate (adoro estes nomes com só 2 ou 3 ingredientes e que nos deixam curiosos com o que será). Estas foram, sem dúvidas ou segundos pensamentos, das melhores bochechas que já comi! Desfiavam-se imediatamente ainda nós estávamos a tentar dividi-las pelos pratos. O seu sabor enchia-nos a boca, mostrando-se relutante a abandonar-nos o palato e a mente. Umas óptimas migas de tomate ajudavam a tornar este prato mais rústico do que sofisticado. O único elemento que dispensava no prato era uma espécie de ratatouille que, apesar de perceber a sua ideia, não me pareceu minimamente necessário para dar vida a um prato que está perto da imortalidade.



Para terminar uma refeição fantástica, e para saber se as sobremesas estariam ao nível de tudo o resto, pedi uma Panna Cotta com Abóbora. Excepcional a execução da panna cotta, extremamente cremosa e a colmatar a sua normal neutralidade com um doce de abóbora fora do comum. Encheu-me o coração de memórias do doce de abóbora que a minha avó há muito não faz.



Um jantar fantástico, cheio de sabores portugueses mas ainda assim com apontamentos originais e que me deixa com borboletas no estômago para uma próxima visita. A paixão criada por toda a envolvência do restaurante, desde o seu serviço à qualidade da comida, deixa marcas. Marcas essas que espero reviver, numa data preferencialmente não muito longínqua.

SOCIEDADE
Rua Marquês de Pombal, 319
Parede, Portugal
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Preço Médio: < 30 €

quarta-feira, 15 de julho de 2015

1300 Taberna (Alcântara)

Há muitos anos que não visitava a 1300 Taberna. A única experiência que lá tinha tido foi num Dia dos Namorados, com um menu predefinido e respectivo acompanhamento de vinho. Já na altura tinha ficado com excelente impressão do espaço e, sobretudo, da cozinha praticada pelo chef Nuno Barros, mas tardava por acontecer a oportunidade de poder experimentar o restaurante à carta.
E, eis que finalmente surgiu essa oportunidade, num almoço semanal. Sei que não é um restaurante barato, mesmo com um menu de almoço, que calculo ser mais barato que o de jantar, mas não esperava encontrar uma sala tão bonita numa tão desconsoladora solidão. Bem, ao menos teríamos o serviço e a cozinha praticamente só para nós...
Começámos a refeição com um Gaspacho com Cavala Fumada, que veio substituir (por sugestão do chef) a inexistência do prato de salmão fumado. Não acho que tenhamos ficado a perder com a troca. Pelo contrário, acho que a delicadeza dos sabores do gaspacho se complementavam de tal forma com a subtileza da cavala que saímos a ganhar. Fresco, revigorante e com textura dada pelo pão frito, este gaspacho é uma aposta ganha para tempos mais quentes.



Como o calor já se começava a fazer sentir, também a Terrina de Leitão, Brioche, Laranja e Pimenta Preta é um prato servido frio. O leitão macio e cortado fino brincava com o crocante dos croutons, a doçura da laranja e a envolvência da maionese de pimenta preta. Brincadeiras saudáveis, ou que assim aparentam, numa combinação clássica mas que nos satisfaz o espírito e refresca o espírito.



O Peito de Frango Recheado com Enchidos estava bastante bem executado com o peito a manter-se húmido e macio, algo que nem todos os restaurantes conseguem. Quantas vezes não nos apresentam um peito de frango seco e fibroso? O molho de fricassé um pouco discreto demais e a não fazer a diferença no prato. O ratatouille que acompanha, que nós pedimos para ser trocado por batata migada mas que o serviço gentilmente disponibilizou para que pudéssemos provar na mesma, não convenceu a francesa à mesa com uma versão mais pesada do que seria de esperar.



Vocês não sabem como eu gosto de uma boa bochecha. Sirvam-ma grelhada ou estufada mas é daquelas partes do animal que adoro e peço quase sempre que a vejo numa ementa. Principalmente se forem como estas Bochechas de Porco com Batata Migada e Maçã de Alcobaça que se separam facilmente na inserção do garfo, revelando um interior rosado e macio. Acompanhava com uma cremosa batata migada e balanceava com a acidez do puré de maçã.



Provei ainda umas saborosas Costeletas de Borrego Grelhadas com Couscous e Molho de Iogurte e Hortelã. Muito saborosas e exemplarmente cozinhadas. A sobremesa essa ficou para outras paragens, mesmo sabendo que o bolo de chocolate da Taberna (apelidado de Eusébio, desde os tempos de Oeiras) é um dos ex-libris da casa, mas a curiosidade de experimentar o do Landeau bateu mais forte.



O 1300 Taberna não é um restaurante barato mas apresenta uma cozinha de sabores claros e que justifica o preço praticado. Pratos bem executados, pela mão do chef Nuno Barros, que vão deixando história na cidade de Lisboa. A baixa cozinha, que Nuno Barros começou no 2780 Taberna, não se revela tanto mas parece ainda estar presente em pormenores dos pratos do 1300 Taberna.



1300 Taberna
Rua Rodrigues Faria, 103
LX Factory, Alcântara, Portugal
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Preço Médio < 40 €

segunda-feira, 13 de julho de 2015

Santa Luzia (Manteigas)

Quando vou de férias tenho a mania de me preparar ao nível gastronómico, para poder satisfazer as minhas vontades de jantar fora com alguma qualidade. Não quero com isto dizer que vá jantar fora todos os dias, muito pelo contrário. Apenas gosto de ter as minhas opções relativamente abertas, mas este método não é infalível. Quis ir em Setembro festejar uma data especial ao Vallécula, em Valhelhas, um restaurante onde fui no Verão de 2013 e do qual fiquei fã. Mas, apesar da informação que tinha retirado de alguns sites fiáveis, parece que o restaurante fecha para jantar ao Domingo, algo que eu não sabia. 
A segunda opção era o Dom Pastor, em Manteigas, mas parece que ao Domingo ao jantar também está fechado, algo que desconhecia devido à pouca informação online existente. Acabámos por dar uma volta por Manteigas, olhando para várias ementas, e decidindo ficar no Santa Luzia, por parecer ter a ementa mais apelativa.
Para começar a saciar o apetite aberto pela caminhada e ares da serra, foi pedida a Vara de Enchidos, que trazia 4 variedades diferentes de enchidos regionais, todos de um nível muito bom. Chouriços carnudos mas macios, uma morcela fantástica e uma farinheira de chorar por mais. Que todos os inícios de refeição fossem assim e eu seria sempre feliz.


Apesar de nos apetecer pratos de carne, queríamos grandes e bons nacos de carne, e por isso optámos por passar os pratos mais tradicionais como a Chanfana ou o Cabrito. O Medalhão de Vitela com Molho Bearnês a apresentar-se com um naco de carne de bom tamanho mas excessivamente passado (foi pedido mal passado e chegou médio-bem). A qualidade da carne era aceitável mas sem ser fantástica. Já o molho Bearnês veio cobrir todo o medalhão, mas com uma temperatura tépida e sem grande sabor. 


Como um só prato de carne não chega, pedimos também o Costeletão de Vitela ao Sal, sendo que este "ao Sal" nada tem a haver com a forma de cozinhar peixe "ao Sal", sendo, logicamente, uma costeleta de tamanho gigante grelhada e sendo temperada apenas com sal. Melhor qualidade na carne deste costeletão do que no medalhão, mas com o mesmo problema de temperatura na carne, pois o corte parecia-me pouco uniforme a nível de altura, tornando o centro da costeleta muito passada e apenas a parte junto ao osso estava mal passada. Ainda assim, doses bastante generosas e com bons acompanhamentos a preços simpáticos (12€ cada um dos pratos principais descritos).


Já um pouco cheios, decidimos pedir algo ligeiro para sobremesa, mas tentando voltar aos produtos regionais, e por isso pedimos o Queijo da Serra com Marmelada. Não sei bem o que esperava desta "sobremesa", mas certamente não era algo com tão pobre aspecto como o que surgiu. Esperava algo nas linhas desta imagem, com um queijo de comer à colher e algumas fatias generosas de marmelada. Mas, apesar do queijo de bom sabor, sendo bem acompanhado por uma marmelada boa, ainda que um pouco seca, todo o prato acabou por desiludir.


Ao longo de todo o jantar o serviço, apesar de simpático e prestável, parecia ter sempre aquela simpatia (es)forçada que se nota facilmente. Felizmente, não foi esforçado o suficiente que prejudicasse a experiência só por si, mas a qualidade da comida não ajudou a que ficasse com muito boa impressão.

Restaurante Santa Luzia
Manteigas, Portugal
Preço Médio: < 30 €