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domingo, 29 de julho de 2018

Cantinho do Avillez (Parque das Nações)

José Avillez dispensa qualquer tipo de apresentações. Ele é, sem dúvida, o chef mais mediático em Portugal, Rei do Chiado e Arredores, faltando-lhe apenas partir para d'Aquém e d'Além Mar, detentor de um Império invejável mas, tal como D. Afonso Henriques e respectiva descendência, isso não era suficiente e está agora a conquistar o resto do país, um restaurante de cada vez!
Bem, deixemo-nos de história porque essa é sobejamente conhecida e foquemo-nos no presente! Abriu há cerca de dois meses o terceiro Cantinho do Avillez, no Parque das Nações, numa rua que se está a revitalizar e apresenta já várias propostas muito interessantes como o Cantinho ou o Old House.



Este será já o quarto restaurante do Império que visito (quase que poderiam considerar fazer uma espécie de passaporte e ia-se levando carimbos dos vários locais), depois do Mini Bar (aqui), Belcanto (aqui) e Pitaria (a falar num futuro "próximo). Claro que José Avillez não pode estar em todo o lado ao mesmo tempo e confiou a chefia deste seu novo Cantinho ao chef João Novo, que já está no grupo Avillez há 5 anos, com passagens pelo Take-Away de Cascais (já fechado), Cantinho do Chiado e Belcanto, mais recentemente. E ficou bastante bem entregue, diga-se de passagem!
Iniciámos com um Gaspacho de Cerejas do Fundão com Presunto, Ovo Cozido e Croutons, um prato fresco e muito bom para o tempo quente que tarda em vir. Era desejável um sabor mais intenso a cereja, para que se tornasse mais diferenciador e pudesse andar mais a par com o salgado do presunto e a acidez natural de gaspacho. Se não me tivessem dito, não saberia que havia cerejas no gaspacho.



O Tártaro de Atum com Sabores Asiáticos é fantástico. Nota-se a qualidade do produto, muito pelo corte que deixa perceber a textura do mesmo, com o tempero picante a tentar desequilibrar o prato, mas a maionese de miso acaba por ajudar a conjugar tudo, dando-nos, ainda assim, pequenas pontadas de intensidade. Para adicionar mais uma camada de textura, é engraçado a utilização de pequenas esferas de arroz tufado (masago arare).



A carta está bastante bem construída. Podemos fazer uma refeição a puxar mais para sabores fortes ou mais para sabores delicados, bem como para pratos mais frescos ou pratos mais quentes! Todo este lero lero para dizer que gostei da frescura e delicadeza do Ceviche de Vieiras, Batata-Doce e Abacate, percebendo a opção por cortar naquela acidez típica do leche de tigre de forma a não ofuscar a vieira. Foge um pouco aos típicos ceviches que estamos habituados mas, ainda assim, mesmo não puxando pela acidez, com o risco de cozinhar a vieira e tirar-lhe protagonismo, puxaria um pouco mais pelo chili.



Por falar em expectativas, os Tacos Al Pastor foram a primeira grande surpresa da noite! Um prato que, muito provavelmente, não iria pedir mas que me deixou a salivar e a pedir por mais. Passei de "não pediria" para "fazia disto o jantar" facilmente. Sabores pujantes mas equilibrados, que nos despertam todo o interior da boca e nos fazem abrir os olhos tentando perceber de onde saiu tudo aquilo. É salgado, é doce, é ácido, é picante e, quando nos apercebemos, já a nossa boca regozija com tanto sabor.



Terminámos as entradas com o Queijo de Nisa no Forno, uma luta de sabores fortes entre o queijo, o presunto e o mel de rosmaninho, com o óleo de trufa a querer também intrometer-se, desnecessariamente na minha opinião. Considero a utilização do óleo de trufa muito perigosa pela facilidade com que ofusca os restantes ingredientes do prato. Felizmente não aconteceu aqui mas apenas pelo facto de estar a lidar com ingredientes igualmente fortes. O queijo untuoso em conjunto com o presunto torna-se uma combinação verdadeira pecaminosa!



E passamos para os pratos principas e aquele que foi o melhor da noite, a divinal Moqueca de Corvina e Camarão! Duas estrelas no prato, cada uma a fazer brilhar mais a outra. Corvina num ponto perfeito, a tornar-se viciante pelo guloso que estava o caldo. De tal forma que, depois de tratar dos componentes sólidos do prato, pedi uma colher para poder terminar o prato como se de uma sopa se tratasse. Aliás, facilmente me imaginava a comer um prato que consistisse apenas de arroz embebido no caldo. Por preferência pessoal, acrescentava-lhe um pouco de picante mas admito que não precisou de uma gota sequer para ser um prato soberbo.



Apesar de estar num Cantinho do Avillez, e sabendo os padrões elevados que por cá se praticam, não estava à espera de gostar tanto do Risotto de Cogumelos Portobello! Já estava algo cheio, mas é um prato que adoro e acabei por limpar cada bago existente. Boa dose de parmesão, excelente caldo de cogumelos e algum manjericão para nos ir refrescando o palato. O óleo de trufa voltou a fazer uma das suas aparições, mas principalmente ao nível aromático, pois raramente se notou enquanto se comia o prato. Usado desta forma doseada, onde acrescenta ocasionalmente alguns laivos de sua graça, já me faz algum sentido.



Muito bom a Vitela de Comer à Colher com Molho de Caril, com uma conjugação de sabores surpreendente e muito menos pesado do que estava à espera. A bochecha de vitela, a desfazer-se ao toque, combinava na perfeição com o sedoso caril. Para ir cortando a riqueza do prato, cebola roxa e maçã conferiam alguma leveza e necessária frescura. Não utilizei colher no final por dois simples motivos: estava prestes a rebolar para fora da mesa e não sobrou tanto molho pois fazia questão de envolver bem cada pedaço de bochecha ou legume! Mais uma vez a questão do picante que lhe adicionaria, e que podia bem ter pedido, mas são apenas gostos pessoais.



No capítulo dos doces, uma das mais icónicas sobremesas de José Avillez, o Avelã3. E porquê a notação matemática? Porque é uma sobremesa de avelã em três diferentes texturas: gelado, mousse e ralada. Parece demasiado? Não é! Não se torna demasiado doce e ainda tem flor de sal no topo para intensificar algumas das colheradas que sofregamente damos no vaso. Ok, seria sofregamente se não estivesse tão cheio mas dêem-me esta sobremesa depois de uma refeição mais levezinha e vão ver o que acontece!



Para ajudar a empurrar o resto do licoroso Carcavelos Villa Oeiras, um refrescante Sorvete de Limão e Manjericão com Vodka. Não é algo surpreendente, ainda que a adição do manjericão seja uma combinação natural e não desaponte! De ressalvar que todos os gelados servidos no restaurante são Artisani.



O Cantinho do Avillez é daqueles restaurantes que divide opiniões, todas elas válidas. O preço pode parecer elevado, principalmente quando existe um prato na carta a custar quase 40€, mas a verdade é que, por exemplo, o melhor que comi nesta refeição (a Moqueca) custa 14€, o que acho mais do que justo para os sabores experimentados face também à consistência apresentada.
Eu disse no post anterior que não me iria alongar mas parece que é inevitável!

Cantinho do Avillez - Parque das Nações
Lisboa, Portugal
Cantinho do Avillez Menu, Reviews, Photos, Location and Info - Zomato
Preço Médio: < 40 €
Data da Visita: 23 de Julho 2018

segunda-feira, 27 de julho de 2015

Faisão (Campo Maior)

Estive uma semana a acampar pela Beira Interior e Alentejo, dando por mim em Campo Maior, um pouco farto de grelhados e com vontade de um bom prato alentejano. Ainda que mal preparado quanto à escolha de restaurantes, pois era um dos poucos sítios por onde não tinha contado passar nestas férias, uma rápida pesquisa online deu-me algumas opções e acabei por me decidir pelo restaurante Faisão. Na verdade, estava com desejos de dois pratos específicos e que eram dados como especialidades desta casa: Sopa de Tomate e Migas. Por isso, parecia-me o restaurante ideal.
Entramos e damos por nós naquilo que eu, como lisboeta, considero um restaurante tipicamente alentejano, com toda a decoração adequada. Abrindo a ementa, notamos que existem vários pratos do dia, com características regionais, mas que a ementa fixa contém poucos pratos regionais. Ainda assim decidimos experimentar duas das Especialidades da Casa, ambas aconselhadas para duas pessoas, sendo uma dela uma entrada.
Claramente a ementa tem uma gralha. As doses que nos foram servidas não são doses adequadas para duas pessoas, mas sim para três ou quatro! O Gaspacho à Alentejana é um tacho de barro enorme que bem poderia ser uma refeição completa. Mas não é só o tamanho da dose que é generoso, mas também os sabores que rapidamente nos preenchem a boca e violam o palato. Boa dose de acidez na sopa, bom caldo e bons ingredientes a revelarem os sabores da verdadeira cozinha alentejana e feita por quem tem mão para isso.


Também as Migas à Alentejana vinham numa dose cavalar, claramente um excesso para apenas duas pessoas, mas com tudo certo no que interessa. Boas migas, com um ar bastante caseiro e com bastante alho, fácil de retirar das migas visto estar inteiro para os que não são adeptos do mesmo. Mas a surpresa para mim foi a carne. Nem sempre sou adepto de pedir este tipo de pratos com carne frita pois mais de metade das casas acabam por estragar a carne durante o processo de fritura e fazendo com que a mesma fique seca. Esta vinha suculenta e a desprender-se facilmente do osso, também com bastante sabor e com uma boa dose de tempero, especialmente pimentão doce. Também os enchidos são merecedores de destaque, complementando e completando na perfeição o conjunto. Mais um prato a representar bastante bem a cultura gastronómica alentejana.


Mas nem tudo correu bem e a (grande) desilusão ficou guardada para o fim. O Molotof (Molotoff? Molotov? Não consegui encontrar uma resposta definitiva) estava com uma aparência bastante apetitosa, mas quando tentávamos cortá-lo à colher revelava-se borrachoso e nem o doce de ovos se safava nesta sobremesa. Depois de um inicio e meio auspicioso, o fim revelou-se quase tenebroso.


Faisão
Campo Maior, Portugal
Preço Médio: < 20 €

quarta-feira, 15 de julho de 2015

1300 Taberna (Alcântara)

Há muitos anos que não visitava a 1300 Taberna. A única experiência que lá tinha tido foi num Dia dos Namorados, com um menu predefinido e respectivo acompanhamento de vinho. Já na altura tinha ficado com excelente impressão do espaço e, sobretudo, da cozinha praticada pelo chef Nuno Barros, mas tardava por acontecer a oportunidade de poder experimentar o restaurante à carta.
E, eis que finalmente surgiu essa oportunidade, num almoço semanal. Sei que não é um restaurante barato, mesmo com um menu de almoço, que calculo ser mais barato que o de jantar, mas não esperava encontrar uma sala tão bonita numa tão desconsoladora solidão. Bem, ao menos teríamos o serviço e a cozinha praticamente só para nós...
Começámos a refeição com um Gaspacho com Cavala Fumada, que veio substituir (por sugestão do chef) a inexistência do prato de salmão fumado. Não acho que tenhamos ficado a perder com a troca. Pelo contrário, acho que a delicadeza dos sabores do gaspacho se complementavam de tal forma com a subtileza da cavala que saímos a ganhar. Fresco, revigorante e com textura dada pelo pão frito, este gaspacho é uma aposta ganha para tempos mais quentes.



Como o calor já se começava a fazer sentir, também a Terrina de Leitão, Brioche, Laranja e Pimenta Preta é um prato servido frio. O leitão macio e cortado fino brincava com o crocante dos croutons, a doçura da laranja e a envolvência da maionese de pimenta preta. Brincadeiras saudáveis, ou que assim aparentam, numa combinação clássica mas que nos satisfaz o espírito e refresca o espírito.



O Peito de Frango Recheado com Enchidos estava bastante bem executado com o peito a manter-se húmido e macio, algo que nem todos os restaurantes conseguem. Quantas vezes não nos apresentam um peito de frango seco e fibroso? O molho de fricassé um pouco discreto demais e a não fazer a diferença no prato. O ratatouille que acompanha, que nós pedimos para ser trocado por batata migada mas que o serviço gentilmente disponibilizou para que pudéssemos provar na mesma, não convenceu a francesa à mesa com uma versão mais pesada do que seria de esperar.



Vocês não sabem como eu gosto de uma boa bochecha. Sirvam-ma grelhada ou estufada mas é daquelas partes do animal que adoro e peço quase sempre que a vejo numa ementa. Principalmente se forem como estas Bochechas de Porco com Batata Migada e Maçã de Alcobaça que se separam facilmente na inserção do garfo, revelando um interior rosado e macio. Acompanhava com uma cremosa batata migada e balanceava com a acidez do puré de maçã.



Provei ainda umas saborosas Costeletas de Borrego Grelhadas com Couscous e Molho de Iogurte e Hortelã. Muito saborosas e exemplarmente cozinhadas. A sobremesa essa ficou para outras paragens, mesmo sabendo que o bolo de chocolate da Taberna (apelidado de Eusébio, desde os tempos de Oeiras) é um dos ex-libris da casa, mas a curiosidade de experimentar o do Landeau bateu mais forte.



O 1300 Taberna não é um restaurante barato mas apresenta uma cozinha de sabores claros e que justifica o preço praticado. Pratos bem executados, pela mão do chef Nuno Barros, que vão deixando história na cidade de Lisboa. A baixa cozinha, que Nuno Barros começou no 2780 Taberna, não se revela tanto mas parece ainda estar presente em pormenores dos pratos do 1300 Taberna.



1300 Taberna
Rua Rodrigues Faria, 103
LX Factory, Alcântara, Portugal
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Preço Médio < 40 €

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Don Castellana (Cais do Sodré)

O Don Castellana abriu em Agosto de 2014, em Lisboa, transportando um dos melhores restaurantes italianos de Luanda até à capital portuguesa, pelas mãos do chef Riccardo Paglia, quase à semelhança daquilo que já tinha acontecido com o Kook Chiado. E, graças a um convite Zomato, tive a oportunidade de ir experimentar o Menu Especial de Natal, que simboliza a extensão do menu que o restaurante apresentou na Restaurant Week, até ao final do ano 2014, mas apenas de 2ª a 5ª feira. Para vos dar um exemplo do quão compensador esta experiência pode ser, este menu à carta não custaria menos de 38€/pessoa sem bebidas, enquanto que neste caso podemos ter uma refeição completa por apenas 20€/pessoa! O difícil é escolher entre o menu de almoço ou de jantar, sendo ambos bastante apelativos.
Não é o típico italiano onde vamos comer pão de alho e pizza, tendo uma ementa bastante mais elaborada, ainda que com alguns clássicos italianos como carpaccio, risotto ou tiramisù. E assim que entramos no restaurante notamos que estamos num sítio diferente, com um ambiente um pouco intimidante, seja pelas cores escolhidas para a decoração, onde predominam as cores arroxeadas, ou pela própria farda dos empregados, a fazer lembrar roupa italiana da época Renascentista. Mas estes aspectos intimidantes vão-se dissipando ao longo da refeição, com um serviço bastante simpático e prestável, onde os empregados sabem adaptar o seu discurso aos clientes. Um aspecto engraçado no restaurante são os pequenos recantos mais íntimos, de mesa para dois, que têm um nível de privacidade bastante adequado.
Assim que nos sentamos, é colocado o Couvert na mesa, composto por um azeite italiano, sal com especiarias, sal fumado e manteiga de cabra e gengibre. Podemos ainda escolher entre três pães diferentes (sêmola, tomate e ricotta ou integral, se não me engano) mas acabei por pedir apenas o de tomate e ricotta, que se revelou surpreendente, levando-me a arrepender apenas ter pedido uma única unidade.


A refeição em si começa com um amuse bouche oferta do chef, constituído por uma Espetada de Tomate Cherry, Mozzarella e Pistáchio e um Copo de Gaspacho. Simples, fresco e a servir quase como um limpa palato para o início da refeição.


De seguida, outra oferta do chef, uma Quiche de Chanterelle, com molho dos mesmos. Massa folhada perfeitamente cozinhada, com um recheio bastante saboroso e de forte sabor a cogumelo, intensificado pelo respectivo molho. Delicioso!


Perto da perfeição estava o Carpaccio de Novilho com Salada de Cogumelos com Funcho, bem temperado e com um bom contraste entre os vários sabores. A delicadeza da carne combina perfeitamente com o habitual parmesão lascado, mas a adição dos cogumelos eleva este prato para um nível superior aos normais carpaccios. Tudo isto regado com um bom azeite e algo que parecia um molho de tomate caseiro semi-picante que criava novas camadas de sabor no palato.


A segunda entrada deste menu consiste num Mil Folhas de Bacalhau com a sua espuma. O que mais me impressionou neste prato foi o quanto os sabores presentes me faziam lembrar os de um pastel de bacalhau. Batata frita às rodelas, com uma pasta de bacalhau entre camadas, a ser uma verdadeira chamada à memória onde temos a textura contrastante da batata frita a ser comparável à da fritura do pastel de bacalhau e o perfil de sabor a retratar-se bastante idêntico. Um prato que brincou com as memórias e onde só a espuma não me pareceu acrescentar algo muito significativo, exceptuando alguma leveza e subtileza ao conjunto.


Para mim, o prato menos surpreendente da noite, não que isso implique que seja um mau prato mas não o considero do mesmo nível que os restantes, os Tortelloni de Crustáceos e Ricotta. Boa espessura na massa mas um recheio de crustáceos e ricotta bastante unidimensional no sabor, complementado com um molho de tomate simpático, mas que me deixou desejoso que fosse como o molho de tomate do Come Prima. Por cima dos tortelloni, pequenos pedaços de diferentes crustáceos, bem cozinhados mas a não ser algo surpreendente. Ainda assim, um bom prato.


Os pratos principais foram o foco menos espectacular da refeição, ainda que o Lombo de Pregado com Caponata de Beringela e Tomate Coração de Boi estivesse melhor que o prato de massa. O peixe panado tinha uma boa crosta, estava bastante húmido e recheado com tomate e manjericão, acabando por funcionar como uma infusão e transferindo bastante sabor para o peixe. A caponata era deliciosa e gulosa, estando repleta de umami. Os restantes acompanhamentos (courgette grelhada e umas tostas com um molho de tomate pouco interessante) pareciam estar algo deslocados no prato não se enquadrando muito bem com os outros componentes. Ainda assim, vale pelo pregado e pela caponata.


A primeira sobremesa foi uma referência muito pouco italiana, mas ainda assim estava fantástico o Petit Gâteau com Gelado de Baunilha. Uma boa crosta a revelar um interior cremoso e que deslizou pelo prato fora. Fantástico! Acompanhava um cremoso e caseiro gelado de baunilha, algo bastante típico nesta sobremesa.


Mas a surpresa da noite foi a Mousse de Iogurte e Lima com Carpaccio de Ananás e Amêndoas Caramelizadas, a fazer lembrar uma panna cotta de forte sabor cítrico e textura delicada. Óptimo balanço com a doçura do carpaccio de ananás a cortar bem a acidez da mousse. Para transferir alguma textura, umas gulosas amêndoas caramelizadas que pecavam apenas pela pouca quantidade.


No final, tivemos direito a mais uma oferenda da casa, com um shot de Limoncello e uma esferificação do mesmo licor com raspas de limão por cima. Por a bebida não se encontrar muito fresca, a notar-se demasiado o álcool no shot, algo que já não aconteceu na esferificação. Ainda assim, uma brincadeira engraçada e bem concretizada a finalizar em beleza uma refeição memorável.


A comida é, de forma geral, fantástica e saí do Don Castellana bastante feliz com a refeição. Apesar de ainda ter algumas reticências quanto aos preços praticados na carta, este menu, que se encontra disponível de 2ª a 5ª até ao final de Dezembro de 2014, é uma opção barata para a qualidade praticada. Para todos os que ficaram curiosos, é de aproveitar este menu, onde todos os itens disponíveis também se encontram na carta, ou então aguardar por uma próxima Restaurant Week.

Don Castellana
Lisboa, Portugal
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Preço Médio: 20€ (sem bebidas) pelo Menu Especial de Natal (disponível até 31 de Dezembro, de 2ª a 5ª) / À carta: < 50 €

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Arigato SushiHouse (Parque das Nações)

Desde que comecei a falar na minha tentativa de encontrar o melhor All You Can Eat, tenho ouvido falar bastante do Arigato SushiArena, no Campo Pequeno, como um dos melhores a nível da relação triangular qualidade/diversidade/preço. Infelizmente ainda não foi desta que lá fui, mas numa passagem fugidia até à margem Sul, decidi parar no seu irmão no Parque das Nações, de forma a testemunhar a qualidade standard que esta "marca" apresenta. E não saí desiludido.
Ao almoço, o serviço All You Can Eat é disponibilizado numa versão Buffet com uma fila organizada para que, por ordem de chegada, os clientes possam passar por todas as ofertas disponibilizadas, ofertas essas que raramente se deixam ficar de prato vazio, pois um dos empregados está constantemente a avisar os sushimen quais as peças que estão a acabar, para que rapidamente possam ser repostas.
No meio da (muito) variada oferta do buffet, um Shot de Gaspacho. Refrescante sem ser fantástico e não percebo muito bem qual a sua necessidade de existência junto às peças de sushi, mas a acidez do gaspacho ajudou a limpar o palato para aquele que seria o início de uma bela refeição.


É difícil descrever todas as variedades de peças disponíveis neste buffet, pois dispõe de uma variedade quase (será mesmo só quase?) inigualável para um menu All You Can Eat, todas com uma qualidade acima da média, com um bom arroz, tanto a nível de sabor como de cozedura, apesar de estar um pouco pegajoso demais. Existem várias peças que merecem um destaque especial, tanto pelo facto de ser diferente do habitualmente visto em menus com este regime, como pela qualidade da peça:
- Sashimi de Espadarte, fresco e usando um tipo de peixe que nunca tinha provado em sashimi
- Sashimi de Dourada (pareceu-me dourada mas não tenho a certeza), que era marinado numa espécie de cebolada
- Sashimi de Peixe Manteiga, a desfazer-se na boca e algo do qual sou um grande fã
- Uramaki de Salmão e Queijo Filadélia com Arroz com Tinta de Choco, apesar de não ser surpreendente o sabor, achei piada ao uso da tinta de choco no arroz
- Uramaki e Nigiri de Pele de Salmão Grelhada, algo que facilmente encontramos noutros restaurantes de sushi mas que não deixa de ser um dos meus favoritos
- Nigiri de Rábano Japonês em Pickle, um ingrediente que nunca tinha experimentado e de que gostei bastante



Existem mais propostas acima da média mas estas foram aquelas que memorizei e interiorizei melhor. Existe ainda uma secção com alguns itens cozinhados, suponho que para satisfazer aqueles que não sejam adeptos do sushi, apresentando algumas coisas como Polvo à Lagareiro ou Batata-Doce em Tempura.
Fiquei curioso em conhecer o espaço do Campo Pequeno, tanto ao almoço em buffet como ao jantar em rodízio, e de conhecer o menu de degustação deste espaço no Parque das Nações. Não é, para mim, o melhor All You Can Eat, mas está bastante perto, principalmente devido à diversidade apresentada, mantendo sempre um nível de qualidade acima da média.

Arigato SushiHouse
Lisboa, Portugal
Preço Médio: < 30 €

terça-feira, 19 de agosto de 2014

E agora para algo (não completamente mas um pouco) diferente...

Não tenho por hábito publicar refeições que tenho dentro de casa, com a única excepção sendo os Ovos Verdes da minha mãe, que apenas publiquei no Facebook. Mas no início de Agosto tive uma experiência um pouco diferente. Não só pela comida em si, como pela oportunidade que tive de ir espreitando (mas não muito) a preparação da refeição.
Antes de mais, convém começar por dizer que a pessoa que cozinhou (e suas ajudantes) não têm uma aprendizagem académica na área da comida, mas que cresceram a ver cozinhar e a ajudar.
Foi espantosa a quantidade de trabalho que vi ser desenvolvida em 2 dias (cerca de 14 horas para preparar uma refeição de mais de 5 pratos para 40 pessoas), com um respeito fantástico pelos produtos comprados e com uma forma de trabalhar que, apesar de não ser perfeita, consegue ser bastante metódica e organizada. E tudo foi feito de raiz (ou pelo menos tudo o que seria possível), desde os diferentes caldos que iriam utilizar (galinha, legumes, marisco, etc), à massa dos raviolis e até ao acto de filetar e desossar as sardinhas para dois tipos de preparações diferentes. Fiquei verdadeiramente impressionado!

Gaspacho
Ceviche
Raviolis de ricota com "salsa americana"
Não vou descrever nem falar de todos os pratos, mas vou destacar um, que me ficou entranhado pela invulgar combinação dos seus ingredientes. Uma torrada/bruschetta com pesto, queijo mozzarella e filete de sardinha avinagrado que estava fantástico, percebendo-se perfeitamente cada ingrediente e com a sua combinação a fazer sentido ao palato.


Para além das fotos que coloquei em cima, comeram-se ainda umas fantásticas bochechas de porco, que se desfaziam na boca, e vários outros pratos dos quais já não fui a tempo de tirar fotos mas que ajudaram a fazer desta refeição algo diferente.