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quarta-feira, 15 de agosto de 2018

Noélia (Cabanas de Tavira)

Este é um dos restaurantes que menos apresentações necessita, certo? Todos já devemos ter, algures no tempo, ouvido falar da famosa Noélia, que gere um restaurante perto de Tavira, que origina verdadeiras romarias, que trabalha os produtos locais como poucos, que origina orgasmos gastronómicos e que é o melhor restaurante do mundo (!!), segundo o Miguel Esteves Cardoso (aqui).
Pois é, todos os anos saem verdadeiras odes de amor à Noélia e não é por menos. A sua comida, principalmente quando nos focamos nas Sugestões do Dia, é refrescante, é inovadora e, principalmente, é plena de sabor. 
Isto para não falar no amor de pessoa que a mesma é. Tive oportunidade de falar um pouco com ela no final do jantar do Mesas Bohemias e fiquei rendido não só à sua cozinha como à sua pessoa. O carinho com que falava dos "seus míudos", que com ela partilham a cozinha, mede-se no tom de voz.
O único apontamento que tenho a fazer é o facto de não me terem permitido fazer um dos menus de degustação que, na altura, ainda se encontravam no menu (disseram-me que seria retirado entretanto). Queria deixar-me ficar nas mãos da Noélia, pois ela sabe levar-nos na sua cozinha tão familiar e, ao mesmo tempo, tão inovadora.
No último ano fiz 3 refeições na Noélia (duas no seu restaurante, em Cabanas de Tavira, e uma no Mesas Bohemias, em Lisboa) e, ainda que nem todos os pratos tenham deslumbrado, saio sempre com a impressão que quero voltar rapidamente e saber o que de novo a Noélia vai cozinhar. Mas não é só nas inovações que a Noélia se destaca, pois também no tradicional se destaca. Nem tudo do que aqui consta foi perfeito mas, independentemente disso, é daqueles restaurantes obrigatórios e que valem a viagem propositada.
Pudesse eu e estaria lá mensalmente, pois ela é uma mulher que trabalha o que o mar e a terra lhe dão, funcionando até com algumas micro-estações. 
Não vou descrever os pratos. Não vale a pena. Nunca iriam fazer jus ao sabor que tinham. Quero apenas deixar-vos com uma nota. As imagens que vão ver a seguir podem causar elevadas doses de saliva, não sendo recomendadas a quem estiver com muita fome.

Ceviche de Dourada do mar
Canja de Amêijoas
Polvo Frito com Batata Doce
Filetes de Peixe-Galo Frito com Arroz de Coentros
Raia Alhada
Arroz de Ostras "Moinho dos Ilhéus" com espumante Sidónio de Sousa
Arroz Negro de Lulas em 3 Texturas
Mousse de Limão Merengada
Mousse de Chocolate
Bolo de Laranja, Amêndoa e Gila
Polvo Trapalhão com Batata Doce
Açorda de Galinha Serrana
Tarte de Alfarroba e Pudim de Laranja do Algarve com Amêndoa
Pil-Pil de Línguas de Bacalhau
Arroz de Limão com Garoupa e Amêijoas
Tarte de Alfarroba, Amêndoa e Gila
Tapas de Muxama de Atum
Único problema? Estar cheio nesta altura de Verão, seja a que hora do dia for! Tentem reservar ou, conselho pessoal, vão fora da altura de férias para poderem aproveitar uma refeição mais tranquila.

Noélia
Tavira, Portugal
Preço Médio: < 30 €
Data da Última Visita: 17 de Março 2018

segunda-feira, 13 de agosto de 2018

Pereira (Cascais)

Algumas pessoas que não me conhecem, mas sabem que tenho um blog onde mando umas postas de pescada (às quais elegantemente chamei devaneios) sobre restaurantes, podem pensar que só frequento restaurantes da moda, de comida étnica, caros ou gourmet (que traduzem para "caro e passamos fome", pela desvirtualização que a expressão sofreu nos anos mais recentes e que me causa uma certa irritação quando mal usada, mas continuarei a tentar explicar às pessoas que isso é uma ideia completamente errada).
Isto não é inteiramente falso, confesso, mas também anda longe da verdade absoluta. Gosto de equilibrar as experiências, provar coisas novas de espectros variados e, principalmente, experimentar restaurantes novos, sejam eles de que tipo forem, desde que se coma bem! É até mais recorrente, nos dias de hoje, eu ter apetites de boa comida portuguesa. Daqueles restaurantes, que carinhosamente apelidamos tascos, onde nos servimos de generosas porções directamente do tacho de metal, de comida saborosa mas pouco instagramável (tentem tirar uma foto bonita a uma cabidela, feijoada, favas ou coisas do género, desafio-vos!). Disse-o no outro dia no Instagram (aqui - para quem quer saber por onde ando, não vá acontecer outro hiato de escrita, sigam todas as novidades no Instagram) e não me importo de o repetir. Adoro tascos!
Por adorar tascos, a sua comida honesta, o seu serviço familiar e os seus preços (tipicamente) baixos é que considerei o Pereira o sítio ideal para matar este apetite. Decidimos iniciar as hostilidades com uns belíssimos Carapauzinhos Fritos com Açorda, ainda que pudessem ser de dimensões mais criminosas. Ainda assim, fritos o suficiente para se comer da cauda à cabeça, não deixando literalmente nada como amostra. Boa açorda para acompanhar, bem puxada ao alho, mas talvez um pouco líquida demais.


Quando almocei no Prado, estava a comentar com um amigo que trabalha na área o quanto gosto de comida portuguesa de tacho, e como um dos pratos que experimentámos me enchia todas as medidas (falei sobre isso aqui). Ainda hoje salivo só de pensar naquele estufado de Barrosã com Ovo e Creme de Couve-Flor! E era essa comida de tacho que me apetecia e me fez ir até ao Pereira. Mais precisamente o Arroz de Cabidela, do qual já tinha ouvido falar maravilhosamente. E que maravilhoso estava, de facto. 
Dose generosa, com um rácio desequilibrado entre arroz e galinha (para o lado do arroz, e ainda bem!) e aquela gulosice vinagreira que considero essencial em qualquer cabidela. Porquê o facto de gostar da maior existência de arroz face à proteína? Porque sou um viciado em arroz e não me importo nada de encher o prato (pela terceira vez) e só ter aqueles deliciosos bagos, perfeitamente cozinhados e plenos de sabor.


Uma refeição muito boa, que me renova a paixão pela gastronomia portuguesa. Por pratos destes é que continuo convencido que temos a melhor comida do mundo. O que me apaixona é descobrir mais locais, por todo o país, que honrem a gastronomia portuguesa e que a ajudem a divulgar pelo mundo fora.

Pereira
Cascais, Portugal
O Pereira Menu, Reviews, Photos, Location and Info - Zomato
Preço Médio: < 20 €
Data da Visita: 17 de Abril 2018

terça-feira, 23 de janeiro de 2018

cáBARé (Porto)

A baixa do Porto é das zonas mais movimentadas da cidade mas, muito provavelmente, também a mais interessante gastronomicamente. Muitos restaurantes, uns mais recentes, outros mais antigos, numa zona que vibra com a vida que por lá passa. Esta vida é uma das razões que me fez adorar a cidade do Porto enquanto lá estive.
Outra das razões é, claro, a comida! Depois de um dia a passear, apetecia-me algo diferente, logo a zona escolhida para jantar tinha de ser a baixa, pois a oferta é realmente bastante. Acabei por escolher este misto de bar e restaurante, apesar do nome constatar mais um conceito de bar do que de restaurante, pois estava algo fixado num prato específico e achei que seria a altura ideal para o experimentar.
Mas antes desse prato queria algo para me abrir o apetite e, entre as várias propostas interessantes, acabei por escolher a Açorda de Ovas de Bacalhau e Coentros. Uma açorda? Para entrada?! E porque não? Ainda por cima de ovas de bacalhau, algo que adoro! Servido de forma clássica, com a gema no topo para ser envolvida apenas na mesa, apresentou um bom nível de cremosidade mas faltou-lhe algo para dar textura. As ovas acabam por ficar demasiado encorporadas na açorda e precisava de algum apontamento que lhe conferisse textura como umas chips de alho ou pequenos pedaços de ovas panadas, por exemplo.


O prato que me fez vir ao cáBARé foi o Risotto de Rabo de Boi (que entretanto parece ter desaparecido da ementa)! Fantástico nos sabores e texturas, com o arroz perfeitamente cozinhado num profundo caldo de carne, provavelmente onde terá cozido o rabo de boi em si, com a cremosidade exigida. Excelente também a carne, e até percebo a opção do prato ser servido com osso, em vez de vir já desfiado e incorporado no risotto, mas o empratamento tem de ser revisto. As bordas do prato enclinadas fizeram com que passasse muito tempo a tentar equilibrar ossos e cartilagens, que caíam constantemente para o centro do prato. A meio lá me trouxeram um prato auxiliar onde pudesse guardar, sem chatices, os pedaços não comestíveis.


Terminei a refeição com um Cheesecake com Calda de Vinho do Porto. Sendo uma versão de forno de cheesecake, achei-o um pouco mais denso do que deveria estar mas bastante bom a conjugação do recheio com a calda. Apenas a bolacha passou algo despercebida.


Tendo o cáBARé uma grande vertente de bar, não posso acabar este artigo sem dar algum destaque à carta de cocktails, do qual experimentei um bom Mojito cáBARé.


Bons pratos, a preços que considero justos para a qualidade apresentada. É um bar? É um restaurante? Parece-me que o nome se torna algo enganador para o potencial que apresenta na comida...

cáBARé
Rua Conde de Vizela, 149
Porto, Portugal
cáBARé Menu, Reviews, Photos, Location and Info - Zomato
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Preço Médio: < 30 €
Data da Visita: 9 de Setembro 2017

quarta-feira, 27 de julho de 2016

De Castro Elias (São Sebastião da Pedreira)

O nome do Chef Miguel Castro e Silva deve soar familiar a muitos dos portugueses. Um historial de restaurantes de renome, sempre com o foco na comida tradicional portuguesa. O De Castro Elias é um dos seus espaços mais antigos na cidade de Lisboa (talvez até o mais antigo), sendo daqueles espaços onde a ementa reflecte o foco do chefe, apostando em petiscos e pratos portugueses, com os preços dos petiscos a aparentar um nível baixo mas que acaba por corresponder ao tamanho diminuto das doses. Tenho por hábito escolher 4 petiscos para duas pessoas e aqui tive que ir aos 7 para sair satisfeito.
Lado Positivo: experimentamos mais da ementa (e esta é uma daquelas ementas onde nos apetece pedir tudo).

Lado Negativo: sai um pouco mais caro do que nos habituais restaurantes de petiscos.
Começámos com uns fantásticos Ovos de Codorniz com Chouriço, extremamente bem executados e bastante saborosos. Simples e guloso.



Também na Açorda de Cogumelos e Enchidos a execução era fantástica, com a consistência ideal e os sabores bastante bem balanceados, não havendo nada que se ofuscasse ou sobrepusesse ao outro.



Já os Peixinhos da Horta não se apresentavam tão estaladiços como seria desejável e a polme poderia também ser mais saborosa. Aqui a estrela acabou por ser a maionese de alho e limão, que pegava nuns banais peixinhos da horta e os elevava a um nível acima da média.



A fritura das Lulinhas Fritas já repôs a qualidade e justiça quanto à capacidade de fritar comida da cozinha do De Castro Elias. Pedaços estaladiços por fora, macios por dentro, cheios de sabor e sem um pingo de excesso de gordura.



Um verdadeiro clássico de Miguel Castro e Silva são as suas fantástica Iscas do Cachaço do Bacalhau, com umas lascas perfeitas, no sabor e na textura, ajudadas por um polme saboroso e leve. Não se deixem enganar pelo nome, pois as iscas de bacalhau são um parente aproximado das pataniscas, e nada têm de relacionado com fígado.



Os Ovos Mexidos com Enchidos e Pão Frito (há aqui uma tendência grande para o uso de enchidos, mas quem sou eu para me queixar disso?) não desiludem e apresentam-se húmidos, contrastando com a textura do pão frito.



As Mini-Francesinhas são, adivinhem lá, mesmo mini! O pão é simpático e o seu interior é bastante interessante, ainda que mais contido do que estamos habituados a ver nas francesinhas tradicionais. Carne assada, macia e a transbordar de sabor, cortada grosseiramente e ajudada pelo sabor de um chouriço de óptima qualidade. O queijo cumpria o seu dever de encasacar tudo mas a (mini) estrela é o molho. Leve mas cheio de sabor ao mesmo tempo e com aquele picantezinho agradável.




A qualidade da comida é muito boa, e os preços podem parecer desajustados para as quantidades, mas a qualidade paga-se e este De Castro Elias está acima da maior parte dos restaurantes de petiscos.

De Castro Elias
Lisboa, Portugal
De Castro Elias Menu, Reviews, Photos, Location and Info - Zomato
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Preço Médio: < 30 €

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Tasca da Esquina (Campo de Ourique)

Há alguns anos atrás, antes desta moda de petiscos e de tascas modernas, Vitor Sobral (em conjunto com Hugo Nascimento e Luis Espadana) decidiu abrir um restaurante que fosse uma homenagem às tascas portuguesas, mas revitalizando a comida tradicional portuguesa e apostando em pratos portugueses, com um maior cuidado ao nível da apresentação e da qualidade dos produtos. Apenas em Outubro passado tive a oportunidade de visitar este mítico espaço lisboeta, que tem ganho adeptos não só em Lisboa mas também no Brasil e em Angola, com a abertura de outros espaços "da Esquina" nestes mesmos países.
Para grupos superiores a 6 elementos, é sugerido que o grupo siga um dos menus de degustação disponíveis, onde ficamos nas mãos do chef residente. De destacar o serviço de perfeito profissionalismo que acompanhou toda a refeição, tanto na explicação dos pratos, na simpatia demonstrada e prontidão de satisfazer qualquer pedido por nós feito. Da cozinha não foi só a qualidade da comida como todo o timing e cadência dos pratos apresentados a ser adequada.
Começamos com um Couvert composto por bom pão (com destaque para a broa de milho) e uns óptimos croquetes de novilho e amêndoa, de boa fritura e bom tempero. Sou um fanático de croquetes e estes são dos melhores que já comi na cidade.


O Caldo Verde lança uma refeição de 5 pratos de forma perfeita. Bom caldo, bastante cremoso com uma couve galega que parece ter sido previamente salteada e uns pedaços de chouriço que trazem multidimensionalidade ao prato e o torna mais rico.


De seguida, um prato de sabores subtis mas tipicamente portugueses, o Filete de Sardinha Fumado com Pastel de Batata, uma verdadeira homenagem aos produtos portugueses, com o filete de sardinha a apresentar um ligeiro sabor fumado e acompanhado por um pastel de batata que faz lembrar, na sua forma, um pastel de bacalhau. Um molho de pimento ajudava a ligar estes dois componentes, mas, felizmente, não se apresentando dominante sobre os restantes ingredientes a nível de sabor.


Também muito boa a Açorda de Camarão. A textura não era a que mais aprecio, estando um pouco mais líquida que desejaria, mas óptima no sabor e os camarões estavam perfeitamente cozinhados e em número generoso. Aqui quero referir mais um aspecto que achei impecável no serviço, pois estando uma grávida à mesa, foi executado um prato específico para ela, umas Lulas Salteadas com Cogumelos.


Aqui já me encontrava meio maravilhado com tudo, mas eis que chega a estrela do almoço, o Espadarte Braseado com Creme de Nabo e Farófia de Amendoim. A frescura do peixe era incrível, trabalhado na perfeição com apenas os milímetros exteriores cozinhados, mantendo o peixe húmido. Também fantástico o creme de nabo, principalmente para quem, como eu, aprecia bastante este legume. A farófia de amendoim ajudava a dar textura ao conjunto e elevava-o a um patamar bastante acima da maior parte dos pratos de peixe que já provei.


Pedimos para finalizar o menu de degustação com um dos clássicos da Tasca da Esquina, pedido que foi prontamente acedido, e acabámos em nota alta, com o Prego de Atum. Bom pão sem ser nada massudo, o atum cozinhado na perfeição e uma boa proporção entre o pão e o peixe, mantendo toda a integridade estrutural do prego. Apesar de não estarmos numa tasca, este é um prato para comer à mão.


Apesar de satisfeitos com os 5 pratos servidos, não conseguimos evitar pedir algumas sobremesas. Eu estive quase a resistir, mas segui o conselho de quem já experimentou o Kitanda da Esquina (restaurante de Vitor Sobral em Luanda) e que diz que o seu Pudim Abade de Priscos é algo imperdível. E é realmente, com um creme de abacaxi a cortar toda a doçura excessiva que é típica neste pudim. Tive oportunidade de provar também a Sopa de Frutas, um óptimo e guloso caldo de morango.



Pode não ser um restaurante barato mas parece-me que o preço é mais do que justificado pela qualidade da cozinha e do serviço. Não é por acaso que a Tasca da Esquina se tornou um clássico da cidade de Lisboa.

Tasca da Esquina
Rua Domingos Sequeira, 41C
Campo de Ourique, Portugal
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Preço Médio: < 40 €

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Adega das Gravatas (Carnide)

É assustador chegar à Adega das Gravatas, num almoço de domingo, sem reserva e encontrar o restaurante cheio. Mais assustador fica quando escrevemos o nome na folha de pessoas à espera e contamos 36 pessoas antes de nós. Passava pouco das 13 horas quando isto aconteceu, mas tínhamos feito uma viagem longa (com uma tentativa falhada de ir ao cozido d'A Coudelaria, sem reserva, pelo caminho) e como já andava a adiar uma ida ao Gravatas há algum tempo, decidimos ficar e esperar o tempo que fosse necessário.
Mas essa espera foi curta. As mesas pareciam rodar rapidamente e cada vez mais mesas de duas pessoas ficavam disponíveis, com o serviço a passar casos como o nosso à frente de grupos de tamanho igual ou superior a três pessoas, o que deu origem a uma espera de cerca de apenas 15 minutos. Entretanto, já tínhamos olhado para a ementa que se encontra fora do edifício e assim que nos indicaram a nossa mesa pedimos logo os pratos desejados, dispensando qualquer entrada, pois reza a fama deste estabelecimento que as doses são de tamanho XXL.
Se me surpreendeu o tempo de espera por uma mesa, também o tempo de espera pelos pratos foi surpreendente, tendo em conta que o restaurante se encontrava cheio com pessoas a entrar e a sair constantemente. Mas parece-me que aqui reside um dos segredos do Gravatas. Fazer o pedido, comer os pratos principais, pedir e comer a sobremesa, beber café e pagar não ultrapassou os 60 minutos. Com um serviço desta rapidez e qualidade, é uma casa que facilmente consegue rodar as mesas pelo menos três vezes por serviço. Apesar de rápido, nunca me senti pressionado a abandonar o restaurante ou a despachar-me a comer. Serviço rápido e simpático com casa cheia é coisa rara.
Mas vamos ao que interessa, a comida. Sendo esta a primeira visita, decidimos ir para os ex-libris da casa, o Naco na Pedra e a Açorda de Gambas. Apesar de ser fácil a escolha dos pratos, não foi fácil decidir qual o tipo de corte que desejava para o prato de carne, havendo a possibilidade de escolher entre o afamado Lombo ou a menosprezada Alcatra. Acabei por me decidir pela Alcatra, porque a acho uma carne mais saborosa e tendo quase a certeza que a qualidade da carne aqui não iria desiludir ao nível de "limpeza" da peça que me iriam apresentar. E não me enganei. Dois bons nacos de carne, com um corte perfeito, de boa altura e limpos de qualquer nervo que pudesse ser mais complicado de mastigar. Pena apenas que os acompanhamentos não acompanhem a qualidade da carne, tendo-me sido servida uma travessa com um arroz de miúdos seco ainda que saboroso, umas batatas caseiras razoáveis mas sem ser nada de memorável e uma incompreensível e altamente dispensável massa, tipo fusilli mas mais larga, com carne picada e molho de tomate.


Também a Açorda de Gambas à Gravatas é um prato memorável e mais do que recomendável neste restaurante. Boa textura e consistência, não sendo líquida demais nem sólida demais, com um sabor acentuado a alho (algo que não me incomoda nada) e uma quantidade generosa de recheio. Aliás, toda a dose era de tamanho generoso, desde o tacho ao tamanho e quantidade das próprias gambas servidas, não faltando a generosidade e acerto no nível de tempero.


Para satisfazer a necessidade de açúcar, mais da minha excelsa e giríssima companhia do que a minha, pedimos uma Tarte de Limão Merengada para dividir. Fatia de bom tamanho, base saborosa e boa lemon curd, não sendo excessivamente doce, mas acabava tudo por ser estragado pelo excesso de açúcar do merengue, sendo ainda possível sentir os grãos de açúcar do mesmo. Como isto já não bastasse para tornar o conjunto em si doce demais, ainda lhe juntam uma espécie de calda de açúcar, tornando cada garfada, que englobe todos os componentes, enjoativa.


Um clássico lisboeta que tinha na wishlist há muito tempo e que não desiludiu. Fantástica carne e uma açorda exemplar. Fica a vontade de lá regressar para experimentar o resto da ementa.

Adega das Gravatas
Carnide, Portugal
Preço Médio: < 20 €