Mostrar mensagens com a etiqueta Patanisca. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Patanisca. Mostrar todas as mensagens

domingo, 15 de outubro de 2017

Tasquinha do Lagarto (Campolide)

A ausência foi longa, visto que o último post foi lançado no dia 29 de Agosto, mas muitas coisas aconteceram na minha vida que me forçaram a algumas mudanças imprevistas. Isto, logicamente, teve um impacto negativo no meu ritmo de escrita e, por isso, vos peço desculpa pela paragem. Ainda estou a tentar encontrar um ritmo que se encaixe nas alterações que surgiram na minha vida pessoal e profissional, e não sei quanto tempo demorarei até vos pôr a par de tudo o que visitei nestes últimos meses (e ainda vos estou a dever alguns locais de 2016!).
Como tal, para que tente voltar à regularidade nos posts tentarei reduzir bastante o tamanho dos textos, focando-me principalmente nos pontos centrais e mais marcantes de cada local.
Para vos voltar a entusiasmar, depois deste hiato, trago-vos uma das tascas mais típicas de Lisboa, e onde melhor se come! Ali para os lados de Campolide, a Tasquinha do Lagarto distribui cartas na restauração lisboeta desde que me lembro de começar a ter esta paixão pela restauração.
Num almoço semanal tive a oportunidade de provar umas boas Pataniscas de Bacalhau, ainda que um pouco oleosas mas de bom e saboroso recheio, e com uma textura leve e fofa.



Excelente o Entrecosto no Forno, com a carne a soltar-se facilmente do osso numa junção de sabores fortes mas equilibrados.



Acompanhou tudo com um fantástico Arroz de Feijão, dos melhores que se pode comer na cidade de Lisboa!



Para uma próxima visita, não me escapará o Arroz de Garoupa, apenas disponível às 6ªs e sábados pelo que sei. O espaço não é muito grande e a afluência de pessoas é enorme por isso aconselho a visita com reserva feita!

Tasquinha do Lagarto
Lisboa, Portugal
Tasquinha do Lagarto Menu, Reviews, Photos, Location and Info - Zomato
Preço Médio: < 20 €
Data da Visita: 1 de Agosto de 2017

terça-feira, 4 de julho de 2017

Ollá Lisboa (Marquês de Pombal)

O Ollá Lisboa parece um daqueles restaurantes lisboetas cujo maior foco de clientela são turistas e potenciais trabalhadores da zona. Ora, se ao almoço têm um simpático menu a 9,50€ com tudo (couvert, sopa, prato, sobremesa, bebida e café) incluído, a ementa à carta tem pratos tradicionais portugueses a preços consideráveis. Claro que, caso a qualidade acompanhe, estes preços podem ser justificáveis mas pelo que experimentei ao almoço, a vontade de regressar à carta não é muita.
As coisas até começaram bem com uma boa Sopa de Peixe, de caldo apurado e rico, com um nível de untuosidade gulosa.



O mais desinteressante mesmo foram os pratos principais, com umas Pataniscas de Bacalhau algo gordurosas, sem grande sabor e pouco generosas no fiel amigo. Pior mesmo foi o Arroz de Feijão, com o arroz a ser totalmente cozinhado previamente e parece que só na hora de ir para a mesa se juntou ao feijão e ao caldo, tornando-o bastante desinteressante.



Pouco melhor o Arroz de Pato, servido numa dose bastante generosa mas pouco elaborado no que ao sabor dizia respeito e com o arroz solto mas mais seco do que seria desejável.



As sobremesas foram uma agradável surpresa, com uma cremosa Mousse de Morango, finalizada com alguns pedaços da fruta.



O Cheesecake de Caramelo surpreendeu pelo uso de banana na base, dando-lhe um pormenor mais adocicado bastante engraçado, mas cujo creme merecia ser melhor.



Estava à espera de um pouco mais, principalmente pelas boas críticas que li online, mas admito que possa só ter sido um dia mau. O problema é que na competitividade existente neste "mercado", um dia mau é o suficiente para não querer lá regressar.

Ollá Lisboa
Lisboa, Portugal
Ollá Lisboa Menu, Reviews, Photos, Location and Info - Zomato
Preço Médio: < 30 € (Menu de Almoço: 9,50€)
Data da Visita: 31 de Maio 2017

quarta-feira, 12 de abril de 2017

B2 Restaurante & Lounge (Beloura)

A oferta para almoçar durante a semana à volta da Quinta da Beloura não é vasta nem diversificada, principalmente se excluirmos como opções os Centros Comerciais. Antes desta ocasião, nunca sequer tinha ouvido falar do B2 ou sequer considerado a hipótese de ir almoçar a um Centro Hípico na Beloura. Mas, cada vez mais, temos de largar alguns preconceitos (neste caso, a minha ideia de que um sítio destes seria extremamente "cagão") e abrir os nossos horizontes. Ainda que não tenha sido um almoço fantástico, foi bastante decente, podendo e devendo ser considerado como uma opção regular para este tipo de ocasião.
O menu de almoço do B2 inclui Couvert, Prato Principal, Sopa ou Sobremesa, 1 bebida a copo e café por 9€. O preço não é fantástico mas é difícil encontrar sítios com qualidade e mais baratos à volta da Quinta da Beloura (principalmente agora que o Cantinho Talegre infelizmente fechou). Tendo sido a primeira vez que entrei no restaurante, não tinha qualquer conhecimento deste menu e, infelizmente, o serviço também não se dignou a fazê-lo, sendo a primeira abordagem já a perguntar que prato principalmente iria desejar. Com total desconhecimento, pensei que não houvesse sequer opção de sopa, apercebendo-me apenas quando pessoas da outra ponta da mesa receberam a sua.
Ok, apesar de todo o preconceito que tinha, não ajudado por este sobressalto inicial, o resto do serviço foi competente ainda que não muito simpático. E a comida é boa! As Pataniscas de Polvo estavam bem fritas, bastante crocantes por fora e com um interior macio e saboroso. O Arroz de Feijão malandrinho como manda a regra e também apurado.


Bastante bom também o Cheesecake de Frutos Vermelhos, com boas proporções das 3 camadas, contraste de textura na base e equilíbrio ácido-doce entre a camada do meio e a de cima.


Uma opção segura ainda que não deslumbre, para os almoços semanais. Apesar de ter gostado penso que não tenha sido o suficiente para me fazer experimentar este restaurante fora deste registo.

B2 Restaurante & Lounge
Linhó, Portugal
B2 Restaurante & Lounge Bar Menu, Reviews, Photos, Location and Info - Zomato
Preço Médio: 9€ (Menu de Almoço)
Data da Visita: 

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Rescaldo Tascas no Cais 2015 (Lisboa)

2ª Edição do evento Tascas no Cais, patrocinado pela Super Bock, um evento que junta alguns (poucos) restaurantes existentes na cidade, num recinto ao ar livre. Mais num conceito de partilha, os restaurantes têm vários pratos (com os preços a variar até aos 8€, mais ou menos) que poderão ser demonstrativos da cozinha que praticam na sua morada permanente. Nesta 2ª edição, pudemos contar com Taberna da Rua das Flores, Can The Can, Cantina LX e Tasca de Três, o único a não ter uma morada fixa, mas que junta o chef Nuno Diniz (da EHTL, Tágide e ex-York House), o chef Nuno Barros (1300 Taberna e ex-2780 Taberna) e o foodie Rodrigo Meneses (foodie.pt e Curador da Academia TimeOut). A iniciativa é bastante interessante mas pareceu pecar pela pouca oferta gastronómica existente. Na 1ª Edição estiveram presentes Ramiro, Cantina LX, Can The Can, Taberna da Rua das Flores/Flores do Bairro e Tasca de Três com Nuno Diniz, Nuno Barros e João Sá (ex-Assinatura e ex-G-Spot).
O evento teve um custo de entrada de 3€, dando direito a uma imperial, o que não é propriamente barato, tal como as ofertas gastronómicas não o são, se fizéssemos uma comparação puramente baseada na quantidade. Para além disso, das 4 ofertas existentes, as únicas que me cativaram o suficiente para me deslocar ao Cais do Sodré foi a Tasca de Três, de onde já conhecia a famosa Sandes de Porco Fumado, e a Taberna da Rua das Flores, um restaurante que desde há muito me suscita curiosidade.
Como em qualquer festival dos dias de hoje (não sei como se processou o ano passado pois não estive presente), todo o dinheiro que quiséssemos gastar teria que ser previamente trocado por senhas. Ainda que de melhor qualidade que as senhas dos festivais de Street Food (especialmente se tivermos em conta a edição em Paço de Arcos) e mesmo sem sabendo se aceitariam devoluções ou não (começo a estar de tal maneira preparado para este sistema que faço questão de saber exactamente o que vou pedir antes de trocar dinheiro) continuo a achar que na óptica do cliente final (aquele a quem qualquer evento é suposto satisfazer) esta solução é menos prática e pode chegar a ser prejudicial.
Apresentações e queixas feitas, vamos à comida! Como disse, a minha curiosidade recaía principalmente entre a Tasca de Três e a Taberna da Rua das Flores. É natural que a maior parte das escolhas tenham sido entre essas duas bancadas. Mesmo no evento, olhando para todos os menus, havia poucas propostas captivantes do Can The Can e a Cantina LX parecia ter uma ementa demasiado parecida com a do restaurante (que já conheço e cuja review podem ler aqui).
Na Tasca de Três, voltei a experimentar a Sandes de Porco Fumado. Depois do fantástico exemplar que experimentei no European Street Food Festival (aqui), as expectativas eram altas mas, infelizmente, não estava tão boa. O pão era bom mas a carne estava à temperatura ambiente e com uma menor profundidade de sabor. A maionese de bacon continua impecável e a rodela de tomate presente nada de novo acrescentou.



Os Ovos com Farinheira e Barriga de Porco estavam cremosos e com sabor ligeiramente predominante da farinheira, algo que poderia ser balançado com uma maior quantidade de barriga. Para os que possam fazer um ar desconfiado perante as palavras "barriga de porco", lembrem-se que o bacon vem desta deliciosa parte do porco.



Boa Mousse de Chocolate com Caramelo e Amendoim, demonstrando boa consistência e a não ser excessivamente doce, um erro onde muitas mousses de chocolate acabam por cair. A transversalidade de sabores entre chocolate e o caramelo não chocam e até se acentua graças a alguma salinidade do caramelo e do amendoim.



Já a Mousse Cítrica com Suspiros não estava tão boa, faltando-lhe a sua própria adjectivação e tornando-se demasiado doce. Tudo correcto a nível de textura e consistência, mas aquela acidez característica apenas foi descoberta no fundo do copo, com um creme que deveria ter sido um topping.


Não conhecendo a ementa habitual da Taberna da Rua das Flores, não sei quão comparável à que foi apresentada no evento, mas se a qualidade for algum indício então este é um restaurante obrigatório em Lisboa. Os Peixinhos da Horta estavam muito bons, com uma saborosa e estaladiça polme. O molho sweet chilli dá-lhes um toque original.



As Pataniscas de Bacalhau foram algo surpreendentes pela sua forma de apresentação e irrepreensível fritura. As pataniscas, cortadas de forma rectangular, estavam ultra estaladiças. Apenas achei que o sabor do bacalhau foi bastante mais suave do que o esperado, mas nada de grave.



O Picadinho de Carapau é algo de maravilhoso e refrescante. Bastante bem balanceado em todos os sabores presentes, fosse pela alga wakame ou pela acidez dada pela maçã, que suportaram o conjunto e ajudaram a elevar o carapau. Fantástico!



Uma ideia interessante na concretização do Frango Satay com bons sabores e uma boa quantidade de especiarias a transportarem o peito do frango até à Ásia, mas faltando um molho que ajudasse a dar mais vida a uma peça um pouco seca.



Outro prato fantástico desta Taberna, e que repetiria sempre que pudesse, foram os Lagartos Grelhados. A carne desfazia-se na boca e, dado à gordura intrínseca do corte, enchia-nos o palato com sabor e umami. A adição da cebola picada é importante para cortar toda aquela riqueza do porco.



No Can The Can, a qualidade da comida não deslumbrou. Apesar de achar alguma piada ao conceito, a curiosidade nunca se aguçou depois de ter lido algumas críticas menos positivas. E se a qualidade da comida for igual ao que aqui demonstraram, então não me parece mesmo que chegue a visitar o espaço. As Chamuças de Atum eram desinteressantes, com o sabor a ser todo mascarado pela quantidade de cominhos utilizada. Estavam bem recheadas, mas de resto nada de muito positivo a apontar.



Pouco acima estavam os Croquetes de Polvo com Tinta. Recheio demasiado unidimensional, avivando apenas quando misturado com a mostarda de dijon e um outro molho mais adocicado. Interessante proposta mas a concretização poderia estar melhor.



Único prato experimentado na Cantina LX, por motivos já explicados, foi a Tarte de Batata Doce. Ainda que bastante húmida, e com o acrescento interessante de sumo de laranja e respectivas raspas, a verdade é que o sabor da batata-doce não se mostrou.


A iniciativa é interessante, e os moldes em que é executada ainda podem ser melhorados, mas a base está lá e o conceito também (talvez até um pouco replicado do que se faz no Peixe em Lisboa). Todas as bancas estiveram perto das expectativas criadas, inclusive as de baixa expectativa. Como resultado final, ficou a enorme vontade de ir à Taberna da Rua das Flores e experimentar a restante cozinha do chef taberneiro André Magalhães.

Tasca de Três
Projecto único que surge apenas no evento Tascas no Cais. A ideia junta 3 chefs numa só ementa. Este ano tivemos o chef Nuno Diniz (Escola de Hotelaria e Turismo de Lisboa, Tágide e ex-York House), chef Nuno Barros (1300 Taberna) e o foodie Rodrigo Meneses (foodie.pt e Curador da Academia TimeOut).
Site
Preço Médio: < 20 €

Taberna da Rua das Flores
Morada Permanente: Rua das Flores, 103
Click to add a blog post for Taberna da Rua das Flores on Zomato
Facebook
Site
Preço Médio: < 20 €

Can The Can
Morada Permanente: Praça do Comércio, Terreiro do Paço, Ala Nascente, 82-83
Click to add a blog post for Can the Can on Zomato
Facebook
Site
Preço Médio: < 20 €

Cantina Lx (review aqui)
Morada Permanente: LX Factory, Rua Rodrigues Faria, 103, Edifício C, Piso 0
Click to add a blog post for Cantina LX on Zomato
Facebook
Site
Preço Médio: < 20 €

segunda-feira, 2 de março de 2015

T'Chef (Telheiras)

Telheiras não é uma zona conhecida pela variedade e qualidade dos restaurantes que lá existem. Mas claro que existem excepções e este T'Chef é a prova viva disso! Nunca alguém imaginou que no meio de Telheiras pudesse existir um restaurante com comida de autor e a preços mais que justos. O convite Zomato foi a motivação final para me deslocar até Telheiras, tentando perceber se todas as críticas positivas que tinha lido seriam justificadas ou não.
Ao chegar ao restaurante fiquei um pouco assustado. O néon arroxeado que ilumina a primeira sala não me transporta para um ambiente de restaurante mas sim de bar. Algo que é logo ultrapassado quando chegamos à sala principal, que apresenta uma decoração sóbria, de bom gosto e com uma iluminação bastante mais normal.

Foto retirada daqui
O convite incluía um menu de degustação do chef mas deram-nos a hipótese de olharmos para a ementa de jantar, que é apresentada dentro de álbuns de vinis. Pratos com descrições bastante apelativas mas o menu de degustação não inclui obrigatoriamente pratos desta ementa, sendo tudo de inspiração da cozinha com base nos ingredientes que têm à disposição. E não podia ter corrido melhor...
Começámos o jantar com um Couvert que incluía uma taça de azeite com vinagre balsâmico, uma manteiga de mel, lima e alecrim e uma pasta de tomate assado com broa crocante. Se o azeite com balsâmico é algo que já se pode considerar banal, mesmo quando o azeite utilizado é de qualidade, os restantes componentes do couvert eram inovadores e fantásticos. Na manteiga não se notava muito o mel, principalmente devido ao sabor predominante do alecrim, que era complementado com a frescura da lima. A pasta de tomate assado não tinha qualquer falha e era gulosa o suficiente para se comer à colher. Muito umami e alguma acidez fizeram as delícias das nossas papilas, mas fomos surpreendidos pelos croûtons de broa que se mantiveram sempre crocantes, conferindo um nível de textura extra. O couvert merecia um pão melhor e, preferencialmente, acabado de sair do forno. Um bom prenúncio para a refeição que se avizinharia.


Não muito tempo depois do couvert, chegou a primeira entrada, um Crocante de Alheira com Gema BT, Grelos, Molho de Alho Doce e Redução de Porto. A trouxa estaladiça escondia um recheio de alheira com bastante qualidade e alguns bons bocados de carne. Para adicionar riqueza ao prato, uma bem executada gema cozinhada a baixa temperatura, por cima de uns grelos que infelizmente apenas se caracterizaram como normais. Os molhos eram bons, quando experimentados à parte, mas perdiam-se no meio de sabores tão fortes.


A segunda entrada mostrou uma conjugação de sabores fortes mas que se balanceavam na perfeição. O Porco Se Embrulhou com a Cabra mostrava uns cilindros de queijo de cabra envolvidos em presunto, com açúcar caramelizado no topo a fazer um excelente contraste de salgado com doce. Para juntar tudo, uma espécie de pesto com tomate ajudava a balancear os sabores fortes do queijo e do presunto. Um prato muito bom e bem conseguido. Esta é uma entrada que faz parte do menu actual.


Findas as entradas, começámos os pratos principais com um bife de Atum Braseado com Esparguete de Legumes. O atum bem selado, com o seu interior cru, necessitando apenas de um pouco de flor de sal para espevitar mais o prato. Excelentes os legumes em soja, com um corte algo irregular (o que nos levou a pensar terem sido cortados à mão), mas muito bons a nível de tempero e execução.


Todo o serviço foi exemplar. Simpático, prestável, explicativo e com vontade de nos dar a conhecer o restaurante e seu conceito. Curioso ainda a procura por restaurantes mais próximos da Linha do Estoril, revelando que a pessoa que nos atendeu (um dos sócios do espaço) é também um entusiasta pela arte de bem comer. Único problema do serviço foi exactamente a seguir ao prato de atum, onde houve uma espera bastante prolongada até que o segundo prato chegasse à mesa. Esta demora foi amenizada pelo pedido de desculpas, pois teria surgido um imprevisto na cozinha.
Se por um lado esta espera pode afectar a experiência geral, por outro pode ser significativo que algo não estava bem com o prato e tiveram que refazer todo o seu processo, o que é apreciável e revelador de um cuidado extra na cozinha apresentada.
Irrepreensível estava o Ramen de Camarão com Granizado de Gengibre, com uns noodles caseiros leves e que se desfaziam na boca. Não fiquei particularmente fã do minúsculo miolo de camarão utilizado, pois também não sou um grande entusiasta deste crustáceo, não tendo ajudado o facto de ter encontrado algumas cascas. Dispensava de todo o camarão, bastando o caldo para que este prato me enchesse as medidas. Acabei por pedir uma colher (que inicialmente tinha dispensado) para poder desfrutar de um saboroso e intenso caldo de marisco que nos preenchia a boca, ajudado pelo granizado de gengibre, e que continha um nível de picante satisfatório.


Para finalizar os pratos principais, fomos presenteados com um dos pratos da ementa actual, as Bochechas de Porco Preto com Risotto de Aipo e Maçã, do qual eu (vergonhosamente) não tirei foto. A pressa e a vontade de provar este prato era tal que só no dia seguinte me apercebi da minha falha. A apresentação deste prato é divertida e diferente, com as bochechas a chegarem numa marmita, deixando ao cliente a parte final do empratamento. O risotto apresentava uma boa cremosidade e os bocados de maçã davam frescura e um ligeiro adocicado ao arroz, mas provado por si só era algo bastante unidimensional. Algo que deixou de acontecer mal lhe juntámos o molho onde vinham as bochechas. Parece que deu outra vida a este prato. Pena as bochechas não estarem "de comer à colher", mesmo que não se apresentassem duras. Faltava-lhes tempo de cozedura para que as fibras se partissem mais e deixasse as bochechas realmente macias.
Começámos a fase doce da refeição com um Crème Brulée de Coco, que estava exemplar no seu creme, tanto no sabor como na consistência. Falhou o brulée que foi claramente exagerado, dando um sabor queimado ao açúcar. Não é preciso tanto tempo de maçarico para que aquela crosta superior fique estaladiça. Ainda assim, uma boa sobremesa.


A sobremesa que mais curiosidade nos tinha despertado, quando olhámos para a carta, foram as Pataniscas do Éden, umas pataniscas de maçã acompanhadas de um puré de batata-doce e ainda uma bola de gelado. Boa fritura nas pataniscas, estando bastante estaladiças, mas mereciam mais pedaços de maçã, para que houvesse um maior contraste entre a textura exterior e interior e também um maior sabor da própria fruta. Bom puré, a cortar bem o frito da patanisca e a combinar bem com a frescura do gelado.


Com o café, ainda nos foi permitido provar a Key Lime Pie. Honestamente, não sou capaz de distinguir entre diferentes tipos de limas, por isso apenas consigo avaliar isto como uma tarte de lima. E deixem que vos diga que é uma boa tarte de lima. Boa bolacha, com um travo a bolacha integral, que combinava perfeitamente com a acidez do creme de lima. Ainda que não tivesse a textura que mais aprecio, pois estava um pouco esponjoso, os sabores estavam lá.


Contas feitas ao final da refeição, saio do T'Chef extremamente satisfeito. Não só pela quantidade de pratos experimentados, como pela qualidade dos mesmos. Apesar dos preços à carta não serem elevados, esta hipótese de ter um menu de degustação de 8 pratos (2 entradas, 3 pratos e 2 sobremesas) com muita qualidade, e que está constantemente a variar, por 22€ é extraordinário, ainda para mais se pensarmos que este menu varia constantemente consoante os produtos disponíveis e a imaginação do chef. A juntar a isto um serviço bom, foram 3 horas bem passadas num desconhecido restaurante em Telheiras. O restaurante dispõe ainda de uma carta de almoço, que varia diariamente, com preços mais acessíveis mas com o mesmo cuidado na confecção e apresentação dos pratos.
Não é perfeito, mas é, sem dúvida, um restaurante que vale a pena conhecer. E não apenas uma vez mas várias, pois é daqueles restaurantes aos quais desejo voltar para me deixar nas mãos do chef e sair de lá surpreendido.

Zomato
Foodspotting
T'Chef
Rua Hermano Neves, 22, Loja B
Telheiras, Portugal
Facebook
Preço Médio: < 30 €

terça-feira, 29 de julho de 2014

Festival do Caracol Saloio (Loures)

Gostaria de ter escrito este post antes do término deste festival, mas, como tal não me foi possível, não quis deixar de o escrever para o deixar como referência para a edição de 2015, que certamente se realizará. A edição de 2014, que terminou no passado dia 27 de Julho, realizou-se numa tenda, montada perto do Pavilhão Paz e Amizade em Loures, e contava com 10 bancas diferentes que tentavam sobressair com alguns pratos mais originais, para além dos típicos pratos de caracóis e das caracoletas assadas.
Chegando lá cedo, por volta das 18 horas, já se notava bastante movimento na zona de mesas, movimento esse que foi aumentando e que demonstrava um pavilhão praticamente cheio já perto das 20 horas!
A primeira banca experimentada foi a do Restaurante Ímpar com uns bons, mas não espectaculares caracóis. Tempero de qualidade média alta, mas faltava-lhe algo que os elevasse a um nível digno de um festival onde é, certamente, o prato mais pedido.


Seguiram-se umas fracas Pataniscas de Caracol, ensopadas em gordura e sem aquele exterior estaladiço que desejamos a cada dentada. O interior era saboroso e com uma boa quantidade de cebola, mas acabam por se revelar uma desilusão grande.


Já as Caracoletas Assadas chegaram um pouco esturricadas demais e com uma notória falta de sal. Melhor o molho que as acompanhava com a mostarda a sobressair e a avivar umas caracoletas insossas.


Tempo de um pequeno descanso e de mudar de banca para tentar provar outras propostas, acabando a escolha por recair na banca do Restaurante Salero.
Mais uma ronda de "finger food" com umas estaladiças Chamuças de Caracol de recheio saboroso e bem condimentado. Uma surpresa bem melhor que as anteriores pataniscas.


Mas a verdadeira surpresa ainda estava para vir...
Nesta banca, que continha já algumas propostas mais incomuns para o uso do caracol e da caracoleta, pedimos uns Ovos com Farinheira, Caracoleta e Cebola Crocante que foram a verdadeira estrela da noite, para mim! Os ovos no ponto perfeito, húmidos e saborosos, com a já clássica companheira (a farinheira, pois claro!) e com as caracoletas a ajudarem a tornar isto o crime quase perfeito. Para dar alguma textura, pequenos bocados de cebola frita crocante que são uma excelente adição, não só neste prato específico, como para qualquer prato de ovos mexidos!


Já a Feijoada de Caracoleta com Arroz e Enchidos de Vinhais preencheu alguns requisitos, mas não deslumbrou. Bastante saborosa, muito por culpa de uns enchidos fantásticos, e bem recheada da nossa amiga (des)encarapuçada mas faltando uma maior quantidade de molho para com ele ensopar o arroz. Arroz esse que vinha demasiado cozido e espapaçado, quando prefiro um arroz solto para melhor envolver a feijoada. 


E, para terminar, mais uma ronda de Caracoletas Assadas, estas bastante melhores na quantidade de sal usado, mas a serem acompanhadas por um molho mais amanteigado e, para mim, menos saboroso que o outro. A junção ideal teria sido o molho da primeira banca com as caracoletas da segunda, mas não se pode ter tudo...


Uma visita bastante simpática, onde percebemos melhor a versatilidade deste ingrediente, restando-nos esperar pelo próximo ano para podermos provar as restantes variedades existentes no Festival do Caracol Saloio de Loures!

Festival do Caracol Saloio
Loures, Portugal
Preço Médio: < 20 €