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quarta-feira, 5 de setembro de 2018

Sala de Corte (Cais do Sodré)

Uma das reaberturas mais ansiadas de 2018! A Sala de Corte, do chef Luís Gaspar, tinha encerrado em 2017, procurando um espaço maior onde pudesse acolher as dezenas e dezenas de pessoas que diariamente lá batem à porta, procurando uma das mesas carnívoras mais procuradas de todo o país.
Após longos meses, lá reabriu a Sala de Corte numa nova morada, perto da anterior. Ou seja, continuam no Cais do Sodré, com dezenas de pessoas à porta, que aguardam a oportunidade de ver em primeira mão os fantásticos Jospers a trabalhar. A boa notícia é que agora a Sala de Corte aceita reservas (via The Fork) ou por telefone, ainda que não para todas as horas.
Mal entramos deparamo-nos com uma enorme camâra de maturação onde podemos ver as múmias que irão servir os comensais presentes, separadas por cortes. Enquanto esperávamos pela nossa mesa, podíamos ir observandos os Jospers em acção, ainda que as labaredas que via me fizessem preocupar um pouco... Mas já lá vamos.
Antes de continuarmos, um disclaimer. Este não é um restaurante para vegetarianos. De todo! No máximo conseguiriam comer uma entrada e alguns acompanhamentos. Por isso, se forem vegetarianos ou vos fizer impressão carne mal passada ou crua, este pode não ser o restaurante certo para vocês, ainda que consigo quase garantir que iriam sair de lá convertidos.



Começámos com uma oferta da casa, um Pão com Chouriço, numa versão brioche e com uma intensidade de sabores que me apanhou um pouco desprevenido. Gosto de pão com chouriço, e acho piada aos fornos a lenha que encontramos nas feiras ou nas estradas para a Ericeira, mas esta versão conseguiu levar algo tão simples para todo um outro nível.



Bem, existindo croquetes na ementa, é inevitável que os peça e atacámos uns excelentes Croquetes de Novilho, servidos com mostarda de Dijon, com uma textura exterior perfeita e um interior cremoso e bastante saboroso. Algumas dúvidas quanto a se tinham queijo ou não, visto que tal foi referido quando nos serviram os croquetes, mas não me apercebi do seu sabor, ainda que uma das pessoas presentes na mesa o tenha sentido. Ainda assim, belíssimos exemplares com que me deliciaria diariamente se tal fosse possível.



Falando já da estrela principal da casa, a carne, uma das opções recaiu sobre o Chuletón Galego, da raça Rubia Galega, uma das melhores raças bovinas e que já se consegue encontrar em vários restaurantes da capital. Não sei se será melhor ou pior que raças portuguesas (se alguém organizar um workshop de comparação de diferentes raças, contem comigo!) mas a verdade é que é muito, muito, MUITO boa!
Engraçada a forma de trabalhar da casa que convidam a que seja a própria pessoa a escolher a peça de carne que irá comer. Neste caso, deixei que o serviço escolhesse a peça que iria alimentar duas pessoas, já que de certeza que perceberão mais do que eu destas coisas. A peça é então pesada e informam-nos do peso da mesma, para o caso de querermos uma peça maior ou menor. Gostei bastante desta forma de trabalhar, ainda que me tenha assustado com o facto de ter sido escolhida uma peça com 1,5Kg... Mas não se preocupem que não sobrou nada!
A carne é verdadeiramente fabulosa. Das melhores coisas que já comi! E consigo dizer isto ainda que o seu exterior se tenha apresentado ligeiramente carbonizado, traduzindo a preocupação que tive inicialmente em realidade. Quando estamos a grelhar algo, caso haja demasiada chama, cozinhamos o exterior muito mais depressa do que o interior, como é lógico. O que aconteceu aqui foi que a crosta exterior ultrapassou a desejada reacção de Maillard, e começou a apresentar aqueles sabores amargos queimados. Felizmente o interior estava perfeito, e acabou por me fazer ultrapassar o amargor exterior.



Bons acompanhamentos, alguns melhores que outros, mas de forma geral bastante interessantes. Esparregado de Espinafres com Queijo São Jorge DOP (12 meses) de sabor intenso, devido ao excelente queijo utilizado, um cremoso e saboroso Arroz de Feijão, Chouriço de Cebola e Farofa de Mandioca, e um Dauphinoise de Batata Doce com forte presença de queijo, que ofuscava a batata.





Ainda que o Chuletón fosse fantástico, algo que já esperava, o que não estava à espera é que o Tártaro do Chef fosse tão bom! É um prato que peço bastantes vezes, pois sou muito fã do mesmo (sim, gosto de carne crua! Muito!), mas não estava à espera de encontrar tão bom exemplar na Sala de Corte. Não sei porquê! Faz sentido que um dos melhores restaurantes de carne de Lisboa, tenha um dos melhores tártaros! Tudo bem balanceado, com um corte perfeito na carne, que permitia ainda alguma textura na mesma, e sabores fortes a conjugarem-se perfeitamente na boca.
O mais fraco mesmo foram as batatas fritas que o acompanham, demasiado grossas, sem um exterior crocante e a precisarem de uma segunda (ou terceira) fritura.



Antes da sobremesa, uma pré-sobremesa oferecida pela casa, na forma de umas Bolinhas de Sorbet de Lima, envolvidas numa Crosta de Chocolate Branco e Peta Zetas. A funcionar quase como um limpa-palato, mas mais divertido. Até me podem dizer que o uso de peta zetas já passou de moda mas acho que dá uma certa piada a elementos doces e funcionou muito bem aqui.



Para a sobremesa, decidimos partilhar uma Pavlova de Frutos Vermelhos com Sorbet de Framboesa e Lima e ainda bem que o fizemos, pois a pavlova tem um tamanho bastante generoso, ainda que era tão boa que talvez fosse capaz de a comer sozinho! Excelente crosta a revelar um interior abaunilhado, quase a fazer-me lembrar chocolate branco, com o uso dos frutos vermelhos no meio para ajudar a cortar os sabores excessivamente doces, tal como do óptimo gelado que se fazia acompanhar.



Um dos restaurantes da moda, com um dos conceitos que mais tem aberto pela cidade, o das steakhouses, mas com preços acima das outras casas. A refeição foi muito boa, mesmo considerando a ligeira carbonização do chuletón, e comemos acima do que seria recomendável mas não sei se justifica o preço quando comparado com outras casas do género.

Sala de Corte
Lisboa, Portugal
Sala de Corte Menu, Reviews, Photos, Location and Info - Zomato
Preço Médio: < 60 €
Data da Visita: 22 de Agosto 2018

segunda-feira, 10 de abril de 2017

Curtas #12: Marisqueira Azul (Mercado da Ribeira - Cais do Sodré)

O Mercado da Ribeira é um exemplo ideal do que poderiam ser os food courts nos grandes Centros Comerciais. Variedade, muita gente, a maior parte das propostas com qualidade (e não o contrário) e com um ou outro recanto mais sossegado e tranquilo. Um destes recantos é a Marisqueira Azul, com direito a esplanada para o bom tempo veranil que se aproxima.
Um dos muitos petiscos marítimos que lá podemos experimentar são estas óptimas Puntillitas de fritura exemplar, apresentando-se secas e estaladiças, e de tamanho reduzido.


Fica a vontade de lá voltar para experimentar outras iguarias como os Caranguejos de Casca Mole.

Marisqueira Azul
Lisboa, Portugal
Azul Menu, Reviews, Photos, Location and Info - Zomato
Preço Médio: < 30 €
Data da Visita: 12 de Dezembro 2015

sábado, 17 de dezembro de 2016

Nós É Mais Bolos (Mercado da Ribeira - Cais do Sodré)

A ideia de juntar várias sobremesas, muitas delas já conhecidas noutros locais da cidade, e ter uma só banca onde as possamos comprar é muito boa! Dá a possibilidade de os clientes juntarem algumas das melhores sobremesas de Lisboa num só espaço. Falta o melhor bolo de chocolate do país (refiro-me ao do Landeau, claro!) mas ainda assim a variedade e qualidade apresentada no Nós É Mais Bolos é de louvar.
O já conhecido Bolo da Marta (aqui), com os seus suspiros na base, cumprem sempre de forma maravilhosa. O merengue era óptimo e estava coberto com um cremoso e bem balanceado doce de manga. Segundo sei, as opções do Bolo da Marta vão variando todos os dias, por isso, é improvável que se deparem com o mesmo que eu experimentei.



A Tarte de Leite Condensado é também ela fantástica, ainda que esteja a roçar o excessivamente doce, mantendo-se, felizmente, do lado certo da fronteira, principalmente para mim que não sou um devoto fã de sobremesas.



Mesmo não sendo alguém que percorra quilómetros por uma sobremesa, sei que se trabalhasse perto do Cais do Sodré rapidamente ficaria de uma dimensão que não me permitiria atravessar portas de tamanho normal, pois não desistiria enquanto não experimentasse todas as sobremesas.

Nós É Mais Bolos
Lisboa, Portugal

Food Corner Chef Miguel Laffan - Chicken All Around (Mercado da Ribeira - Cais do Sodré)

Contrariando os restantes Food Corners, onde os chefs tentam mostrar a sua cozinha a preços acessíveis, Miguel Laffan teve ainda a ideia de adicionar um conceito, fazendo todos os pratos da ementa girarem à volta do frango. A curiosidade principal por esta banca não residia apenas no facto de Laffan ser detentor de uma estrela (recentemente recuperada) no seu restaurante L'And, mas sim no uso de um ingrediente raro de se encontrar e que aprecio bastante, os corações de galinha.
Pediu-se, como é claro, os Corações de Galinha, cujo empratamento parece desproporcional face à quantidade servida, com 1 dezena de corações liliputianos e 4 fatias de pão. Sei que o preço da dose é pequeno e não poderia ser uma dose enorme (ainda que acredito que o food cost dos corações seja baixo), mas dá a ideia que o ingrediente principal é o pão e não os corações de galinha. Já ao nível de sabor, tudo estava fantástico com um molho muito saboroso e guloso para darmos uso ao pão torrado.



As Chamuças estavam bastante bem executadas, com um exterior crocante e o interior saboroso, sem qualquer excesso de cominhos ou gordura como já vi acontecer noutros sítios.



Para acompanhar, optámos por aquilo que nos parecia mais inovador, ou seja, uma esmagada de Batata-Doce com Lima, Coentros e Chilli. Uma escolha muito acertada, pois a esmagada estava repleta de sabor e combinava muito bem com a acidez da lima, com o chilli a dar umas notas picantes muito boas. Curioso como os 3 pratos experimentados tinham todos um nível de picante bastante simpático.



Ficámos de tal forma satisfeitos com os pratos de Miguel Laffan que não resistimos a levar para casa umas Mini Bolas de Berlim. Excelente massa, bastante leve e com muito sabor, e 3 recheios diferentes todos eles de grande nível (Cheesecake / Yogurt, Pêra e Granola / Créme Brulée de Laranja).



O conceito é bom, os pratos são realmente bons e os preços parecem-me ajustados. Seria interessante ver também um prato de partilha com pele de galinha estaladiça. Ficou por provar a verdadeira "estrela", o frango, mas ficará certamente para uma próxima visita.

Food Corner Chef Miguel Laffan - Chicken All Around
Lisboa, Portugal
Chef Miguel Laffan - Chicken All Around - Food Corner Menu, Reviews, Photos, Location and Info - Zomato
Preço Médio: < 20 €

Curtas #8: Cozinha da Felicidade (Mercado da Ribeira - Cais do Sodré)

Não tendo o destaque que as bancas de outros chefs têm, a verdade é que esta Cozinha da Felicidade tem a mão de Susana Felicidade, responsável por restaurantes como Petiscaria Ideal, Taberna da Esperança e Pharmácia.
Nesta primeira visita não consegui experimentar muito, pois a escolha do mercado é realmente vasta, mas não quis deixar de experimentar algo da Susana Felicidade. Sendo um fã gigante de ovos verdes, a escolha teria que recair obrigatoriamente sobre os Ovos Verdes de Bacalhau. Um exterior estaladiço, um recheio cremoso e pleno de sabor onde o bacalhau era realmente a estrela. Os pedaços de grão combinam bem mas a batata-doce fica muito escondida pelos restantes sabores contrastantes. A maionese de coentros é uma adição fantástica e combina muito bem com sabores tão portugueses.



Sem dúvida, dos melhores ovos verdes que comi fora de casa (e duvido que alguma vez encontre alguns tão bons) e que me despertaram curiosidade sobre a restante ementa da Cozinha de Felicidade.

Cozinha da Felicidade
Lisboa, Portugal
Cozinha da Felicidade Menu, Reviews, Photos, Location and Info - Zomato
Preço Médio: < 20 €

Food Corner Chef Alexandre Silva (Mercado da Ribeira - Cais do Sodré)

A ideia dos Food Corners específicos de chefs conceituados é fantástica, permitindo a todos o acesso a cozinha de alto nível e por preços bastante acessíveis. Principalmente quando um dos nomes é o de Alexandre Silva que anda nas bocas do mundo pelo seu novo restaurante LOCO, já premiado com a sua 1ª estrela Michelin.
Uma ementa que reflecte o mundo, havendo influências dos vários cantos do mundo, mas apenas podia escolher 1 prato, recaindo a escolha sobre a influência oriental da Barriga de Porco Confitada. Não foi difícil a escolha, apesar de haver vários pratos apelativos, mas a minha paixão por porco e suas gorduras foi mais forte e não me arrependi. A pele ultra crocante, talvez até um pouco demais estando quase no ponto de quase não se conseguir cortar com os talheres, a servir como capa para uma barriga macia e extremamente saborosa. Sendo um corte naturalmente saboroso, o agridoce dado pelo teriyaki ajuda a cortar e equilibrar todo o prato, conjugando muito bem com a doçura do puré de ervilhas. A couve pak choi é uma adição interessante mas parece-me ficar um pouco aquém dos restantes ingredientes.


Se tivesse que recomendar um prato, de todos os que já experimentei no mercado, esta barriga ficaria logo a seguir aos tártaros da Tartar-Ia. A curiosidade perante a cozinha de Alexandre Silva continua a crescer, e o desejo de visitar o LOCO também!

Food Corner - Chef Alexandre Silva
Lisboa, Portugal
Chef Alexandre Silva - Food Corner Menu, Reviews, Photos, Location and Info - Zomato

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Preço Médio: < 20 €

Food Corner Chef Marlene Vieira (Mercado da Ribeira - Cais do Sodré)

Este é um daqueles casos de que eu queria muito gostar, mas não consegui. É claro que em apenas uma visita não é possível julgar o todo mas quando a primeira impressão não é boa, a vontade de voltar é pouca, mesmo sabendo que a ementa foi recentemente renovada.
O Food Corner da Chef Marlene Vieira era dos que mais curiosidade me suscitava no Mercado da Ribeira, muito graças ao mediatismo da chef. A ementa é bastante apelativa, mas lá nos decidimos por 1 prato para partilhar e 1 prato principal.
As Asinhas de Frango Crocante com Molho Picante apresentavam uma fritura tecnicamente irrepreensível, com o exterior realmente crocante e o interior macio e bastante suculento. O problema foi tudo o resto. Total ausência de sabor tanto no "panado" como na asa de frango em si, ficando apenas pior quando se lhe juntava o molho "picante". Além de nada ter de picante, o molho tinha um sabor excessivo a algo como creme de marisco. Não sei se terá sido realmente este o sabor predominante, mas o molho não era equilibrado, sendo até enjoativo e não combinando em nada com o frango.



Este mesmo molho "picante" parecia ser exactamente o mesmo molho usado na Francesinha de Atum e Camarão, o que em nada beneficiou também este prato, apesar da sua combinação ser mais lógica. O pior aqui foi as próprias expectativas que criei, pois tinha lido que a francesinha seria uma das especialidades deste balcão. O pão não é mau e a quantidade de queijo derretido presente é generosa mas nada mais de positivo há a apontar. O recheio da francesinha é (única e exclusivamente) o mediano bife de atum, que poderia ser mais alto e estar menos passado, acabando por haver uma proporção desequilibrada entre pão e recheio. O camarão do título do prato... é único (em quantidade entenda-se)! O molho já previamente relatado acaba por se sobrepor a tudo o que seja ingrediente da francesinha e que se quisesse destacar. Acompanharam com umas muito interessantes chips de batata-doce (o melhor do prato!) mas... não tão boas como as do Pigmeu (aqui).




Há muita oferta no Mercado da Ribeira e uma má primeira impressão pode ser decisiva nas minhas futuras escolhas, mesmo admitindo que todas as cozinhas podem ter maus dias. Terei que voltar ao Food Corner da Marlene uma segunda vez para tirar teimas, mas não sei com que brevidade ou entusiasmo isso ocorrerá.


Food Corner - Chef Marlene Vieira

Mercado da Ribeira - Av. 24 de Julho
Lisboa, Portugal
Chef Marlene Vieira - Food Corner Menu, Reviews, Photos, Location and Info - Zomato 
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Preço Médio: < 20

sábado, 1 de outubro de 2016

Curtas #7: Croqueteria (Mercado da Ribeira - Cais do Sodré)

Há uns meses surgiu uma polémica gigante quanto à profanação do bem sagrado Pastel de Bacalhau ao lhe ser incluído Queijo da Serra (excelente referência ao "caso" no Mesa Marcada, com um comentário certeiro por parte de Paulina Mata do Assins & Assados). Nem sequer era a questão de ser bom ou mau, pois gostos são pessoais e subjectivos, mas era um suposto sacrilégio adicionar queijo ao bacalhau. Não consigo concordar e, à semelhança da Paulina Mata, acho que há espaço para tudo. Tal como há espaço para croquetes que não sejam só de carne! E é aqui que entra a Croqueteria com os seus croquetes inovadores.
Muitos dos pratos existentes nas bancas do Mercado da Ribeira são feitos no momento, levando a um tempo de espera que deve rondar os 10 minutos, tempo mais que suficiente para ir explorar a Croqueteria e entreter a boca.
Mantenho a opinião prévia (aqui) quanto aos de Choco com Tinta e aos de Atum e Tomate Seco. Melhor agora o de Bacalhau com Chouriço, com mais equilíbrio entre os dois ingredientes mas ainda assim não o suficiente para mim, com o chouriço apenas dando pequenos laivos de sabor.
Excelente o Vegetariano, com queijo de cabra e cebola caramelizada, e olhem que não me devem "ouvir" dizer muitas vezes que algo vegetariano é excelente! 



Trouxe ainda alguns para casa mas a experiência não se compara. A caixa rapidamente ficou com o fundo ensopado em gordura, por muitos guardanapos que estivessem por baixo dos croquetes. Já a nível de sabor, seguros e bons os de Alheira e Grelos mas os de Frango, Farinheira e Amêndoa não me cativaram parecendo que lhes faltava sabor, algo estranho quando há farinheira envolvida no conjunto.


P.S: A ausência foi longa mas a página de Facebook tem mantido actividade frequentes nos álbuns de fotos ;)


Croqueteria
Mercado da Ribeira - Av. 24 de Julho
Lisboa, Portugal
Croqueteria Menu, Reviews, Photos, Location and Info - Zomato
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Preço Médio: < 30 €

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Tartar-Ia (Mercado da Ribeira - Cais do Sodré)

Quantas vezes iremos nós ter a possibilidade de experimentar a comida do Chef Dieter Koschina em Lisboa? E, ainda para mais, a preços acessíveis? Ok, sei que a Tartar-Ia tem o seu próprio conceito e, como tal, poderá não agradar a toda a gente mas é ridiculamente bom. Mas ridículo! Sei que o preço pode não ser o mais apelativo para o tamanho das doses, principalmente para pessoas de apetites grande (como eu), mas a frescura e o balanço de cada tártaro são perfeitos. Arrisco-me a dizer que é a melhor banca de todo o mercado (excluo a Academia como banca).
A primeira escolha recaiu sobre o Tártaro de Salmão, Abacate e Yuzu e a combinação funciona na perfeição. A gordura natural do salmão e do abacate dão corpo a um prato onde o yuzu consegue equilibrar com uma injecção de acidez. Para o contraste de texturas é incluído ainda uma componente, que não consegui identificar, mas que encaixa na perfeição em tudo.



Na segunda visita não me consegui conter com um só tártaro. Já andava com o Tártaro de Arenque e Beterraba entalado há muito. A utilização de um peixe que, para nós portugueses, é pouco comum e a sua conjugação com um ingrediente tão terrestre como a beterraba é curioso, mas funciona na perfeição.



Curiosamente, o tártaro do mês (de Dezembro de 2015) também utilizava beterraba, provando assim que a beterraba encaixa bastante bem com tártaros marinhos, como era este Tártaro de Robalo, Beterraba e Maçã-Verde. Simplesmente fantástico!



Uma banca que não desilude, e ainda nem experimentei os tártaros de carne, de que sou um grande fã. A Tartar-Ia não descura nenhum aspecto, seja o visual, o jogo de texturas, o equilíbrio dos seus componentes mas, principalmente, não falha no que ao sabor se refere. E que sabores, caros leitores... Uma expectativa alta que não saiu de forma alguma lograda.

Tartar-Ia
Mercado da Ribeira - Av. 24 de Julho
Lisboa, Portugal
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Preço Médio: < 30 €

terça-feira, 12 de julho de 2016

Jantar Vínico Casa Agrícola Horácio Simões @ Academia Time Out (Mercado da Ribeira - Cais do Sodré)

A Academia Time Out não é um restaurante, mas foi aqui que comi uma das melhores refeições de 2015. E, espante-se, essa refeição foi maioritariamente cozinhada por mim. Ao seguirmos as criteriosas instruções do Rodrigo, curador da Academia e responsável pelo foodie.pt, vamos sentir-nos como verdadeiros Masterchefs!
Mas porquê pagar para fazer o nosso próprio jantar? Porque não estamos a pagar para cozinhar mas sim para termos uma viagem de aprendizagem sobre técnicas e ingredientes. O Rodrigo é um verdadeiro poço de conhecimento e vai-nos transmitindo e guiando durante todo o workshop, sempre com boa disposição e um entusiasmo enorme por boa comida.
Neste caso, tive a felicidade de ganhar um passatempo para o Jantar Vínico da Casa Agrícola Horácio Simões, um produtor da zona de Palmela, com um grande ênfase nos seus vinhos generosos, ou seja, o moscatel.



Não consegui acompanhar todos os vinhos que foram experimentados mas posso-vos resumir a experiência em 4 ou 5 Moscatel (1 com a entrada e os restantes com a sobremesa), 2 Brancos e 2 Tintos. Todos excelentes mas realmente a qualidade sobressai nos generosos, onde o responsável pela Casa nos ia explicando as diferenças entre os vinhos, e explicando-nos algumas das notas bases que podemos (e devemos) reparar nos vinhos que provamos. O único (infelizmente) que ficou registado foi o que abriu a noite,



O jantar começa com um 'Ovo Perfeito' com Croutons de Bacon e Alho Assado, sendo este prato feito pela equipa Time Out. O que é isto de um ovo perfeito perguntam vocês? Não é mais que um ovo escalfado a 64º durante cerca de 40 minutos! O tempo e a temperatura ideal para uma clara e uma gema perfeita. A cremosidade da gema contrastava na perfeição com os croutons de bacon e alho assado, e aquelas esferas perfeitas não são (como aparentam inicialmente) ovas de salmão (ou ikura) mas sim caviar de chilli que nos despertava os sentidos a cada colherada. Bastou a primeira colherada para que ficasse com vontade de fazer vénias a toda a equipa da Academia (composta pelo Rodrigo, a Teresa e a Catarina).




O primeiro prato por nós cozinhado foi um Atum Braseado com Créme Fraiche e Legumes Grelhados. Deixem-me aqui ressalvar que os ingredientes que vão encontrar à vossa disposição são do melhor que podem encontrar, seja num restaurante ou para cozinhar dentro da vossa casa. E disso mesmo é prova este naco de atum, que de quase nada precisa para ficar perfeito. Nada, exceptuando claro, as preciosas indicações que nos vão dando. O que cortar, como cortar, quando virar, quando repousar. Os timings estão todos lá e no final temos um prato digno dos melhores restaurantes de Lisboa! Todas as garfadas me deixaram com um sorriso na cara e, vamos ser sinceros, comer é das melhores coisas do mundo e aqui come-se muito bem!






O segundo prato da noite foi um belíssimo Magret de Pato (onde o Rodrigo nos explica a diferença entre um verdadeiro Magret e um normal peito de pato) com Legumes Grelhados. Outra vez legumes grelhados?? Pouco importa isso quando temos legumes tão bons e queremos deixar a proteína brilhar. Mais uma vez, todas as instruções perfeitas para que o magret ficasse suculento, e ainda recebemos algumas dicas úteis para fazer um melhor empratamento. Se vissem o tipo de empratamento que faço em casa perceberiam o quão úteis estas dicas são para mim!





No final, veio aquele que foi o momento menos bom, com a Bolacha, Mousse de Chocolate e Caramelo Salgado. A combinação faz sentido e brinca com os nossos sentidos puxando o doce e o salgado, mas o caramelo estava um pouco salgado de mais, acabando por se tornar avassalador.



Existem muitas mais histórias por descobrir, e já voltei à Academia depois desta sessão mas essas histórias ficarão para outras núpcias. Uma coisa consigo garantir-vos, todas as vezes que lá forem vão sentir que saem de lá mais ricos e mais felizes. Assim foi comigo e, acredito, que assim será convosco.

Academia Time Out
Lisboa, Portugal
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Preço Médio: Depende do workshop mas a maior parte custa 35€

segunda-feira, 27 de abril de 2015

Pistola Y Corazón (Cais do Sodré)

Já existiam em Lisboa alguns restaurantes mexicanos mas nunca um espaço exclusivo para um dos pratos mais icónicos deste país, os tacos. Um encontro fortuito num supermercado juntou Aaron e César, os cabecilhas deste projecto, naquilo que se viria a tornar a primeira taqueria portuguesa, o Pistola Y Corazón.
Tem sido um caso de sucesso, com filas constantes à porta e uma interminável lista de nomes no papel que serve para definir a lista de espera por uma mesa. Já mencionei que não aceitam reservas e por isso esta é a única alternativa para se conseguir jantar no Pistola Y Corazón? E é aqui que começam os meus problemas. Não sou um fã desta incerteza temporal para jantar. E o espaço interior de espera não é muito grande, por isso o esforço para podermos experimentar este conceito dependerá também das condições climatéricas. O facto de nos sentarmos de braços dados com estranhos incomoda-me pouco, excepto claro quando se opta por bancos corridos onde, uma pessoa de peso como eu, quase pontapeia violentamente a inocente rapariga que se encontrava sentada a meu lado. E eu não estava zangado, nem a imitar algum ritual de acasalamento esquisito do National Geographic, nem nada que se parecesse. Apenas tinha terminado a minha refeição e tentava graciosamente (quem me conhece sabe o quão "gracioso" sou, até parece que fiz ballet) sair do meu lugar. A isto junta-se um restaurante pequeno e cheio, criando um nível de ruído superior ao que normalmente aprecio quando quero jantar sossegadamente. Resumindo, não sou um fã de algumas coisas no espaço, do tempo de espera e do ambiente barulhento. Mas fiquei fã de tudo o resto.


O tempo de espera não foi completamente inútil, pois deu para avaliar a ementa, entrar em contacto com uma amiga mexicana e pedir-lhe conselhos quanto ao que pedir. Não que a lista seja muito extensa, mas o menu que está à porta encontra-se em espanhol e achámos que possíveis recomendações que atravessassem o Atlântico naquele momento seriam extremamente úteis. Tão úteis que quando finalmente nos sentámos não precisámos de olhar para a ementa para pedir.
A refeição começa com uns Nachos con Pico de Gallo (talvez fossem totopos, uma variante dos nachos, mas não sou capaz de os distinguir), oferta da casa, que servem como couvert e acompanham bastante bem com a cerveja Pacifico, uma das ofertas de cerveja mexicana disponível na carta (e que, segundo o que nos disse a cúmplice mexicana, difícil de arranjar em zonas afastadas do oceano com o mesmo nome). Bons nachos e um pico de gallo refrescante, com algumas notas de picante interessantes.



Todos os pratos chegaram à mesa com um bom timing, não enchendo o pouco espaço disponível, e foram sempre aconchegados por um serviço que se mostrou extremamente simpático e descontraído. Talvez uma explicação quanto aos molhos que vêm com cada prato (visto que na ementa estão vários molhos descriminados) fosse adequada, tal como uma melhor distribuição dos molhos já presentes nas mesas, para que não tenhamos que incomodar ninguém ao pedir um dos três molhos disponíveis.
E, quando estávamos a terminar os nachos, chegaram as Quesadillas, ou seja, meia-luas de tortilla recheadas com queijo e prensadas. O mote do Pistola Y Corazón é "Comida Sin Verguenza", e todos os pratos são feitos para poderem ser comidos à mão. E se as quesadillas são fáceis de comer à mão, é um pouco mais difícil juntar-lhes a pasta de feijão refrito que as acompanham. Nada que não se resolva com a ajuda dos nachos, servindo estes de veículo condutor, ou até do uso das nossas mãos, sem qualquer tipo de vergonha. Bom prato, com uma quantidade suficiente de queijo derretido para tornar as tortillas gulosas e viciantes. 


Seguindo as recomendações já mencionadas, pedimos uns Tacos Al Pastor e uns Tacos Carnitas. Cada um dos pratos vem com três pequenos tacos, promovendo o conceito de partilha, para que se possa experimentar um maior número de itens do menu. Nenhum dos tacos pedidos era picante de origem, ou pelo menos não se revelaram picantes sem a adição dos molhos que vêm nos pratos.
O Al Pastor, uma receita inspirada na Shawarma levada por imigrantes libaneses para o México, era um pouco diferente da ideia que tinha (e que agora complemento com alguma pesquisa, enquanto escrevo este post). O porco marinado desfazia-se na boca, a cebola deu-lhe um ligeiro adocicado, o (pouco notado) ananás alguma acidez e a lima espevitou-nos os sentidos, ajudando a equilibrar e conjugar os sabores do prato.
Torna-se um pouco "messy" pela quantidade e consistência do molho onde (penso) que a carne tenha sido cozinhada. Se assim é, é uma abordagem diferente da que esperava encontrar mas, ainda assim, muito bom taco.


Diferentes as Carnitas, com a carne bastante macia mas apresentando uma costa exterior que lhe dava uma textura diferente e mais interessante que a dos primeiros tacos. Para dar cremosidade, um guacamole um pouco pálido nos sabores, mas que ao mesmo tempo deixava a carne brilhar. Bom o Chimichurri de Leon que vinha no prato, uma maionese mexicana picante, combinando na perfeição com o porco estaladiço.


Para sobremesa, apenas nos perguntaram se queríamos um ou dois exemplares. Ainda questionei sobre o que seria, mais para saber o que escrever depois do que para tomar uma decisão, pois essa já estava tomada. E arrependi-me imenso quando dei a primeira colherada no Pastel de Tres Leches. Arrependi-me de não ter pedido duas doses, engolindo todo o meu egoísmo e contentando-me com a partilha de algo tão delicioso. Para não falar no olhar feroz que a minha companhia fez quando a deixei provar primeiro e me rosnou "Não vais querer isto!". Fantástico na textura, na quantidade de açúcar e na forma como acaba a refeição numa nota que roça o perfeito.


É um óptimo sítio para ir com um pequeno grupo de amigos, pedir vários pratos, petiscarmos e divertir-nos com conversa, boa comida e alguns copos à mistura. Tudo isto enquanto vamos conhecendo um novo lado da gastronomia mexicana.

Pistola Y Corazón Taqueria
Lisboa, Portugal
Preço Médio: < 20 €