quarta-feira, 28 de junho de 2017

O Abel (Gimonde) @ Mesas Bohémias

Este projecto das Mesas Bohémias, com patrocínio Sagres e que nasceu da cabeça de Rodrigo Meneses (curador da Academia Time Out, da qual já falei aqui), é das propostas gastronómicas mais interessantes que podemos actualmente encontrar. A habilidade de, por alguns dias, transladar uma região para uma das duas maiores cidades portuguesas é de louvar! E sim, disse transladar uma região. Porque aqui a questão não é só trazer alguns restaurantes longínquos a Lisboa ou Porto. Aqui, o conceito é trazer também os produtos, desde as proteínas, às especiarias e passando, inclusive, pelo carvão onde os produtos são confeccionados! Como bom apaixonado pela cozinha portuguesa, esta procura de autenticidade é algo muito própria do Rodrigo, querendo dar às pessoas a possibilidade de desfrutar e experimentar novas sensações que muitas, de outra forma, não teriam hipótese de vivenciar e sempre com o maior nível de autenticidade possível. 



A logística envolvente deve ser um verdadeiro pesadelo, com toda a questão do transporte (mantendo a frescura e qualidade) dos produtos, das equipas e também do espaço que irá acolher este restaurante durante os dias em que o evento durar. É o exemplo gastronómico do provérbio "Se a montanha não vai a Maomé, vai Maomé à montanha". A toda a equipa que está envolvida no projecto, os meus mais sinceros parabéns! Fiquei fã e, se fosse possível, reservava já um bilhete de época para todo o ano!
A 1ª edição viu Lisboa, especificamente o restaurante D. Afonso o Gordo, receber a Casa Inês, restaurante icónico da cidade do Porto e casa-filha do também nacionalmente reconhecido Casa Aleixo (sobre o qual falei brevemente aqui). Já o Porto recebeu, no BH Foz, o algarvio Noélia, facilmente proclamado como um dos melhores restaurantes de todo o Algarve.
Nesta 2ª jornada, Lisboa teve o prazer de receber O Abel, um dos melhores e mais conhecidos restaurantes transmontanos, no restaurante Cantina LX (do qual já falei aqui) e o evento esgotou em poucos dias! O nome do evento também não é ao acaso, pois a ideia é também a de juntar um grupo de desconhecidos à volta da mesa, partilhando boa comida. Algo bastante português, como não poderia deixar de ser! E, para perceberem o quão famoso é O Abel, estive sentado com algumas pessoas que costumam ir ao Abel e, mesmo assim, não deixaram passar a oportunidade de comer a sua comida na capital!
Às Mesas Bohémias vamos já com um menu de degustação pré-definido, quiçá o melhor menu de degustação do país por tão baixo valor, e onde podemos experimentar o melhor que o restaurante tem para oferecer. As expectativas eram altas mas ainda assim consegui sair de lá surpreendido, não só pela comida, como pela experiência e ambiente sentido durante toda a refeição. Presenciar o momento em que 100 pessoas gritam, qual grupo de estudantes universitário eufóricos, "chicha" é bastante único.



O Pão de Gimonde abriu a refeição, excelentemente acompanhado por um bom Azeite Transmontano. Pão esse que é ainda amassado à mão antes de ir a cozer num forno a lenha, numa padaria de Gimonde, como nos explicou uma das pessoas da organização.



Com a mesa já completa, pois para facilitar o trabalho e organização da cozinha as mesas são servidas de forma sequencial, começam a chegar as entradas. Excelente Alheira transmontana, feita especialmente para esta refeição, e uma fantástica Chouriça Assada, ambas com notas ligeiramente picantes com o intuito de ligar à amargura encontrada na nova Bohémia IPA.




Fiquei fã do Cordeiro Grelhado! Não foi só o facto de cada peça ter sido temperada (com o molho da posta) à mão pelo Óscar, responsável pela cozinha d'O Abel, mas a forma delicada como estava grelhada, com a gordura extremamente saborosa e a deliciosa e macia carne a encantar o palato. Excelentes também as batatas assadas, que também vieram de Trás-os-Montes, com o sabor adocicado característico das batatas novas e temperadas com cebola crua para lhe dar mais vida. Sabores bastante fortes e que foram combinados com a Bohémia Puro Malte, uma cerveja mais leve e menos intensa, que deixou a comida brilhar.




O prato estrela d'O Abel, a Posta à Abel, não podia faltar. Estamos a falar da, provavelmente, posta transmontana mais conhecida de todo o país! As expectativas que a minha mente criou foram enormes mas valeu cada dentada neste belo naco de carne. Aqui, a posta foi servida em versão meia dose, e ainda bem pois o exemplar completo seria claramente comida a mais para o estômago da maior parte dos comensais. Excelentes também as batatas fritas, extremamente viciantes e a surpreenderem de tão boas. Este prato foi acompanhado pela Bohémia Original. 




Para terminar a refeição, um Pudim de Castanhas muito bom, perfeitamente cozinhado e onde o único problema foi a utilização de um caramelo industrial. 



Nem tudo foi perfeito, como é natural num restaurante e numa equipa que está a trabalhar num espaço que não o seu. Por exemplo, nem todas as postas estavam com a mesma temperatura e o pudim da minha companheira de aventuras não tinha o sabor das castanhas que o meu tinha, levando a várias comparações entre os pratos apenas para chegar à conclusão que o dela sabia apenas a... pudim.
Mas todos estes pormenores são facilmente desculpados. A logística de alimentar 100 pessoas desta forma não é fácil, acabando por naturalmente afectar um pouco da qualidade, mas não o suficiente para que as pessoas saiam do Mesas Bohémias desiludidas, como se podia ver pelos rasgados sorrisos das pessoas enquanto saíam.
O conceito é muito bom, e a execução não lhe fica atrás, trazendo um nível de autenticidade que não é comum encontrar-se. A oportunidade de conhecer restaurantes que se encontram a muitos quilómetros de distância é quase impagável. E o preço que pagamos nas Mesas Bohémias é uma ninharia para o que retiramos da experiência.

O Abel
Gimonde, Portugal
Preço Médio: < 20 € (Mesas Bohémias: 30€)
Data da Visita: 27 de Maio 2017

terça-feira, 27 de junho de 2017

La Rocina (El Rocio)

Num dos dias, que passei na zona do Parque Doñana, decidimos ir conhecer a pitoresca vila de El Rocio, uma vila com bastantes tradições equestres e que faz lembrar uma cidade do Wild Wild West. Não conhecendo nada na zona acabámos por optar pelo restaurante La Rocina para almoçar. 
Foi uma escolha mais pela ementa variada e apelativa, mas ficámos algo assustados quando entrámos no restaurante, encontrando-o completamente vazio, estado que se manteve durante toda a refeição.
É impressionante como se encontra bom Presunto em toda e qualquer esquina espanhola. A maior parte das vezes até a preços baixos, mas no La Rocina, a rácion (dose inteira) deste fabuloso presunto tem um preço desadequado (16€) face aos restantes preços praticados na ementa.



Bastante bom o Choco Frito, numa meia dose bastante generosa para o preço cobrado, ainda que servida sem acompanhamento. Bem frito, sem qualquer excesso de gordura e com uma boa textura.



No La Rocina não há apenas tapas. Um dos destaques das ementa são as carnes locais, naturais da Serra de Aracena. Não consegui resistir a experimentar o Entrecôte de Ternera (vitela) e este não desapontou. Carne de excelente qualidade, bem cozinhada e bem temperada mas com acompanhamentos que não estavam à altura.



Foi, provavelmente, a refeição mais cara que fiz na semana que passei em Espanha em 2016, mas foi também a única que fugiu um pouco à arte de tapear. Considerando tudo, os preços são bastante adequados, exceptuando o do prato de presunto, para a qualidade apresentada.

La Rocina
Plaza Doñana, 8
El Rocio, Espanha
Foodspotting
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Preço Médio: < 30 €
Data da Visita: 8 de Junho 2016

segunda-feira, 26 de junho de 2017

O Horácio (Algés)

Nunca tinha ouvido falar desta marisqueira, nem nunca tinha passado pelo bairro onde está localizada. Este foi daqueles sítios que descobri porque queria uma marisqueira, que ficasse entre o trabalho e casa e não me obrigasse a grandes desvios. Rápida procura pela plataforma do costume e lá me deparei com este Hóracio. A ementa era exactamente o que pretendia e os preços pareciam-me adequados.
Pensava que seria fácil arranjar mesa, dada a localização fora de roteiros mais conhecidos, mas a verdade é que, chegando ao restaurante, deparámo-nos com o mesmo cheio e com pessoas à espera. Nada que nos desmotivasse e decidimos esperar também.
Abrimos as hostilidades com umas boas Amêijoas à Bulhão Pato, cujo molho guloso nos levou a comer um cesto grande de bom pão torrado. 



As Gambas à la Guillo tinham um bom tamanho mas gosto dos molhos ainda mais apurados, inclusive até com algum picante, mais à semelhança do que fazem no Ramiro (aqui). Claro que isso não impediu que algum do pão torrado fosse utilizado neste azeite aromatizado.



O Presunto apesar de apresentar uma qualidade decente estava cortado grosso demais, sendo mais apreciador de fatias mais finas (e também de um presunto de maior cura do que aqui servido). O prato de presunto é bastante bem servido a nível de quantidade para a módica quantia que custa (cerca de 4€).



Para a sobremesa, como em qualquer boa marisqueira, um óptimo Prego do Lombo. Carne macia, servida média-mal e bem temperada com alho. Bom também o pão onde o prego foi servido.



Não esperava encontrar um local assim perdido no meio de Algés, tornando-se uma boa revelação. Relação qualidade-preço bastante aceitável para as matérias primas apresentadas.

O Horácio
Algés, Portugal
Horácio Menu, Reviews, Photos, Location and Info - Zomato
Preço Médio: < 30 €
Data da Visita: 19 de Maio 2017

domingo, 25 de junho de 2017

Less by Miguel Castro e Silva @ Zomato Gold Meetup (Príncipe Real)

A Zomato decidiu fazer o seu primeiro Gold Meetup, convidando alguns dos seus subscritores Gold para conhecer o restaurante do Príncipe Real de um dos mais conhecidos chefs portugueses, Miguel Castro e Silva, detentor de um percurso invejável e com vários projectos em carteira para abrir este ano.
Neste Less, Miguel Castro e Silva tem a oportunidade de revisitar pratos e um conceito que há muito tinha colocado de parte, quando o seu foco começou a incidir mais sobre a cozinha portuguesa. Aqui, a ementa reflecte as influências internacionais na cozinha do chef, mas não deixando de parte sabores muitas vezes portugueses. O restaurante, inserido no 1º piso d'A Embaixada no Príncipe Real numa iniciativa conjunta com a Gin Lovers, tem um ambiente algo rústico, com as suas paredes a descascar e colunas imponentes.



Neste jantar, tendo o restaurante praticamente só por conta do Meetup, tivemos a oportunidade de experimentar pratos que ainda estão a ser trabalhados e foram pouco testados (como admitido pelo próprio chef no início do jantar), exceptuando um. O chef teve a oportunidade de estar sentado à mesa, a provar estes mesmos pratos, e foi interessante ver que. no final do jantar, teve a espontaneidade e honestidade de dizer o que ainda teria que trabalhar sobre os pratos para que pudessem estar ao nível que ele concebia.



Começámos com bom pão e tostas, excelentemente acompanhadas por boas manteigas. Muito boa a manteiga de manjericão mas sem conseguir suplantar os excelentes sabores da manteiga de fígados.



O Tártaro de Atum com Cebolete deve ter entrada directa para a carta sem muitas afinações. Sabores simples mas apurados, sem ser necessário inventar muito ou complicar. Aqui nota-se, principalmente, a qualidade do produto servido, sem medo de deixar cubos maiores para que possamos verificar isso mesmo quando trincamos.



A interpretação do Bacalhau à Conde da Guarda de Miguel Castro e Silva apresenta a brandade de bacalhau, plena de sabor, conjugada com uma compota de tomate seco, bastante intensa mas parecendo faltar ao prato alguma acidez, algo que acontecia na interpretação de Vitor Claro (aqui) com o uso de tomate fresco.



O único prato que já está na carta actual são os Ravioli de Abóbora Assada com Amêndoa sendo, curiosamente, o prato salgado que achei menos interessante. Um prato bastante unidimensional e de sabores demasiado ligeiros e doces para o meu gosto, mesmo com o uso do parmesão que dava, ocasionalmente, um toque mais salgado. Talvez a utilização de um caldo salgado mais intenso pudesse fazer o prato brilhar.



O Risotto de Trompetas com Vitela Crocante tinha 2 execuções de qualidade bastante distintas. Se de um lado estava um risotto cremoso, com o arroz cozinhado no ponto e extremamente guloso, do outro tínhamos uma fatia de vitela cozinhada durante 12 horas a baixa temperatura mas cujo tempo posterior na frigideira deixou a carne médio-bem e não surtindo o efeito crocante desejado.



A sobremesa é talvez o prato que precise de mais trabalho e afinação. O Crumble de Pêra com Zabaglione de Disaronno (a substituir o típico vinho Marsala usado) falhava na textura do crumble e, principalmente, no zabaglione. Uma sobremesa que necessitará de mais acidez para não se tornar tudo demasiado uniforme.



Não é possível avaliar esta refeição como se fosse uma refeição normal. Foi um jantar onde o chef aproveitou para experimentar algumas coisas com perfeita noção que teria que haver ainda mais trabalho. De certa forma, isto torna-se reconfortante porque havia aqui pratos já de si muito bons mas percebemos que o chef Miguel Castro e Silva almeja chegar sempre a um ponto que o satisfaça plenamente. E quando se trabalha com este objectivo, o resultado final será sempre bom!

Less by Miguel Castro e Silva
Lisboa, Portugal
Less by Miguel Castro e Silva Menu, Reviews, Photos, Location and Info - Zomato
Preço Médio: < 40 €
Data da Visita: 18 de Maio 2017

quarta-feira, 14 de junho de 2017

Rabo d'Pêxe (Saldanha)

O Rabo d'Pêxe é um daqueles restaurantes mediáticos e que andam constantemente nas bocas do mundo. A sua abertura, no final do ano de 2015, guiada pelo chef Filipe Rodrigues (ex-Sea Me) rapidamente fez as redes sociais vibrar com reviews positivas. Mas, passados perto de 6 meses, Filipe Rodrigues deixou o leme do barco e entrou, para o seu lugar, um dos mais conceituados chefs portugueses, principalmente no que toca a gastronomia asiática, Paulo Morais (ex-Umai)! Com tudo isto, a expectativa não podia ser maior.
À entrada do restaurante assustei-me um pouco. Abri a porta para uma sala vazia, mas rapidamente fui encaminhado para a minha mesa, que se encontrava no jardim interior do restaurante. Espaço muito giro, dando a real sensação de um jardim (e que deverá ser fantástico para almoços solarengos ou noites quentes) mas a sua acústica não é muito boa, acabando por tornar o espaço algo barulhento. O serviço foi bastante simpático mas notava-se inexperiência e alguma atrapalhação. Para mim, num restaurante desta gama, estou à espera de receber uma resposta rápida quanto a dúvidas na ementa ou quando pergunto que peixes estão no prato de sashimi que me serviram. Aliás, idealmente, nem teria que perguntar...
A influência de Filipe Rodrigues parece notar-se ainda por toda a ementa e conceito do restaurante. O Rabo d'Pêxe tem um conceito bastante parecido ao Sea Me, com o foco nos produtos marítimos (neste caso, sendo boa parte vindo dos Açores) e igualmente com uma abordagem maioritariamente asiática que consegue agradar a gregos e troianos.
O Couvert é composto por um cesto de pão simpático, um óptimo azeite, uma boa manteiga de algas e uma manteiga de sapateira que mais parecia um patê.



O Sashimi Matsu apresentou peixe de excelente qualidade, servido sobre uma cama de gelo. Fantástico o Robalo, o Salmão e o Pregado e, num nível ligeiramente mais baixo mas ainda assim bastante bom, o Atum (ainda que a cor pudesse dar a entender o contrário) e o Carapau. Excelente pormenor e atenção da casa ao servir mais do que as 15 peças anunciadas, pois se é prato para 2 pessoas dividirem, então deve-se adaptar o número de fatias para que ambas possam ter a mesma experiência. 



O melhor da noite, e o mais surpreendente, foi o Dueto d'Tártaros! Um fantástico tártaro de novilho com gema de ovo curada, complementado com uns cogumelos shimeji, dando-lhe um ar florestal. Um genial tártaro de ostra com o uso da clara do ovo num merengue. E a surpresa da noite foi quando quem nos estava a atender disse que era recomendado pela cozinha a junção dos dois tártaros. O nosso ar céptico deve ter revelado bastante do que nos passou pela cabeça na altura mas lá seguimos o conselho e acabámos por ficar extremamente bem impressionados. Não sei se será melhor o conjunto do que a separação das partes mas qualquer das vertentes é fantástica!



Entre os tártaros e os restantes pratos houve uma demora considerável porque decidiram condensar o pedido de 3 nigiris e 3 gunkans num só prato mas, infelizmente, isto levou a uma espera de cerca de 20 minutos por 12 peças!
O Gunkan de Ananás dos Açores com Caranguejo de Casca Mole faltava-lhe textura principalmente mas também o sabor do ananás se sobrepôs ao do caranguejo, ofuscando-o completamente.



O gunkan para o qual estava mais curioso, e que ao mesmo tempo mais me desiludiu, foi o Gunkan de Pêxe Branco com Fígado de Tamboril e Chutney de Abóbora. Conceptualmente pareceu-me fantástico, ainda para mais porque gosto bastante de fígado de tamboril (esse foie gras dos mares!), mas depois a concretização senti que não estava à altura das minhas expectativas. No primeiro segundo fiquei maravilhado com a riqueza do fígado caramelizado mas depois apercebi-me que já estava a uma temperatura bastante ténue e que isso não ajudava a peça. Mas até aqui ok, o problema surgiu quando o sabor do chutney de abóbora se apoderou do meu palato e tornou tudo excessivamente doce.



Fantástico foi o Gunkan de Presunto de Novilho com Bivalves à Bulhão, numa peça claríssima de fusão onde tudo funcionou na perfeição!



No campo dos Nigiris, também alguns altos e baixos. Achei o Nigiri de Cogumelo Grelhado apenas simpático mas muito abaixo do potencial que tem e que imaginava. O cogumelo pouco trabalhado e a composição da peça a revelar alguma fragilidade na componente do arroz, desfazendo-se muito facilmente.



Algo completamente obrigatório no Rabo d'Pêxe, assim como o é no Sea Me, é o Nigiri de Sardinha (sobre o qual já falei aqui). A simplicidade de um filete de sardinha, assado com um maçarico e terminado com flor de sal, que no entanto desperta todos os nossos sentidos de forma complexa... Simplesmente fantástico e com sabor a Verão!



Mas onde fiquei assoberbado foi com o Nigiri de Carabineiro. A pujança e pureza do carabineiro é perfeita. Dá vontade de fazer uma refeição só com estes nigiris.



A ementa do Rabo d'Pêxe é extensa mas bastante apelativa, apresentando qualidade em quase tudo o experimentado. Fica a vontade de regressar e experimentar tudo o resto.

Rabo d'Pêxe
Avenida Duque de Ávila, 42
Lisboa, Portugal
Rabo d'Pêxe Menu, Reviews, Photos, Location and Info - Zomato
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Preço Médio: < 50 €
Data da Visita: 15 de Maio 2017

terça-feira, 13 de junho de 2017

Las Palmeras (Huelva)

Devia ter estado de aviso quando reparei no termo heladaria (gelataria) associado a este restaurante de Centro Comercial. Mas estávamos com fome, era domingo (dia em que muita coisa está fechada) e já não havia muito de Huelva ou arredores para explorar por isso queríamos algo simples e achámos que um centro comercial podia ser uma solução viável. Bem, se calhar até era, mas fiquei algo desolado com a comida que encontrei no Las Palmeras.
As Croquetas de Jamón estavam algo farinhentas e com um ligeiro excesso de gordura. A nível de sabor também longe daquilo que os espanhóis são realmente capazes. E, como não podia deixar de ser, vêm acompanhados de Batata Frita. Porquê? Não sei, e ao fim de 3 dias de Sul de Espanha já começava a ficar farto de batatas fritas não pedidas.


Porque quando queria batata frita, eu pedia! Aliás, aqui foram pedidas umas razoáveis Patatas Bravas para acompanhar as 3 tapas pedidas. Mal sabíamos nós que todas as tapas vinham com batata frita. Um verdadeiro enjoo. 


Muito fraco o Solomillo al Whisky, receita típica da zona de Sevilha. Carne seca, envolta num molho aguado, desenxabido e em que nada ajudava o prato. Nada aqui estava bom. Nem a carne, nem o molho, nem as malditas batatas fritas.


Um pouco melhor os Lagartos con Tomate, com a carne bem cozinhada e temperada, mas envolvida num molho de tomate de conserva que em nada tinha sido trabalhado. E, acompanhada de batata frita, como não podia deixar de ser.


Apesar das boas surpresas que tive na viagem que fiz por Espanha, no que se refere a restaurantes onde fui sem qualquer preparação, este Las Palmeras foi o exemplar perfeito de que é sempre melhor ir preparado!

Las Palmeras
Huelva, Espanha
Preço Médio: < 20 €
Data da Visita: 7 de Junho 2016

segunda-feira, 12 de junho de 2017

Camping Doñana Playa (Mazagón)

Estando de férias, são vários os momentos em que o ócio e preguiça se sobrepõem à vontade de partir à descoberta de novas experiências gastronómicas. Por vezes, queremos mesmo só comer algo e aproveitar a piscina do parque de campismo até aos últimos raios de sol.


E, mesmo havendo um restaurante do tipo buffet no parque, optámos por uma refeição de tapas no bar da piscina. As Patatas Alioli foram uma boa surpresa, estando bem cozinhadas e envolvidas numa boa proporção com o molho.


Algo que foi motivo de curiosidade foram os Caracóis, servidos numa taça pouco prática, e executados com temperos muito diferentes dos nossos. Diferentes mas bastante bons!


Claro que houve coisas que correram menos bem. Estando num bar de um parque de campismo não esperaria uma refeição perfeita. A Tortilla de Jamón estava mais virada para a omelete e já um pouco seca. A sorte dos espanhóis é que não conseguem ter mau presunto então lá se safou a omelete por aí.



Outro prato sempre presente numa ementa espanhola de tapas são os Calamares. Aqui, uns exemplares simpáticos, de boa textura mas podiam estar mais temperados.



E continuamos no fascínio do sul de Espanha em acrescentar batatas fritas (neste caso, mal fritas) onde não faz qualquer sentido. Uma tapa de Bochechas (Carrillera) servida numa cama de batatas? As bochechas até estavam saborosas, apesar de não estarem extremamente macias, mas as batatas não faziam ali falta nenhuma.


Ainda que seja um parque de campismo, o que nos poderia levar a crer que os preços seriam mais elevados, isso não se verificou com as tapas a custarem menos de 3€ e a tortilla 4€. Honestamente, estava à espera de bem pior.

Camping Doñana Playa
Mazagón, Espanha
Preço Médio: < 10 €
Data da Visita: 6 de Junho 2016

domingo, 11 de junho de 2017

La Tasquita (Huelva)

O sul de Espanha é uma zona fantástica como destino de férias estrangeiro barato, bom e de fácil acesso. Sim, eu sei que temos coisas maravilhosas no nosso país, e já acampei por quase todo o país, mas tínhamos traçado como destino a Isla Magica e aproveitámos para conhecer um pouco a zona à volta. 
Não fui com itinerários planeados ou locais recomendados. Tentei que fosse tudo mais "flexível" e portanto fomos comendo onde nos parecia que teríamos mais sucesso ou que o TripAdvisor nos aconselhasse. O primeiro poiso recaiu sobre o La Tasquita, em Huelva, para umas tapas de fim de tarde acompanhadas por cañas, para ajudar a baixar as altas temperaturas que se faziam sentir.
Primeiro facto sobre a restauração espanhola, tendo um IVA mais baixo (10%) consegue-se refeições decentes a preços equivalentes ou até mais baixos do que em Portugal. 
Segundo facto, eles têm um fascínio qualquer com os fritos no sul de Espanha. Até o Rabo de Toro veio numa cama de batatas fritas completamente desnecessária. Não era fantástico, com o molho de tomate a parecer ser feito de uma base de conserva, mas ainda assim era bastante decente.


Terceiro facto, mesmo estando próximo do Mar, a maior parte do peixe que estava disponível nos restaurantes era frito! Daí termos tido uma dificuldade enorme em encontrar Boquerones alimados, sendo que todos os restaurantes onde perguntávamos respondia-nos que apenas os tinham fritos. Bem fritos, estaladiços e bem temperados, sim. Mas, fritos...


Ok, a escolha não deixou de ser nossa em pedir as coisas fritas (excepto o rabo de boi que veio assim...sabe-se lá porquê), mas era a primeira refeição em Espanha e queríamos limpar já alguns dos nossos favoritos, como as Puntillitas. O tamanho poderia ser menor e podiam estar limpas, evitando a irritação de tirar aquela tira não comestível da boca, mas a dose é bastante bem servida para os 4€ que custa.


Finalizámos a refeição com um dos nossos guilty pleasures. Batatas, ovos e presunto. Uma combinação fantástica entre a cremosidade da gema e o salgado do presunto, quase como uns Ovos Rotos.


Não foi a melhor refeição que fiz em Espanha em 2016 (dessa já falei aqui) mas é a confirmação que se come decentemente e sem grande esforço financeiro no país vizinho.

La Tasquita
Huelva, Espanha
Preço Médio: < 20 €
Data da Visita: 5 de Junho 2016