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quarta-feira, 1 de agosto de 2018

Casa do Polvo (Santa Luzia)

Bem perto de Tavira, uma das minhas cidades de eleição no país, fica a Capital do Polvo, Santa Luzia. Aquele tipo de freguesia que é conhecida por uma especialidade e, como tal, quase todos os seus restaurantes apregoam ter o melhor polvo das redondezas, adaptado em 30 mil receitas portuguesas e não só!
Não sei efectivamente qual será o melhor, são demasiados para experimentar, mas já há muito que ouvia falar da Casa do Polvo e foi a minha primeira opção para um almoço tardio. Casa ainda cheia perto das 14h de um domingo, com uma ementa virada para o nosso octópode favorito (como é óbvio) e o serviço a cumprir os mínimos olímpicos, sem grande simpatia, como quem quer terminar o serviço de almoço o mais rápido possível.
Começámos pelos Panadinhos de Polvo, pedaços de tentáculos de polvo irregularmente panados, sem uma camada uniforme de pão ralado sobre os mesmos, e com um défice de sal enorme. Felizmente a falta de sal conseguiu ser ligeiramente mitigada com o limão, a maionese de alho e o molho picante que acompanhavam os panadinhos, mas deveriam ser capazes de brilhar mesmo sem os complementos.



Algo melhor o Polvo de Fricassé com um molho cremoso que envolvia tudo, mas sem aquelas críticas notas cítricas do limão tradicionais. O limão vinha no prato, para colocarmos a nosso gosto, mas isto acaba por fugir à ideia que temos do fricassé. Isso e o uso de pimentos, mas até gostei do toque que dava ao prato.



E o momento estranho da refeição foi quando uma Feijoada de Polvo com Malagueta e Coentros chegou à mesa e sabia... a nada! Há muito tempo que não provava um prato tão insípido, principalmente quando toda a sua premissa invoca sabor. Feijão, polvo, malagueta, coentros e até bacon se encontrava no prato, mas sabor nem vê-lo. Tal como o picante expectável da malagueta... Nem com a adição de picante o prato melhorou por aí além. Nem acho que tenha sido um erro de casting, porque a ideia por trás do prato é simples e tem tudo para correr bem. Faltou só mão na cozinha.



Decidimos terminar com algo doce mas regional e a escolha recaiu sobre a Tarte de Alfarroba com Frutos Silvestres. Excelente sabor, boa combinação com os frutos silvestres, mas a tarte a apresentar-se um pouco mais densa do que é desejável.



Abandonamos o restaurante a pensar que podia (e devia) ter sido muito melhor. Não só pelo preço mas porque temos clara noção que faltava apenas amor e carinho para os pratos terem resultado na perfeição. E não há cozinha decente sem algum amor e carinho...

Casa do Polvo
Tavira, Portugal
Preço Médio: < 30 €
Data da Visita: 18 de Março 2018

quarta-feira, 1 de julho de 2015

Santa Clara dos Cogumelos (Santa Apolónia)

A visita ao Santa Clara dos Cogumelos não foi uma visita qualquer. Para imaginarem o nível de expectativa em que me encontrava, este era o restaurante que estava no topo da minha wishlist. Adoro cogumelos e desde a abertura deste restaurante que andava tão excitado como um hippie no Woodstock. Demorou mas valeu a pena garanto-vos.
Primeira impressão, e que perdurou, foi a de um serviço informal mas respeitoso e bastante simpático. Por vezes, clientes portadores de descontos (como era o meu caso que ia com um desconto Time Out) podem ser alvos de um nível de simpatia inferior mas aqui não foi o caso. Durante toda a refeição houve simpatia e sorrisos, mesmo com algum embaraço, causado pela incapacidade de conseguir beber a cerveja artesanal produzida pelo restaurante, pois esta não parava de jorrar espuma como um vulcão activo. Uma situação que poderia ser chata acabou por ser resolvida com alguma diversão à mistura.
A ementa do Santa Clara dos Cogumelos é, como podem calcular, focada em cogumelos, de vários tipos e feitios. Um aviso à navegação: Se não gostam de cogumelos, esqueçam! Todos os pratos, sobremesas inclusive, contêm cogumelos. Não existem alternativas e, muito sinceramente, isso não me incomoda nem um bocadinho. É uma forma de se manterem fiéis ao conceito que têm e não acho que seja de forma alguma prejudicial.
Sendo um menu com entradas, petiscos e pratos, aconselho a pedirem (para 2 pessoas) 3 petiscos e 1 prato principal, podendo posteriormente decidir se querem mais ou não, mas esta foi a abordagem que seguimos na nossa visita. Aqui, o difícil é escolher.
Começámos com uns Pleurotus de Fricassé de excelente sabor e com o molho a apresentar uma boa cremosidade, mas gosto do fricassé com um maior nível de acidez para cortar a riqueza do ovo. De realçar que todos os pratos de petiscos são confeccionados com cogumelos diferentes, sendo estes uns Pleurotus Ostreatus, comummente denominados de Cogumelos Ostra.



Já os Cogumelos Panados pareciam ser uns típicos Cogumelos Paris (ou Agaricus Bisporus), perfeitamente fritos com aquela camada exterior crocante e o interior carnudo e macio. Acompanhou com um molho de iogurte e açafrão interessante e leve.



Para terminar a ronda de petiscos, chegaram os Shitake à Bulhão Pato. Boa consistência, bons cogumelos Shiitake e bom molho nesta interpretação de algo tão tipicamente português mas executado com um produto encontrado com mais regularidade na gastronomia asiática. Bom, guloso e a pedir pão, tal como o molho da fricassé também já tinha pedido.



Mas o prato da noite foi o Magret de Pato que, mesmo apesar de alguns aspectos com o qual não fiquei deslumbrado, foi o prato que mais marcou esta refeição. Um peito de pato com o interior bem rosado mas onde a gordura podia estar mais cozinhada e a pele mais estaladiça. Mas o efeito surpresa é o intenso sabor fumado que está incorporado no pato. Surpreendentemente bom! O molho de laranja ajuda a fundir sabores dando-lhe uma nota de maior dimensionalidade.
O risotto de Porcini (Boletus Edulis) "al salto" não convenceu. A técnica de fritura (usada tradicionalmente para reaproveitamento) acaba por secar um pouco o arroz, retirando-lhe cremosidade, e o próprio bago usado pareceu-me estranho. Duvido que fosse Arbório, e não tenho conhecimentos suficientes para os diferenciar, mas pelas descrições que li sobre os diferentes bagos, pareceu-me ser Carnaroli. (Podem ler aqui sobre os diferentes tipos de arroz para risotto)



Não podia sair do Santa Clara dos Cogumelos sem provar uma das sobremesas, pois estas também têm cogumelos. A escolha acabou por recair no Pecado de Santa Clara que, infelizmente, se mostrou pouco pecaminoso. Uma boa sobremesa, bastante inovadora no uso das trompetas da morte (Craterellus Cornucopioides) tanto no topo da tarte de limão como incorporadas em pó entre o creme de limão e o merengue. Bom, com doçura e acidez qb, mas que não me maravilhou neste viagem alucinogénica.



As expectativas que tinha para o Santa Clara dos Cogumelos foram correspondidas. Adoro o conceito e a ementa desenhada à volta desse mesmo conceito (algo que também me atraiu no Pigmeu). Adorei a comida experimentada e só fiquei triste por não conseguir experimentar toda a ementa. Resumidamente, adorei o Santa Clara dos Cogumelos.

Santa Clara dos Cogumelos
Mercado de Santa Clara, 7 - 1º Andar
Santa Apolónia, Portugal
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Preço Médio: < 30 €