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segunda-feira, 6 de agosto de 2018

Pérola da Mourisca (Setúbal - Mourisca)

Quando faço a viagem Lisboa/Algarve, ou vice-versa, surge sempre a mesma dúvida... Onde parar para comer qualquer coisa? Sou um fã eterno d'O Cruzamento (aqui) mas isso entra em conflito com o gostar de experimentar novos locais. Fosse o (entretanto encerrado) Hortelã da Ribeira em Alcácer, que tinha uma Sopa de Tomate de bradar ou o afamado pato da Tia Rosa em Melides (que me desiludiu e sobre o qual falei aqui) a verdade é que tento aproveitar estas viagens para conhecer algo que fique perto de uma saída da A2.
No mapa, o Pérola da Mourisca até parecia satisfazer este critério, mas só passado quase 30 minutos em estradas secundárias chegamos ao restaurante. Chego a pensar que é bom que a viagem valha a pena, ainda com a desilusão de Melides em mente. Um pensamento que se acentua quando entro num restaurante quase vazio, mas é domingo à noite e o local é algo remoto, por isso tenho que dar o benefício da dúvida.
Já tinha ouvido falar bem do local, mas sem um foco específico quanto ao tipo de comida. Como estamos numa Cervejaria/Marisqueira a ementa tem diversas secções interessantes mas optámos por pedir vários petiscos.
Começámos com uns surpreendentes Pimentos Recheados com Sapateira. Para quem não gostava de pimentos até há poucos anos, nem é grande fã de marisco, a primeira garfada fez-me arregalar os olhos e atacar avidamente o que restava no prato. Uma pasta bem balanceada, sem perder o sabor característico da sapateira, sobressaía acima da intensidade do pimento.


O prato mais simples, e digno de outro momento de arregalanço ocular (se a expressão não existia, passa a existir!), foram uns belíssimos Ovinhos de Codorniz em cima de pão torrado e com uma surpresa suína pelo meio. Era capaz de comer 20 daqueles ovinhos!


Chegaram também à mesa uma Farinheira com Ovos e uns Espargos com Ovos, assim mesmo de nome trocado, pelo rácio encontrado no prato. Sabores fortes (e bons) em ambos os extremos do prato, pecando apenas pela textura dos ovos, secos demais para o meu gosto.


Boas Puntillitas, de bom tamanho, fritura correcta, sem excesso de óleo, mas faltando-lhes um pouco de sal na farinha que lhes servia de casaco. Ainda assim, um prato que nunca me escapa quando vejo na ementa.


Um dos pratos mais conhecidos desta casa, e recomendação do staff (que esteve impecável durante toda a refeição), é o Camarão no Forno. Perfeitamente justificável pelo sabor do prato, quase a fazer lembrar camarões salteados com alho, mas onde a logística para os comer não é a melhor. Não saem facilmente da casca e o facto de estarem divididos ao meio não dá jeito nem para comer à mão, nem para comer com talheres! Já para não falar na estranha tentativa da habitual chupadela da cabeça (não há forma menos pornográfica de descrever a acção, desculpem os mais sensíveis).


Queríamos terminar com uma nota doce, recaindo a escolha sobre o Folhado de Queijo Fresco com Doce de Figo. E, deixem-me que vos diga, é uma verdadeira maravilha! Não me perguntem como, mas funciona na perfeição. É leve, é doce sem o ser excessivamente mas não deixa de despontar em nós uma pecaminosa gula.


Apesar do longo desvio, achei que valeu a pena! O atendimento foi descontraído e prestável (o facto do restaurante estar vazio também ajudou) e a comida não desiludiu.

Pérola da Mourisca
Setúbal, Portugal
Pérola da Mourisca Menu, Reviews, Photos, Location and Info - Zomato
Preço Médio: < 30 €
Data da Visita: 18 de Março 2018

terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

Prado (Lisboa)

Há muito tempo que não me lembro de ver um restaurante com tanto hype. Ainda não tinha aberto e já se falava mais nele no que no restaurante que Jamie Oliver vai abrir no Príncipe Real. Ok, até aqui até concordo pois este desde o início que parece um projecto muito mais interessante. Mas porquê, perguntam vocês?
Porque António Galapito, um jovem de 27 anos, esteve durante muitos anos com Nuno Mendes, chef português exilado em Londres. Pelo que percebi, nas minhas leituras e investigações, Galapito era o Padawan e Mendes o seu Jedi Master. As fotos apetitosas invadiam as redes sociais e eu sentia-me cada vez mais atraído pelo lado negro da Força. Ok, talvez não seja o lado negro, visto que todo o conceito do restaurante é virado para os produtos biológicos e o menos processados possíveis. Tudo é tratado dentro do restaurante, inclusive o desmanche e maturação das carcaças que mais tarde alimentarão vários comensais. Muito nerd? Ok, vou tentar conter-me. Isto porque mesmo antes de lá ir já parecia um puto excitado com a estreia do novo Star Wars! 
A ementa varia consoante os produtos disponíveis e a vontade do chef. Daí ser recorrente ver as mesmas pessoas a tirarem dezenas de fotos em diferentes refeições espalhado por esse Instagram fora. Por falar em Instagram, já seguem o do Devaneios de um Foodie (aqui)? Vi passar pelo meu ecrã pratos de óptimo aspecto e cheguei a um ponto que já salivava só de ver as fotos da ementa! Principalmente quando li que havia uma peça de acém maturada a 100 dias. A ementa tem sempre entre 10 a 20 pratos, com descrições simples e onde o objectivo parece ser conjugar os sabores de 3 ou 4 ingredientes principais, fazendo-os crescer e não esconder! Como a curiosidade era muito (e sobre toda a ementa), deixámos ao critério do serviço a escolha dos pratos que iríamos experimentar.



A refeição começa maravilhosamente com um Pão de trigo Barbela, da padaria Gleba, acompanhado por uma boa Manteiga fresca de cabra e uma maravilhosa gordura de porco batida com um fundo de puré de cebola. Bastante original e a marcar desde cedo a posição onde quer estar.



Tudo aparenta ser simples e pouco trabalhado mas duvido seriamente que assim o seja. O primeiro prato foi o primeiro exemplo disso e um dos melhores da refeição. Berbigão, Acelgas, Coentros e Pão Frito... Parece simples mas ao mesmo tempo original mas depois entra em campo o caldo trabalhado com manteiga fumada e esquecemo-nos do que estávamos a pensar. Simples? Claramente que não!



A Beterraba, Queijo Fresco de Cabra e Cebola peca por ser um conjunto demasiado doce. Talvez um queijo diferente, com maior teor salino tivesse funcionado melhor. Algo que consiga balancear toda a doçura presente...



Voltamos à simplicidade aparente (aliás, uma constante ao longo da refeição) com o Tat Soy, Soro e Nozes. Doçura e amargor bem conjugados mas parecia faltar algo ao prato que lhe desse maior dimensionalidade, tornando-se um pouco uniforme demais.



O "problema" deste tipo de restaurantes é a pouca clareza sobre aquilo que estamos a comer, ainda que o serviço tenha sido muito bom e sempre disponível para responder a qualquer pergunta. A questão é que não tirei notas e houve coisas que não se ouviram tão bem e não voltámos a perguntar. Este prato tem Judeu (um peixe da mesma tribo que o Atum), Rutabaga (ou Couve-Nabo) e Mostarda mas é muito mais complexo que isto a nível de sabores! Para não falar que não percebemos exactamente onde e como estava a ser utilizada a mostarda, ficando a dúvida quanto à utilização de folha de mostarda para o componente líquido do prato. O que interessa é que funcionava e estava muitíssimo bom!



O prato mais instagramável do restaurante, e o qual já tinha visto dezenas de vezes, é o Tártaro de Barrosã e Couve Galega Grelhada. Não só é um prato bonito como é fantástico nos seus sabores com a carne perfeitamente temperada, ainda que não saiba com o quê (lembro-me de falarem de cogumelos mas pouco mais). Estava-me tudo a saber tão bem que nem sempre quis perceber todos os componentes, acabando só por ir aproveitando o prazer que me estava a dar.



Gosto de comer, de forma geral! E gosto de comer de tudo. Posso de vez em quando ter apetites mais para a esquerda ou direita mas desde que seja boa está tudo bem. Ora, tendo isto como base, não deixo de admirar comida de tacho e carnes estufadas durante muito tempo. A profundidade de sabores com que ficam, a sua textura, aquele molho onde ficam a nadar, tudo isso me faz salivar. No Creme de Couve Flor, Ovo e Estufado de Barrosã temos um óptimo creme que oculta um ovo perfeito e uma carne de bradar aos céus! Provavelmente, o meu prato favorito da refeição.



Aqui questiono um pouco o encadeamento decidido para a refeição, pois depois de um prato de sabores muito fortes, somos presenteados com um Peixe-Espada, Nabiças e Nabos que não me parece encaixar na perfeição depois do estufado. Ainda assim é um bom prato, não há dúvidas disso.



Excelente o Acém de Barrosã, Manteiga Tostada e Alface Grelhada! Carne irrepreensivelmente grelhada, descansada e temperada de forma muito simples para a deixar sobressair. Os restantes elementos parecem estar lá só mesmo para ajudar a carne a sobressair e digo isto como um elogio.



Há algo na gordura natural do porco que nos coloca as papilas gustativas a trabalhar horas extra. Não sei se será o que os japoneses chamam umami mas não há muita coisa que bata o sabor de gordura de porco bem cozinhada! Bastante interessante o uso de alga nori em pickle neste Palitos de Entrecosto de Porco Preto, Acelgas e Nori, a mudar completamente o sabor do prato quando apanhávamos um destes bocados.



Finalizamos os pratos salgados com o Lula, Alho Francês e Tinta. Finalizamos num ponto excelente com os sabores a ligarem-se bastante bem e com a lula a aparentar apresentar uma dupla textura. Só não sabemos se tal terá sido propositado ou não... 



Três pessoas à mesa, três sobremesas disponíveis, claramente pediu-se uma de cada. O menos entusiasmante a ser a Granita de Coentros e Laranja, que por baixo deste neutro granizado de coentros revelava uns gomos de laranja e um puré também de laranja. A parte granizada era numa proporção excessiva face à componente doce, acabando esta por ser uma sobremesa que entusiasmou mais pelo conceito que pela concretização. 



Pelo caminho um pouco inverso, o Gelado de Cogumelos, Cevada e Dulse (uma alga que assumo ser o pó vermelho que é visível) tinha uma apresentação menos apelativa, assemelhando-se quase a um arroz doce. Já o seu sabor era muito bom ainda que não sentisse a presença de cogumelos, mas sim de caramelo. A textura da cevada é que não deixou saudades, visto que estava algo elástica.



A Maçã, Natas Caramelizadas e Massa Folhada também se fez comer a um excelente nível, com os sabores bem equilibrados e texturas contrastantes a funcionarem muito bem.



O hype é justificado! António Galapito apresenta um restaurante inovador, com um conceito que faz sentido, sendo o espaço e a ementa trabalhados para se encaixar nesse conceito de forma perfeita. A comida não teve sempre ao mais alto nível mas com uma volatilidade tal na ementa não deve ser fácil, juntando a isso o facto de ter aberto há poucos meses.
Nesta visita, 3 pessoas comeram 14 dos 18 pratos disponíveis mas a verdade é que tive pena dos 4 que escaparam, levando-me a querer lá voltar para provar o que de novo houver!

Prado
Lisboa, Portugal
Prado Menu, Reviews, Photos, Location and Info - Zomato
Preço Médio: < 50 €
Data da Visita: 14 de Janeiro 2018

domingo, 4 de fevereiro de 2018

Tomba Lobos (Portalegre) @ Mesas Bohemias

José Júlio Vintém é um dos chefs alentejanos com mais prestígio pelo país. Um homem grande (literalmente), que teve durante muitos anos um dos melhores restaurantes alentejanos no país, mais concretamente em Portalegre, o Tomba Lobos. Tinha? Bem... sim, tinha, pois a verdade é que após um interregno entre 2012 e 2014, reabriu. Mas as mais recentes notícias é que o restaurante voltou a encerrar temporariamente, estando o chef agora dedicado a um projecto de petiscos, também em Portalegre, chamado Na Boca do Lobo.
Introduzido o restaurante convidado, falemos agora do contexto em que o conheci. Trabalhar no Porto deu-me a oportunidade de ir às Mesas Bohemias (conceito de que já falei aqui) da invicta, e poder assim conhecer ainda mais restaurantes!
A refeição iniciou-se com uma das coisas mais gulosas que já experimentei. As Pétalas de Toucinho são pura gordura suína (também chamado lardo), levemente cozinhadas, em cima de uma estaladiça fatia de pão torrado e terminado com tomilho. É trincar e sentir toda a potência deliciosa a invadir-nos a boca e a activar seriamente as nossas papilas gustativas.


Estamos perante um alentejano de gema, ainda que determinado a elevar um pouco a comida tradicional da região, mas mantendo sempre os sabores que tão bem conhecemos e adoramos. Exemplo perfeito disso são os Pezinhos de Coentrada, totalmente já desmanchados mas perfeitamente balanceados em todo o seu esplendor.


Excelente também a Alhada de Cação, com o seu aromático, saboroso e denso caldo em conjunto com generosos pedaços de cação. Ainda que fosse o prato mais leve da refeição, ou não fosse uma sopa, a verdade é que é uma sopa consistente e que facilmente se poderia tornar uma refeição.


Terminámos o capítulo salgado com um dos maiores representativos da gastronomia alentejana, as Migas de Tomate e Farinheira com Entrecosto (na verdade eram 3 cortes diferentes mas não me recordo exactamente de quais). Um prato pesado, de muitos sabores intensos e sem nada para cortar mas que para mim funciona, ainda que saiba que pode-se tornar enjoativo para alguns.


Depois de uma farta refeição, era necessário cortar um pouco com a comida pesada e experimentámos um ligeiro e delicioso Pudim de Queijo Fresco com Doce de Pêssego (acho). Revelou-se um final harmonioso para mais uma memorável refeição proporcionada pelas Mesas Bohemias!


O conceito é maravilhoso. A atmosfera é sempre boa. A comida é fantástica. Norte ou Sul de Portugal, desde que cá esteja, tenciono estar em todos os Mesas Bohemias.

Tomba Lobos
Bairro da Pedra Basta, Lote 16, R/C
Portalegre, Portugal
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Preço Médio: < 30 €
Data da Visita: 14 de Setembro 2017

quarta-feira, 29 de março de 2017

Moinho Ibérico (Sintra)

Andava há muito, muito tempo para visitar este espaço! Já o tinha na minha lista há cerca de 3 anos, antes até de um artigo de Miguel Esteves Cardoso na Fugas (aqui) sobre o mesmo, devido à reputação que tinha vindo a construir quanto à qualidade da carne que serve. A maior parte da carne aqui servida é proveniente de raças autóctones portuguesas, criadas pelo proprietário do restaurante!
Outro aspecto em que reparamos é o serviço próximo e informal, mas muito competente. A lista de carne é completamente irresistível e a indecisão é natural e mais que muita. Só com a ajuda da pessoa que nos serviu é que conseguimos tomar uma decisão mas deixem que vos diga desde já que foi uma óptima decisão! O único problema foi o facto de terem servido o vinho (da casa, mas bastante aceitável) em copos de Gin... 


Chegamos à mesa e podemos logo encontrar um pão escuro decente, umas óptimas azeitonas e um bom Presunto, ainda que parecesse de produção industrial pela forma como se encontrava cortado.


Pouco depois chega à mesa um bom e saboroso Queijo Fresco de ovelha.


Aqui a especialidade da casa é a carne, e optámos por escolher um corte suíno (de raça ibérica) e um bovino. Fantásticos Lagartos de Porco Preto, grelhados e temperados na perfeição, servidos numa meia dose que chega bem para uma pessoa de apetite normal.


Se estão mais numa de carne bovina, a escolha é de facto muito complicada. Com ajuda, acabou por recair num bife do Acém maturado a 28 dias, servido na temperatura pedida, e de uma qualidade soberba. Daquelas peças pela qual facilmente se pagaria 30€ numa qualquer steakhouse da moda em Lisboa, mas onde se pagou 18,50€ neste restaurante nas redondezas de Sintra. Acompanhámos as carnes com batata frita, que poderia estar mais frita, cortada aos cubos (penso que não me recordo da última vez que vi um restaurante servir batata frita cortada assim...normalmente só mesmo em casa!) e uma salada mista (pedida à parte) muito boa.


Estávamos já algo cheios mas não conseguimos resistir às sobremesas que aqui se servem. A minha gulosa companheira decidiu-se por um Crepe com Doce de Leite, algo pelo qual tem uma terrível perdição, e que satisfez os seus desejos ainda que o crepe parecesse algo industrializado e o recheio não fosse numa dose excessiva.


Já eu tive que pedir também algo pelo qual tenho terríveis perdições, o Cheesecake. Aqui pode ser servido com uma cobertura de Frutos Silvestres, Limão, Tomate ou Abóbora. Voltei a pedir conselho a quem mais percebe disto (ou não fosse a senhora que nos estava a atender a pessoa que tinha feito o próprio cheesecake) e a recomendação Abóbora encaixou bastante bem, num cheesecake que só por si já era muito acima da média! Todas as componentes eram fantásticas, fosse a muitas vezes desprezada bolacha, como um creme de mascarpone do melhor que já experimentei, à cobertura saborosa de abóbora.


Adoro este tipo de restaurantes! Despretensioso, com ingredientes de qualidade soberba e honestos quanto ao que fazem. Aqui come-se excelente carne, em doses generosas (ouvi dizer que há 1 bife que dá para 4 pessoas!) e a preços que só se encontram fora da zona de Lisboa...

Moinho Ibérico
Av. Moinhos do Arneiro, 110-112
São João das Lampas, Portugal
Moinho Ibérico Menu, Reviews, Photos, Location and Info - Zomato
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Preço Médio: < 20 €
Data da Visita: 11 de Março 2017

sábado, 17 de dezembro de 2016

Churrasqueira Povoense (Venda do Pinheiro)

Lembro-me de que, quando comecei a minha lista de restaurantes por todo o país (que conta neste momento com perto de 1600 referências nacionais), dei com o nome da Churrasqueira Povoense, uma conhecida casa de grelhados para os lados da Venda do Pinheiro (o que para mim representa ser quase no meio de nenhures) cuja especialidade são umas Tirinhas de Porco Grelhadas. Mas a visita adiava-se, como acontece a muitos outros bons sítios, e só recentemente, quando de caminho para a Ericeira, decidi fazer o desvio e matar a curiosidade.
Depois de uma pequena espera, pois a casa estava para lá de cheia, sentámo-nos e uma simpática senhora vem-nos inquirir se é a nossa primeira visita e se precisamos de ver a lista. O sorriso fácil e o trato próximo mostram que estamos numa casa de bem servir e quando referimos que procuramos o afamado prato, sai a rápida (e correcta) sugestão que uma dose chegará para duas pessoas.
"E vão desejar pão e um queijinho, os meus queridos?". Há casas onde isto encaixa e onde me dá gosto falarem-me nestes termos carinhosos. Há casas onde isto faz sentido. E a Churrasqueira Povoense é uma dessas casas!
Veio para a mesa um bom Queijo Fresco, assim como um bom Paio, para nos entreter enquanto aguardávamos a estrela principal, e cumpriram o seu teatral papel bastante bem.



As Tirinhas de Porco Grelhadas fazem jus a tamanha fama e percebe-se a peregrinação de todas aquelas pessoas a uma terra tão remota como o Milharado, na Venda do Pinheiro. São tiras alongadas, a fazer lembrar os Lagartos de Porco, bem grelhadas e bem temperadas, bastante suculentas no seu interior e cheias de sabor.


Uma menção honrosa fantástica para a Salada Mista que aqui servem. Uma taça metálica à antiga onde tudo foi cuidadosamente misturado e onde os ingredientes eram surpreendentemente bons.


Uma casa descontraída, sem grandes pretensões que não a de servir boa comida e a preços muito justos. Um desvio que vale a pena fazer e uma casa que vale a pena conhecer.

Churrasqueira Povoense
Venda do Pinheiro, Portugal
Churrasqueira Povoense Menu, Reviews, Photos, Location and Info - Zomato
Preço Médio: < 20 €

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

SOCIEDADE (Parede)

Uma das melhores refeições do ano de 2015, num restaurante que me vinha aguçando a curiosidade desde a sua abertura, em Novembro de 2014. A SOCIEDADE (assim mesmo com o nome totalmente capitalizado) é um renovado restaurante na SMUP (Sociedade Musical União Paredense), que promete sabores portugueses com um twist. Adoro reinvenções de pratos e sabores clássicos, portanto fiquei automaticamente curioso com o conceito.
Mas já muitos conceitos me fizeram perder de amores apenas para depois me deixarem de coração partido com altas expectativas. A entrada no restaurante é feita com sorrisos, gestos e palavras simpáticas. Algo que se estende ao longo do tempo como se de clientes habituais nos tratássemos. E foi assim que nos sentimos durante todo o jantar, com o serviço a fazer-me apaixonar-me pela casa e pelo espaço. Ah, já vos falei da ementa? Babei-me, sobre a folha que nos foi entregue, durante todo o longo e penoso processo de selecção. Por mim, vinha tudo! Caso se sintam neste labirinto amoroso, entreguem-se ao serviço e deixem-se levar pelo que vos poderá ser proposto.



Com o couvert, um pão cortado com uma grossura milimétrica e dois tipos de manteiga (cabra e ovelha), é colocado na mesa um Queijo Fresco e Azeite impecável e um prato de Enchidos de Porco Preto e Não Só cortados tão finos que se conseguiam ver à transparência. A delicadeza de um excelente queijo fresco regado de um azeite também de bom nível abrem as hostilidades para uns enchidos que fazem as delícias do meu palato. Sempre ouvi dizer que um homem se conquistava pela barriga, e eu já não precisava de muito mais do que isto para ficar rendido. Mas a refeição ainda agora tinha começado...




A fome neste jantar não era muita (também não pode ser sempre a alarvar, não é?) por isso optámos por pedir 2 petiscos e 2 pratos para dividirmos por 3 adultos e 1 criança. Reparámos depois que as doses de petiscos são de tamanho generoso, daí o preço geral dos petiscos (rondam os 8€, se não me engano) ser mais alto do que estamos habituados. Claro que a qualidade deste SOCIEDADE também é mais alta do que estamos habituados.
Começámos por um Escabeche de Pato muito bom, com uma quantidade invejável da dita ave, e sem qualquer excesso de gordura. A cebola acrescenta-lhe pormenores adocicados, parecendo-me ainda reparar numa ligeira nota cítrica na preparação do prato. Talvez um pouco mais de acidez pudesse ajudar o prato a brilhar ainda mais mas nada de grave.



O segundo petisco escolhido foram uns fantásticos e gulosos Cogumelos, Pancetta e Queijo Emmental, um twist genial nos típicos cogumelos salteados com a adição do emmental a funcionar na perfeição neste típico petisco. Apenas a quantidade de pancetta era algo escassa, acabando por se esconder atrás do sabor dos cogumelos e do queijo. Apesar de o prato ser excelente com os cogumelos paris (Agaricus Bisporus), cada vez sou mais adepto da utilização de cogumelos diferentes e acredito que ajudaria a dar mais "encanto" a este prato. Transforma o sabor dos pratos, confere diferentes texturas, etc.



Muito acima da média estava também o Leitão, Batata-Doce e Abacaxi. Um belo "naco" deste jovem suíno, com a carne muito macia e a desfazer-se na boca, mas a pele poderia estar mais tostada e mais estaladiça. A combinação original do abacaxi com o leitão funciona e surpreende-nos o palato. Acompanha com umas boas chips de batata-doce. Por esta altura já andava a suspirar alto e a pensar que teria que vir a este restaurante mais vezes, mas a refeição ainda nem tinha acabado.



Faltava ainda o prato da noite. Aquele pelo qual me rendi, me ajoelhei, me lambi e que fiquei a desejar mais, as Bochechas de Porco Preto, Pão e Tomate (adoro estes nomes com só 2 ou 3 ingredientes e que nos deixam curiosos com o que será). Estas foram, sem dúvidas ou segundos pensamentos, das melhores bochechas que já comi! Desfiavam-se imediatamente ainda nós estávamos a tentar dividi-las pelos pratos. O seu sabor enchia-nos a boca, mostrando-se relutante a abandonar-nos o palato e a mente. Umas óptimas migas de tomate ajudavam a tornar este prato mais rústico do que sofisticado. O único elemento que dispensava no prato era uma espécie de ratatouille que, apesar de perceber a sua ideia, não me pareceu minimamente necessário para dar vida a um prato que está perto da imortalidade.



Para terminar uma refeição fantástica, e para saber se as sobremesas estariam ao nível de tudo o resto, pedi uma Panna Cotta com Abóbora. Excepcional a execução da panna cotta, extremamente cremosa e a colmatar a sua normal neutralidade com um doce de abóbora fora do comum. Encheu-me o coração de memórias do doce de abóbora que a minha avó há muito não faz.



Um jantar fantástico, cheio de sabores portugueses mas ainda assim com apontamentos originais e que me deixa com borboletas no estômago para uma próxima visita. A paixão criada por toda a envolvência do restaurante, desde o seu serviço à qualidade da comida, deixa marcas. Marcas essas que espero reviver, numa data preferencialmente não muito longínqua.

SOCIEDADE
Rua Marquês de Pombal, 319
Parede, Portugal
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Preço Médio: < 30 €