Mostrar mensagens com a etiqueta Morcela. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Morcela. Mostrar todas as mensagens

segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

Copos & Cusquices (Porto)

Um dos meus objectivos no Porto era conhecer muita da cultura gastronómica local. Mas, quando cheguei à Invicta, fui-me começando a aperceber da vastidão de restaurantes interessantes que existem! Uns seguindo as tendências da moda, outros mais originais, outros mais típicos... Mas muita diversidade e muita qualidade aparente, o que me foi dificultando a escolha quando queria conhecer algo novo.
Um dos que surgiram, assim de forma meio inesperada, foi este Copos & Cusquices. Por isso mesmo, as expectativas não eram muito altas, mas saí de lá rendido ao que encontrei. Uma ementa muito apelativa, com algumas propostas originais, uma decoração castiça e um bom serviço, ainda que tenha havido uns momentos da refeição em que nos sentimos mais esquecidos, por estarmos na sala mais afastada da cozinha.
Começamos com umas Bolinhas de Morcela com Cebolada de Maçã, executadas de forma exemplar. Exterior crocante, interior saboroso e a cebolada de maçã a ir cortando a riqueza da morcela.


A ideia do Ceviche de Bacalhau com Maçã Verde e Malagueta é muito boa mas a concretização falhou um pouco. Quando vejo a palavra ceviche penso imediatamente em leche de tigre, aquele suco vibrante essencial para qualquer ceviche, mas este exemplar não continha essa componente, o que o tornou algo seco. Ainda assim, boa combinação de sabores algo surpreendentes e improváveis!


Algo que se notou regular nos petiscos provados foi a segurança em apresentar sabores fortes, como nestes Cogumelos Recheados com Queijo Alentejano e Cebolada de Presunto. Bastante bem equilibrados e bastante contrastantes, foi um dos pratos favoritos da noite, o que nos levou a pedir uma segunda dose!


Num registo menos original, mas não menos bem executado, os Folhados de Queijo de Cabra com Doce de Pêssego continuaram a senda de sabores equilibrados, mas a massa folhada poderia estar um pouco mais cozida nalguns pontos.


O prato menos surpreendente na noite, na originalidade e nos sabores apresentados, foram as Asinhas de Frango. Fritura irrepreensível, interior húmido mas a faltar-lhe sabor, principalmente depois de termos experimentados outros sabores bastante fortes. A maionese de alho ajudou um pouco mas não de forma significativa.


Um twist engraçado na Tortilha de Batata Doce, petisco que vem acompanhado com uma salada, pois estava em falta o elemento ácido e é assim dado pelo tomate. Boa composição, recheio nada seco e bastante satisfatório.


A nível pessoal, o meu prato favorito na noite foram os Palmiers de Presunto e Queijo da Ilha. Mais uma vez, sabores fortes que andam à tareia dentro da nossa boca lutando pela superioridade e tentando dominar o outro. Felizmente, acabam por se ir completando!


Não houve registo fotográfico da sobremesa, pois também só veio para a mesa em jeito de pedido de recipiente de vela para a aniversariante, pois já estávamos todos algo repletos de comida. Não havendo um queque ou um bolo que suportasse uma vela, o serviço prontamente trouxe uma Mousse de Chocolate com uma vela por cima. Tamanho mini mas imenso em sabor e no jogo de texturas que se apresentava em tão pequeno frasco.
Saímos de lá impressionados pelo espaço, pelo serviço mas, principalmente, pelo qualidade que encontrámos!

Copos & Cusquices
Porto, Portugal
Copos&Cusquices Menu, Reviews, Photos, Location and Info - Zomato
Preço Médio: < 20 €
Data da Visita: 6 de Setembro 2017

terça-feira, 8 de agosto de 2017

Adega do Falhão (Caparide)

A Adega do Falhão muito provavlemente passa despercebida a quem por lá passar. Não está extremamente sinalizada, notando-se apenas a existência de um toldo no meio das vivendas. Um restaurante como há muitos outros, onde em zonas residenciais nasciam pequenas tascas nas próprias vivendas, com o propósito de conseguir alimentar os restantes habitantes do bairro a preços justos.
Aqui, a ementa anda muito à volta dos grelhados mas com preços que considero um pouco mais altos que outros estabelecimentos deste tipo. A sua decoração roda à volta de um só tema, o futebol, com camisolas por todas as paredes, de vários clube e gerações! O serviço é simpático, ainda que não seja o mais expedito do mundo... Ou seja, um sítio porreiro para se juntar um grupo, comer qualquer coisa e ver o jogo que estiver a dar na TV.
Começámos as hostilidades com uma travessa de bons Enchidos, com especial destaque para a Linguiça.


O Entrecosto e a Entremeada, servido numa dose para dois bastante considerável, apresentou a carne bem grelhada, ainda que apresentando um ou outro bocado já algo esturricado, bem temperada e algo gulosa. Um prato seguro e bem executado.


O pior foi o Bife de Novilho, pedido como sempre mal passado, mas chegando à mesa bem passado e já algum tempo depois das restantes pessoas da mesa estarem servidas! Tudo neste prato ficou um pouco aquém... o ovo também podia ter estrelado um pouco menos e as batatas fritas a precisarem de mais tempo dentro do óleo! O arroz? Bem, o arroz é aquele pré-feito servido em 80% dos estabelecimentos que só servem arroz assim por uma preguiça imensurável, acabando por não dar nenhum destaque positivo mas também não prejudicando a imagem da casa se o resto dos componentes cumprirem com o esperado. E, se no entrecosto e entremeada isso aconteceu, aqui já não foi bem assim.


Como as doses são de bom tamanho, e havendo planos para um bolo de aniversário a seguir ao jantar, já não fomos às sobremesas e arrumámos assim a refeição.
Dependendo do contexto acho que pode ser um sítio engraçado para se frequentar. Se quisermos lá ir pela comida, acho que há melhor e aos mesmos preços, mas se quisermos juntar um grupo de amigos, petiscar algo e beber umas cervejas enquanto vemos a bola... então parece-me bastante mais adequado.

Adega do Falhão
Caparide, Portugal
Adega do Falhão Menu, Reviews, Photos, Location and Info - Zomato
Preço Médio: < 20 €
Data da Visita: 14 de Junho 2016

domingo, 30 de julho de 2017

Boi-Cavalo (Alfama)

Hugo Brito é um dos chefs do momento em Lisboa. Desde que abriu o Boi-Cavalo em 2014, com Pedro Duarte mas tomando as rédeas do projecto a solo em 2015, que se tem vindo a destacar na cena gastronómica da capital como um dos novos chefs a ter em conta. Tanto que foi um dos chefs a subscrever o Manifesto para o Futuro da Cozinha Portuguesa (aqui), proclamado no Peixe em Lisboa, conjuntamente com outros colegas bastante relevantes. A lista completa: Henrique Sá Pessoa (Alma / Tapisco), José Avillez (Belcanto / Mini Bar / Cantinho do Avillez  / Bairro do Avillez / Pizzaria Lisboa / Café Lisboa), Alexandre Silva (LOCO), João Rodrigues (Feitoria), Milton Anes (LAB by Sergi Arola), Kiko Martins (O Talho / A Cevicheria / O Asiático / Surf & Turf / O Watt), Hugo Nascimento (Tasca da Esquina / Peixaria da Esquina / Taberna da Esquina), Pedro Pena Bastos (Herdade do Esporão), Tiago Bonito (Largo do Paço), Luís Barradas (Tago's), Leandro Carreira, Hugo Brito (Boi-Cavalo), Manuel Maldonado (Ostraria), Tiago Feio (Leopold), Rodrigo Castelo (Taberna Ó Balcão), David Jesus (Belcanto) e Carlos Fernandes (LOCO).
Num registo muito próprio, Hugo Brito apresenta-se no Boi-Cavalo com uma cozinha muito diferente e muito única, com um menu de degustação (7 pratos, 32€) que muda semanalmente. Claro que esta mudança semanal acarreta riscos. Existe sempre o risco de um novo prato, pouco trabalhado ainda, não estar a funcionar bem, ou até a possibilidade de chegar a um bloqueio criativo pois é um trabalho extremamente exigente que obriga o chef a reinventar-se e continuar em constante adaptação com os produtos disponíveis. Se, ao fim de 3 anos, Hugo Brito conseguiu domar este animal selvagem que é o Boi-Cavalo, muito diz do trabalho nele colocado e que tornou este espaço como um dos melhores de Lisboa. Era um restaurante que já tinha na lista há muito tempo mas acabei por aproveitar o voucher 2 por 1 da Time Out que surgiu a meio de Julho.
Espaço esse que é bastante giro, tendo sido em tempos idos um talho, mas com as mesas relativamente pequenas e as cadeiras algo desconfortáveis. Apesar da política de menu de degustação, que deveria levar as pessoas a desfrutar de uma viagem nas mãos do chef sem tempo limite, o restaurante impõe (ao fim de semana) uma política de dois turnos (às 20h e às 22h30) o que, tendo em conta as cadeiras em questão até é benéfico pois perto do fim da refeição já existe muito a vontade de se levantar e esticar as pernas. O aviso relativo aos turnos foi feito na hora da reserva, até com alguma insistência mas a verdade é que, chegando às 20h, tudo correu bastante suavemente, tendo quase toda a gente saído do restaurante um pouco antes do início do turno seguinte, mas já com o decorrer do reboliço de preparação para a nova fornada de clientes.
A ementa servida por Hugo Brito é uma imensidão de irreverência com sabores novos e conhecidos a conjugarem-se em técnicas bem executadas mas onde nem sempre o resultado foi perfeito. O principal a ter em conta aqui é que temos que ir de mente aberta e sem restrições (pois também essas não nos foram perguntadas em momento algum, da reserva ao fim da refeição, e neste tipo de conceito deve sempre ser perguntado). Mente aberta é realmente o mais importante aqui, e aconselho a só mencionarem restrições alimentares se forem realmente condições médicas. Se não comem carne, peixe ou legumes por opção vossa (e respeito a vossa opção apesar de não concordar com ela) arrisquem na mesma e deixem-se ir! A questão é sempre "Porque não arriscar?"... porquê ficar amarrado a manias, quando podemos numa refeição descobrir novos horizontes e novos prazeres?
Nota de aviso: é muito possível que os nomes dos pratos esteja um pouco errado porque em momento algum me disponibilizaram uma ementa com o que iria comer (o que seria agradável) e foi tudo baseado em notas tiradas depois da descrição do prato.
Digo tudo isto mas, atenção, a refeição nem sequer começou bem! O Lingueirão, Manjericão Tailandês e Framboesa Desidratada ficou muito aquém das expectativas. O bivalve de sabor natural intenso mas algo estagnado, não de mar aberto e pirolitos na praia mas mais de Ria Formosa e seu natural lodo, que quando primeiramente provado não deixou ninguém na mesa perceber onde raio estavam os restantes ingredientes. Lá descobrimos uma folha de manjericão na casca do bivalve e esfregámo-lo veementemente (se fosse um mexilhão isto lembrava-me a outra música) e tudo tomou uma nova dimensão! Aqui já mais agradável mas sem chegar ao patamar que estávamos à espera. Ah, e a framboesa desidratada? Quando provada em conjunto era totalmente afogada pelos restantes sabores. Quando provada individualmente tinha piada mas o seu propósito no conjunto já se tinha perdido.


Felizmente foi só o início que foi atribulado porque a restante refeição correu bastante melhor. Atenção, correu bastante melhor para mim, mas houve pessoas na mesa que não gostaram do prato X ou Y. E é isso que também é engraçado nestes menus em que não sabemos o que vamos comer. O entrar num local com uma venda nos olhos e ir retirando a venda aos poucos. Cada pessoa irá interpretar aqueles sabores à sua maneira e gostará ou não. Mas ao menos arriscou!
Claro que houve alguns pratos consensuais, como foi o caso do Creme de Favas com Chouriço, Chips de Batata Roxa e Ovo Curado. Que sabores tão portugueses, tão fantásticos e tão bem trabalhados! Altamente viciante e a apetecer-me lamber toda a taça! Único pormenor que não percebi no prato, e que aconteceu nalguns pratos salgados sem fazer grande sentido gostativo, foi o Ovo Curado, apresentado em forma de pó.


Também a puxar aos sabores portugueses, mas com aquele toque de irreverência essencial, o Puré de Morcela e Tamarindo, Tagliatelle de Lula, Vinagrete de Maracujá, Amêndoa Torrada e Pó de Nori. Começando pelo aspecto menos positivo, o pó de nori que não pareceu acrescentar nada de novo excepto dar mais uma cor ao prato. Todos os restantes ingredientes bastante bons quando provados individualmente, com o vinagrete de maracujá a surpreender bastante e o puré a puxar também ao avinagrado dos chouriços de sangue. E, por muito estranho que seja combiná-los, fazia total sentido!


O prato de peixe da noite consistiu num Chicharro Braseado com Molho de Poejo e Pó de Mexilhão (lá está o pó que para mim nada acrescentou) acompanhado por Noodles de Batata Macerados à Bulhão Pato com Pele de Porco. Ainda que o chicharro estivesse ligeiramente salgado, estava fantástico. Excelente textura, com uma cozedura mesmo muito ligeira e pleno de sabor. Do outro lado, uns leves noodles de batata, onde o bulhão pato não era de todo pronunciado mas que ligava lindamente com a estaladiça pele de porco.


O prato mais "simples" da noite não foi menos bom pela aparente simplicidade com que chegou à mesa. 3 componentes, sem grandes descrições ou complicações nas notas tiradas. Um excelente, super macio, super tenro e bastante saboroso Lombinho de Porco com Puré de Alface e Vinagrete de Batata-Doce. Aqui, finalmente, sem pós de pirlimpimpim ou outros adereços que não faziam sentido. 3 sabores distintos e fortes, com o lombinho de porco (que era realmente de bradar aos céus, com o seu interior ainda rosado) a puxar o lado salgado, o puré de alface a trazer amargor e o vinagrete de batata-doce, que não era um componente ácido mas sim um componente doce. Excelentes individualmente mas muito melhores juntos.


O penúltimo momento pareceu muito pouco português no seu timing, a puxar mais por raízes francesas julgo, com um prato de Queijos e Pães a chegar à mesa antes da sobremesa. 3 tipos de pães (que não me recordo quais eram mas todos de bom nível) e 3 queijos, bastante diferentes entre si mas todos de sabores únicos e pronunciados. O de Serpa (na image, o do meio) com tons mais macios ao palato mas a acariciar-nos gentilmente as papilas gustativas, assim como o Chèvre que sendo um pouco mais intenso, e de uma excelente qualidade, nos ajuda a progredir para aquele que foi um queijo apoteótico com o São Jorge de 40 (!!) meses de cura. Um queijo que surpreende e evolui na própria boca para ser uma verdadeira bomba! Para ir cortando e limpando o palato, uns simpáticos pickles de rabanete.


Falava-se à mesa como é cada vez mais comum encontrar, em restaurantes com cozinhas de autor ou mais vanguardistas, sobremesas menos doces. Algo que não seja aquelas bombas de doçura que nós portugueses tão bem fazemos. Atenção, nada contra os nossos tradicionais doces conventuais mas é bom variar de vez em quando. O Cheesecake de Banana, Molho de Sakê, Espuma de Raíz Forte, Doce de Marmelada e Banana Frita acabapor fazer isso mesmo. Apesar do (longo e provavelmente errado) nome soar a algo bastante doce, o sabor da raíz forte, com toques entre a mostarda e o wasabi, ajuda a contrabalançar tudo o restante, transformando-a numa sobremesa que foi crescendo a cada colher.


Mesmo não tendo ficado fã do primeiro prato, a vontade de voltar ao Boi-Cavalo é grande! Porque a probabilidade de comer o mesmo que comi na semana que lá fui é muito baixa. Porque quero conhecer melhor o nível de criatividade de Hugo Brito. Porque quero perceber se a sua cozinha irá de encontro ao Manifesto que proclamou. Mas no final quero voltar por um simples motivo... porque é bom!

Boi-Cavalo
Alfama, Portugal
Boi Cavalo Menu, Reviews, Photos, Location and Info - Zomato
Preço Médio: < 40 €
Data da Visita: 16 de Julho 2017

terça-feira, 6 de junho de 2017

O Quintal (Amadora)

O Quintal é um daqueles restaurantes que tem uma ascensão meteórica em tudo o que são redes sociais, criando ondas de hype gigantescas. A curiosidade começa a infiltrar-se, as boas reviews seguem-se (mesmo que ocasionalmente intercaladas com outras menos boas) e a vontade de ir descobrir este recanto improvável, localizado na zona da Venteira (Amadora), aumenta. O problema é nestes locais é arranjar mesa mas, com alguma boa vontade da casa, lá se arranjou uma mesa para 8 pessoas jantarem no Dia da Mãe.
O primeiro pensamento vai para a localização. Tinha a zona da Venteira como algo inóspita para as aventuras gastronómicas, exceptuando o Alqueva (um restaurante a que já não vou faz largos anos). Mas, quando olho melhor para a minha lista, vejo que num raio de 300 metros tenho mais 2 restaurantes referenciados, sendo que um deles é alvo do mesmo tipo sucesso. Tal que, para marcar mesa no Maria Azeitona, parece ser necessário mais do que uma semana de antecedência!
Aqui o conceito começa à porta. Como em qualquer casa, para entrarmos necessitamos de bater à porta. O impacto continua na primeira divisão, como se estivéssemos numa sala de estar da casa dos nossos avós, com uns cadeirões de ar antigo. Bastante engraçado e a restante área do restaurante acompanha este tipo de decoração. Apenas um pouco mais de luz, na área de jantar, seria apreciável.
Algo que achei verdadeiramente surpreendente foi o serviço. Sim, nestes locais "da moda" normalmente o serviço é feito por gente jovem e gira (e isso não é diferente aqui) mas cuja simpatia e competência pode ser questionável. Aqui, mesmo não sendo um serviço perfeito, houve um aspecto que se destacou e ofuscou as poucas falhas: a simpatia. Excelente a rapariga que nos atendeu toda a refeição, sempre com um sorriso honesto e generoso para oferecer. No final, visto ser Dia da Mãe, a oferenda de uma flor às mulheres presentes na mesa.
E o que se come n'O Quintal? Apesar do nome, este não é um restaurante vegetariano nem com uma ementa virada para os vegetais (apesar de poder ser interessante a existência em Lisboa de um restaurante com uma abordagem parecida com a de Alain Passard no L'Arpège. Por falar nisso, obrigatório o seu episódio no Chef''s Table France!). Aqui existem vários petiscos para partilhar e cerca de 1 dúzia de pratos individuais. Fomos para a opção de partilha mas vi passar algumas volumosas doses individuais que me deixaram com curiosidade! Aviso desde já, isto vai ser extenso pois pedimos muita comida. 11 petiscos e mais umas sobremesas, para ser concreto!
Enquanto tentamos escolher, o que não é fácil devido à apelativa ementa, chega um bom Couvert, com especial destaque para a Manteiga Aromatizada e para o Queijo Curado. Pena o Cesto de Pão ter apenas 4 fatias (de 2 variedades diferentes), pois acaba rapidamente e sentimos a necessidade de pedir mais.



Excelentes Ovos Mexidos com Farinheira, principalmente no seu tempero. De destacar ainda a óptima textura apresentada e o bom balanceamento entre a quantidade de ovos e de farinheira.



O Tataki de Vazia levou-me a imaginar algo bastante diferente daquilo que nos foi apresentado. Tataki é uma técnica japonesa que nos remete para uma peça de proteína (peixe ou carne) apenas selada rapidamente, ficando com o seu interior cru. O que experimentámos aqui é apenas um bife da vazia cozinhado médio. Por ser um tataki não sentimos necessidade de especificar temperatura, nem nos foi perguntada. A peça é boa, a carne estava bem temperada e era tenra mas não o chamaria um tataki.



A Morcela Assada com Mousse de Maçã apresentou uma boa textura com a sua pele crocante, bastante bem acompanhada pela mousse (talvez mais um puré mas nada de grave).



Para mim, os pratos menos conseguidos da noite foram aqueles que apresentaram molho. Na sua maioria os pratos estavam saborosos e bem temperados mas os que tinham algum tipo de molho, cuja vontade e expectativa é sempre de que se apresentem gulosos para podermos encharcar o pão neles, No Pica Pau a carne era macia mas mais parecia ter cozido no molho onde vinha, o que não abonava muito a seu sabor.



Também a piscina de Lulinhas Algarvias apresentava o mesmo problema. Molho sensaborão mas as lulas em si apresentavam uma textura bastante macia.



Pouco melhor as Gambas a la Guillo, com o molho a apresentar mais sabor, mas a precisarem de ser bastante mais puxadas no seu tempero!



Bastante melhor, e a pedir mais um cesto de pão, o Chèvre Gratinado e a sua combinação clássica com componentes adocicados como o mel e as passas.



As Chips de Batata Doce também se revelaram uma agradável surpresa, ainda que não ao nível do Pigmeu, mas apresentando-se bem fritas e estaladiças.



A surpresa da noite, numa nota bastante positiva, foi algo tão simples como Cogumelos Frescos Salteados. Em pratos mais complexos e com molho tudo se revelava desinteressante mas aqui, onde algo simples funciona, o arriscar no saltear com alecrim e tomilho foi uma aposta perfeita.



N'O Quintal não se parece arriscar muito em temperos fortes ou combinações improváveis (exceptuando os supracitados cogumelos). O Tártaro de Peixe, corvina neste caso, acabava por reflectir isso mesmo, com o uso de frutas doces já visto em muitas ementas. Mas, apesar disto, não deixa de ser um bom exemplar de um tártaro, porque combinam bem com a acidez do sumo de lima, sem ofuscar o peixe.



O Tártaro de Novilho apresentava-se como uma interpretação próxima da original, na sua versão "Finish It Yourself", mas com o uso de ingredientes menos intensos. Neste caso, a substituição da mostarda de Dijon por uma de grãos ou o uso de vodka no lugar de cognac. Excelente o corte de carne, com cubos grandes a permitirem sentir a frescura e qualidade da carne.
O único ponto menos positivo é a forma como é servido, numa tábua de ardósia. Visto ser temperado com azeite, a facilidade com que, sem intenção, se entornou líquido num dos comensais presentes na mesa é algo que deveria mesmo ser revisto. Também houve alguma dificuldade ao misturar tudo na ardósia.



As sobremesas estiveram todas a um excelente nível! Um Bolo de Chocolate com 2 texturas distintas e de excelente e guloso sabor.



A acidez perfeitamente balanceada na Mousse de Lima foi um claro vencedor para mim. Sabores óptimos, que satisfizeram plenamente o amante de sabores cítricos que há em mim, numa mousse de cremosidade incrível e com um fundo de bolacha bastante simpático.



Também o Banoffee se revelou uma excelente sobremesa, principalmente com aquele pequeno pedaço perfeitamente caramelizado que existia no topo. 



O Quintal tem o potencial para não ser só um restaurante de "moda passageira", tornando-se um bastião do bem receber e bem comer na Amadora. Mas necessitam de corrigir e trabalhar mais nalguns dos pratos para que isso aconteça. Como as doses não são grandes, os preços podem parecer inflacionados, mas se a qualidade da comida aumentar será mais do que justificável os preços praticados.

O Quintal
Amadora, Portugal
O Quintal Menu, Reviews, Photos, Location and Info - Zomato
Preço Médio: < 30 €
Data da Visita: 7 de Maio 2017

segunda-feira, 8 de maio de 2017

Adega Típica da Tala (Belas)

Acordar a um domingo a horas tardias com apetites específicos pode ser um problema. A não ser que esses apetites sejam de Cozido à Portuguesa, pois aí a resolução é simples e basta dirigir-nos à Adega Típica da Tala, um dos melhores (e mais conhecidos) locais em Lisboa para comer um excelente Cozido!
Ligamos ainda meio ensonados para saber se há mesa, ao que nos dizem que não aceitam reservas e será por ordem de chegada, mas podem já colocar o nosso nome na lista de espera. Este telefonema poupou-nos muito tempo de espera pois, quando lá chegamos passados 40 minutos, já estamos no topo da lista e somos rapidamente encaminhados para uma mesa. O restaurante está cheio e até no parque de estacionamento privado tive dificuldade em arranjar lugar. Será a fama de tal sítio justificável?
O espaço é enorme e atafulhado de pessoas e mesas, tornando as várias salas em espaços algo desconfortáveis e barulhentos, mas acaba por ser um restaurante que respira vida ao redor de mesas lotadas com famílias reunidas.
Para nos entreter enquanto esperamos pela estrela principal, comemos uns tristes Cogumelos com Bacon. Não percebo a utilização de cogumelos de lata num restaurante, seja de que nível for! Os restaurantes deveriam sempre tentar ter bons produtos e cogumelos em lata não o são! Juntar-lhes bacon torna-os menos maus (porque bacon faz tudo melhor) mas não os torna bons!


Melhor a Entrada da Casa com Bacon Grelhado, Morcela e Linguiça, com ingredientes de qualidade decente mas não fantásticos.


Fui especificamente para experimentar um único prato, por isso não sei qual a qualidade da restante ementa, mas o Cozido à Portuguesa é dos melhores que já experimentei. Não ao nível duma Coudelaria mas ainda assim muito bom e servido numa dose gigante! Excelentes carnes e óptimos enchidos são o essencial para um bom cozido e aqui preenchem esses requisitos. O único problema que encontrei foi no arroz, servido branco em vez de cozinhado no caldo do cozido!



Já não chegámos à sobremesa, tendo até sobrado alguma comida, mas caso o meu estômago tivesse mais espaço seria para conseguir acabar este fantástico Cozido!

Adega Típica da Tala
Belas, Portugal
Adega Típica da Tala Menu, Reviews, Photos, Location and Info - Zomato
Preço Médio: < 20 €
Data da Visita: 28 de Fevereiro 2016

segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

O Crispim (Fátima)

É raro sair das redondezas de Lisboa, o que é uma pena quando existe todo um mundo gastronómico para conhecer em Portugal. Somos, provavelmente, o país do mundo com a gastronomia mais rica e diversificada. É pena, também, que não saibamos vender esta diversidade maravilhosa para o resto do mundo, acabando sempre por passar que somos um povo que come bacalhau e sardinhas. Não é mentira, visto termos mais de 1000 receitas de bacalhau e as melhores sardinhas do mundo (tal como no futebol, também no campeonato das sardinhas temos os melhores do mundo), mas torna-se limitativo para o que realmente fazemos, um pouco por todo o país. Bem, mas estou-me a dispersar...
A caminho da cidade invicta, decidiu-se fazer uma paragem gastronómica por um dos restaurantes mais conhecidos de Fátima, O Crispim. Casa de boa reputação, e onde fui com alguém que já conhecia a casa, fomos tratados de forma exemplar e tivemos uma refeição fantástica.
A partida foi dada por uns fantásticos Enchidos (Chouriço e Morcela), que foram rapidamente deglutidos pela pressão estomacal que se fazia representar em três esfomeados comensais.


Foi uma refeição exclusivamente carnívora, não porque não haja pratos de peixe, mas porque estávamos mais virados para estes apetites nesta noite. E nada melhor para satisfazer apetites carnívoros que uma fantástica Costeleta de Vitela Mirandesa, de uma altura considerável, tempero adequado e temperatura acertada.


E se a grelha é boa, não há como falhar ao pedir o óptimo Entrecosto de Porco Preto, com a carne perfeitamente grelhada e a soltar-se facilmente do osso.


Mas os "ossos" não se ficaram por aqui e ainda se devorou de forma avassaladora um dos pratos tradicionais da zona de Ourém (fonte), a Friginada de Entrecosto. Carne bastante apurada e a desfazer-se ao toque, num daqueles pratos reconfortantes e de que falava no início.


Para terminar, um Cheesecake de Morango bastante aceitável, onde me pareceu que não foram utilizadas natas (e ainda bem!).


Um restaurante "da terra", como não se encontra nas zonas cosmopolitas, com pratos honestos e simples, sabores apurados e a preços justos e que vale bem o desvio a quem se encontre perto de Fátima.

O Crispim
Fátima, Portugal
Preço Médio: < 30 €
Data da Visita: 4 de Dezembro 2015

terça-feira, 21 de julho de 2015

Curtas #1: Carta de Verão do B'Entrevinhos! (Oeiras)

Fui experimentar alguns pratos da carta de Verão do B'Entrevinhos e, apesar do meu prato favorito (a Barriga de Porco com Mel e Especiarias) ter saído da lista, as novas propostas são igualmente boas! Continuo a convencer-me que este é um restaurante de topo em todo o concelho de Oeiras.
Não me vou alongar muito sobre o restaurante (isso podem ler aqui) mas deixem-me garantir-vos que merece uma visita!
Nesta minha terceira refeição, provei as Asas de Frango Picantes onde apenas era desejável que a pele se apresentasse mais estaladiça. Tudo o resto estava irrepreensível.


O Papardele com Cogumelos Selvagens, Parmesão e Azeite de Trufa precisava de mais sabor, apesar do fantástico aspecto do prato. Excelentes cogumelos e boa massa caseira mas o conjunto precisava de algo mais.


O Magret de Pato com Moscatel era também muito bom, mas a pele podia estar mais estaladiça. O ponto da carne estava perto de perfeito e a riqueza do pato combina bastante bem com a doçura do moscatel.


Inovador, diferente, improvável e delicioso. Tudo adjectivos que se encaixam bem na Morcela com Gastrique de Frutos Vermelhos.


Aproveitem o Verão e vão petiscar qualquer coisa num caloroso fim de tarde. Aposto que ficarão como eu, encantados!

B'Entrevinhos
Oeiras, Portugal
Click to add a blog post for B'Entrevinhos on Zomato
Preço Médio: < 30 €