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terça-feira, 14 de agosto de 2018

Altântico by Miguel Laffan (Estoril)

O nome de Miguel Laffan pode parecer estranho aos mais distraídos, mas este tem sido um dos chefs portugueses mais reconhecidos na cena gastronómica portuguesa recente, muito devido ao seu trabalho no L'And Vineyards, em Montemor-o-Novo, onde ganhou uma estrela Michelin, perdeu-a, e depois conseguiu recuperá-la.
Entretanto parece que têm sido uns últimos tempos ocupados para o chef, que abriu recentemente O Ato, em Lisboa, e deu nova vida ao Atlântico, o restaurante do Hotel Intercontinental Estoril. Restaurante esse do qual já tinha ouvido falar bem nos últimos anos mas confesso que a chegada de Miguel Laffan, que estava presente nesse dia, me suscitou ainda mais curiosidade. Dada a posição que tem, nada como aproveitar um final de tarde veranil para ir conhecer a sua fantástica esplanada e deslumbrante vista.
Excelente serviço ao longo de toda a refeição, perfeitamente encaixado no posicionamente que o restaurante pretende atingir, que mal nos sentou sugeriu uns refrescantes cocktails para iniciar a refeição. Sim, eu sei que estão a vender e a impingir-nos bebidas que poderiam ser necessárias, mas num dos dias mais quentes do ano, um cocktail fresco enquanto admirava o esplendoroso mar que banha a Linha de Cascais soube-me maravilhosamente.


Bom couvert (que infelizmente se escapou ao registo fotográfico), com 3 tipos de pão à escolha, com especial destaque para o pão integral, azeite transmontano e uma manteiga francesa (não perguntei qual a diferença entre uma manteiga francesa e qualquer outra) simples mas extremamente viciante. Pão e manteiga, um casamento perfeito.
Chegou também uma oferta da casa, no formato de um clássico Pastel de Bacalhau de excelente fritura, boa proporção entre batata e fiel amigo mas onde senti faltar um pouco de sal.


A cozinha do Atlântico é, logicamente, muito virada para os produtos marítimos, o que fazia um match perfeito com os nossos apetites nesse dia. As Vieiras, Cogumelos Selvagens e Sabayon Trufado entusiasmaram da primeira à última garfada. 3 camadas distintas, cada uma com um sabor muito próprio mas que se complementavam na perfeição. Em baixo, o Sabayon trufado, a lembrar um brás, com vieiras, cogumelos e óleo de trufa. Não sou um fã do mesmo, pela facilidade com que se torna um elemento dominador em qualquer prato em que toque. Aqui estava mesmo nesse limiar, mas revelou-se acrescentar uma camada de sabor à existente, sem abafar completamente os restantes. Óptima telha de tinta de choco, a dar um ligeiro salgado ao conjunto e, por cima, uma vieira perfeitamente cozinhada com espuma de amêndoa (o elemento menos diferenciador em todo o prato).
Único problema? Ter acabado!


Chegamos aos pratos principais e mantemos o registo marinho, com um aparentemente simples (mas fantástico) Atum dos Açores com Molho de Soja e Gengibre. O atum braseado, num perfeito tom avermelhado mas que eu, pessoalmente, até cozinharia menos, a ligar muito bem com um molho entre o salgado e o ácido. Acompanhou com uns legumes salteados mas que mais pareciam cozidos a vapor. Nada contra, pois apresentavam um sabor bastante natural, em particular as ervilhas quebradas.


Se não tinha nada contra o acompanhamento do atum, não deveria ter nada contra o acompanhamento do Pregado com Molho de Caril e Manjericão, pois era o mesmo. Aqui a questão prendeu-se com a escolha de talheres para o efeito, visto que os legumes estavam algo encruados, o que não dá jeito nenhum quando se tem uma faca de peixe na mão. Tirando isso, prato bastante aromático, peixe cozinhado na perfeição e o molho a conjugar-se lindamente, sem ofuscar o sabor do peixe.


Acabámos a refeição em beleza, com um Crème Brûlée de Maracujá onde a doçura contrabalançava bem com a acidez do maracujá e tudo era coberto por uma fina e estaladiça crosta. Os elementos externos, maioritariamente doces, ajudaram a dar novas notas ao palato tanto pelo exotismo dos frutos tropicais como bela doçura excessiva do suspiro.


Uma óptima refeição, num restaurante bonito, com bom serviço, uma vista de outro mundo e excelente comida. Fica a eterna questão do valor final da conta, quando os pratos principais rondam os 30€, mas é difícil encontrar contextos com esta comida, espaço e vista e pagar meia dúzia de tostões.
Mas, como bónus, o restaurante tem Zomato Gold! O que significa que, com uma refeição no Atlântico, conseguimos poupar o valor equivalente a uma subscrição de 12 meses, se usarem o código DEVANE (que vos dá 25% de desconto)! Estão à espera de quê?

Atlântico
Estoril, Portugal
Atlântico - Bar e Restaurante Menu, Reviews, Photos, Location and Info - Zomato
Preço Médio: < 60 €
Data da Visita: 2 de Agosto 2018

domingo, 9 de julho de 2017

Taberna Oporto (Carcavelos)

A zona de Oeiras e Cascais não é muito prolífera no que à existência de boas francesinhas diz respeito. Existe a clássica Casa das Francesinhas (aqui), o Simple food • drink (aqui) está temporariamente fechado (ou pelo menos é essa a indicação que tenho) e tarda em reabrir, se é que o fará mesmo, ou até as mais longínquas d'O Escondidinho (aqui). Mas no final de 2016 abriu, em Carcavelos, um restaurante dedicado às lides gastronómicas nortenhas e, como não podia deixar de ser, a sua ementa inclui uma Francesinha.
O espaço é mínimo, com lugar para cerca de 30 pessoas e sem grande conforto nas cadeiras usadas (sendo que há mesas com bancos também). Conforto sente-se na voz de quem nos atende, com aquela simpatia tão tipicamente "tripeira" (ou não fossem os donos naturais de Fafe), um sorriso sempre disponível e uma preocupação genuína em servir o melhor possível. 
As hostilidades iniciam-se com um pratinho de Salgadinhos, que foram uma surpresa enorme. Os salgados (Chamuças, Rissóis de Carne e Bolinhos de Bacalhau) a chegarem quentinhos à mesa e fritura irrepreensível. Mais banais as chamuças, mas os bolinhos de bacalhau e os rissóis de carne a merecedores de uma refeição exclusiva dos mesmos. A sério! Fazia uma refeição fácil com estes bolinhos de bacalhau, os rissóis de carne e um arroz de tomate malandrinho.



Nem cheguei a ver ementa nesta primeira visita à Taberna Oporto. Vi passar uns panados com bom aspecto, uns nacos de carne também apetitosos, mas eu estava cá por um motivo só: a Francesinha. Ok, não é a melhor que já comi mas não deixa de ser um exemplar simpático. Pela positiva temos o pão correctamente torrado, uma boa linguiça, bom bife, bom casaco de queijo e um molho equilibrado entre o tomate e a cerveja. Pela negativa, a ausência de salsicha fresca, o ovo estrelado (por baixo do queijo) com a gema completamente cozida e a pouca pujança do molho. Gosto do meu molho de francesinha picante e este representava um 0 na Escala de Scoville. O picante pedido à parte poderia ser um molho mais trabalhado, à semelhança do que acontece no Marco (aqui) ou no Tappas (aqui), no lugar de um azeite aromatizado com malaguetas mas acabou por servir o seu propósito. A escolha da bebida para acompanhar pode ser considerado um sacrilégio, pois invés dos típicos finos optámos por uma boa sangria.



A variedade de sobremesas descritas foi grande, com algumas das sobremesas disponíveis em modo "shot", mas não conseguimos fugir à atracção pelo Bolo Mil-Folhas de excelente aspecto que já tínhamos visto passar. E o aspecto correspondia à qualidade do mesmo! Excelente textura no mil folhas e um óptimo creme a rechear a fatia. Quando questionados se seria caseiro, a resposta fez-se sentir honesta ao admitir que é de encomenda. Com esta qualidade, o ser feito na casa ou não é completamente secundário.



Um restaurante que promete principalmente se mantiverem esta convicção preocupada de querer fazer melhor mas ao mesmo tempo mantendo-se fiéis ao seu conceito. Basta melhorar algumas pequenas coisas para que facilmente me consiga fazer cliente regular... nem que seja para lá ir só comer os maravilhosos salgados!

Taberna Oporto
Carcavelos, Portugal
Taberna Oporto Menu, Reviews, Photos, Location and Info - Zomato
Preço Médio: < 20 €
Data da Visita: 2 de Junho 2017

segunda-feira, 17 de abril de 2017

Curtas #13: Bacalhais (Mercado da Vila - Cascais)

Como o próprio nome indica, este é um food corner do Mercado da Vila, em Cascais, única e exclusivamente dedicado ao fiel amigo, o bacalhau! Entre entradas, pratos e bolinhas de bacalhau, a escolha é muita e variada. Tal como já o conceito da Croqueteria me tinha seduzido, aqui também o conceito me pareceu engraçado. 
Tinha ido ao Mercado da Vila para experimentar outro local (que entretanto já fechou), mas não consegui resistir à tentação de entreter a boca com algo do Bacalhais, tentando perceber se a vontade de lá voltar seria maior ou menor. Mas a Bolinha de Bacalhau Serrano (com bacon quando o espectável seria o uso de presunto serrano) convenceu-me pela boa fritura e bons sabores que apresentava.



Parece-me uma opção muito válida, e a um preço simpático, para se comer algo rápido pelo Mercado, principalmente se estivermos com apetites de bacalhau.

P.S: Parece que entretanto o espaço fechou mas não quero deixar de salientar o interessante conceito que aqui se praticava!

Bacalhais
Mercado da Vila - Rua Padre Moisés da Silva, Loja 44
Cascais, Portugal
Bacalhais Menu, Reviews, Photos, Location and Info - Zomato
Foodspotting
Facebook
Preço Médio: < 20 €
Data da Visita: 24 de Dezembro 2015

segunda-feira, 20 de julho de 2015

Aquasul (Tavira)

Tenho a felicidade de já ter visitado Tavira por várias ocasiões, uma cidade algarvia de muitos encantos e boa gastronomia. Mas um dos restaurantes que sempre me tinha escapado, e que muita curiosidade me suscitava, era o Rive Gauche. Depois da inauguração do novo bar cultural O Poeta, lá surge finalmente a tão desejada oportunidade.
Entramos pela porta das traseiras, dando com um grupo de estrangeiros confortavelmente instalados perto da lareira que ambienta a sala (estávamos no frio invernal de Dezembro). Algum fumo na sala, algo incómodo mas normal quando as portas estão praticamente fechadas. Exceptuando este grupo, o restaurante encontrava-se vazio a um sábado à noite.
Um rápido olhar pela ementa foi o causador de alguma repulsa, notando que a ementa é uma desorganizada mixórdia entre o inglês, português e francês. Sei que este é um restaurante com comida de influência europeia (maioritariamente francesa), mas sou adverso às ementas "para estrangeiro ver".
Depois de pedida uma "Sopa de Tomate c/ Queijo Creme de Cabra e Manjericão" e um "Peito de Pato com Molho de Manga Picante" eis que chega o alarme dado pelo grupo de estrangeiros: "Hey! It's on fire!". Pois é, parece que a ideia fantástica de ter uma lareira (e consequente extracção) numa sala com tecto em madeira não correu muito bem e assim acabou gorada a nossa tentativa de jantar no Rive Gauche.



Felizmente, outro restaurante relativamente conceituado em Tavira encontra-se a 50 metros de distância e assim acabámos por conseguir uma mesa no Aquasul. Este é um restaurante italiano, claramente virado para os turistas, e que apregoa (em inglês, "para estrangeiro ver") a confecção de pratos com ingredientes bons, frescos e regionais. Parece-me uma boa premissa. Pena foi o aviso prévio, por parte da empregada, que começavam a escassear alguns ingredientes, havendo a possibilidade de não haver todos os pratos. "Quais?" perguntamos nós, obtendo a resposta "É mais fácil pedir e então eu depois verifico se há ou não."... Não era mais fácil o processo contrário?



Começámos por uma finíssima e boa Pizza de Alho, ou seja, Pão de Alho com massa de pizza, finamente estendido, besuntada com manteiga de alho e algum mozzarella para ajudar a juntar tudo. Bom, leve e de se comer à mão.



Provaram-se ainda uns Croquetes de Bacalhau. Excelente fritura a revelar um interior um pouco insípido. Um pouco de sal e cebola já lhe daria uma outra dimensionalidade no palato, aproximando-os mais do sabor que associamos aos pastéis de bacalhau. O molho romesco que acompanhava pareceu-me pouco arrojado, apesar de ajudar a conferir alguma frescura ao prato.



Para prato principal, decidi-me por uma Pizza Margherita. Se uma pizzaria conseguir uma boa Margherita então é meio caminho andado para produzir boas pizzas de forma geral. Sendo uma pizza mais simples, é também mais fácil compará-la com outras do mesmo género. Mas acabei por ficar um pouco desiludido com o que comi, pois foge à ideia que tenho desta tão tradicional pizza. A massa era boa e bem cozinhada, mas os ingredientes presentes eram fracos. O molho de tomate era excessivamente adocicado, a mozzarella deu pouco o seu ar de graça devido à escassez de utilização e o manjericão a ser transformado em algo parecido com um pesto mas que pouco sabor acabou por dar ao conjunto.


Pizza Margherita no Aquasul
Onde estão os meus pecaminosos pedaços de mozzarella derretida? Onde está um guloso molho de tomate que aumente a produção salivar das minhas papilas? E aquelas refrescantes folhas de manjericão? A comparação com outras Margheritas é inevitável (como a experimentada no Mercantina), mas mesmo que avaliasse só como uma pizza o molho de tomate acaba por pesar bastante na fraca avaliação que faço.


Pizza Margherita no Mercantina
Um restaurante com uma boa premissa mas que me parece falhar um pouco na concretização de alguns elementos simples. Espero ainda que o problema no Rive Gauche seja ultrapassado para que um dia o possa experimentar, mas sem incidentes.

Rive Gauche
Aquasul
Tavira, Portugal
Preço Médio: < 30 €

quinta-feira, 16 de abril de 2015

Zé Varunca (Oeiras)

O Zé Varunca já não é apenas um pequeno restaurante no centro da Parede. Expandiu-se e tem também restaurantes em Oeiras e em Lisboa. Apesar de esta expansão não ser recente, só nos últimos tempos surgiu a oportunidade de visitar o espaço oeirense.
Entramos e somos simpaticamente recebidos com um saco de pão quente, queijo fresco e um paté de enchidos muito bom. Enquanto nos maravilhamos com o quão fantástico o pão é, colocam na mesa toda uma panóplia de entradinhas, umas com bom aspecto, outras nem por isso. São estas entradas que podem fazer encarecer o preço da refeição, tornando o Zé Varunca um restaurante mais ou menos barato.
Optámos por provar o Salpicão, que não tem muito que enganar sendo de boa qualidade, e os Casadinhos, uns pequenos fritos de batata com salpicão que se apresentavam excessivamente gordurosos. Uma boa ideia que não teve a melhor das execuções.



E, se nos Casadinhos a fritura era um dos seus problemas, o mesmo não aconteceu nos Pastéis de Bacalhau com Arroz de Tomate. Espectacularmente fritos, com um exterior crocante e um interior leve e suave. Apesar da boa fritura era necessário que houvesse mais sabor, pois a predominância da batata era excessiva. Ainda assim, o melhor no prato era o arroz de tomate, cozinhado no ponto e com bastante sabor.


A Sopa da Panela apresentava um óptimo caldo de galinha, com grandes bocados de pão ensopados, folhas de hortelã e, à parte, uma travessa com três bocados dos restantes produtos usados na cozedura: chouriço, frango e lardo. Só o caldo seria suficiente para me manter satisfeito, mas os restantes ingredientes dão corpo e estrutura ao prato. Esta receita pode variar consoante a zona geográfica, mas esta interpretação alentejana merece ser experimentada!



As doses do Zé Varunca são bastante generosas, revelando uma boa relação qualidade/preço. Não só não conseguimos chegar às sobremesas, como ainda sobrou comida. Boa comida alentejana, a preços justos e servido em quantidades dignas de qualquer restaurante típico português, ou seja, que facilmente dão para duas pessoas.

Zomato
Foodspotting
Zé Varunca
Rua José Falcão, 25
Oeiras, Portugal
Site
Preço Médio: < 20 €

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Solar dos Pintor (Loures)

A Zomato entrou na vida dos foodies em Portugal e rapidamente marcou a sua posição, tanto pela qualidade que apresentam no seu produto, como pela forma como mimam os seus utilizadores mais frequentes com coisas como os Foodie Meetup ou uns convites que nos enviam para irmos experimentar alguns restaurantes, como foram os casos que já relatei do Vasku's Grill ou do Dom Henrique
Desta vez, a Zomato decidiu presentear-me com a oportunidade de conhecer um restaurantes perdido nos arredores de Loures, o Solar dos Pintor. Claro que tratei de fazer a minha investigação sobre o que esperar do restaurante e encontrei algumas coisas interessantes que, felizmente, acabaram por se revelar verdadeiras.
Mal entrámos, a primeira pergunta que nos fizeram foi "Que vinho vão desejar beber a acompanhar a refeição?". Isto deixou-nos um pouco surpreendidos mas, sabendo de antemão que a casa tinha uma boa garrafeira, preferimos deixar nas mãos da nossa anfitriã a escolha do vinho. E foi assim que veio para a mesa uma garrafa de um vinho produzido a apenas 1 Km do restaurante, um tinto Quinta das Carrafouchas de 2009. Óptima recomendação, servido a boa temperatura e que acompanhou bastante bem a refeição. Não me alongo muito mais sobre isto porque não é uma área da qual perceba muito.


A primeira coisa que nos salta à vista na ementa que nos trazem é a pouca variedade de oferta, com cerca de 6 pratos principais, algumas entradas e pouco mais. Outra coisa em que logo se repara é o preço dos Pratos do Dia (6€), deixando antever uma refeição barata. Não sei se existem outras opções, pois a ementa que nos foi entregue não mencionava mais nenhuma e, sinceramente, não tivemos curiosidade em perguntar.
Na mesa, apresentam-se uns Salgados de fritura irrepreensível. Os pastéis de bacalhau fantásticos, com boa proporção dos ingredientes, sendo o bacalhau a estrela mas sempre bem acompanhado da batata e da cebola. Já os rissóis, apesar da já referida fantástica fritura, tinham um recheio menos interessante, com apenas creme de marisco mas sem qualquer amostra de criatura, seja camarão ou qualquer outro animal marinho.


Chega então a primeira entrada, um prato de Enchidos Mistos, mas que na verdade continha apenas chouriço de sangue. Ainda que fosse um enchido muito bom e saboroso, sentimos falta da variedade esperada, para podermos variar e para que não se tornasse muito enjoativo. Os grelos ajudaram a contrabalançar os sabores fortes do chouriço.


Pedimos ainda a Canja de Pato, uma sopa a lembrar as da avó. Caldo simpático ainda que pudesse ser mais apurado, com o arroz cozido na sopa, sendo este o pormenor que mais me recorda as sopas das avós, e com a carne desfiada a ser substituída pelos miúdos da ave, uma preferência que foi crescendo em mim com a idade. 


Tendo pedido dois pratos principais para dividir, foi-nos prontamente sugerido que estes viessem separadamente para termos tempo para os apreciar à vez. Assim chegou o prato de peixe, a Dourada Grelhada, com um ponto de grelha impecável. Adoro quando o peixe vem escalado e com uma crosta junto à espinha, que retiramos, trincamos com a dose de prazer semelhante a quando atacamos a pele de um frango assado, e depois nos é revelada toda uma quantidade de carne suculenta por baixo. Eu sei que é estranha a comparação entre uma dourada grelhada e um frango assado, mas faz algum sentido.


Mas o prato que mais marcou foram as Burras à "Pintor". Estufadas até se poderem comer à colher e com bastante sabor, apenas mereciam umas batatas fritas melhores. Tive pena que este prato chegasse só no fim da refeição, quando já estava completamente cheio. Só por esse motivo, a travessa não foi completamente vazia para a cozinha. Por estas bochechas vale a pena toda a travessia até Santo Antão do Tojal.


Não havendo espaço para a sobremesa, pedimos, com os cafés, uma das imagens de marca da casa, as Queijadas de Leite ou Manjoeiros. Macias, húmidas, de comer e chorar por mais. Um culminar fantástico para uma refeição muito boa. Com o café tivemos a oportunidade de falar com a dona (e responsável pela cozinha), que tinha o interesse de saber o que tínhamos achado, pedindo desculpa pela demora dos pratos, pois a sala estava cheia, e pedindo desculpa pela falta de variedade no prato de enchidos, pois tinham acabado durante o almoço.


Este é realmente um recanto perdido, com boa comida, boa bebida e que só peca por ser tão longe, mas é claramente um espaço merecedor de uma visita. Uma casa humilde, de comida honesta, saborosa e caseira. 
Se forem um grupo grande, o estabelecimento tem uma sala onde realizam jantares de grupos mais reservados e até provas vínicas.

Solar dos Pintor
Santo Antão do Tojal, Portugal
Preço Médio: < 20 €