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quarta-feira, 31 de maio de 2017

Adega Camponesa (Alcabideche)

Por trás do Hospital de Cascais, em Alcabideche, existe uma adega típica portuguesa que passa despercebida perante tudo e todos. Um daqueles restaurantes que parou no tempo, vivendo feliz na sua fórmula que funcionava bem há 20 anos atrás e que, a bem ou a mal, lhe deu crédito suficiente para conseguir continuar vivos no século XXI.
Apesar de poderem vir a entender um tom algo depreciativo nas minhas palavras, não quero que interpretem nelas qualquer maldade. Acho até de louvar a capacidade de alguns restaurantes terem a mesma decoração há 20 ou 30 anos, servirem o mesmo tipo de pratos que sempre serviram e manterem-se abertos, principalmente quando estão localizados num sítio tão desterrado e mal-identificado como este, passando por baixo do radar das novas tecnologias e das redes sociais. O que me leva a crer uma coisa, a qualidade da comida tem de ser notória o suficiente que traga as pessoas de volta.
Ou então é esta simples fórmula, que funcionava então e continua a funcionar agora. Pratos simples, pratos portugueses, opções típicas e apelativas tanto de carne como de peixe, bons preços e doses grandes! É uma fórmula vista mil vezes, que não funcionou noutros locais mas que aqui parece estar solidamente implementada.
A dose de Cozido à Portuguesa é tudo o que atrás descrevi. Simples, numa dose gigante, e o serviço rapidamente se disponibiliza a trazer mais um pouco se acharmos ser pouco, e a um bom preço. Os ingredientes não são de topo mas são bons.



Por vezes não é preciso reinventarmo-nos. Só precisamos de ser consistentes, bons e honestos no que fazemos. E foi isso que senti na Adega Camponesa. 

Adega Camponesa
Alcabideche, Portugal
Adega da Camponesa Menu, Reviews, Photos, Location and Info - Zomato
Preço Médio: < 20 €
Data da Visita: 29 de Maio 2016

segunda-feira, 22 de maio de 2017

Alta Roda (São Domingos de Rana)

Gosto de tascas! Gosto de casas simples, de comida caseira e do serviço familiar que a maior parte tem e que caracteriza as boas tascas! Não é só pelos preços baratos que as pessoas vão a tascas. É também pelo sentimento de proximidade e autenticidade que emitem mal lá entramos. Mesmo que o serviço seja algo demorado, que a comida não seja exactamente perfeita ou que o espaço não seja muito acolhedor, sentimo-nos perto de casa, sentimo-nos bem!
O Alta Roda é um pouco isto. Uma casa simples, com um espaço que não pode ser considerado exactamente acolhedor, um serviço lento mas onde a comida é boa (não excelente ou perfeita) e caseira!
Bom Cozido à Portuguesa, disponível à 5ª feira (se não me engano), com uma boa variedade de carnes, um bom arroz cozido com a água dos enchidos e uma dose que dá para 3!


Bastante bom, e bem servido, também estava o Arroz de Polvo! Caldoso qb, com muito sabor, e com o molusco a revelar alguma resistência aos dentes mas nada de preocupante. A única coisa que faltava para ficar no ponto certo foi o picante caseiro que pedi à parte e que tornou tudo muito melhor.


Uma casa que faz as coisas bem, pela certa e a um preço justo, sem andar com rodeios ou tentar inventar a roda.

Alta Roda
São Domingos de Rana, Portugal
Alta Roda Menu, Reviews, Photos, Location and Info - Zomato
Preço Médio: < 20 €
Data da Visita: 28 de Abril 2016

segunda-feira, 8 de maio de 2017

Adega Típica da Tala (Belas)

Acordar a um domingo a horas tardias com apetites específicos pode ser um problema. A não ser que esses apetites sejam de Cozido à Portuguesa, pois aí a resolução é simples e basta dirigir-nos à Adega Típica da Tala, um dos melhores (e mais conhecidos) locais em Lisboa para comer um excelente Cozido!
Ligamos ainda meio ensonados para saber se há mesa, ao que nos dizem que não aceitam reservas e será por ordem de chegada, mas podem já colocar o nosso nome na lista de espera. Este telefonema poupou-nos muito tempo de espera pois, quando lá chegamos passados 40 minutos, já estamos no topo da lista e somos rapidamente encaminhados para uma mesa. O restaurante está cheio e até no parque de estacionamento privado tive dificuldade em arranjar lugar. Será a fama de tal sítio justificável?
O espaço é enorme e atafulhado de pessoas e mesas, tornando as várias salas em espaços algo desconfortáveis e barulhentos, mas acaba por ser um restaurante que respira vida ao redor de mesas lotadas com famílias reunidas.
Para nos entreter enquanto esperamos pela estrela principal, comemos uns tristes Cogumelos com Bacon. Não percebo a utilização de cogumelos de lata num restaurante, seja de que nível for! Os restaurantes deveriam sempre tentar ter bons produtos e cogumelos em lata não o são! Juntar-lhes bacon torna-os menos maus (porque bacon faz tudo melhor) mas não os torna bons!


Melhor a Entrada da Casa com Bacon Grelhado, Morcela e Linguiça, com ingredientes de qualidade decente mas não fantásticos.


Fui especificamente para experimentar um único prato, por isso não sei qual a qualidade da restante ementa, mas o Cozido à Portuguesa é dos melhores que já experimentei. Não ao nível duma Coudelaria mas ainda assim muito bom e servido numa dose gigante! Excelentes carnes e óptimos enchidos são o essencial para um bom cozido e aqui preenchem esses requisitos. O único problema que encontrei foi no arroz, servido branco em vez de cozinhado no caldo do cozido!



Já não chegámos à sobremesa, tendo até sobrado alguma comida, mas caso o meu estômago tivesse mais espaço seria para conseguir acabar este fantástico Cozido!

Adega Típica da Tala
Belas, Portugal
Adega Típica da Tala Menu, Reviews, Photos, Location and Info - Zomato
Preço Médio: < 20 €
Data da Visita: 28 de Fevereiro 2016

domingo, 19 de março de 2017

Sabe Bem (Benfica)

Muito concorridos são os restaurantes na zona das Torres de Lisboa. De tal forma que a necessidade de ir cedo, tarde ou reservar é quase obrigatória, qual restaurante do Chiado numa 6ª à noite! Já vos falei da Adega do Silva (aqui), e hoje trago-vos um restaurante 2 portas ao lado.
O Sabe Bem não me despertava qualquer curiosidade quando por lá passava. De fora parece pequeno e desinteressante. Até ao dia em que anunciaram Cozido à Portuguesa, colocando uma foto do mesmo na porta de entrada, pela qual eu, por mero acaso, passei. E toda a manhã não me saiu da cabeça a ideia de ir comer um cozido. Reserva feita e lá fui, juntamente com mais alguns colegas de trabalho.
O primeiro impacto é a ementa diária. No dia em que fui havia 2 sopas, 11 pratos de carne e 3 pratos de peixe! Tudo isto à escolha num menu que custa 8€ (Pão, Azeitonas, Paté + Sopa + Prato + Bebida) ou 9€ (se lhe adicionarmos uma sobremesa).
A Sopa de Cozido foi um bom início, com um caldo saboroso e a fazer prever os sabores que minutos mais tarde assentariam arraiais à minha frente.


O preço do menu diário é bastante justo, principalmente depois de ver o tamanho da dose de Cozido à Portuguesa. Boa variedade de carnes, todas de qualidade aceitável, e muita quantidade de enchidos, ainda que não tivesse havido a preocupação de trazer de forma equitativamente repartidos (só havia uma única rodela de chouriço numa dose para duas pessoas e um excesso de farinheira e morcela). Arroz simpático e legumes bem cozinhados e também bastante simpáticos.


Um restaurante despretensioso, de comida simples, sabores simples, doses generosas e a preços bastante honestos ao almoço. Não sei como será ao jantar...


Sabe Bem
Benfica, Portugal
Sabe Bem Menu, Reviews, Photos, Location and Info - Zomato
Preço Médio: < 10 € (Menu de Almoço)
Data da Visita: 23 de Fevereiro 2017

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

A Coudelaria (Samora Correia)

Impressionante! É a palavra que melhor descreve A Coudelaria, na Companhia das Lezírias em Samora Correia, e o seu Cozido de Carnes Bravas à Ribatejana. Impressionante porque a primeira vez que lá fui bater à porta, não tinha noção da quantidade de antecedência que é necessária para conseguir ter a experiência fantástica que é este Cozido, servido em regime buffet por 18€/pessoa com tudo (e quando digo tudo, é mesmo tudo!!) incluído. 3 meses foi a antecedência mínima com que a mesa foi marcada, pois o Cozido só se serve ao Domingo. Portanto, se estão a pensar aparecer lá sem qualquer tipo de reserva (como eu tentei fazer uma vez), esqueçam! 


Impressionante também a variedade oferecida por tão módica quantia! Fui ao post do dia exacto da minha visita recuperar tudo o que estava disponível nesse dia e a lista era a seguinte:

Sopa Rica do Cozido
Paio de Porco Preto, Queijos Meia Cura de Ovelha, Queijos Fresco de Cabra, Chamuças de Legumes, Bolinhas de Carne, Rissóis de Camarão, Manteiga, Queijo Creme e Azeitonas Alentejanas Temperadas
Boletas de Porco Preto c/ Castanhas
Novilha Brava ( Aba, Costela e Rabo )
Unha, Chispe, Pernil, Rabo, Orelha, Entrecosto, Entremeada, Toucinho, Cabeça de Porco Preto
Galinha Caseira e Pato Mudo
Salsicha Fresca, Chouriço de Sangue, Farinheira, Chouriço de Carne, Chouriço Mouro, Morcela e Linguiça todos de Porco Preto
Batatas, Cenouras, Nabos, Couve Portuguesa, Couve Lombarda e Couve Coração de Boi
Grão de Bico e Arroz Carolino do Cozido
Arroz Doce, Pudim de Batata Doce, Mousse de Chocolate, Tigelada, O Nosso Segredo, Baba de Camelo, Bolo de Bolacha, Pasteis de Nata da Coudelaria e Queijadinhas de Feijão
Fruta da época
Vinho da Fonte (branco, rosé e tinto da Companhia das Lezírias).
Café
Aguardente, licor de ginja, licor de poejo e licor de amêndoa (todos caseiros)

Impressionante o tamanho da lista, não é? E impressionante também a qualidade que tudo tinha! Não havia nada mediano. E já vos disse que é em regime buffet, portanto podemos comer tudo e quantas vezes quisermos? Impressionante, certo?


Desta vez não vos vou fazer uma descrição de tudo o que comi, porque foi muito e de tudo um pouco! O destaque é geral porque é realmente tudo impressionante e fantástico, desde a Sopa de Cozido, às Bolinhas de Carne, ao Porco do Cozido ou até o Pato Mudo, passando pelo Arroz do Cozido (algo que nem todos os sítios conseguem ter com qualidade), chegando ao Buffet de Sobremesas já sobrelotado de comida e acabando nos óptimos licores caseiros.



É impressionante a qualidade de tudo o que é colocado nas mesas de buffet! Não é só a variedade oferecida mas também a qualidade do que é servido. E tudo isto é regado com um bom vinho da própria Companhia das Lezírias, pois claro.


Já estão convencidos a fazer uma visita à Coudelaria? 
Planeiem a vossa vida, organizem-se com antecedência e vão conhecer um dos melhores exemplares do quão fantástico um cozido é! Vale muito a pena! 

A Coudelaria
Samora Correia, Portugal
Preço Médio: < 20 €
Data da Visita: 31 de Janeiro 2016

terça-feira, 24 de janeiro de 2017

O Talho (Lisboa)

Kiko Martins entrou de caras na cena gastronómica lisboeta (e nacional). Viajou o mundo, voltou, lançou um livro e abriu um restaurante de sucesso. Pareceu fácil, pareceu natural e a'O Talho seguiram-se A Cevicheria e O Asiático mas só foi possível graças a muito (e bom) trabalho. Neste momento, Kiko Martins parece uma máquina imparável e está já a preparar a abertura do seu 4º restaurante (O Watt, na sede da EDP). Isto só para falar no que a restaurantes diz respeito e tentando passar ao lado das inúmeras aparições televisivas que vai fazendo. Mas será que todo este sucesso é justificado?
O "meu primeiro Kiko" teria que ser o original...fazia-me sentido ir à "casa-mãe" e ver onde "tudo começou" (ok, se calhar estou a abusar das aspas e dos chavões). As primeiras visitas fizeram-se para experimentar a vertente talho e, tentando não me alongar muito, é muito bom! Mais caro que os talhos normais, inclusive os ditos gourmet, todos os produtos que trouxe de lá são muito bons e já lá fui algumas vezes só para ir buscar carne!



Mas falemos sobre a vertente restaurante e tentemos não nos alongar. Primeiro, o espaço é bonito e gosto, particularmente, dos tons mais sóbrios. Especialmente por contrastarem com um serviço descontraído e jovial, ainda que perfeito. É fácil notar que se está num dos melhores restaurantes da cidade apenas pela qualidade do serviço.
Aqui, apesar do tema principal ser a carne, ou não estivéssemos nós num talho, a ementa sofre influências de todo o mundo e a primeira prova disso é a variedade de pão no Couvert, onde podemos apreciar pão português ao lado de uma focaccia ou de papadum. Um início bastante auspicioso para o que seria esta viagem pelos sabores do chef Kiko Martins.



Antes das entradas chega uma pequena oferenda por parte da cozinha, na forma de um Creme de Castanha com Amêndoa que nos aquece e reconforta numa fria noite de Janeiro.



Logo na primeira entrada, o restaurante consegue superar-se a ele próprio. Os Croquetes de Cozido à Portuguesa são bons quando comidos em casa (podem-se comprar congelados) mas não se compara à experiência de os comer no restaurante acompanhados por uma fantástica maionese de chouriço.



Ainda que estando num talho, a ementa incorpora um dos pratos chave de outro restaurante de Kiko Martins, o Ceviche Puro. Excelente da primeira à última dentada, com as notas ácidas perfeitas no leche de tigre e um bom jogo de textura, principalmente na batata-doce em 2 texturas.



Mas O Talho não é um restaurante que se leve muito a sério. Quer dizer, leva-se a sério e tudo o que faz, fá-lo seriamente bem, mas não deixa de ser um restaurante que quer proporcionar experiências diferentes e brincar com o que conhecemos. O melhor exemplo disso é o seu Tártaro, com uma interpretação e um empratamento que nos leva a pensar em sushi. A alga nori está lá e temos um creme de rábano, que nos leva a pensar no sabor do wasabi, substituindo o uso da tradicional mostarda de Dijon. Temos ainda um shot de vodka, que podemos beber, mas que serve para misturar com a carne, iniciando um ligeiro processo de cozedura. Acompanha com umas batatas fritas fantásticas. Excelente textura e excelentes sabores num dos melhores tártaros lisboetas!



O Surf and Turf (que se encontrava disponível na altura), um Quinoto do Mar com Tonkatsu de Barriga de Porco, foi menos consensual na mesa. Se a minha paciente e corajosa companhia (pois é preciso paciência e coragem para me aturar nestes desvarios), não ficou minimamente impressionada com o prato que (quase) lhe impus (queria o Tártaro só para mim e ainda queria muito muito muito experimentar este!). Já eu tive uma opinião muito contrária. Apesar de ser um prato algo pesado, com um quinoto de densos sabores a mar a não conseguir contrabalançar completamente a riqueza da barriga de porco, achei que os dois sabores juntos conseguiam funcionar. A minha imposição sobre a escolha do prato seria só para provar mas não resisti e "ajudei" a acabar o prato.



Para terminar a refeição, um Crumble que esteve demasiado rico, demasiado doce e pouco equilibrado, com a manteiga de amendoim e o dulce de leche a não conseguirem ser totalmente cortados pelo uso da lima.



Ainda que terminando numa nota menos boa, toda a refeição esteve num patamar muito alto. A definição de barato ou caro varia consoante o valor pessoal que damos a uma experiência. Consoante o valor que nós próprios damos à satisfação com que saímos do restaurante. E deixem-me dizer-vos que saí muito satisfeito d'O Talho.

O Talho
Lisboa, Portugal
O Talho Menu, Reviews, Photos, Location and Info - Zomato
Preço Médio: < 50 €
Data da Visita: 13 de Janeiro 2016

quarta-feira, 8 de julho de 2015

O Tavares (Linhó)

Já vos aconteceu recomendarem um restaurante, recentemente descoberto, para um almoço de família e depois não ser tão bom como foi da primeira vez que lá foram? Claro que existem N factores para que isto possa acontecer, mas a vontade de nos enrolarmos a um canto, embalando-nos e murmurando "Mas eu gostei mesmo deste restaurante há 4 dias atrás", é grande.
Vá, não vou exagerar, o restaurante não mudou da noite para o dia. A ementa continuou a ser apelativa, com pratos de carne e de peixe apetecíveis, a preços bastante justos e em boas doses, o serviço prestável, mesmo com bastante confusão, e a comida que pedi continuou num patamar de qualidade bastante aceitável. O que mudou? Os tempos de espera, e logo num dia em que eu estava com alguma pressa, e a falta de qualidade do atum.
Será uma questão de sorte na escolha dos pratos? Tanto na primeira como na segunda visita, os Lagartos de Porco Preto eram muito bons. O que o nível adequado de sal e uma mão competente na grelha fazem a tão "grosseiro" corte do animal. 



Também a gigante Espetada à Tavares com Louro se apresentava bem confeccionada, com os nacos de carne mal passados. O corte de carne era adequado à espetada mas precisava de um molho que complementasse a carne. Algo que a enriquecesse a nível de sabor. (Sim João, eu disse-te que ia mesmo pôr aqui a foto da espetada em que tu apareces... Isto de tirar fotos a comida tem os seus riscos de "emplastrismo")



Provou-se ainda um saboroso e exemplar rascasso. A fealdade do peixe é inversamente proporcional ao seu sabor. 
Também saboroso estava o Cozido à Portuguesa, prato do dia na segunda visita. Primeiro deixem-me salientar a imensidade da dose apresentada. Fiquei com a impressão que uma dose chegava perfeitamente para 3 pessoas. Depois, a diversidade e qualidade das carnes e enchidos representados. E o arroz, um dos indicadores de qualidade de qualquer cozido que se preze? Um pouco seco, mas bom de sabor e claramente cozinhado com a água do cozido. 



Mas porquê o drama quanto ao receio de fazer recomendações para ocasiões familiares? Primeiro porque a maior parte das minhas experiências em restaurantes são partilhadas com poucas pessoas. Quando multiplicamos este número por 5 é normal que os tempos de espera aumentem exponencialmente e o serviço se torne mais complicado. É difícil gerir uma mesa de 20 lugares num restaurante. 
Mas pior é quando as pessoas que lá levamos experimentam um prato que não está nem perto da qualidade que eu julgava que o restaurante seria capaz. Neste caso, vários Bifes de Atum onde nenhum se apresenta mal passado, como o serviço o tinha descrito. Todos vêm para a mesa bem passados e com um atum sem grande qualidade. Prontificaram-se a mudar por outro bife que tinham feito a mais e tinha sobrado mas também este sofria de sobreexposição ao calor.
Não deixo de considerar O Tavares como um bom restaurante, principalmente para grupos. As doses generosas e os preços moderados ajudam a equilibrar algumas inconsistências na qualidade da comida e possíveis atrasos na cozinha, que são expectáveis em grupos grandes.

O Tavares
Rua da Ribeira, 32
Linhó, Portugal
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Foodspotting
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Preço Médio: < 20 €

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Kook Chiado (Chiado)

Ouvi falar, pela primeira vez, no Kook Chiado à cerca de duas semanas, quando saiu um pequeno artigo sobre a sua equipa e o seu conceito. A equipa parecia-me interessante e com passagens por sítios de renome na cidade de Lisboa, mas o conceito assustava-me um pouco. Sushi e petiscos portugueses no mesmo espaço? Já tive más experiências com restaurantes que ambicionam agradar a um público alvo vasto, ou encaixar-se nas modas, e depois falham miseravelmente.
Mas a possibilidade de fazer o passatempo de aniversário do blog num espaço recentemente aberto, com boa pinta e com uma carta que, apesar do anteriormente mencionado, até parece apelativa, era irrecusável. E não poderia lançar um passatempo sobre um restaurante sem primeiro vos dar a minha opinião sobre o mesmo não é?


Ao entrarmos no restaurante ficamos agradados com a decoração. É um restaurante moderno, decorado com bom gosto e recebemos logo o primeiro sorriso da noite. Ao longo de toda a refeição, todo o atendimento foi (quase) exemplar, mas sempre bastante simpático e prestável. Tão prestável que, enquanto nos colocávamos nas mãos do chef David Costa, não colocando qualquer restrição aos pratos com que ele nos quisesse presentear, estávamos bastante indecisos sobre o que beber, ao que nos foi sugerido uma Sakerinha de Maracujá. Fresca, quase um sumo, não se notando muito o álcool e servido com os caroços do maracujá, e isso para mim é um ponto a favor. É como as mousses de maracujá, se não tiver sementes não tem metade da piada.


Assim que chega o Couvert, senti as minhas expectativas subir, apenas pela forma cuidada como é apresentado. Uma base com dois tipos de pães (e dois exemplares de cada) quentinhos a libertar um aroma que nos mete a boca a salivar. A manteiga de ovelha cremosa, quase com a textura de um queijo, derretendo-se assim que colocada num pedaço do fantástico pão. Também o hummus é muito bom, de boa consistência e com a adição de um qualquer ingrediente que não consegui descortinar, mas que lhe conferia uma ligeira acidez, tornando-o multidimensional. (Depois de uma rápida consulta à ementa do Kook, apercebi-me que o hummus do restaurante é feito de tremoço. Excelente ideia e concretização)
Nunca um couvert me deixou com um sorriso tão grande na cara.


Com o couvert, chega também um mini cesto de Chips de Batata-Doce Frita. Não pareciam acabadas de fritar pela temperatura a que estavam e faltava-lhes a adição de um pouco de sal, mas estavam boas e cada rodela estaladiça foi devorada até não restar nada mais no cesto.


Para entrada, o chef quis presentar-nos com uma verdadeira obra de arte, concretizada pelo sushiman Octávio Melo. Apesar de não ser das minhas piores fotos (sendo que as minhas fotos nunca são realmente boas), ela não faz justiça ao prato que nos foi colocado à frente. Sim, sushi é arte, mesmo que não tenha sido pintado por Picasso, e a forma como as peças são dispostas no prato são o cartão de visita do sushiman, pois os olhos também comem.
Variedade suficiente para nos dar a provar um pouco do que têm na carta de sushi, vou tentar descrever-vos o melhor possível aquilo que havia neste combinado de 20 peças. Aqui foi um ponto onde o serviço falhou porque não nos foi explicado (nem antes nem depois) o que nos estava a ser servido. Penso que apenas no couvert e na sobremesa isso nos foi explicado.
Sashimi de salmão, camarão e atum ligeiramente braseado. Fantástico a nível de frescura e sabor, principalmente o atum. Tem sido raro encontrar sashimi de atum desta qualidade, parecendo-me até ser um corte de uma zona mais gorda, mas não sendo barriga. Mais um ponto positivo na apresentação do sashimi de camarão, com a cauda e a cabeça do animal a ser também apresentado. Bonito, mas acima de tudo saboroso.
Nos nigiris, bom o de atum (agora já parecendo ter um tipo de atum mais magro) com um arroz acima da média mas com o formato de nigiri a ser mais alto do que o que estou habituado. O de salmão foi mais uma fantástica surpresa, pela adição de pesto no topo do peixe. Boa combinação e a funcionar bastante bem.
O (único) rolo presente tinha um nível técnico e de inovação que apreciei bastante. O Salmão braseado a fazer a vez do arroz, com atum picado no interior e um molho de kimuchi (a versão japonesa do kimchi) por cima. Excelente combinação, dando para distinguir na perfeição os dois peixes diferentes
Para completar as 20 peças, dois gunkans de salmão, com uma variedade grande de ingredientes a servir de topping, mas infelizmente não fui capaz de distinguir mais quase nenhum. Mesmo não sabendo bem o que estava a comer, a explosão de sabores que senti foi impressionante. Sabores que parecia reconhecer mas que o meu cérebro não conseguiu nomear. Muito bom.


Para nos dar a conhecer a vertente de cozinha portuguesa do Kook, chegaram à mesa dois pratos principais diferentes, tendo a empregada que colocou os pratos se enganado, porque colocou o prato de peixe a quem tinha os talheres de carne e vice-versa. Mas nada de grave.
O prato de peixe era o BaKalhau à Lagareiro, uma reinterpretação bastante fiel do nosso prato tão bem conhecido, sendo o ponto principal de diferenciação o nível da apresentação, não sendo servido uma posta grande mas três bocados. O bacalhau estava excelentemente cozinhado, a lascar bastante bem e com bom ponto de sal, apresentando ainda o pormenor da pele semi-estaladiça. Normalmente evito a pele do bacalhau porque é um pouco grossa e costuma apresentar-se com uma textura mais gelatinosa, mas esta não resisti e não sobrou nem uma amostra para levar à cozinha. Boas batatas no forno e umas folhas de espinafres salteadas completam um conjunto tão típico da nossa cozinha, neste caso elevado a uma qualidade superior à normalmente encontrada.


Porque este é um restaurante com uma temática bastante portuguesa, o prato de carne teria que ser um dos mais emblemáticos pratos de carne em Portugal, o cozido à portuguesa, aqui apelidado de Kozido Kook. E aqui nota-se claramente o cuidado na apresentação (e consequente inovação) que parece ser uma das imagens de marca do Kook. À esquerda, apresentado como numa terrina, as várias carnes colocadas em camadas. Carne de vaca, farinheira, chouriço, morcela e no fim carne de porco e sua orelha. Todas as componentes muito boas individualmente e a funcionar bem quando juntas. A orelha (algo que adoro) estava bastante cozida e até gosto dela um pouco menos cozida para dar uma textura diferente ao conjunto. Também o acompanhamento é diferente e apresentado de forma original, com os legumes cozidos (cenoura, batata-doce e batata?) a estarem enroladas em couve lombarda. Um pouco cozidos demais os legumes, tornando-se em puré já na boca, mas pouco grave na minha opinião. Diferente, novo, original e com um toque de hortelã. Tudo finalizado com o caldo do cozido que é despejado sobre o prato.
Se tivesse que dar um exemplo do que é reinterpretar um clássico, este é um exemplo perfeito. E estava de tal forma saboroso e viciante que, não só fiquei triste quando acabou o prato porque ainda queria mais, como me esqueci de verter mais caldo de tão entusiasmado que estava.


Também nas sobremesas, tivemos o prazer de receber duas diferentes para poder experimentar o máximo de coisas possível. Primeiro, uma surpresa original mas que junta vários sabores nossos conhecidos. Suspiros em cama de mousse de lima, com um granizado de mirtilos (que não era só granizado mas continha também alguns pedaços de gelatina de mirtilos). Individualmente todos os elementos a serem fantásticos, mas a sua combinação é uma coisa de outro mundo. Excelente balanço entre acidez e doce.


Mas as reinterpretações deles não se ficaram pelos pratos principais. Quando me colocaram o prato à frente (foto em baixo) senti-me intrigado, mas devo ter feito cara de parvo quando ouvi as palavras "Este é o nosso Arroz Doce". Arroz doce? Mas onde é que está o arroz? Vou tentar descrever todos os elementos como me foram descritos mas posso-me enganar algures... Arroz doce frito com leite de coco (umas pequenas bolas a fazerem lembrar arancini), mousse de leite de coco com creme de maracujá e gelado de mojito. Muita coisa? Sim, talvez um pouco demais. Individualmente tudo era fantástico. As bolas de arroz doce fritas com o arroz ainda cremoso e bastante saboroso. A mousse de coco e o creme de maracujá a funcionarem bem juntos, graças à acidez do maracujá. E o sorbet de mojito? Genial! Muito bom mesmo. O único problema? Estes elementos não funcionavam bem juntos. Uma pena porque todos eles eram excelentes.


Saio do Kook feliz. Um sorriso na cara e na mente embarcam-me o espírito para o regresso a casa, acreditando que este é um restaurante que pode dar que falar. Pena é, a uma 5ª feira, ter tido apenas 4 clientes (eu e a minha companhia incluídos) enquanto lá estive. E quando saí de lá às 21h30 ficou o restaurante vazio. Apesar de não ser um restaurante barato, achando apenas que existe um desequilíbrio nos preços dos pratos principais, parece-me que tudo o resto é justo para o que é servido. Motivo mais do que suficiente para ser merecedor de algumas visitas e poder experimentar o resto da carta.

Kook Chiado
Lisboa, Portugal
Preço Médio: < 30 €

quinta-feira, 13 de março de 2014

Restaurante Bom Dia - Cozido À Portuguesa

Não sou muito exigente com um Cozido à Portuguesa. Sendo um prato de simples preparação, basta os ingredientes serem acima da média para que também a sua conjugação se torne acima da média. Neste caso, infelizmente apenas a carne estava acima da média, com os enchidos e os vegetais a não se destacarem muito. Não quero dizer que seja um mau prato, mas com uma aposta um pouco maior na qualidade dos ingredientes seria bastante melhor.
Uma nota para o único ponto mau neste prato, o arroz. Se há algo que adoro num bom cozido, é o arroz que é cozinhado com o caldo dos restantes ingredientes, tornando-se um dos componentes mais saborosos de todos. Neste exemplar, o arroz vinha seco e cozinhado sem grande amor e carinho, sendo fraco e desinteressante.



Foodspotting
Restaurante Bom Dia
Pavilhão Central do Jardim de Paço de Arcos (antigamente na Rua Costa Pinto, nº 180 em Paço de Arcos)
Paço de Arcos, Portugal
Preço Médio: < 20 €