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terça-feira, 18 de setembro de 2018

Cabana das Paixões (Carcavelos)

Verão é aquela altura do ano em que tudo o que me apetece é comer bom peixe grelhado, numa esplanada abrigada do sol, e bem acompanhado por um jarro de branco fresco. Apetece-me comida mais leve, apetece-me sabor a carvão e uma salada bem temperada para acompanhar o que quer que saia da grelha. Mas não me apetece pagar em excesso por estes pequenos prazeres da vida.
É uma discussão longa, onde se pode comer o melhor peixe na zona de Lisboa e arredores (vou excluir Ericeira, Sesimbra e Setúbal por estarem noutro campeonato), com muitos restaurantes realmente excelents mas onde os preços exorbitantes fazem-me questionar como é que pratos tão simples se conseguem tornar tão caros. Por isso, para estas ocasiões, a minha preferência recai sobre tascos, como o Último Porto (aqui), a Quitanda do Centro Náutico de Paço de Arcos (aqui), Casa do Mar (aqui), Vela Azul (aqui) ou esta Cabana das Paixões, localizada no Campo de Futebol do Grupo Sportivo de Carcavelos. Com muito sol, a esplanada abrigada desta cabana torna-se extremamente convidativa!
Boa Dourada Grelhada, ainda que prefira quando a mesma é grelhada inteira e não escalada, a não se apresentar seca (um risco maior quando o peixe é assim grelhado), demonstrando boa mão na grelha e no tempero.


Ainda que a dourada viesse com alguns legumes cozidos, pedi também uma Salada para acompanhar. Nada contra legumes cozidos, que podem ser maravilhosos, mas prefiro acompanhar grelhados (seja peixe ou carne) com uma simples salada de alface, tomate, cebola e pimentos! E eu que não gostava de pimentos há alguns anos atrás...


Terminei com um Pudim, de aspecto e sabor caseiro, sem grandes invenções! Um pouco na ordem de todo o restaurante, onde grupos de famílias e amigos se reúnem e se sentem em casa!


Simples, eficaz e a cumprir na perfeição o objectivo de me matar as saudades de bom peixe grelhado. Não foi o melhor peixe que já comi, mas achei a relação qualidade/preço justa e a comida num nível suficiente para me fazer regressar quando quiser algo descomplicado e barato nesta zona.

Cabana das Paixões
Carcavelos, Portugal
Cabana das Paixões Menu, Reviews, Photos, Location and Info - Zomato
Preço Médio: < 20 €
Data da Visita: 31 de Maio 2018

domingo, 4 de fevereiro de 2018

Tomba Lobos (Portalegre) @ Mesas Bohemias

José Júlio Vintém é um dos chefs alentejanos com mais prestígio pelo país. Um homem grande (literalmente), que teve durante muitos anos um dos melhores restaurantes alentejanos no país, mais concretamente em Portalegre, o Tomba Lobos. Tinha? Bem... sim, tinha, pois a verdade é que após um interregno entre 2012 e 2014, reabriu. Mas as mais recentes notícias é que o restaurante voltou a encerrar temporariamente, estando o chef agora dedicado a um projecto de petiscos, também em Portalegre, chamado Na Boca do Lobo.
Introduzido o restaurante convidado, falemos agora do contexto em que o conheci. Trabalhar no Porto deu-me a oportunidade de ir às Mesas Bohemias (conceito de que já falei aqui) da invicta, e poder assim conhecer ainda mais restaurantes!
A refeição iniciou-se com uma das coisas mais gulosas que já experimentei. As Pétalas de Toucinho são pura gordura suína (também chamado lardo), levemente cozinhadas, em cima de uma estaladiça fatia de pão torrado e terminado com tomilho. É trincar e sentir toda a potência deliciosa a invadir-nos a boca e a activar seriamente as nossas papilas gustativas.


Estamos perante um alentejano de gema, ainda que determinado a elevar um pouco a comida tradicional da região, mas mantendo sempre os sabores que tão bem conhecemos e adoramos. Exemplo perfeito disso são os Pezinhos de Coentrada, totalmente já desmanchados mas perfeitamente balanceados em todo o seu esplendor.


Excelente também a Alhada de Cação, com o seu aromático, saboroso e denso caldo em conjunto com generosos pedaços de cação. Ainda que fosse o prato mais leve da refeição, ou não fosse uma sopa, a verdade é que é uma sopa consistente e que facilmente se poderia tornar uma refeição.


Terminámos o capítulo salgado com um dos maiores representativos da gastronomia alentejana, as Migas de Tomate e Farinheira com Entrecosto (na verdade eram 3 cortes diferentes mas não me recordo exactamente de quais). Um prato pesado, de muitos sabores intensos e sem nada para cortar mas que para mim funciona, ainda que saiba que pode-se tornar enjoativo para alguns.


Depois de uma farta refeição, era necessário cortar um pouco com a comida pesada e experimentámos um ligeiro e delicioso Pudim de Queijo Fresco com Doce de Pêssego (acho). Revelou-se um final harmonioso para mais uma memorável refeição proporcionada pelas Mesas Bohemias!


O conceito é maravilhoso. A atmosfera é sempre boa. A comida é fantástica. Norte ou Sul de Portugal, desde que cá esteja, tenciono estar em todos os Mesas Bohemias.

Tomba Lobos
Bairro da Pedra Basta, Lote 16, R/C
Portalegre, Portugal
Foodspotting
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Site
Preço Médio: < 30 €
Data da Visita: 14 de Setembro 2017

quarta-feira, 28 de junho de 2017

O Abel (Gimonde) @ Mesas Bohémias

Este projecto das Mesas Bohémias, com patrocínio Sagres e que nasceu da cabeça de Rodrigo Meneses (curador da Academia Time Out, da qual já falei aqui), é das propostas gastronómicas mais interessantes que podemos actualmente encontrar. A habilidade de, por alguns dias, transladar uma região para uma das duas maiores cidades portuguesas é de louvar! E sim, disse transladar uma região. Porque aqui a questão não é só trazer alguns restaurantes longínquos a Lisboa ou Porto. Aqui, o conceito é trazer também os produtos, desde as proteínas, às especiarias e passando, inclusive, pelo carvão onde os produtos são confeccionados! Como bom apaixonado pela cozinha portuguesa, esta procura de autenticidade é algo muito própria do Rodrigo, querendo dar às pessoas a possibilidade de desfrutar e experimentar novas sensações que muitas, de outra forma, não teriam hipótese de vivenciar e sempre com o maior nível de autenticidade possível. 



A logística envolvente deve ser um verdadeiro pesadelo, com toda a questão do transporte (mantendo a frescura e qualidade) dos produtos, das equipas e também do espaço que irá acolher este restaurante durante os dias em que o evento durar. É o exemplo gastronómico do provérbio "Se a montanha não vai a Maomé, vai Maomé à montanha". A toda a equipa que está envolvida no projecto, os meus mais sinceros parabéns! Fiquei fã e, se fosse possível, reservava já um bilhete de época para todo o ano!
A 1ª edição viu Lisboa, especificamente o restaurante D. Afonso o Gordo, receber a Casa Inês, restaurante icónico da cidade do Porto e casa-filha do também nacionalmente reconhecido Casa Aleixo (sobre o qual falei brevemente aqui). Já o Porto recebeu, no BH Foz, o algarvio Noélia, facilmente proclamado como um dos melhores restaurantes de todo o Algarve.
Nesta 2ª jornada, Lisboa teve o prazer de receber O Abel, um dos melhores e mais conhecidos restaurantes transmontanos, no restaurante Cantina LX (do qual já falei aqui) e o evento esgotou em poucos dias! O nome do evento também não é ao acaso, pois a ideia é também a de juntar um grupo de desconhecidos à volta da mesa, partilhando boa comida. Algo bastante português, como não poderia deixar de ser! E, para perceberem o quão famoso é O Abel, estive sentado com algumas pessoas que costumam ir ao Abel e, mesmo assim, não deixaram passar a oportunidade de comer a sua comida na capital!
Às Mesas Bohémias vamos já com um menu de degustação pré-definido, quiçá o melhor menu de degustação do país por tão baixo valor, e onde podemos experimentar o melhor que o restaurante tem para oferecer. As expectativas eram altas mas ainda assim consegui sair de lá surpreendido, não só pela comida, como pela experiência e ambiente sentido durante toda a refeição. Presenciar o momento em que 100 pessoas gritam, qual grupo de estudantes universitário eufóricos, "chicha" é bastante único.



O Pão de Gimonde abriu a refeição, excelentemente acompanhado por um bom Azeite Transmontano. Pão esse que é ainda amassado à mão antes de ir a cozer num forno a lenha, numa padaria de Gimonde, como nos explicou uma das pessoas da organização.



Com a mesa já completa, pois para facilitar o trabalho e organização da cozinha as mesas são servidas de forma sequencial, começam a chegar as entradas. Excelente Alheira transmontana, feita especialmente para esta refeição, e uma fantástica Chouriça Assada, ambas com notas ligeiramente picantes com o intuito de ligar à amargura encontrada na nova Bohémia IPA.




Fiquei fã do Cordeiro Grelhado! Não foi só o facto de cada peça ter sido temperada (com o molho da posta) à mão pelo Óscar, responsável pela cozinha d'O Abel, mas a forma delicada como estava grelhada, com a gordura extremamente saborosa e a deliciosa e macia carne a encantar o palato. Excelentes também as batatas assadas, que também vieram de Trás-os-Montes, com o sabor adocicado característico das batatas novas e temperadas com cebola crua para lhe dar mais vida. Sabores bastante fortes e que foram combinados com a Bohémia Puro Malte, uma cerveja mais leve e menos intensa, que deixou a comida brilhar.




O prato estrela d'O Abel, a Posta à Abel, não podia faltar. Estamos a falar da, provavelmente, posta transmontana mais conhecida de todo o país! As expectativas que a minha mente criou foram enormes mas valeu cada dentada neste belo naco de carne. Aqui, a posta foi servida em versão meia dose, e ainda bem pois o exemplar completo seria claramente comida a mais para o estômago da maior parte dos comensais. Excelentes também as batatas fritas, extremamente viciantes e a surpreenderem de tão boas. Este prato foi acompanhado pela Bohémia Original. 




Para terminar a refeição, um Pudim de Castanhas muito bom, perfeitamente cozinhado e onde o único problema foi a utilização de um caramelo industrial. 



Nem tudo foi perfeito, como é natural num restaurante e numa equipa que está a trabalhar num espaço que não o seu. Por exemplo, nem todas as postas estavam com a mesma temperatura e o pudim da minha companheira de aventuras não tinha o sabor das castanhas que o meu tinha, levando a várias comparações entre os pratos apenas para chegar à conclusão que o dela sabia apenas a... pudim.
Mas todos estes pormenores são facilmente desculpados. A logística de alimentar 100 pessoas desta forma não é fácil, acabando por naturalmente afectar um pouco da qualidade, mas não o suficiente para que as pessoas saiam do Mesas Bohémias desiludidas, como se podia ver pelos rasgados sorrisos das pessoas enquanto saíam.
O conceito é muito bom, e a execução não lhe fica atrás, trazendo um nível de autenticidade que não é comum encontrar-se. A oportunidade de conhecer restaurantes que se encontram a muitos quilómetros de distância é quase impagável. E o preço que pagamos nas Mesas Bohémias é uma ninharia para o que retiramos da experiência.

O Abel
Gimonde, Portugal
Preço Médio: < 20 € (Mesas Bohémias: 30€)
Data da Visita: 27 de Maio 2017

domingo, 21 de maio de 2017

Último Porto (Santos)

Há dias tive uma conversa onde me perguntavam qual o melhor local para comer bom peixe grelhado em Lisboa. E, por muitas voltas que tente dar, a minha conclusão para este tipo de pratos é sempre a mesma. Os melhores sítios para comer peixe grelhado são tascas! Esqueçam os restaurantes da Estrada do Guincho ou semelhantes. Para se comer bom peixe grelhado bastam apenas duas coisas: bom produto e boa mão na grelha.
Mas porque estou a excluir restaurantes que fujam da designação de tasca se podem ter estes dois aspectos? Porque sinto sempre que estou a pagar mais pelo peixe do que seria justo, principalmente quando comparo com sítios como o Vela Azul ou a Casa do Mar. Mas havia um sítio que me faltava experimentar, tido por muitos como o melhor para o efeito, o Último Porto!
Com o aproximar do Verão, os meus apetites para peixe grelhado aumentam e, como tal, nada melhor que um almoço num feriado para experimentar este restaurante, perdido entre contentores do Porto de Lisboa, mas alvo de verdadeiras peregrinações. Por saber quão cheio poderia estar o restaurante fiz a reserva no dia anterior mas, à chegada ao restaurante, houve um pequeno desentendimento com um funcionário que, de má vontade, não queria arranjar-nos a mesa para 7 pessoas que eu tinha marcado porque teria entendido que seriam 5. Felizmente, foi o único contacto não simpático que tive neste restaurante, pois todo o resto do serviço, que não voltou a envolver este senhor, foi fantástico e "castiço". Sou um fã deste tipo de castiço de tasca simpática, sempre com uma piada a jeito, mas que não descura a atenção que tem para com as suas mesas e que se enquadra perfeitamente no que este espaço é.
O tempo não estava fantástico mas bom peixe grelhado e meia dúzia de raios de sol pedem um jarro de branco fresco na mesa.


Começámos com umas simpáticas Chamuças, longe das melhores de Lisboa, mas competentes na sua fritura e no seu tempero.


O verdadeiro regalo começou com umas excelentes Amêijoas à Bulhão Pato. Grandes no tamanho e no seu sabor, com um molho que fez o cesto de pão rapidamente terminar! E não há melhor elogio do que fazer com que não sobre fatia de pão na mesa.


Tudo o que aqui se experimentou era excelente, tanto ao nível da qualidade da matéria prima como no seu ponto de confecção. Começa com a opção de escolhermos como o nosso peixe vai ser grelhado, inteiro ou escalado, e terminamos com o ponto de excelência com que o peixe chega à mesa com a pele estaladiça a revelar um fantástico e húmido interior.


As Ovas Grelhadas, outra das minhas perdições, também perfeitas. A única coisa que poderia ser melhor é a qualidade dos acompanhamentos. Tinha comido no dia anterior uns grelos excepcionais e estes ficaram aquém desses, tal como as batatas cozidas eram boas mas não fantásticas. Continuo a ser mais adepto de uma boa salada algarvia para acompanhar peixe grelhado.


O Bacalhau Grelhado, algo que facilmente se vê chegar à mesa seco e massudo, a apresentar-se fantástico, lascando facilmente e com o seu nível de sal a roçar o excessivo. A maior parte das doses aqui são bastante bem servidas e, para pessoas que comam menos, 2 doses poderão chegar para 3 pessoas, principalmente se optarem pelas obrigatórias amêijoas de entrada.


Não há muitos mais adjectivos que se possam utilizar para definir a forma como o peixe é aqui tratado e a Garoupa Grelhada não foi diferente. Excelente, impecável, irrepreensível!


Depois da qualidade (e quantidade) de tudo o que tinha sido experimentado, ainda vacilei um pouco perante a decisão de pedir ou não sobremesa mas acabei por ceder à tentação. Provei um bom Pudim Flan caseiro, não excessivamente doce.


E também um excelente Leite Creme, queimado com bastante qualidade na hora do pedido. Já por vezes apanhei restaurantes que queimavam em excesso, tornando todo o conjunto enjoativo mas aqui tinha apenas aquela crocante e fina camada por cima de um óptimo e saboroso creme.


Tirando o percalço inicial tudo correu de forma estrondosa! Saio do Último Porto percebendo que finalmente visitei um dos maiores redutos do bom peixe em Lisboa. E já não era sem tempo...

Último Porto
Santos, Portugal
Último Porto Menu, Reviews, Photos, Location and Info - Zomato
Preço Médio: < 20 €
Data da Visita: 25 de Abril 2017

terça-feira, 7 de março de 2017

Zé Pinto (Buraca)

Há sítios míticos em Lisboa e, na minha opinião, o Zé Pinto é um deles. Um tasco à antiga, com uma "temática" dedicada exclusivamente ao Benfica, e onde existem peregrinações de grupos de amigos desde a geração passada! Estive muitos anos, sem nenhum motivo lógico, sem cá pôr os pés mas foi óptimo matar as saudades que tinha do Zé Pinto.
E parece que, por muitos anos que tenham passado, o Zé Pinto manteve-se na mesma, e ainda bem!
Em cima da mesa já estão umas boas Azeitonas temperadas, umas simpáticas Chamuças e um bom Queijo para nos ir abrindo o apetite.


Sejamos sinceros, que casa é conhecida por um acompanhamento? A que outro restaurante vamos e pensamos que proteína vai ser o acompanhamento para o nosso Arroz de Feijão? O ex-libris da casa chega à mesa num tacho de metal, perfeitamente cozinhado e bem malandrinho. 


E o que acompanhou o prato principal nesta noite? Uma Costeleta de Novilho mediana, com o ponto de cozedura a passar o desejável (e pedido) e não sendo um exemplar de grande qualidade.


E uns fantástico Secretos de Porco Preto, cortados às tiras, exemplarmente cozinhados com a saborosa gordura a envolver brutalmente o nosso palato com uma explosão de sabor. 


Ficou-nos a faltar provar a entremeada, bastante gabada, mas por falta de comunicação pois esta aparece na ementa como entrecosto... 
Fomos ainda corajosos o suficiente para experimentar o Pudim, bastante simpático e apreciado, com boa textura e doçura adequada.


Casas destas fazem falta e espero que continuem a existir por muitos e muitos anos! Casas de comida simples mas que marcam gerações atrás de gerações.

Zé Pinto
Buraca, Portugal
Zé Pinto Menu, Reviews, Photos, Location and Info - Zomato
Preço Médio: < 20 €
Data da Visita: 22 de Outubro 2016

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Luar da Fóia (Monchique)

A serra algarvia é dona de uma beleza extraordinária. A sua paisagem e envolvente são únicas, dando lugar a recantos preciosos. Quando a isto se junta o melhor da gastronomia local, ficamos na presença de restaurantes que merecem ser icónicos em qualquer guia deste país que entenda promover a boa comida portuguesa.
Nem sempre os lugares de comida tradicional portuguesa são tascos. Nem sequer é uma regra que possa ser seguida axiomaticamente. Cada vez há mais lugares que não se preocupam só com a qualidade da sua comida ou com a utilização dos melhores produtos, dando preferência a sabores da sua região, mas que acrescentam a isso uma boa apresentação nos seus pratos, um serviço cuidado e um restaurante atraente. E quem diria que na Fóia, perto de Monchique, se encontra um lugar que preenche todos estes requisitos? A isso juntamos uma varanda detentora de uma das melhores vistas imagináveis e temos o Luar da Fóia!
Esta é daquelas ementas onde tudo é apelativo e onde cada item nos deixará o estômago a roncar em antecipação. Os preços parecem ser um pouco puxados (os pratos rondam os 15€) mas as doses são de tal tamanho que 3 chegam perfeitamente para alimentar 4 pessoas de bom apetite. Fora da ementa há ainda carnes maturadas, por isso não se coíbam de perguntar o que há.


Foto retirada daqui
O couvert apresenta um fantástico pão, com boa crosta e um interior qb de massudo mas muito saboroso. Apresenta-se também na mesa um bom queijo amanteigado e um Presunto de excelente qualidade, apesar de não aparentar ter muito tempo de cura e ser cortado de forma excessivamente grosseira. Pareciam mais bifes de presunto.



O Polvo Frito com Batata Doce foi a surpresa do dia. Não só a conjugação não é muito comum, como funciona na perfeição. A doçura da batata ajuda a suportar o sabor do polvo frito em alho e coentros. A execução de todo o prato é quase infalível e só desejaria que a batata estivesse um pouco mais crocante para contrastar com o macio polvo.



O Leitão de Porco Preto também tinha elementos surpreendentes. Ainda que apresentado sem um molho que suportasse a carne, o que não foi muito grave visto que não estava seco, o leitão veio praticamente todo desossado, mostrando algum cuidado por parte da cozinha quanto ao que põem no prato. A pele estava pouco uniforme quanto à textura, com algumas partes crocantes e outras nem tanto. Boas batatas fritas caseiras, cortadas finas, estaladiças e sem excesso de gordura.



Apesar de bem cheios, todos os comensais quiseram experimentar as sobremesas. A Mousse de Alfarroba com Gelado de Baunilha mostrou-se simpática, e deu uns ares de graça pela lembrança de gelado de baunilha coberto com chocolate derretido, mas não mais que isso.



O Morgado de Figo era demasiado consistente e seco, acabando por ficar cerca de metade no prato. Ao fim de várias colheradas os meus maxilares já se começavam a queixar. Precisava de algo que ajudasse a cortar a consistência do bolo, como um gelado.



Refrescante foi a reinterpretação de morangos com chantilly no formato de Morangos com Mascarpone. Uma sopa de morangos cremosa, com a sua acidez e doçura a ser bem suportada pelo mascarpone.



Excelente Pudim de Mel, com bom sabor e consistência, não se mostrando excessivamente doce ou massudo. A calda colocada por cima ajuda a que o pudim não esteja seco, acabando por ser a melhor sobremesa experimentada.



Um restaurante delicioso e que vale a viagem, sem dúvida! A localização é excelente, mas não nos esqueçamos que o que realmente interessa no final é o que sai da cozinha e foi esse ponto que me deslumbrou.

Luar da Fóia
Estrada da Fóia
Monchique, Portugal
Foodspotting
Facebook
Preço Médio: < 20 €

segunda-feira, 6 de julho de 2015

Herdade de Montalvo (Alcácer do Sal)

Já vos falei de uma das minhas paragens favoritas para quem faz a viagem de férias (ou trabalho) até ao Algarve, como O Cruzamento, mas outro bom ponto de paragem é Alcácer do Sal. Se quiserem ficar por Alcácer do Sal, existem várias boas opções nas imediações! Por já ter ido várias vezes ao Hortelã da Ribeira, sugeri à família irmos experimentar A Escola, restaurante ao qual fui o ano passado e onde fiquei bastante bem impressionado. Mas ao chegarmos ao restaurante, o que ainda envolve um desvio de 17km de Alcácer, deparámo-nos com a sala cheia e como a fome já apertava, não quisemos esperar e fomos à opção mais próxima possível, a Herdade de Montalvo.
Ao contrário da opção anterior, este encontrava-se praticamente vazio, e depois de posta a mesa no simpático alpendre de que dispõem, fomos informados quais eram os Pratos do Dia, acabando por nem sequer olhar para a ementa propriamente dita. Para mim, Galinha de Cabidela, tentando suprimir a fraca cabidela experimentada no Dom Henrique. E, não sendo uma cabidela fantástica, faltando-lhe uma maior profundidade de sabor e vinagre, ainda assim era saborosa e com a carne bastante macia. Também provei o Choco Frito e o Cachaço de Porco, estando ambos com uma qualidade acima da média.



Para a sobremesa pedi aquilo que foi dito ser uma das especialidades da casa, o Pudim de Abóbora. Apesar da aparência ligeiramente queimada (na sua base), esta sobremesa era simplesmente fantástica. Boa textura, óptimo sabor a abóbora, sem ser exageradamente doce para um pudim. Já a Sericaia era bastante massuda mas com uma óptima compota de ameixa (mas sem ameixa). Em conversa com os responsáveis do restaurante, percebemos que têm tido vários problemas em conseguir acertar na receita da sericaia.



Um restaurante simpático e, principalmente, uma óptima opção para se, como nós, chegarem à Escola sem reserva, encontrarem o restaurante cheio e não tiverem vontade de procurar muito mais por uma refeição.

Restaurante da Herdade de Montalvo
Alcácer do Sal, Portugal
Preço Médio: < 30 €

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Tasca da Esquina (Campo de Ourique)

Há alguns anos atrás, antes desta moda de petiscos e de tascas modernas, Vitor Sobral (em conjunto com Hugo Nascimento e Luis Espadana) decidiu abrir um restaurante que fosse uma homenagem às tascas portuguesas, mas revitalizando a comida tradicional portuguesa e apostando em pratos portugueses, com um maior cuidado ao nível da apresentação e da qualidade dos produtos. Apenas em Outubro passado tive a oportunidade de visitar este mítico espaço lisboeta, que tem ganho adeptos não só em Lisboa mas também no Brasil e em Angola, com a abertura de outros espaços "da Esquina" nestes mesmos países.
Para grupos superiores a 6 elementos, é sugerido que o grupo siga um dos menus de degustação disponíveis, onde ficamos nas mãos do chef residente. De destacar o serviço de perfeito profissionalismo que acompanhou toda a refeição, tanto na explicação dos pratos, na simpatia demonstrada e prontidão de satisfazer qualquer pedido por nós feito. Da cozinha não foi só a qualidade da comida como todo o timing e cadência dos pratos apresentados a ser adequada.
Começamos com um Couvert composto por bom pão (com destaque para a broa de milho) e uns óptimos croquetes de novilho e amêndoa, de boa fritura e bom tempero. Sou um fanático de croquetes e estes são dos melhores que já comi na cidade.


O Caldo Verde lança uma refeição de 5 pratos de forma perfeita. Bom caldo, bastante cremoso com uma couve galega que parece ter sido previamente salteada e uns pedaços de chouriço que trazem multidimensionalidade ao prato e o torna mais rico.


De seguida, um prato de sabores subtis mas tipicamente portugueses, o Filete de Sardinha Fumado com Pastel de Batata, uma verdadeira homenagem aos produtos portugueses, com o filete de sardinha a apresentar um ligeiro sabor fumado e acompanhado por um pastel de batata que faz lembrar, na sua forma, um pastel de bacalhau. Um molho de pimento ajudava a ligar estes dois componentes, mas, felizmente, não se apresentando dominante sobre os restantes ingredientes a nível de sabor.


Também muito boa a Açorda de Camarão. A textura não era a que mais aprecio, estando um pouco mais líquida que desejaria, mas óptima no sabor e os camarões estavam perfeitamente cozinhados e em número generoso. Aqui quero referir mais um aspecto que achei impecável no serviço, pois estando uma grávida à mesa, foi executado um prato específico para ela, umas Lulas Salteadas com Cogumelos.


Aqui já me encontrava meio maravilhado com tudo, mas eis que chega a estrela do almoço, o Espadarte Braseado com Creme de Nabo e Farófia de Amendoim. A frescura do peixe era incrível, trabalhado na perfeição com apenas os milímetros exteriores cozinhados, mantendo o peixe húmido. Também fantástico o creme de nabo, principalmente para quem, como eu, aprecia bastante este legume. A farófia de amendoim ajudava a dar textura ao conjunto e elevava-o a um patamar bastante acima da maior parte dos pratos de peixe que já provei.


Pedimos para finalizar o menu de degustação com um dos clássicos da Tasca da Esquina, pedido que foi prontamente acedido, e acabámos em nota alta, com o Prego de Atum. Bom pão sem ser nada massudo, o atum cozinhado na perfeição e uma boa proporção entre o pão e o peixe, mantendo toda a integridade estrutural do prego. Apesar de não estarmos numa tasca, este é um prato para comer à mão.


Apesar de satisfeitos com os 5 pratos servidos, não conseguimos evitar pedir algumas sobremesas. Eu estive quase a resistir, mas segui o conselho de quem já experimentou o Kitanda da Esquina (restaurante de Vitor Sobral em Luanda) e que diz que o seu Pudim Abade de Priscos é algo imperdível. E é realmente, com um creme de abacaxi a cortar toda a doçura excessiva que é típica neste pudim. Tive oportunidade de provar também a Sopa de Frutas, um óptimo e guloso caldo de morango.



Pode não ser um restaurante barato mas parece-me que o preço é mais do que justificado pela qualidade da cozinha e do serviço. Não é por acaso que a Tasca da Esquina se tornou um clássico da cidade de Lisboa.

Tasca da Esquina
Rua Domingos Sequeira, 41C
Campo de Ourique, Portugal
Facebook
Site
Preço Médio: < 40 €