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segunda-feira, 19 de novembro de 2018

Fumeiro de Santa Catarina (Bica)

Este foi um daqueles restaurantes que desde o inicio me suscitou alguma curiosidade, muito pelo conceito que tentam implementar na sua ementa. Todos os pratos têm um elemento fumado, o que acaba por dar um toque diferenciador a todos eles... ou pelo menos tentar! Doses de tamanho reduzido para um, portanto sendo preferível abordar a refeição numa óptica de partilha e tentando experimentar o máximo de sabores possíveis. Aproveitar para destacar também o bom serviço e a excelente cadência com que os pratos foram chegando à mesa.
O primeiro prato a chegar, e até rápido demais, foram os Legumes Grelhados com Búfala, sendo servido a uma temperatura tépida, revelando uma preparação demasiado antecipada na preparação dos legumes.


Chegou depois a Sandes de Costela de Boi e Vinho do Porto, de onde esperava uma maior intensidade na carne. Melhora bastante, e dá vida ao prato, com os pickles e a maionese que vêm no prato.


Excelentes são as Batatas do Vovô! Chips perfeitamente fritas, sem qualquer excesso de gordura e bem temperadas. De tal forma viciantes que fomos obrigados a pedir uma segunda dose.


Também há pratos que aparecem em doses mais substanciais, como a Fumada Mista, composta por Salsicha, Entrecosto e Bife. Este último componente foi o que achei menos piada, ainda que não fosse mau. Faltava-lhe tempero, faltava-lhe reação de Maillard no exterior, faltava-lhe um sabor fumado que compensasse as falhas ditas. Já a Salsicha e o Entrecosto apresentaram-se saborosos, sem estarem secos e com algum sabor fumado mais intenso que em pratos anteriores.


Boa consistência nas Vieiras, Crocante de Enchidos e Alho Francês, com cada elemento a apresentar uma textura e um sabor bastante diferente, que acabava por se complementar bastante bem!


Para mim, o prato da noite foi a Salada de Rosbife Fumado com Rabanetes, que estranhamente foi um dos últimos pratos a chegar, ainda que seja servida à temperatura ambiente. Ainda assim, excelentes sabores, com o fumado a sobressair no rosbife e todos os restantes elementos perfeitamente balanceados.


O Bacalhau Confitado em Azeite revelou-se uma reinterpretação dos sabores clássicos do Bacalhau com Grão, sendo este último apresentado em forma de puré.


Ainda não tinha pedido nenhum dos pratos acima descritos e já tinha escolhido a sobremesa. Sonhos de Bacon?! Como assim? Não estranhem o uso de bacon na sobremesa. Não é a primeira vez que me deparo com isso e adorei as vezes anteriores (no LOCO - aqui - e no Volver - não publiquei nada sobre a refeição onde experimentei o seu Cheesecake Fumado mas é imperdível!).
Infelizmente, não esteve à altura das expectativas, com o uso do bacon a passar despercebido. Fora isso, bons sonhos, bem fritos e fofinhos.


Acho que o conceito pode ser ainda melhor explorado, mas a verdade é que gostei da comida, ainda que tivesse alguns altos e baixos, do espaço e do serviço!

Fumeiro de Santa Catarina
Lisboa, Portugal
Fumeiro de Santa Catarina Menu, Reviews, Photos, Location and Info - Zomato
Preço Médio: < 30 €
Data da Visita: 20 de Outubro 2018

segunda-feira, 19 de março de 2018

The Club Steakhouse (Parque das Nações)

Lisboa teve um boom de steakhouses nos últimos anos. Casas preocupadas em tratar bem a carne que servem, mostrando cortes ou formas diferentes de pensar e comer bifes. Muitas focam-se na qualidade da carne, cozinhando-a da forma mais simples possível mas algumas casas, como o The Club Steakhousem tentam fugir a essa "rotina" e apresentam na sua carta pratos mais trabalhados. Nada contra a pura carne grelhada, sou até um grande fã disso mesmo, mas de vez em quando é bom experimentar coisas novas.
A carta é bastante variada, mostrando influências de toda a parte do mundo, seja no tão simples e português Chouriço Assado ou nas mais complexas e longamente cozinhadas Junior Baby Back Ribs, que serviram de início para esta refeição. Carne saborosa a soltar-se facilmente do osso e excelente molho barbecue, de lamber os dedos! Daqueles casos em que a péssima fotografia tirada por mim não faz jus nenhum à qualidade da comida.


Seguimos para um dos pratos mais famosos do mundo, muito graças a Gordon Ramsay, o Bife Wellington. Massa perfeitamente cozinhada, e o bife a apresentara-se médio, em vez do mal passado pedido. Uma interpretação algo clássica, com a duxelle de cogumelos a ligar-se maravilhosamente com o presunto que envolve o conjunto e a mostarda que reveste a carne dando-lhe um óptimo toque. Para brilhar ainda mais, faltava a carne em si ter sido devidamente temperada, pois estava algo insossa. 


Melhor o tempero da carne na Conexão Francesa, um prato que pode ser servido numa versão Surf & Turf, juntando-lhe (por um preço extra) dois camarões grelhados. Sabores bastante simples mas que funcionam bem juntos e com a execução das duas proteínas a ser o ponto forte do prato. Excelente o pormenor do pão por baixo do bife, que vai absorvendo todos os sucos e torna-se algo guloso!


Acompanhamentos à parte, como em muitas steakhouses, tendo a escolha recaído sobre a Jacked Potato, uma batata assada e servida com sour cream. Simpático mas não fantástico...


Comeram-se ainda umas batatas doce fritas que pecaram por estarem moles demais. Sabia que ia ser complicado chegar ao nível das do Butchers (de que falei aqui) mas esperava que estivesse um pouco melhores. Pode ter sido azar nos que escolhemos mas achei que foi o ponto mais fraco de toda a refeição.


De forma geral fiquei agradado com o restaurante mas não maravilhado. O serviço não foi perfeito, tendo falhado um componente de um sumo natural pedido, mas prontificaram-se a corrigir a situação e foi simpático durante o tempo todo. A comida esteve a um bom nível mas, pelos preços praticados e comparando com o vizinho Butchers, estava à espera de mais.
Se quiserem subscrever ao serviço Zomato Gold com 25% de desconto podem usar o código: DEVANE. Só o prato oferta desta refeição quase que me pagou a subscrição anual!

The Club Steakhouse
Lisboa, Portugal
The Club Steakhouse Menu, Reviews, Photos, Location and Info - Zomato
Preço Médio: < 30 €
Data da Visita: 13 de Outubro 2017

domingo, 20 de agosto de 2017

Mequinhos (Aldeia do Meco)

Numa peregrinação veranil para zonas balneares, passei pela Aldeia do Meco petiscar qualquer coisa ao almoço. Tenho algumas coisas referenciadas para esta zona mas a escolha acabou por recair no Mequinhos, que apresenta um conceito de partilha de latas. Isso mesmo, latas. Ok, o conceito das latas não é mais do que apresentar petiscos com uma "lavagem" diferente mas não deixa de ser engraçado a forma como são apresentadas. Existe ainda alguma variedade de marisco fresco mas os nossos apetites nesse dia não nos levaram para esses caminhos.
Com uma sala bastante vazia, mas era um almoço de Agosto por isso acredito que estivesse quase tudo na praia, o serviço foi rápido mas a roçar o limite inferior da cordialidade e da simpatia. Se percebo isso quando uma casa está cheia e há muito para fazer, não o entendo tão bem com uma casa quase vazia.
Podemos pedir até 6 latas, com petiscos diferentes, em conjunto com uma escolha de 3 acompanhamentos. Existem já algumas combinações sugeridas, onde se pode trocar 1 lata e 1 acompanhamento, levando um ajuste ao preço conforme a troca. O serviço não ajudou a clarificar se podíamos compor nós as combinações ignorando completamente as sugestões por isso optámos por escolher 3 latas, e fazendo algumas trocas.
Começando pelo mais fraco, os acompanhamentos, optámos por um arroz de coentros simpático, umas boas batatas fritas e uns sofríveis cogumelos de lata! Não percebo a opção dos restaurantes em usar cogumelos de lata, com a facilidade que há em arranjar bons cogumelos frescos e que são incomparavelmente melhores no seu sabor. É um atalho preguiçoso que faz cada vez menos sentido e mostra uma falta de interesse grave.


Vá lá que as latas (3 latas chegam para 2 pessoas) em si são bastante decentes e acabaram por salvar a refeição. O Pastelão Verde (ovos mexidos com farinheira e legumes) apresentou-se saboroso, surpreendendo pela positiva apesar do aspecto desleixado, as Gambas ao Alho estavam muito boas, com o molho apurado e guloso e o Choco Frito estava bem frito mas não deslumbrou pois poderia estar melhor temperado.
O restaurante não é fantástico, o conceito não é novo (ainda que mascarado com latas), os preços são um pouco mais elevados do que acho justo e o serviço deixa algo a desejar no campo da simpatia, mas o Mequinhos não é uma má opção para quem sai da praia e quer petiscar algo naquela zona. Só é pena os cogumelos de lata...

Mequinhos
Aldeia do Meco, Portugal
Mequinhos Menu, Reviews, Photos, Location and Info - Zomato
Preço Médio: < 20 €
Data da Visita: 13 de Agosto 2016

domingo, 6 de agosto de 2017

Curtas #19: Bodega Santa Cruz (Sevilha)

O meu único arrependimento nesta Bodega, um equivalente às tascas portuguesas, é não ter feito lá uma refeição completa. Parámos apenas para picar algo a meio da tarde e refrescar um pouco a alma, mas a vida que testemunhámos (com mesas completamente cheias às 16 horas e muita gente a entrar e a sair) deu-nos vontade de ficar lá mais tempo. Mas havia ainda muito para ver na cidade e seguimos o nosso caminho, ficando a referência para uma futura oportunidade. 


Nesta curta visita, experimentámos umas óptimas Patatas Alioli, perfeitamente cozidas e generosamente envolvidas numa sedoso e saborosa molho de alho. Mas vimos passar muita coisa com bom aspecto e os preços retratados nos quadros de ardósia pareciam baixos para a satisfação que se sentia no ar.

Bodega Santa Cruz
Sevilha, Espanha
Preço Médio: < 20 €
Data da Visita: 9 de Junho 2016

domingo, 30 de julho de 2017

Marginalíssimo (Paço de Arcos)

Sendo de Paço de Arcos, há muitos anos que ouço falar do Marginalíssimo e o seu fondue. Sempre proclamado como um sítio ideal para grupos poderem encher o bandulho com a especialidade da casa e beber à vontade, por um preço um pouco mais alto do que nos tradicionais jantares de grupo mas que compensaria porque "é fondue". A carne mais encontrada nos fondue é o lombo, por ser bastante macia ainda que perca no sabor (daí os molhos), o que torna impossível que um fondue possa ser barato devido ao preço por quilo do mesmo.
Situado na Avenida Marginal, em Paço de Arcos, é um restaurante meio escondido se não soubermos da sua existência pois confunde-se com as restantes habitações que ali existem, e com as limitações de estacionamento próximo que da localização advém. E o que se come no Marginalíssimo? Fondue e só fondue, ainda que possamos optar por Carne, Carne e Camarão ou Peixe. Isto sempre contemplando entradas (pão, tostas, paté de atum, azeitonas e manteiga de chouriço), o fondue à discrição e respectivos acompanhamentos (batata frita, salada, fruta e molhos), sobremesa (profiteroles), bebidas (sangria branca e tinta, vinho branco e tinto da casa, cervejas, refrigerantes e águas), também ela à discrição, e café. Ou seja, tendo em conta que o fondue mais caro são 25€/pax e inclui tudo isto, até considero o preço justo!



Fiz a reserva da mesa pelo The Fork mas, apesar de ter recebido o email e o SMS de confirmação da mesa, quando cheguei ao restaurante não tinham informação da minha reserva. Felizmente havia mesas disponíveis porque, caso contrário, poderia ter-se tornado numa situação bastante desagradável.
As entradas são simpáticas mas parecem estar lá claramente para encher o estômago dos comensais para que haja menos espaço para o prato principal (e aquele com maior food cost). O destaque é a manteiga de chouriço que sempre dá algum prazer ao comer.



O destaque do fondue não vai só para a carne. As batatas fritas que acompanham são muito boas, com a sua fritura perfeita, bem temperadas e muito (muito!!!!!) viciantes. A salada foi-me de tal forma desinteressante que não lhe toquei, mas a forma como é servida não ajuda a misturar tudo acabando algumas das coisas no prato por cair para a mesa, mas está lá para cumprir o propósito de ir cortando tanta gordura que estamos a ingerir. Melhor a fruta, servida com o mesmo propósito. Os molhos são bons mas não há nenhum que sobressaia.





A carne apresenta qualidade e chega bem temperada à mesa, nuns cubos grandes que permitem que se controle melhor a temperatura a que queremos que eles fiquem. Se fossem demasiado pequenos, cozinhariam depressa demais, por isso prefiro que se opte por um corte maior para que possa continuar a comer a carne mal passada! A única coisa que não inspirou muita confiança foi o fondue em si, com o pote (da 1ª foto deste texto) a estar tão periclitantemente equilibrado que tive sempre algum receio que caísse. Felizmente, isso não aconteceu e pude desfrutar da minha refeição com uma gula imensa.



Os profiteroles de sobremesa são perfeitamente banais e mal lhes toquei. Aconselho-vos a não deixarem espaço para os profiteroles e continuarem a encher a barriga de carne e batatas!
O serviço do Marginalíssimo não é fantástico, parecendo estar escondido demasiadas vezes ainda que seja simpático e prestável, levando a alguma logística de antecipar o que vamos querer para que possamos pedir assim que ponhamos a vista na pessoa (na noite em que fui só vi uma pessoa a atender às mesas).
Gostei da experiência do Marginalíssimo, e saí de lá satisfeito, com o único inconveniente de sair de lá a cheirar a fritos. Por muito que as janelas possam estar abertas, ter todas as mesas a consumir óleo acaba por criar um cheio que penetra em todas as nossas roupas. 

Marginalíssimo
Paço de Arcos, Portugal
Marginalíssimo Menu, Reviews, Photos, Location and Info - Zomato
Preço Médio: < 30 €
Data da Visita: 14 de Agosto 2016

Boi-Cavalo (Alfama)

Hugo Brito é um dos chefs do momento em Lisboa. Desde que abriu o Boi-Cavalo em 2014, com Pedro Duarte mas tomando as rédeas do projecto a solo em 2015, que se tem vindo a destacar na cena gastronómica da capital como um dos novos chefs a ter em conta. Tanto que foi um dos chefs a subscrever o Manifesto para o Futuro da Cozinha Portuguesa (aqui), proclamado no Peixe em Lisboa, conjuntamente com outros colegas bastante relevantes. A lista completa: Henrique Sá Pessoa (Alma / Tapisco), José Avillez (Belcanto / Mini Bar / Cantinho do Avillez  / Bairro do Avillez / Pizzaria Lisboa / Café Lisboa), Alexandre Silva (LOCO), João Rodrigues (Feitoria), Milton Anes (LAB by Sergi Arola), Kiko Martins (O Talho / A Cevicheria / O Asiático / Surf & Turf / O Watt), Hugo Nascimento (Tasca da Esquina / Peixaria da Esquina / Taberna da Esquina), Pedro Pena Bastos (Herdade do Esporão), Tiago Bonito (Largo do Paço), Luís Barradas (Tago's), Leandro Carreira, Hugo Brito (Boi-Cavalo), Manuel Maldonado (Ostraria), Tiago Feio (Leopold), Rodrigo Castelo (Taberna Ó Balcão), David Jesus (Belcanto) e Carlos Fernandes (LOCO).
Num registo muito próprio, Hugo Brito apresenta-se no Boi-Cavalo com uma cozinha muito diferente e muito única, com um menu de degustação (7 pratos, 32€) que muda semanalmente. Claro que esta mudança semanal acarreta riscos. Existe sempre o risco de um novo prato, pouco trabalhado ainda, não estar a funcionar bem, ou até a possibilidade de chegar a um bloqueio criativo pois é um trabalho extremamente exigente que obriga o chef a reinventar-se e continuar em constante adaptação com os produtos disponíveis. Se, ao fim de 3 anos, Hugo Brito conseguiu domar este animal selvagem que é o Boi-Cavalo, muito diz do trabalho nele colocado e que tornou este espaço como um dos melhores de Lisboa. Era um restaurante que já tinha na lista há muito tempo mas acabei por aproveitar o voucher 2 por 1 da Time Out que surgiu a meio de Julho.
Espaço esse que é bastante giro, tendo sido em tempos idos um talho, mas com as mesas relativamente pequenas e as cadeiras algo desconfortáveis. Apesar da política de menu de degustação, que deveria levar as pessoas a desfrutar de uma viagem nas mãos do chef sem tempo limite, o restaurante impõe (ao fim de semana) uma política de dois turnos (às 20h e às 22h30) o que, tendo em conta as cadeiras em questão até é benéfico pois perto do fim da refeição já existe muito a vontade de se levantar e esticar as pernas. O aviso relativo aos turnos foi feito na hora da reserva, até com alguma insistência mas a verdade é que, chegando às 20h, tudo correu bastante suavemente, tendo quase toda a gente saído do restaurante um pouco antes do início do turno seguinte, mas já com o decorrer do reboliço de preparação para a nova fornada de clientes.
A ementa servida por Hugo Brito é uma imensidão de irreverência com sabores novos e conhecidos a conjugarem-se em técnicas bem executadas mas onde nem sempre o resultado foi perfeito. O principal a ter em conta aqui é que temos que ir de mente aberta e sem restrições (pois também essas não nos foram perguntadas em momento algum, da reserva ao fim da refeição, e neste tipo de conceito deve sempre ser perguntado). Mente aberta é realmente o mais importante aqui, e aconselho a só mencionarem restrições alimentares se forem realmente condições médicas. Se não comem carne, peixe ou legumes por opção vossa (e respeito a vossa opção apesar de não concordar com ela) arrisquem na mesma e deixem-se ir! A questão é sempre "Porque não arriscar?"... porquê ficar amarrado a manias, quando podemos numa refeição descobrir novos horizontes e novos prazeres?
Nota de aviso: é muito possível que os nomes dos pratos esteja um pouco errado porque em momento algum me disponibilizaram uma ementa com o que iria comer (o que seria agradável) e foi tudo baseado em notas tiradas depois da descrição do prato.
Digo tudo isto mas, atenção, a refeição nem sequer começou bem! O Lingueirão, Manjericão Tailandês e Framboesa Desidratada ficou muito aquém das expectativas. O bivalve de sabor natural intenso mas algo estagnado, não de mar aberto e pirolitos na praia mas mais de Ria Formosa e seu natural lodo, que quando primeiramente provado não deixou ninguém na mesa perceber onde raio estavam os restantes ingredientes. Lá descobrimos uma folha de manjericão na casca do bivalve e esfregámo-lo veementemente (se fosse um mexilhão isto lembrava-me a outra música) e tudo tomou uma nova dimensão! Aqui já mais agradável mas sem chegar ao patamar que estávamos à espera. Ah, e a framboesa desidratada? Quando provada em conjunto era totalmente afogada pelos restantes sabores. Quando provada individualmente tinha piada mas o seu propósito no conjunto já se tinha perdido.


Felizmente foi só o início que foi atribulado porque a restante refeição correu bastante melhor. Atenção, correu bastante melhor para mim, mas houve pessoas na mesa que não gostaram do prato X ou Y. E é isso que também é engraçado nestes menus em que não sabemos o que vamos comer. O entrar num local com uma venda nos olhos e ir retirando a venda aos poucos. Cada pessoa irá interpretar aqueles sabores à sua maneira e gostará ou não. Mas ao menos arriscou!
Claro que houve alguns pratos consensuais, como foi o caso do Creme de Favas com Chouriço, Chips de Batata Roxa e Ovo Curado. Que sabores tão portugueses, tão fantásticos e tão bem trabalhados! Altamente viciante e a apetecer-me lamber toda a taça! Único pormenor que não percebi no prato, e que aconteceu nalguns pratos salgados sem fazer grande sentido gostativo, foi o Ovo Curado, apresentado em forma de pó.


Também a puxar aos sabores portugueses, mas com aquele toque de irreverência essencial, o Puré de Morcela e Tamarindo, Tagliatelle de Lula, Vinagrete de Maracujá, Amêndoa Torrada e Pó de Nori. Começando pelo aspecto menos positivo, o pó de nori que não pareceu acrescentar nada de novo excepto dar mais uma cor ao prato. Todos os restantes ingredientes bastante bons quando provados individualmente, com o vinagrete de maracujá a surpreender bastante e o puré a puxar também ao avinagrado dos chouriços de sangue. E, por muito estranho que seja combiná-los, fazia total sentido!


O prato de peixe da noite consistiu num Chicharro Braseado com Molho de Poejo e Pó de Mexilhão (lá está o pó que para mim nada acrescentou) acompanhado por Noodles de Batata Macerados à Bulhão Pato com Pele de Porco. Ainda que o chicharro estivesse ligeiramente salgado, estava fantástico. Excelente textura, com uma cozedura mesmo muito ligeira e pleno de sabor. Do outro lado, uns leves noodles de batata, onde o bulhão pato não era de todo pronunciado mas que ligava lindamente com a estaladiça pele de porco.


O prato mais "simples" da noite não foi menos bom pela aparente simplicidade com que chegou à mesa. 3 componentes, sem grandes descrições ou complicações nas notas tiradas. Um excelente, super macio, super tenro e bastante saboroso Lombinho de Porco com Puré de Alface e Vinagrete de Batata-Doce. Aqui, finalmente, sem pós de pirlimpimpim ou outros adereços que não faziam sentido. 3 sabores distintos e fortes, com o lombinho de porco (que era realmente de bradar aos céus, com o seu interior ainda rosado) a puxar o lado salgado, o puré de alface a trazer amargor e o vinagrete de batata-doce, que não era um componente ácido mas sim um componente doce. Excelentes individualmente mas muito melhores juntos.


O penúltimo momento pareceu muito pouco português no seu timing, a puxar mais por raízes francesas julgo, com um prato de Queijos e Pães a chegar à mesa antes da sobremesa. 3 tipos de pães (que não me recordo quais eram mas todos de bom nível) e 3 queijos, bastante diferentes entre si mas todos de sabores únicos e pronunciados. O de Serpa (na image, o do meio) com tons mais macios ao palato mas a acariciar-nos gentilmente as papilas gustativas, assim como o Chèvre que sendo um pouco mais intenso, e de uma excelente qualidade, nos ajuda a progredir para aquele que foi um queijo apoteótico com o São Jorge de 40 (!!) meses de cura. Um queijo que surpreende e evolui na própria boca para ser uma verdadeira bomba! Para ir cortando e limpando o palato, uns simpáticos pickles de rabanete.


Falava-se à mesa como é cada vez mais comum encontrar, em restaurantes com cozinhas de autor ou mais vanguardistas, sobremesas menos doces. Algo que não seja aquelas bombas de doçura que nós portugueses tão bem fazemos. Atenção, nada contra os nossos tradicionais doces conventuais mas é bom variar de vez em quando. O Cheesecake de Banana, Molho de Sakê, Espuma de Raíz Forte, Doce de Marmelada e Banana Frita acabapor fazer isso mesmo. Apesar do (longo e provavelmente errado) nome soar a algo bastante doce, o sabor da raíz forte, com toques entre a mostarda e o wasabi, ajuda a contrabalançar tudo o restante, transformando-a numa sobremesa que foi crescendo a cada colher.


Mesmo não tendo ficado fã do primeiro prato, a vontade de voltar ao Boi-Cavalo é grande! Porque a probabilidade de comer o mesmo que comi na semana que lá fui é muito baixa. Porque quero conhecer melhor o nível de criatividade de Hugo Brito. Porque quero perceber se a sua cozinha irá de encontro ao Manifesto que proclamou. Mas no final quero voltar por um simples motivo... porque é bom!

Boi-Cavalo
Alfama, Portugal
Boi Cavalo Menu, Reviews, Photos, Location and Info - Zomato
Preço Médio: < 40 €
Data da Visita: 16 de Julho 2017

terça-feira, 13 de junho de 2017

Las Palmeras (Huelva)

Devia ter estado de aviso quando reparei no termo heladaria (gelataria) associado a este restaurante de Centro Comercial. Mas estávamos com fome, era domingo (dia em que muita coisa está fechada) e já não havia muito de Huelva ou arredores para explorar por isso queríamos algo simples e achámos que um centro comercial podia ser uma solução viável. Bem, se calhar até era, mas fiquei algo desolado com a comida que encontrei no Las Palmeras.
As Croquetas de Jamón estavam algo farinhentas e com um ligeiro excesso de gordura. A nível de sabor também longe daquilo que os espanhóis são realmente capazes. E, como não podia deixar de ser, vêm acompanhados de Batata Frita. Porquê? Não sei, e ao fim de 3 dias de Sul de Espanha já começava a ficar farto de batatas fritas não pedidas.


Porque quando queria batata frita, eu pedia! Aliás, aqui foram pedidas umas razoáveis Patatas Bravas para acompanhar as 3 tapas pedidas. Mal sabíamos nós que todas as tapas vinham com batata frita. Um verdadeiro enjoo. 


Muito fraco o Solomillo al Whisky, receita típica da zona de Sevilha. Carne seca, envolta num molho aguado, desenxabido e em que nada ajudava o prato. Nada aqui estava bom. Nem a carne, nem o molho, nem as malditas batatas fritas.


Um pouco melhor os Lagartos con Tomate, com a carne bem cozinhada e temperada, mas envolvida num molho de tomate de conserva que em nada tinha sido trabalhado. E, acompanhada de batata frita, como não podia deixar de ser.


Apesar das boas surpresas que tive na viagem que fiz por Espanha, no que se refere a restaurantes onde fui sem qualquer preparação, este Las Palmeras foi o exemplar perfeito de que é sempre melhor ir preparado!

Las Palmeras
Huelva, Espanha
Preço Médio: < 20 €
Data da Visita: 7 de Junho 2016

segunda-feira, 12 de junho de 2017

Camping Doñana Playa (Mazagón)

Estando de férias, são vários os momentos em que o ócio e preguiça se sobrepõem à vontade de partir à descoberta de novas experiências gastronómicas. Por vezes, queremos mesmo só comer algo e aproveitar a piscina do parque de campismo até aos últimos raios de sol.


E, mesmo havendo um restaurante do tipo buffet no parque, optámos por uma refeição de tapas no bar da piscina. As Patatas Alioli foram uma boa surpresa, estando bem cozinhadas e envolvidas numa boa proporção com o molho.


Algo que foi motivo de curiosidade foram os Caracóis, servidos numa taça pouco prática, e executados com temperos muito diferentes dos nossos. Diferentes mas bastante bons!


Claro que houve coisas que correram menos bem. Estando num bar de um parque de campismo não esperaria uma refeição perfeita. A Tortilla de Jamón estava mais virada para a omelete e já um pouco seca. A sorte dos espanhóis é que não conseguem ter mau presunto então lá se safou a omelete por aí.



Outro prato sempre presente numa ementa espanhola de tapas são os Calamares. Aqui, uns exemplares simpáticos, de boa textura mas podiam estar mais temperados.



E continuamos no fascínio do sul de Espanha em acrescentar batatas fritas (neste caso, mal fritas) onde não faz qualquer sentido. Uma tapa de Bochechas (Carrillera) servida numa cama de batatas? As bochechas até estavam saborosas, apesar de não estarem extremamente macias, mas as batatas não faziam ali falta nenhuma.


Ainda que seja um parque de campismo, o que nos poderia levar a crer que os preços seriam mais elevados, isso não se verificou com as tapas a custarem menos de 3€ e a tortilla 4€. Honestamente, estava à espera de bem pior.

Camping Doñana Playa
Mazagón, Espanha
Preço Médio: < 10 €
Data da Visita: 6 de Junho 2016

domingo, 11 de junho de 2017

La Tasquita (Huelva)

O sul de Espanha é uma zona fantástica como destino de férias estrangeiro barato, bom e de fácil acesso. Sim, eu sei que temos coisas maravilhosas no nosso país, e já acampei por quase todo o país, mas tínhamos traçado como destino a Isla Magica e aproveitámos para conhecer um pouco a zona à volta. 
Não fui com itinerários planeados ou locais recomendados. Tentei que fosse tudo mais "flexível" e portanto fomos comendo onde nos parecia que teríamos mais sucesso ou que o TripAdvisor nos aconselhasse. O primeiro poiso recaiu sobre o La Tasquita, em Huelva, para umas tapas de fim de tarde acompanhadas por cañas, para ajudar a baixar as altas temperaturas que se faziam sentir.
Primeiro facto sobre a restauração espanhola, tendo um IVA mais baixo (10%) consegue-se refeições decentes a preços equivalentes ou até mais baixos do que em Portugal. 
Segundo facto, eles têm um fascínio qualquer com os fritos no sul de Espanha. Até o Rabo de Toro veio numa cama de batatas fritas completamente desnecessária. Não era fantástico, com o molho de tomate a parecer ser feito de uma base de conserva, mas ainda assim era bastante decente.


Terceiro facto, mesmo estando próximo do Mar, a maior parte do peixe que estava disponível nos restaurantes era frito! Daí termos tido uma dificuldade enorme em encontrar Boquerones alimados, sendo que todos os restaurantes onde perguntávamos respondia-nos que apenas os tinham fritos. Bem fritos, estaladiços e bem temperados, sim. Mas, fritos...


Ok, a escolha não deixou de ser nossa em pedir as coisas fritas (excepto o rabo de boi que veio assim...sabe-se lá porquê), mas era a primeira refeição em Espanha e queríamos limpar já alguns dos nossos favoritos, como as Puntillitas. O tamanho poderia ser menor e podiam estar limpas, evitando a irritação de tirar aquela tira não comestível da boca, mas a dose é bastante bem servida para os 4€ que custa.


Finalizámos a refeição com um dos nossos guilty pleasures. Batatas, ovos e presunto. Uma combinação fantástica entre a cremosidade da gema e o salgado do presunto, quase como uns Ovos Rotos.


Não foi a melhor refeição que fiz em Espanha em 2016 (dessa já falei aqui) mas é a confirmação que se come decentemente e sem grande esforço financeiro no país vizinho.

La Tasquita
Huelva, Espanha
Preço Médio: < 20 €
Data da Visita: 5 de Junho 2016

segunda-feira, 27 de março de 2017

La Nueva Taberna (Sevilha)

Ok, a minha escrita tem estado mais regular mas a verdade é que ainda estou a tentar recuperar tempo perdido das coisas experimentadas em 2016. Não sei se falarei de tudo mas vou falando do que me apetecer e não podia deixar de falar da melhor refeição que fiz em Espanha, em 2016, no La Nueva Taberna, numa povoação perto de Sevilha.
Descobrimos este restaurante após uma pesquisa no TripAdvisor e não podia ter corrido melhor. Muitos de nós tem a ideia de que se come mal em Espanha mas uma refeição no La Nueva Taberna poderia fazer muita gente mudar de ideia.
Começámos com umas excelentes Croquetas, bastante cremosas, bem fritas e muito muito saborosas! Apesar de estarmos num restaurante que visualmente pouco atrai, a verdade é que comemos como se estivesse numa "tasca moderna" portuguesa tal era a atenção aos pormenores. Até a mera salada que estava no prato das croquetas vinha bastante bem temperada.


Excelente também a Cazuela de Patatas Alioli, com as batatas perfeitamente fritas e bem temperadas, algo que foi raro encontrar durante a semana que passei naquela zona. Bom molho também e uma dose bastante generosa.


Não foi só a comida que foi excelente! Também o serviço foi prestável e bastante simpático mesmo com a ligeira barreira linguística existente. E foi esse serviço que nos recomendou a Chanquetada, um dos melhores pratos que experimentei em 2016 (aqui), uma combinação de pequenos e minúsculos peixes fritos (chanquetes), pimentos e um ovo estrelado. Até à data nem era fã de pimentos mas este prato convenceu-me de todas as formas possíveis e imagináveis.


Há uma coisa impossível de arranjar em Espanha... mau presunto! Não percebo bem como, visto que nós cá temos obrigação de ter o mesmo nível de presunto mas mesmo assim continuamos a conseguir encontrar pratos medíocres, mas em Espanha nunca me serviram um presunto medíocre. E melhor que tudo, a preços rídiculos! Este era o prato mais caro de toda a ementa, custava 4€, e era excelente!


Algo que também não pode faltar quando decidimos "tapear" são as Puntillitas. Aqui, excelentes na textura e tempero, muito gulosas, numa dose bastante grande e sem aquela película interior (que apanhámos em muitos outros restaurantes espanhóis).


Terminámos numa nota menos boa, num dos pratos mais criativos da ementa mas que, infelizmente, não funcionou para nós. O Nigiri de Presa Ibérica com molho Pedro Ximénez tinha um conceito atractivo, onde imaginávamos o salgado da carne, o doce do molho, a acidez do vinagre no arroz... mas a verdade é que todos os elementos eram doces, tornando o prato enjoativo.


Não houve espaço para sobremesa, pois já rebolávamos nas cadeiras. Não nos apetecia sair porque estava uma óptima noite de Verão e nos sentimos quase como que em casa, mas decidimos vagar a mesa e deixar que mais alguém pudesse experimentar boa comida espanhola a preços muito baixos.

La Nueva Taberna
Av. del Aljarafe, 41
Bormujos (Sevilha), Espanha
Foodspotting
Preço Médio: < 20 €
Data da Visita: 10 de Junho 2016