Mostrar mensagens com a etiqueta Tártaro. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Tártaro. Mostrar todas as mensagens

terça-feira, 23 de outubro de 2018

Cantinho do Avillez (Chiado)

Depois da visita que fiz ao Cantinho do Avillez da Expo (aqui), tinha alguma curiosidade para visitar o espaço original e perceber as diferenças entre ambos. E, ainda que se representem o mesmo tipo de conceito do grupo José Avillez, existem realmente diferenças.
A maior diferença encontra-se no espaço e respectiva decoração. Um espaço muito mais escuro, daí as fotos terem ficado com tão pouca qualidade (desta vez, chuto as responsabilidades da falta de qualidade para outrém!) e com um ar mais "caseiro" do que o seu irmão do Parque das Nações. Alguns pratos também diferentes na ementa, mas a base é muito semelhante. O serviço é jovem, informado e altamente prestável.
Começámos com o Tártaro de Atum com Sabores Asiáticos, que já havia experimentado, e achei-o ligeiramente menos atrevido e com sabores menos intensos que da primeira vez. Mantém-se a qualidade soberba do atum.



Excelentes as Vieiras Marinadas com um cremoso creme de abacate a servir de cama para o delicado bivalve, e um crumble de pão alentejano a adicionar-lhe uma (necessitada) camada de textura. Prato muito suave, equilibrado e com uns apontamentos de cebola roxa a ajudar a manter o interesse no mesmo.



Os Ovos à Professor Séc. XXI, uma modernização de uma receita que um antigo cliente do Belcanto criou (muito antes do chef lá ter chegado) que rapidamente se tornou um clássico de José Avillez, foi o prato que se seguiu. Rapidamente percebi o porquê da fama dos ovos. Ovos cozidos a baixa temperatura, chegam à mesa perfeitos, com a gema cremosa que envolve os saborosos pedaços de chouriço salteado e do crumble de pão frito. Prato muito guloso, de comer à colher ou usando o diversificado pão do couvert (se calhar deveriam começar a incluir tostas neste prato)!



E depois da gulodice, outro pecado chegou à mesa, na forma do Queijo de Nisa no Forno. Sabores fortes, mas que sabem trabalhar em conjunto para nos conquistar o palato.



A expectativa para o Bife Tártaro era alta, mas saiu um pouco defraudada. Começando pela melhor parte, as batatas fritas são muito boas! Crocantes, com um nível de sal qb mas dispensava facilmente a redução de balsâmico. O tártaro em si apresenta-se numa receita muito próxima do clássico, com um excelente corte na carne mas a faltar-lhe tempero. Precisava de mais sal e mais mostarda, pelo menos. Longe de estar entre os melhores de Lisboa, infelizmente, mas ainda assim um bom tártaro.



Muito bom o molho que vem no Prego Tradicional, ensopando todo o pão, impossibilitando que se coma o prego à mão, mas compensando largamente ao nível do sabor. Bom pão, bife servido médio, bem temperado e bem regado com a óptima molhanga.



Não podia sair do Cantinho do Avillez sem atacar a mais que obrigatória Avelã3! Aquele contraste de texturas, aquele intenso sabor a avelã e aquela flor de sal... que coisa fantástica.



Excelente refeição, como seria de esperar num restaurante do grupo Avillez, mas a deixar a impressão de que se cortaram nalguns pratos e decidiram ser contidos nos sabores. Não sei se por ser uma zona mais turística, e assim conseguem mais facilmente agradar a todos os seus clientes, mas esperava mais do tártaro de atum (por comparação com experiência prévia) e do bife tártaro!

Cantinho do Avillez
Lisboa, Portugal
Cantinho do Avillez Menu, Reviews, Photos, Location and Info - Zomato
Preço Médio: < 40 €
Data da Visita: 5 de Outubro 2018

sábado, 6 de outubro de 2018

As Ladras (Lisboa)

Duas irmãs decidiram largar os seus empregos e foram roubar ideias a culturas de todo o mundo para assim poder abrir o seu bistrô, As Ladras. O intuito é dar a conhecer influências da comida de todo o mundo, Portugal inclusive, a quem as visitar, mas sem perder a noção da excelência dos produtos portugueses, bem como da sua sazonalidade.
O espaço é bastante pequeno, ainda que tenha alguns lugares ao balcão, naturalmente o sítio mais interessante com visibilidade total para a cozinha e para o local onde toda a acção acontece. Visitei As Ladras no contexto de um Zomato Foodie Meetup, logo a ementa estava pré-definida, mas, sem ser excessivamente extensa, conseguiu juntar numa só mesa coisas como o exotismo latino de um Ceviche, ao frio soviético do Tártaro ou os aromas quentes e complexos do Caril. Existem ainda opções tão portuguesas como o Bife do Pojadouro, mostrando a versatilidade da cozinha destas irmãs.
Iniciámos as hostilidades com um simpático Couvert, composto por três pães de fermentação lenta, um belíssimo azeite transmontano Valle Madruga e uma óptima manteiga com alga nori!


Veio depois a Saladra (gostei do trocadilho no nome, confesso), uma salada com couscous, legumes assados, queijo feta, nozes, rúcula, tomate cherry e cebola roxa. Bem temperada, gostei bastante do valor acrescentado que os legumes assado trazem, bem como a forma como o feta parece temperar toda a salada com o seu sabor mais salgado.


O prato pelo qual tinha mais curiosidade era o Ceviche de Carapau com puré de batata doce. Infelizmente, foi o prato que achei que precisava de mais trabalho e atrevidão nos seus sabores. Faltava-lhe acidez para cortar com a riqueza do peixe e dar vida ao leche de tigre. O uso de Shishi-mi Togarashi, uma mistura de sete diferentes especiarias, no lugar da tradicional malagueta, é engraçada mas prefiro o sabor que a malagueta confere. Acompanhava ainda com um simpático puré de batata-doce, que seria perfeito para contrabalançar com os sabores mais fortes do ceviche, caso estes lá estivessem. Quanto à escolha do carapau, nada contra! Bem cortado, de excelente frescura e com a carne a aguentar bem este tipo de preparação.


Bastante melhor o Tártaro de Novilho! Excelente carne, bem cortada mas, principalmente, muito bem temperada! Nestes pratos é necessário ter mão e não termos medo de meter um pouco mais. Dar mais vida ao prato. Também temos de saber quando parar e encontrar aquele equilíbrio perfeito, mas é preferível um prato um pouco mais arriscado do que um prato que não nos provoca sensações. E este provocou, sem dúvida. Excelentes também as chips de batata-doce que acompanharam o tártaro.


Mas o mais impressionante ainda estava por vir. O fantástico, delicioso, aromático, equilibrado e extremamente viciante Caril de Frango! Que coisa maravilhosa, a sério! Infelizmente tive de partilhar mas fiquei com vontade de roubar o prato onde foi servido e apenas devolver quando não sobrasse gota alguma do seu molho. Pena não ser servido com arroz, para poder receber tal divindade numa taça, sendo usado batata-doce como "acompanhamento". Surpreendentemente fica muito bem, tornando-o facilmente no melhor prato da noite.


Para fechar a refeição, três boas sobremesas. Óptima Panna Cotta, com a sua textura a apresentar-se perfeita, sendo acompanhada com um bom topping de frutos vermelhos. A Mousse de Lima a não estar demasiado ácida, e com um excelente acrescento de amendoins moídos por cima. Também a Mousse de Chocolate tinha um elemento surpresa, que não irei aqui revelar. Qualquer uma das três sobremesas bastante seguras e bem executadas, com ligeiros toques que as fazem sobressair.


Um restaurante com uma ementa que se pode estranhar, pela diversidade que apresenta, mas que depois acaba por fazer algum sentido, pois apesar de ter muitos sabores que nos transportam para partes remotas do mundo, todos os pratos experimentados tinham algo de português, que une a ementa num único sentido.

As Ladras
Lisboa, Portugal
As Ladras Menu, Reviews, Photos, Location and Info - Zomato
Preço Médio: < 30 €
Data da Visita: 18 de Setembro 2018

quarta-feira, 5 de setembro de 2018

Sala de Corte (Cais do Sodré)

Uma das reaberturas mais ansiadas de 2018! A Sala de Corte, do chef Luís Gaspar, tinha encerrado em 2017, procurando um espaço maior onde pudesse acolher as dezenas e dezenas de pessoas que diariamente lá batem à porta, procurando uma das mesas carnívoras mais procuradas de todo o país.
Após longos meses, lá reabriu a Sala de Corte numa nova morada, perto da anterior. Ou seja, continuam no Cais do Sodré, com dezenas de pessoas à porta, que aguardam a oportunidade de ver em primeira mão os fantásticos Jospers a trabalhar. A boa notícia é que agora a Sala de Corte aceita reservas (via The Fork) ou por telefone, ainda que não para todas as horas.
Mal entramos deparamo-nos com uma enorme camâra de maturação onde podemos ver as múmias que irão servir os comensais presentes, separadas por cortes. Enquanto esperávamos pela nossa mesa, podíamos ir observandos os Jospers em acção, ainda que as labaredas que via me fizessem preocupar um pouco... Mas já lá vamos.
Antes de continuarmos, um disclaimer. Este não é um restaurante para vegetarianos. De todo! No máximo conseguiriam comer uma entrada e alguns acompanhamentos. Por isso, se forem vegetarianos ou vos fizer impressão carne mal passada ou crua, este pode não ser o restaurante certo para vocês, ainda que consigo quase garantir que iriam sair de lá convertidos.



Começámos com uma oferta da casa, um Pão com Chouriço, numa versão brioche e com uma intensidade de sabores que me apanhou um pouco desprevenido. Gosto de pão com chouriço, e acho piada aos fornos a lenha que encontramos nas feiras ou nas estradas para a Ericeira, mas esta versão conseguiu levar algo tão simples para todo um outro nível.



Bem, existindo croquetes na ementa, é inevitável que os peça e atacámos uns excelentes Croquetes de Novilho, servidos com mostarda de Dijon, com uma textura exterior perfeita e um interior cremoso e bastante saboroso. Algumas dúvidas quanto a se tinham queijo ou não, visto que tal foi referido quando nos serviram os croquetes, mas não me apercebi do seu sabor, ainda que uma das pessoas presentes na mesa o tenha sentido. Ainda assim, belíssimos exemplares com que me deliciaria diariamente se tal fosse possível.



Falando já da estrela principal da casa, a carne, uma das opções recaiu sobre o Chuletón Galego, da raça Rubia Galega, uma das melhores raças bovinas e que já se consegue encontrar em vários restaurantes da capital. Não sei se será melhor ou pior que raças portuguesas (se alguém organizar um workshop de comparação de diferentes raças, contem comigo!) mas a verdade é que é muito, muito, MUITO boa!
Engraçada a forma de trabalhar da casa que convidam a que seja a própria pessoa a escolher a peça de carne que irá comer. Neste caso, deixei que o serviço escolhesse a peça que iria alimentar duas pessoas, já que de certeza que perceberão mais do que eu destas coisas. A peça é então pesada e informam-nos do peso da mesma, para o caso de querermos uma peça maior ou menor. Gostei bastante desta forma de trabalhar, ainda que me tenha assustado com o facto de ter sido escolhida uma peça com 1,5Kg... Mas não se preocupem que não sobrou nada!
A carne é verdadeiramente fabulosa. Das melhores coisas que já comi! E consigo dizer isto ainda que o seu exterior se tenha apresentado ligeiramente carbonizado, traduzindo a preocupação que tive inicialmente em realidade. Quando estamos a grelhar algo, caso haja demasiada chama, cozinhamos o exterior muito mais depressa do que o interior, como é lógico. O que aconteceu aqui foi que a crosta exterior ultrapassou a desejada reacção de Maillard, e começou a apresentar aqueles sabores amargos queimados. Felizmente o interior estava perfeito, e acabou por me fazer ultrapassar o amargor exterior.



Bons acompanhamentos, alguns melhores que outros, mas de forma geral bastante interessantes. Esparregado de Espinafres com Queijo São Jorge DOP (12 meses) de sabor intenso, devido ao excelente queijo utilizado, um cremoso e saboroso Arroz de Feijão, Chouriço de Cebola e Farofa de Mandioca, e um Dauphinoise de Batata Doce com forte presença de queijo, que ofuscava a batata.





Ainda que o Chuletón fosse fantástico, algo que já esperava, o que não estava à espera é que o Tártaro do Chef fosse tão bom! É um prato que peço bastantes vezes, pois sou muito fã do mesmo (sim, gosto de carne crua! Muito!), mas não estava à espera de encontrar tão bom exemplar na Sala de Corte. Não sei porquê! Faz sentido que um dos melhores restaurantes de carne de Lisboa, tenha um dos melhores tártaros! Tudo bem balanceado, com um corte perfeito na carne, que permitia ainda alguma textura na mesma, e sabores fortes a conjugarem-se perfeitamente na boca.
O mais fraco mesmo foram as batatas fritas que o acompanham, demasiado grossas, sem um exterior crocante e a precisarem de uma segunda (ou terceira) fritura.



Antes da sobremesa, uma pré-sobremesa oferecida pela casa, na forma de umas Bolinhas de Sorbet de Lima, envolvidas numa Crosta de Chocolate Branco e Peta Zetas. A funcionar quase como um limpa-palato, mas mais divertido. Até me podem dizer que o uso de peta zetas já passou de moda mas acho que dá uma certa piada a elementos doces e funcionou muito bem aqui.



Para a sobremesa, decidimos partilhar uma Pavlova de Frutos Vermelhos com Sorbet de Framboesa e Lima e ainda bem que o fizemos, pois a pavlova tem um tamanho bastante generoso, ainda que era tão boa que talvez fosse capaz de a comer sozinho! Excelente crosta a revelar um interior abaunilhado, quase a fazer-me lembrar chocolate branco, com o uso dos frutos vermelhos no meio para ajudar a cortar os sabores excessivamente doces, tal como do óptimo gelado que se fazia acompanhar.



Um dos restaurantes da moda, com um dos conceitos que mais tem aberto pela cidade, o das steakhouses, mas com preços acima das outras casas. A refeição foi muito boa, mesmo considerando a ligeira carbonização do chuletón, e comemos acima do que seria recomendável mas não sei se justifica o preço quando comparado com outras casas do género.

Sala de Corte
Lisboa, Portugal
Sala de Corte Menu, Reviews, Photos, Location and Info - Zomato
Preço Médio: < 60 €
Data da Visita: 22 de Agosto 2018

terça-feira, 31 de julho de 2018

SUD Lisboa (Belém)

Fez recentemente 1 ano que o SUD Lisboa abriu as suas portas com um conceito completamente inovador. Rapidamente se tornou um dos sítios "da moda" da cidade de Lisboa, mas a verdade é que nunca me tinha suscitado curiosidade para lá ir fazer uma refeição. Aliás, sempre tinha olhado para o SUD mais como uma opção para ir beber um copo (tem carta de cocktails bastante apelativa) antes de jantar, ou depois (como fiz depois da minha visita ao JNcQUOI - aqui), do que lá fazer uma refeição. Os preços praticados e o facto de ter tido feedback menos positivo também não ajudavam, por muito que o espaço e localização sejam algo únicos.


Até que surgiu um convite para lá ir experimentar alguns pratos da nova carta (que está ainda no activo, podendo experimentar a maior parte destes pratos, mesmo que a visita tenha ocorrido há uns meses) e, para mim, tirar as teimas quanto ao que o SUD Lisboa vale na cena gastronómica lisboeta. Será mais um restaurante sobrevalorizado, ou conseguirá conquistar fãs lisboetas o suficientes para o tornar relevante?
O primeiro impacto que temos é o espaço. Muito bom, com um ar sofisticado, seja no piso de baixo ou no de cima (que tem uma ementa diferente), mas sem ser demasiado impessoal ou capaz de deixar desconfortável alguém de t-shirt e calções de ganga. Mais complicado é avaliar o serviço, visto que tendo sido convidado para lá ir, tenho perfeita noção de que houve outro cuidado neste aspecto. Ainda assim, interagi com o chef de sala e todas as perguntas que fiz, fosse sobre prato, produto ou outros eram respondidas com prontidão e conhecimento.
Iniciámos assim a refeição com La Tartare di Tonno, um refrescante e surpreendente tártaro de atum com morango (aos pedaços e numa espécie de gaspacho). Se a combinação em si é irreverente, mas mostrando no palato que acaba por fazer sentido e conjugar na perfeição, adorei o uso da salicórnia e aquilo que trouxe ao prato.


A Burrata di Andria é uma das entradas com mais saída do restaurante, e uma perdição para os amantes deste tipo de queijo. A sua generosa dimensão (300gr) torna-o uma entrada perfeita para partilhar e a salada de tomate, que lhe serve de cama, torna-o extremamente refrescante. O que faltava para ser uma Salada Caprese seria uma componente verde, normalmente à base de manjericão, mas aqui o twist SUD colocou um pesto de rúcula no fundo do prato.


O SUD Lisboa apresenta uma ementa claramente italiana, ainda que não se restrinja (felizmente) a massas e pizzas. A última entrada experimentada foi um clássico italiana, o Fritto Misto, aqui apelidado Fritturina Mista di Pesce. Excelente fritura nos pedaços de camarão, lulas e bacalhau, não deixando as proteínas excessivamente cozinhadas e ainda bem ajudadas por uma boa maionese de iogurte e alho.


A maior parte do mundo pensa que a cozinha italiana se resume a Pizzas, Massas e pouco mais. Existe alguma falta de conhecimento neste aspecto mas o SUD preocupa-se em mostrar alguns pratos menos conhecidos do grande público, como é o caso deste Spigola i Caponatina, um filete de robalo corado servido com beringela (daí a caponata, tradicionalmente um refogado de beringela, tomate e cebola) e um puré de feijão branco. Peixe no ponto correcto, puré cremoso, sem qualquer grumo e bastante saboroso, ajudada pela caponata que traz alguma acidez ao prato e ajuda a que o palato não se canse.


O Risotto al Funghi vem numa textura perfeita, com um ponto de cozedura do arroz do mesmo nível mas pareceu-me faltar-lhe um pouco mais de sabor, não sei se no caldo usado se na finalização do prato e quantidade de parmesão utilizada (sou um fã de muito parmesão!). De destacar, ainda assim, a variedade de cogumelos no prato, com Porcini, Pleurotus Eryngii (ou Cogumelos do Cardo), Canterelles e ainda um pouco de trufa para dar o ar de sua graça.


Mas, para mim, o melhor prato da noite foi o Tagliati di Costata Senza Osso (um prato que já não se encontra na ementa, apesar de haver um muito parecido, a Tagliata di Contrafiletto), que é como quem diz um Ribeye Black Angus maturado durante 60 dias. Carne de uma qualidade exímia, perfeitamente cozinhada, apenas a sofrer um pouco no que ao empratamento diz respeito. Pareciam querer esconder a estrela do prato debaixo de uma montanha de vegetais. Não que estivessem maus, pelo contrário, mas este era aquele tipo de pratos em que facilmente dispensava acompanhamento.


No campo das sobremesas, o Le Strudel del SUD (outro prato que entretanto parece já não estar na carta) é uma sobremesa segura mas que não surpreende. Tudo com uma execução correcta e os sabores expectáveis de um bom strudel... mas só isso.


Também o SUD Tiramisù não surpreendeu. Um bom exemplar, bastante sabor a mascarpone, cremoso, com as camadas típicas e até com umas bolachas ao lado para dar um pouco mais de textura mas a ficar atrás do maravilhoso tiramisù do Pátio Antico (aqui).


A melhor sobremesa da noite foi a Panna Cotta com os seus sabores tropicais a renovarem-se a cada colherada, graças à utilização de diferentes frutos. Também texturalmente a sobremesa estava fantástica, com a panna cotta a desfazer-se na boca, a misturar-se perfeitamente com a textura das diferentes frutas e ainda com a crocante manga desidratada.


É fácil gostar-se do SUD Lisboa. O ambiente, a decoração, a localização... simplesmente fantásticos. Felizmente a comida acompanha e revelou-se uma boa surpresa. Os preços são certamente elevados, mas dado todo o contexto do local e qualidade da comida, não estão completamente desajustados. Até porque conseguimos fazer uma refeição por menos de 30€, se optarmos pelas pizzas, por exemplo.

SUD Lisboa
Belém, Portugal
SUD Lisboa Menu, Reviews, Photos, Location and Info - Zomato
Preço Médio: < 50 €
Data da Visita: 15 de Março 2018

domingo, 29 de julho de 2018

Cantinho do Avillez (Parque das Nações)

José Avillez dispensa qualquer tipo de apresentações. Ele é, sem dúvida, o chef mais mediático em Portugal, Rei do Chiado e Arredores, faltando-lhe apenas partir para d'Aquém e d'Além Mar, detentor de um Império invejável mas, tal como D. Afonso Henriques e respectiva descendência, isso não era suficiente e está agora a conquistar o resto do país, um restaurante de cada vez!
Bem, deixemo-nos de história porque essa é sobejamente conhecida e foquemo-nos no presente! Abriu há cerca de dois meses o terceiro Cantinho do Avillez, no Parque das Nações, numa rua que se está a revitalizar e apresenta já várias propostas muito interessantes como o Cantinho ou o Old House.



Este será já o quarto restaurante do Império que visito (quase que poderiam considerar fazer uma espécie de passaporte e ia-se levando carimbos dos vários locais), depois do Mini Bar (aqui), Belcanto (aqui) e Pitaria (a falar num futuro "próximo). Claro que José Avillez não pode estar em todo o lado ao mesmo tempo e confiou a chefia deste seu novo Cantinho ao chef João Novo, que já está no grupo Avillez há 5 anos, com passagens pelo Take-Away de Cascais (já fechado), Cantinho do Chiado e Belcanto, mais recentemente. E ficou bastante bem entregue, diga-se de passagem!
Iniciámos com um Gaspacho de Cerejas do Fundão com Presunto, Ovo Cozido e Croutons, um prato fresco e muito bom para o tempo quente que tarda em vir. Era desejável um sabor mais intenso a cereja, para que se tornasse mais diferenciador e pudesse andar mais a par com o salgado do presunto e a acidez natural de gaspacho. Se não me tivessem dito, não saberia que havia cerejas no gaspacho.



O Tártaro de Atum com Sabores Asiáticos é fantástico. Nota-se a qualidade do produto, muito pelo corte que deixa perceber a textura do mesmo, com o tempero picante a tentar desequilibrar o prato, mas a maionese de miso acaba por ajudar a conjugar tudo, dando-nos, ainda assim, pequenas pontadas de intensidade. Para adicionar mais uma camada de textura, é engraçado a utilização de pequenas esferas de arroz tufado (masago arare).



A carta está bastante bem construída. Podemos fazer uma refeição a puxar mais para sabores fortes ou mais para sabores delicados, bem como para pratos mais frescos ou pratos mais quentes! Todo este lero lero para dizer que gostei da frescura e delicadeza do Ceviche de Vieiras, Batata-Doce e Abacate, percebendo a opção por cortar naquela acidez típica do leche de tigre de forma a não ofuscar a vieira. Foge um pouco aos típicos ceviches que estamos habituados mas, ainda assim, mesmo não puxando pela acidez, com o risco de cozinhar a vieira e tirar-lhe protagonismo, puxaria um pouco mais pelo chili.



Por falar em expectativas, os Tacos Al Pastor foram a primeira grande surpresa da noite! Um prato que, muito provavelmente, não iria pedir mas que me deixou a salivar e a pedir por mais. Passei de "não pediria" para "fazia disto o jantar" facilmente. Sabores pujantes mas equilibrados, que nos despertam todo o interior da boca e nos fazem abrir os olhos tentando perceber de onde saiu tudo aquilo. É salgado, é doce, é ácido, é picante e, quando nos apercebemos, já a nossa boca regozija com tanto sabor.



Terminámos as entradas com o Queijo de Nisa no Forno, uma luta de sabores fortes entre o queijo, o presunto e o mel de rosmaninho, com o óleo de trufa a querer também intrometer-se, desnecessariamente na minha opinião. Considero a utilização do óleo de trufa muito perigosa pela facilidade com que ofusca os restantes ingredientes do prato. Felizmente não aconteceu aqui mas apenas pelo facto de estar a lidar com ingredientes igualmente fortes. O queijo untuoso em conjunto com o presunto torna-se uma combinação verdadeira pecaminosa!



E passamos para os pratos principas e aquele que foi o melhor da noite, a divinal Moqueca de Corvina e Camarão! Duas estrelas no prato, cada uma a fazer brilhar mais a outra. Corvina num ponto perfeito, a tornar-se viciante pelo guloso que estava o caldo. De tal forma que, depois de tratar dos componentes sólidos do prato, pedi uma colher para poder terminar o prato como se de uma sopa se tratasse. Aliás, facilmente me imaginava a comer um prato que consistisse apenas de arroz embebido no caldo. Por preferência pessoal, acrescentava-lhe um pouco de picante mas admito que não precisou de uma gota sequer para ser um prato soberbo.



Apesar de estar num Cantinho do Avillez, e sabendo os padrões elevados que por cá se praticam, não estava à espera de gostar tanto do Risotto de Cogumelos Portobello! Já estava algo cheio, mas é um prato que adoro e acabei por limpar cada bago existente. Boa dose de parmesão, excelente caldo de cogumelos e algum manjericão para nos ir refrescando o palato. O óleo de trufa voltou a fazer uma das suas aparições, mas principalmente ao nível aromático, pois raramente se notou enquanto se comia o prato. Usado desta forma doseada, onde acrescenta ocasionalmente alguns laivos de sua graça, já me faz algum sentido.



Muito bom a Vitela de Comer à Colher com Molho de Caril, com uma conjugação de sabores surpreendente e muito menos pesado do que estava à espera. A bochecha de vitela, a desfazer-se ao toque, combinava na perfeição com o sedoso caril. Para ir cortando a riqueza do prato, cebola roxa e maçã conferiam alguma leveza e necessária frescura. Não utilizei colher no final por dois simples motivos: estava prestes a rebolar para fora da mesa e não sobrou tanto molho pois fazia questão de envolver bem cada pedaço de bochecha ou legume! Mais uma vez a questão do picante que lhe adicionaria, e que podia bem ter pedido, mas são apenas gostos pessoais.



No capítulo dos doces, uma das mais icónicas sobremesas de José Avillez, o Avelã3. E porquê a notação matemática? Porque é uma sobremesa de avelã em três diferentes texturas: gelado, mousse e ralada. Parece demasiado? Não é! Não se torna demasiado doce e ainda tem flor de sal no topo para intensificar algumas das colheradas que sofregamente damos no vaso. Ok, seria sofregamente se não estivesse tão cheio mas dêem-me esta sobremesa depois de uma refeição mais levezinha e vão ver o que acontece!



Para ajudar a empurrar o resto do licoroso Carcavelos Villa Oeiras, um refrescante Sorvete de Limão e Manjericão com Vodka. Não é algo surpreendente, ainda que a adição do manjericão seja uma combinação natural e não desaponte! De ressalvar que todos os gelados servidos no restaurante são Artisani.



O Cantinho do Avillez é daqueles restaurantes que divide opiniões, todas elas válidas. O preço pode parecer elevado, principalmente quando existe um prato na carta a custar quase 40€, mas a verdade é que, por exemplo, o melhor que comi nesta refeição (a Moqueca) custa 14€, o que acho mais do que justo para os sabores experimentados face também à consistência apresentada.
Eu disse no post anterior que não me iria alongar mas parece que é inevitável!

Cantinho do Avillez - Parque das Nações
Lisboa, Portugal
Cantinho do Avillez Menu, Reviews, Photos, Location and Info - Zomato
Preço Médio: < 40 €
Data da Visita: 23 de Julho 2018

quarta-feira, 25 de julho de 2018

Stuppendo Sushi Bar / Momentum Sushi Bar (Paço de Arcos)

O primeiro contacto que tive com o Momentum Sushi (que entretanto virou Stuppendo Sushi Bar) não foi o melhor (aqui). A vontade de conhecer este outro espaço do grupo (na Quinta da Fonte) nem era muita, mas alguns comentários que fui recebendo convenceram-me a dar uma oportunidade. E ainda bem que o fiz.
Senti que a qualidade entre os espaços é abismal. Talvez a medíocre experiência, com sabor a centro comercial, tenha baixado de tal forma as expectativas que a surpresa tenha sido maior. O espaço também é algo descaracterizado e manteve-se maioritariamente vazio durante toda a noite, num jantar a meio da semana, mas acredito que seja mais pela localização do restaurante (dentro de um pólo empresarial) e não pela qualidade do que é servido.
Um ponto que me deixou meio dividido foi o serviço. Extremamente informado, explicando cada prato do extenso Menu de Degustação do Chef Especial com bastante detalhe (tanto que não consegui decorar tudo!) mas com uma simpática arrogância que se foi suavizando ao longo da noite acabando por deixar uma boa impressão mas marcando uma forte primeira posição que pode não ser a mais confortável para todos.
O menu de degustação especial é uma enxurrada de comida tal que apenas não sobrou nada porque estavam duas pessoas de apetite saudável à mesa (vá, uma era um bocado alarve... não vou dizer quem!). Claro que este banquete também se paga (e bem), por isso, caso não tenham apetite para devorar 7 entradas, 1 combinado de sushi de mais de 40 peças e 4 gunkans especiais, existe uma opção mais comedida.
Para não me alongar em demasia (vou tentar com que estes devaneios sejam cada vez mais concisos e objectivos) é de referir que o ponto alto da refeição não foi o sushi, mas sim as várias entradas que o precederam, onde quase todos os pratos superaram as expectativas. Apenas o Tataki de Atum com Cogumelos Shiitake e Cebola Frita deixou um pouco a desejar pela temperatura (fria) a que foi servido.

Tempura
Tataki de Atum, Cogumelos Shiitake, Cebola Frita
Camarão e Rúcula
Usuzukuri
Soft Shell Crab Uramaki
Gunkan Salmão, Vieira, Ikura
Tártaro de Salmão
A expectativa para o combinado era grande mas, apesar da variedade e qualidade aceitável do peixe servido, deixou um pouco a desejar. É sushi de fusão, e não naquele excesso de molho que muitas vezes encontramos mas acabou por ser pouco surpreendente.


Como "sobremesa", chegaram ainda os gunkans que são imagem de marca da casa (e que já tinha experimentado no Taguspark). Boa concretização mas peças demasiado pesadas para o fim de uma refeição tão longa. Sim, é suposto uma refeição de sushi começar nos sabores mais leves e terminar nos mais fortes mas a sensação de ter o estômago a rebentar acaba por prejudicar a experiência.

Gunkan de Picanha
Gunkan de Salmão e Pistáchio
Uma experiência diferente e que surpreende pelos seus primeiros momentos, ficando aquém no momento que deveria ser a apoteose da refeição. Ainda assim, a opinião final é positiva quanto à qualidade da comida, ainda que os preços pareçam um pouco desenquadrados para o contexto.

P.S: Desculpem a longa ausência, mas andava com pouca disponibilidade para escrever. Tentarei que haja uma maior regularidade nos próximos tempos, mas não prometo nada!
Entretanto podem seguir-me no Instagram (aqui) onde vou deixando pequenos resumos rápidos das refeições que vou fazendo!

Momentum Sushi Bar
Edifício Holmes Place - Quinta da Fonte
Paço de Arcos, Portugal
Momentum Sushi Bar by Chef Gerardo Menu, Reviews, Photos, Location and Info - Zomato
Facebook
Instagram
TheFork
Preço Médio: < 40 €
Data da Visita: 14 de Março 2018