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segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

O melhor de 2017 em Portugal e não só!

A entrada num novo ano leva-nos a reflectir sobre o que se passou no ano transacto e, à semelhança do que fiz no início de 2017 (aqui), decidi lançar uma lista do melhor que comi em Portugal e não só! A lista é ainda mais extensa que o ano anterior e, acreditem, houve pratos fantásticos que ainda assim ficaram de fora!
2017 foi bastante melhor que 2016 aqui no blog (e não só!). Em 2016 tinha publicado apenas 37 artigos, contra os 133 publicados em 2017, o ano com maior número de publicações desde a criação do blog em 2013. Infelizmente, continuo a acumular prejuízo e tenho, neste momento, 90 posts por escrever. Alguns são ainda referentes a experiências que tive em 2016 e posso um dia decidir que já não faz sentido serem escritos mas não deixam de lá estar para me pesar na consciência e fazer com que tente recuperar os hábitos que estava a ganhar no início do ano.
A nível pessoal foi dos melhores anos que tive. Vários desafios profissionais interessantes, incluindo uma estadia pela cidade Invicta, que me fazem crescer bastante mas que acabam por afectar directamente a disponibilidade (temporal e mental) que necessito para escrever. Mas este crescimento também me proporcionou um maior leque de refeições de elevada qualidade, com o seu expoente máximo a ter sido o LOCO (aqui).
Antes da lista concretamente dita, só relembrar que, à semelhança do ano transacto, há pratos que facilmente poderiam estar aqui mas tentei reduzir a lista ao máximo e que cada restaurante só será representado por um prato.

"Frango Assado" com Creme de Abacate e Requeijão, Piri Piri e Limão (Mini Bar) - Facilmente o melhor frango assado que alguma vez experimentei! Fantástica como um pequeno pedaço de comida pode ter tanto sabor.


Hambúrguer de Salmão e Choco (O Prego da Peixaria - Príncipe Real) - Um prato clássico d'O Prego da Peixaria, mas cuja fama já me chamava a atenção desde os tempos em que apenas se podia encontrar no Sea Me. Não desiludiu.


Língua de Vaca, Puré de Salsa, Puré de Cebola, Pickles de Sementes de Mostarda (LOCO) - Começar a comer um prato sem fazermos a mínima ideia do que estamos a comer pode ser desafiante. Mas é por pratos desdes que nos devemos deixar ir em mãos confiantes que nos vão saber guiar. E deve haver, em Portugal, poucos melhores que Alexandre Silva!


Minestra al Pomodore (Pátio Antico) - Sou um fanático de sopa de tomate, quer seja nas ricas versões tradicionais alentejanas ou na sua versão italiana. Para esta última, o Pátio Antico serve uma das melhores do país!


Tártaro de Vazia, Cebola Caramelizada, Ovos de Codorniz, Maionese de Anchovas do Atlântico (AKLA) - Há alguns bons tártaros pela cidade de Lisboa, sendo sempre muito complicado eleger o melhor, mas o do AKLA está entre os melhores dos melhores!


Dourada Grelhada (Último Porto) - Dos melhores e mais simples restaurantes da capital. Aqui come-se excelente peixe grelhado e esta dourada deixou-me a bradar aos céus de felicidade.


Saikō VIP (Saikō) - Péricles Lacerda (do encerrado Tamagoshi Food Fusion) mudou-se da Parede para o Estoril mas continua a ser rei no que se refere a sushi de fusão. Apesar de já ser considerado por alguns como o melhor sushi de fusão em Lisboa, a verdade é que a qualidade deste restaurante no Estoril consegue ser ainda maior! E agora abriu um novo restaurante na Praça de Touros do Campo Pequeno!



Posta à Abel (O Abel) - 2017 marcou o início de um dos melhores conceitos que tem surgido nos últimos anos, o Mesas Bohemias. Restaurantes de vários pontos do país a serem deslocados para as duas maiores cidades portuguesas, com o intuito de dar a conhecer o que de melhor há na nossa gastronomia. O terceiro evento (e o primeiro a que fui) trouxe a verdadeira Posta à capital e deixou-me a salivar de desejo de ir à casa original!



Xurro amb Dulce de Leche (Xurreria Banys Nous) - Não irão ver aqui muitos doces, garanto-vos! Sou uma pessoa que é mais atraída por pratos salgados que sobremesas mas estes churros deixam qualquer um fã.



Arròs a la Marinera (Envalira) - Espanha não é só tapas e este arroz prova que nuestros hermanos conseguem fazer muitas outras coisas deliciosas!



Creme de Favas com Chouriço, Chips de Batata Roxa e Ovo Curado (Boi-Cavalo) - Cada vez que penso neste prato, recordo a vontade que tinha que ele não acabasse. Viciante!



Butcher Steak (Butchers) - Aconteceu-me algo estranho no Butchers. Gostei tanto da primeira visita que fui lá no dia imediatamente a seguir! Toda a carne é fantástica, sendo muito complicado dizer qual o corte que mais gostei mas este Butcher Steak foi o mais surpreendente! E estão a ver aquelas batatas doce fritas ali ao fundo? Só isso vale a viagem!



Buffet (Templo Hindu) - Uma experiência única! Esta cantina está aqui para convencer toda e qualquer pessoa que se atreva a dizer que falta sabor à comida vegetariana. Se não tivesse um avião para apanhar acho que lá tinha passado a noite a deliciar-me com a complexidade de sabores que este buffet apresentava.



Cachorrinho (Gazela) - Estando no Porto, tentei bater as míticas capelinhas todas, para perceber se justificavam a fama que tinham. Não consegui ir a todas e nem todas deslumbraram mas a verdade é que cachorrinhos como os do Gazela, não existem em mais lado nenhum!



Sandes de Pernil com Queijo da Serra (Casa Guedes) - Estar 30 minutos numa fila para depois comer uma sandes?? Sim, vale a pena! O pernil está cozinhado na perfeição e tem um molho óptimo. O sabor do queijo da serra envolve tudo e o pão suporta na perfeição esta amálgama de coisas deliciosas.



Pavlova (Miss Pavlova) - Nunca encontrei uma pavlova como as que aqui se vendem. Uma perversão adocicada a que temos de nos conter para não provar todas ou comer uma inteira!



Pétalas de Toucinho (Tombalobos) - Cada jantar do Mesas Bohemias é composto por 1 Entrada + 3 Pratos + 1 Sobremesa. Esta foi a entrada da visita do Tombalobos à invicta, umas gulosas fatias de toucinho em cima de uma torrada! Lembram-se de ter falado no conceito um pouco mais acima? Pois, eu fiquei de tal forma fã que não faltei a mais nenhum desde aí!



Risotto de Cogumelos em Alucinação (Cruel) - Um risotto que nada teve de cruel mas antes de prazeroso, pecaminoso, saboroso e guloso. O conceito do restaurante é muito bom e as execuções dos pratos conseguem estar à altura, principalmente neste risotto de cogumelos terminado com katsuobushi!



Eggs Norwegian (Dear Breakfast) - Há pouca coisa que me faça salivar como um bom molho holandês e neste espaço conseguimos encontrar um exemplar perfeito. Daqueles que dá vontade de lamber o prato! Juntar isso a uns ovos perfeitamente cozinhados e estamos perante um dos melhores Ovos Benedict (ou variantes) de Lisboa.



Leitão (Mugasa) - Quem nunca debateu sobre onde se come o melhor Leitão? É um dos pratos mais queridos pelos portugueses (e quem não gosta é porque não sabe o que é bom!) e podemos encontrar bons exemplares um pouco por todo o país, mas penso que encontrei o Leitão perfeito. Pele estaladiça, interior nada seco e, ainda que não fosse necessário molho para ser fantástico, vem acompanhado do melhor molho que já experimentei. E isto foi num evento Mesas Bohemias em Lisboa! Imaginem a experiência que não deve ser ir ao próprio restaurante...



Francesinha (Francesinha Café) - Em 2016 tinha eleito a francesinha do PAJU (aqui) como a melhor que já tinha experimentado. Com uma estadia mais prolongada no Porto acabei por conseguir provar mais algumas, e ainda regressar ao PAJU. A verdade é que a receita do molho mudou e não foi para melhor, acabando por ser destronada pela do Francesinha Café! Excelente molho e excelente recheio, com especial destaque para o bife!



Sequinho de Pata Roxa (Taberna d'Adélia) - Diz o Rodrigo Meneses, curador da Academia Time Out, mente por trás do projecto Mesas Bohemias e o Foodie português original, que nas Mesas Bohemias podemos encontrar o melhor menu de degustação do país! E olhem que é bem capaz de ser verdade... Esta espécie de caldeirada, que a Taberna d'Adélia levou ao Porto, trouxe-me à memória sabores da infância e da comida dos meus avós. É o melhor elogio que posso fazer!



Arroz de Ostras "Moinho dos Ilhéus" com Espumante Sidónio de Sousa (Noélia) - Bons produtos locais, originalidade na cozinha e uma mão de temperos acertados são algumas das imagens de marca da Noélia. Este arroz foi o expoente máximo de uma refeição toda ela muito boa! Pena que o Mesas Bohemias de Janeiro, que irá trazer a Noélia a Lisboa, já tenha esgotado... Vá lá que comprei os meus bilhetes logo quando foi anunciado!



Peixe Grelhado (Zé Maria) - Quando chego a Tavira e me perguntam onde quero ir comer, a resposta é sempre a mesma: "Quero ir ao Zé Maria". Olhem para a montra e escolham ou peçam sugestões ao Zé Maria mas fiquem tranquilos que o peixe vai chegar à mesa perfeito!



Batata-Doce com Pá de Borrego e Alecrim Fresco (Nó de Gosto) - A combinação de sabores pode parecer estranha mas funciona maravilhosamente. A carne saborosa a desfazer-se na boca, o tomate a acrescentar frescura e a batata doce a equilibrar o prato. É fantástico!



Burras Assadas (Zé Varunca) - Muitas vezes encontramos as burras como sendo as bochechas do porco, o que não está errado, mas é algo redutor pois burras pode também ser a queixada do porco. Aqui é servido desta última forma e chega à mesa com um aspecto delicioso. E não é só o aspecto que é bom, pois a carne é fantástica no que se refere ao sabor e solta-se do osso sem qualquer esforço!



Sim, do osso! Lembram-se de eu ter falado na queixada? Não estava a brincar, vem com dentes e tudo!



Chuléton de Buey (Rubro Cascais) - Não tinha ficado muito bem impressionado na minha primeira visita ao Rubro, mas como tinha sido num contexto de tapas decidi dar uma segunda oportunidade e voltar para experimentar a carne. Felizmente, não me arrependi porque estava qualquer coisa de fenomenal.



Bochechas de Porco do Montado com Arroz de Hortelã (Luar de Janeiro) - Bochechas é um dos meus pratos favoritos, e no último Mesas Bohemias de 2017, provei umas soberbas bochechas, cozinhadas com osso, plenas em sabor e acompanhadas por um fragrante e surpreendente arroz de hortelã. Só não percebi porque estava um garfo e uma faca na mesa, pois bastaria apenas uma colher!



Pato, Beterraba e Cacau (Esquina do Avesso) - Este é capaz de ter sido o prato mais difícil de escolher. Sabia que algum prato desta refeição teria que entrar nesta lista mas o problema foi escolher qual, sendo que a escolha recaiu no mais surpreendente! Mas tudo neste restaurante é bom, desde o serviço até ao mais importante, a comida! Perfeitamente balanceado e a atingir-nos o palato com mais força a cada dentada que damos. Só é pena acabar...



Vazia maturada a 60 dias (RIB Beef & Wine Lisboa) - A imagem não faz justiça à qualidade da carne! Excelente textura na carne, fantástico sabor com notas de queijo azul, cozinhada no ponto pedido e com o sal à parte para ser adicionado à vontade do freguês.


Espero que esta (longa) lista vos tenha deixado esfomeados e com curiosidade em experimentar novas coisas. É muito importante conseguirmos sair da nossa zona de conforto e deixarmo-nos levar em experiências gastronómicas que nos poderão surpreender.
Muito obrigado por estarem desse lado e desejos de um óptimo 2018!

segunda-feira, 7 de agosto de 2017

Curtas #20: La Jabuteca (Sevilha)

Hoje não vos trago um restaurante. Hoje trago-vos um conceito. Quando estive em Sevilha, em Junho de 2016, fiquei fascinado com o conceito da La Jabuteca. A fantástica possibilidade de tornar o presunto um snack de street food e ainda conseguir tirar o máximo proveito de restos da perna que se calhar não seriam tão bem aproveitados.


Ou seja, entramos na loja (sim, é uma loja de rua) e podemos, como é lógico, comprar vários presuntos, inteiros ou fatiados, para levar para casa. Mas, o interessante aqui é a possibilidade de comer logo qualquer coisinha para matar aquele pequeno bichinho que vai crescendo com os passeios. Neste caso, um cone de cubos de presunto! O presunto não era fantástico (percebe-o hoje depois de ter visitado o Jamón Experience, mas também não me recordo se haveria mais do que uma variedade à escolha), mas era bastante decente, e uma ideia óptima e original para se ir desfrutando enquanto se continua o passeio.

La Jabuteca
Sevilha, Espanha
Data da Visita: 9 de Junho 2016

quarta-feira, 2 de agosto de 2017

Barola (Mazagón)

Não querendo fazer o jantar deste quente dia de Junho no El Choco (aqui), optámos por ver que mais haveria pela zona de Mazagón, tendo andado muito tempo às voltas a tentar encontrar aquele que parecia o restaurante mais atractivo, o Mesón de Marisa, infelizmente sem sucesso. No meio de tantas voltas passámos pelo Barola, que parecia ter uma ementa simpática, uma esplanada porreira e decidimos assentar arraiais aí mesmo.
Começámos com um Queso a la Plancha con Marmelada y Crocante de Almendras, um prato que pela descrição me levava a pensar para um queijo de sabores fortes, amanteigado, passado pela chapa para ganhar aquela crosta exterior e servido com uns pedaços de marmelada (como nós a conhecemos) e o crocante de amêndoas para dar textura e até alguma neutralidade nos sabores fortes. Mas o queijo não era nada de fantástico e a marmelada era um simples doce de morango que pode ter saído de qualquer frasco de supermercado. Podia ter sido pior, mas as coisas até se ligavam com alguma piada (mesmo com a fraca concretização) mas o início da refeição não foi auspicioso.


E as coisas mantiveram-se um pouco numa linha bastante fraca neste Barola. Pedimos também os Tacos de Atun e agora vou-vos pedir um favor. Se puderem, abram o google, pesquisem "Tacos de Atun" e vejam as imagens que surgirem. Ok, já viram? Pronto, agora, avancem os vossos olhos para a imagem imediatamente abaixo. É parecido, certo? Pois... Atum excessivamente cozinhado, num molho esquisito e sem grande piada por cima de umas (inevitáveis e sofríveis) batatas fritas. Até me podiam apresentar algo diferente, pois assumo que tacos de atum naquela zona possa ser algo diferente, mas ao menos que me apresentassem algo bom.


Nem as Croquetas de Cocido eram particularmente famosas, com o seu recheio a faltar-lhe intensidade e sabor. Deveriam aprender com Kiko Martins (aqui) como fazer excelentes croquetes de cozido! Ah, e porque já havia batatas fritas a mais, toma lá umas batatas palha de pacote...



Nem a sobremesa salvou esta fraca refeição. Um Brownie de Caramelo tão seco que nem o chantilly conseguia humedecer as garfadas que lhe íamos dando.



De forma geral, foi uma refeição muito fraca. Ok, que escolhemos o local porque "parecia bem", o que me leva a continuar a acreditar que a preparação prévia é sempre melhor, mas ainda assim esteve muitos pontos abaixos de algo medíocre.

Barola
Mazagón, Espanha
Preço Médio: < 20 €
Data da Visita: 8 de Junho 2016

terça-feira, 1 de agosto de 2017

Curtas #18: El Choco (Mazagón)

Passeando pela zona de Mazagón, no Sul de Espanha, apeteceu-nos petiscar algo ao fim da tarde, antes de procurarmos um poiso mais definitivo para jantar, ou caso engraçássemos com este primeiro local aqui ficaríamos para o resto da refeição. 
Uma marisqueira com preços médio altos, e numa gama que não nos apetecia estar a gastar nesta altura portanto ficámos apenas pelo prato (em formato tapa) forte da casa, o choco frito!



Excelente fritura e excelente textura em todas as peças, onde nenhuma das tiras estava inferior à do lado. O problema deste restaurante é que nós, portugueses, temos óptimos termos de comparação e o El Choco não chegou para fazer frente ao que de melhor se faz em Portugal!

El Choco
Avenida Fuentepiña
Mazagón, Espanha
Foodspotting
Preço Médio: < 30 €
Data da Visita: 8 de Junho 2016

segunda-feira, 24 de julho de 2017

Envalira (Barcelona)

Nem todas as refeições em Barcelona poderiam ser tapas. Quer dizer, poder até podiam mas a verdade é que crescia em mim uma vontade de experimentar alguns dos afamados arrozes que por lá se fazem. Ainda que a tradição das paellas seja atribuída à zona de Valência, um pouco por toda a costa da Catalunha se fazem diversos arrozes como pratos regionais. Em Barcelona, os arrozes são mais facilmente encontrados na zona de Barceloneta, mais junto ao mar, porque era um prato típico dos pescadores aí residentes. Nas zonas mais interiores de Barcelona é mais difícil encontrar mas há um restaurante que aparece na maior parte das listagens dos melhores pratos de arroz em Barcelona.
Situado no bairro de Gràcia, na movimentada e vivida Praça del Sol, este restaurante tem a sua ementa virada para a comida espanhola, mas onde é sobejamente conhecido é pelos seus arrozes. Uma breve palavra para o movimento e vida que a Praça del Sol demonstrava nas primeiras horas da noite, com muita gente, sentada não só em esplanadas como em escadas ou no meio do chão, a conviver à volta de um copo ou um petisco.
Chegámos cedo e, como tal, ainda tivemos que fazer algum tempo até que o restaurante abrisse. Em Espanha janta-se um pouco mais tarde que em Portugal, e por isso é natural que alguns restaurantes só abram perto das 21 horas. O problema aqui foi a porta da rua do restaurante, que se encontra constantemente fechada, dando ares de quem se encontra fechado. É pouco convidativo a entrar, daí não termos visto muitas pessoas a frequentar o restaurante nessa noite, mas depois de lá estarmos dentro (o que demorou cerca de 10 ou 15 minutos enquanto tentávamos perceber se já se encontraria aberto ou não) percebemos que a porta se mantém fechada para preservar o ambiente calmo e tranquilo do restaurante. Cada vez que a porta se abria ouvia-se o rebuliço vivo da rua e respectiva dose de decibéis demasiado elevada. A sério, é mesmo muito elevada, como comprovava um estudo que se encontrava nesse dia no meio da Praça del Sol!
Começámos com o típico e tradicional Pão com Tomate! Já estão fartos de me ouvir falar de pão com tomate não é? Prometo que é o último, visto esta ter sido a minha última refeição em Barcelona. Aqui, um exemplar decente mas nada de fantástico. A forma como a baguete foi cortada não ajuda na forma como se come...


Apesar deste tipo de pratos se fazer acompanhar normalmente de proteínas marítimas, na Time Out Barcelona (aqui) mencionavam o Arroz à Milanesa do Envalira. De espanhol tem pouco mas de bom tem muito! Um arroz perfeitamente cozinhado, seco mas ainda com alguma goma e muito sabor! Pequenos pedaços de frango e de bacon iam populando o prato e o queijo derretido revelou-se um excelente acrescento. A nível de sabor não me soube a Espanha mas antes a Itália, lembrando um bom risotto, mas a verdade é que não desiludiu.


O que conseguiu surpreender foi o Arroz à Marinera. O ponto do arroz impecável mas o que aqui fazia a diferença era o caldo onde o arroz tinha sido cozinhado. Tudo ali sabia a mar! As doses aqui são adequadas para uma pessoa mas podiam ter um recheio mais uniforme. Havia no prato 1 lagostim, meia dúzia de bivalves (penso que amêijoas mas não me recordo bem) e algum choco e peixe (que parecia tamboril). Mas o que fez toda a diferença foi o caldo. E se estamos a falar de um prato de arroz, o destaque estava (e bem) no arroz!


Para nos despedirmos de Barcelona, decidimos comer Crema Catalana uma última vez. Excelente exemplar, com todas as texturas certas. Creme muito bom e nada grumoso e uma carapaça estaladiça perfeita, numa dose bastante grande que dá perfeitamente para dividir.


Foi um final muito bom para uma refeição que me encheu as medidas. Procurava este tipo de comida e sabe-nos sempre bem quando encontramos o que procuramos.

Envalira
Plaça del Sol, 13
Barcelona, Espanha
Foodspotting
Facebook
Site
Preço Médio: < 30 €
Data da Visita: 22 de Junho 2017

domingo, 23 de julho de 2017

Mussol Arenas (Barcelona)

Uma das primeiras pessoas a colocar a Catalunha no mapa da gastronomia mundial foi Ferran Adrià. O chef do El Bulli, que encerrou em 2011 e foi durante muitos anos considerado o melhor do mundo para a revista Restaurant, revolucionou mentalidades e introduziu na cabeça de muitos o conceito de gastronomia molecular! Ferran tem um brilhante irmão de nome Albert, que também o acompanhou no El Bulli, e que é neste momento o chef executivo de vários restaurantes do grupo El Barri Adrià (onde se inclui os estrelados Tickets, Hoja Santa ou Pakta, entre outros). Neste momento, Albert Adrià parece estar para Barcelona como José Avillez está para Lisboa, ou não tivesse o português bebido muitas influências dos irmãos Adrià aquando a sua passagem pelo El Bulli em 2006. Ambos detêm vários restaurantes na cidade onde trabalham e todos os seus restaurantes estão confinados numa única zona geográfica dentro da cidade. Se Avillez é o rei do Chiado, Albert Adrià tem todos os seus restaurantes perto da Plaça de Espanya (não sei exactamente o nome da zona). Claro que tentei marcar para o Tickets, mas a sua logística de abrir as reservas para o dia X exactamente 2 meses antes não ajudou e não consegui mesa. Por algum descuido, mas também para não ter restrições a nível de organização dos dias (só o Tickets me iria fazer ter essa condicionante), acabei por não marcar para qualquer outro do grupo Adrià, tentando a minha sorte na Bodega 1900. Como já devem calcular, pelo título do post, foi uma tentativa infrutífera, tendo acabado por ir jantar ao supracitado Mussol Arenas, que me tinha sido recomendado por alguém que vive na cidade. Então porquê todo este texto sobre a família Adrià? Porque são um marco na gastronomia catalã e, como tal, merecem ser referenciados sempre que possível.
Apesar do restaurante se encontrar num Centro Comercial, construído numa antiga Praça de Touros, o nível onde se encontra faz com que não se sinta qualquer ambiente de food court comercial. No topo do edifício, quase como se de um terraço se tratasse, encontram-se vários restaurantes com espaço própria, tendo alguns uma excelente e privilegiada vista para o Monte Montjuïc e a sua Fonte Mágica.
O Mussol Arenas apresenta uma ementa bastante variada e interessante, não sendo totalmente virada para tapas e apresentando alguns pratos de carne bastante apetitosos, mas o nosso apetite era o de tapear algo para depois podermos observar o espectáculo da Fonte Mágica através do parapeito do próprio "terraço". E, para começar a picar algo, umas boas Azeitonas, de 4 ou 5 variedades diferentes, e bem temperadas.


Excelentes os Cogumelos Recheados com Queijo de Cabra e Escalivada, uma espécie de ratatouille catalão, onde os vegetais (maioritariamente pimentos e beringela) são grelhados. A combinação é um sucesso com o forte sabor dos cogumelos a ser ajudado pelo fumado da escalivada e o queijo de cabra a dar aquele toque salgado essencial. Para um pouco de frescura, um ligeiro apontamento de manjericão.


Não podia faltar o Pão com Tomate, também executado com o catalão Pão de Coca, mas aqui algo a chegar-se ao queimado. De resto, a simplicidade do costume e os sabores excelentes como em qualquer outro lado.


Os Ovos Rotos com Presunto Ibérico de Bolota estavam muito bons, principalmente pela sempre suprema qualidade do presunto apresentado, mas as batatas fritas poderiam ser bem melhores.


As Batatas Bravas tinham algumas falhas. Não me importo que se sirvam as batatas em gomos, e até podem ser grandes mas então as batatas terão que cozinhar mais tempo senão ficam ainda encruadas por dentro (como era o caso). Pena também o seu nível de picante ser bastante baixo, parecendo mais umas batatas mansas que bravas.


Há aqui uma variedade de pratos pedidos que são recorrentes entre vários restaurantes porque são algumas das nossas coisas favoritas em Espanha e que não são fáceis de encontrar bem feitos em Portugal. Os Croquetes de Presunto Ibérico de Bolota do Mussol foram, infelizmente, os menos bons que já comi. Fritura algo desastrada, a chegarem à mesa com excesso de óleo e com alguns exemplares a abrirem já. O recheio é sempre bom e consistente, ainda que já tenha experimentado melhor.


As sobremesas também estiveram a um nível bastante aceitável com principal destaque para o Carpaccio de Ananás com Mousse de Crema Catalana. Bons contrastes de acidez e doçura com a hortelã a darem um novo nível bastante interessante.


Menos surpreendente e a um nível mais baixo, a Tarte Tatin Fria de Pêra com Gelado de Violeta e Chocolate Branco. Textura da fatia de Tarte Tatin demasiado gelatinosa mas com um decente sabor a pêra a combinar bem com o sabor mais floral do gelado.


Não sendo um sítio fantástico não deixa de ser uma boa opção para jantar. Talvez até menos para tapas e mais para a restante ementa existente. Tem ainda a mais valia da localização fantástica para quem quiser assistir ao espectáculo da Fonte Mágica.

Mussol Arenas
Barcelona, Espanha
Preço Médio: < 30 €
Data da Visita: 21 de Junho 2017

quarta-feira, 19 de julho de 2017

La Paradeta - Passeig de Gràcia (Barcelona)

Um dos muitos sítios que me recomendaram em Barcelona (e, mais uma vez, obrigado a todos os que me deram recomendações) foi o La Paradeta do bairro de Born. Claro que todas as recomendações acabaram por levar alguma pesquisa da minha parte, até para conseguir obter informações de datas de encerramento, preços, etc. Foi nesse momento que cheguei à conclusão que este La Paradeta tem 7 restaurantes espalhados por toda a zona de Barcelona e apresenta um conceito muito engraçado.
O que mais me atraiu nestes restaurantes foi, sem dúvida, o seu conceito. Estamos perante uma marisqueira self-service, com bons níveis de crítica pelas plataformas habituais (TripAdvisor e Yelp) e que parece apresentar uma relação qualidade-preço bastante apelativa. Apesar de não ter conseguido ir à de Born, visitei a que se encontra perto do Passeig de Gràcia, zona onde estava hospedado.
Quando digo que é uma marisqueira self-service, é mesmo a sério. Entramos e deparamo-nos com uma montra de peixe e marisco fresco, quase tudo com excelente aspecto (apenas a peça de atum que lá estava não convenceu). Daí, escolhemos o que queremos e o seu modo de confecção, dentro das possibilidades existentes, sendo que as opções estão limitadas (normalmente) a 1 ou 2 métodos de confecção pré-definidos. Os produtos escolhidos são pesados, é anotada a confecção, dão-nos um recibo com um número e as nossas escolhas são encaminhadas para a cozinha enquanto nós passamos para a 2ª fase. Ao balcão, e já com um tabuleiro, escolhemos o que queremos beber e pagamos. A seguir, vamos para a sala, bem decorada com apontamentos marítimos, e escolhemos uma mesa das que estiverem livres. Recomendo que escolham uma mesa que seja próxima da cozinha... já vão perceber porquê.
Lembram-se do recibo com um número que recebemos? Pois bem, este é o número que identifica o nosso pedido e que será comunicado pelos altifalantes para que possamos ir recolher a nossa comida. Este processo é feito item a item, logo este recibo tem que ser guardado até que todos os itens pedidos sejam riscados no recibo. A nossa escolha da mesa já foi a considerar esta logística logo ficámos na mesa mais próxima da janela para que este processo fosse o mais rápido possível.
O primeiro item a chegar à mesa foi uma Salada bastante grande (mesmo!), simpática, com tempero à parte, para ser ajustada pelos comensais, mas sem grandes apontamentos. A única questão menos boa, e algo questionável, foi a introdução do que nos pareceu casca de laranja, dando um sabor estranho ao prato. Acabou por servir bem o seu propósito de acompanhar o marisco ao longo de toda a refeição e cortando alguns sabores mais fortes.



Depois da exorbitância paga no Tapas 24 (aqui), foi de forma algo relutante que avançámos para as Puntillitas, ou Chipirones, "a la Andaluza" (fritos). Mas, aqui, o preço dos Chipirones ao quilo é mais baixo do que uma dose no Tapas 24! Existiria assim uma substancial diferença de qualidade? Não, nem por isso, pois também estes estavam bastante bem fritos. Os do Tapas 24 achei melhor temperados mas nada que justificasse a diferença abismal de preços.



Também nos fritos, escolhemos uma única lula, que foi rapidamente transformada nos famosíssimos calamares. Consistente a qualidade da fritura com este exemplar a apresentar-se ainda bastante macio.



Para terminar esta secção de fritos, uma (semi) novidade para mim, Chanquetes! Em Sevilha tinha experimentado um prato onde incluía estes minúsculos peixinhos fritos (aqui), desta vez experimentei-os numa prestação a solo. Devido à sua pequena estatura a verdade é que absorveram em excessivo o sabor do óleo, não apresentando nenhum sabor muito acentuado para além deste. Muito menos deslumbrante que a Chanquetada experimentada mas ainda assim simpático.



No campo das miniaturas, mas fugindo aos fritos, há também disponíveis Pulpitos, pequenos polvos, que aqui foram cozinhados "a la Plancha", ou seja, na chapa. Não sendo particularmente intensos no seu sabor, ficam bastante melhores quando levemente molhados no molho de ervas que estava presente no prato.



A única "desilusão" da noite foram as Gambas a la Plancha. Ainda que cozinhadas no ponto certo, esperava sabores mais acentuada, tendo as mesmas sido apenas levemente grelhadas na grelha sem grande mão no que a temperos refere. Ainda que o molho de ervas, o mesmo dos polvos, ajudasse um pouco, não se tornou nada de memorável.




No final, resta juntar os pratos todos e entregar numa janela específica para a recolha de loiça suja. Como vêem, a ausência de grande logística de empregados de sala ajuda a baixar os preços, tornando os preços desta marisqueira bastante competitivos e mais baixos do que a realidade da maior parte dos lugares. Claro que se optarmos por marisco mais "nobre" o preço poderá subir bastante mas é um local fantástico para comer bons petiscos marítimos a preços bastante justos.

La Paradeta
Carrer del Consell de Cent, 318
Barcelona, Espanha
Foodspotting
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Site
Preço Médio: < 20 €
Data da Visita: 20 de Junho 2017