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quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

Mugasa (Sangalhos) @ Mesas Bohemias

Acho que já disse praticamente tudo o que podia sobre o conceito das Mesas Bohemias! A oportunidade que nos dá de podermos de conhecer restaurantes remotos, sem termos de sair dos dois maiores centros urbanos portugueses é imperdível! Sim, isto é uma atitude um tanto ou quanto preguiçosa, pois podíamos fazer umas quantas horas e ter a experiência autêntica mas o que as Mesas Bohemias nos dão é uma aproximação suficiente para me ter viciado.
Desta vez, o Mugasa, um dos melhores restaurantes do país, no que à arte do leitão diz respeito, deslocou-se à capital para nos encher o bandulho do pequeno e delicioso suíno. E, spoiler alert, acho que encontrei o melhor leitão do país! Não posso contabilizar o do Belcanto (aqui), pois apesar de ser uma reinterpretação do prato, não acho que seja comparável com a forma tradicional como o leitão é servido, por muito que os sabores sejam os mesmos.
O primeiro prato servido foi um 2 em 1 focado nas miudezas do leitão. De um lado umas óptimas Iscas de cebolada, com um ligeiro nível de picante que acentuava os sabores presentes. A doçura da cebola contrabalança perfeitamente com o picante e com o fígado, tornando-o um conjunto bastante equilibrado.


Do outro, uma Cabidela de bradar aos céus, feita única e exclusivamente com miudezas, ao contrário do que estamos habituados na cabidela de galinha. Contra aquilo que estamos à espera, esta cabidela não leva sangue, estando por baixo do leitão enquanto ele assa, recolhendo todos os sucos divinos do animal. Um prato fantástico que ganhou adeptos junto de quem não gosta de coisas como fígados, pulmões, coração, etc.


Para segundo prato, algo que nem o próprio Ricardo Nogueira (a cara do Mugasa e responsável pelos maravilhosos leitões) conhece a receita, uma Chanfana à Bairrada. Apenas a mãe sabe a receita e produz este prato, feita da forma mais tradicional possível, passando uma noite inteira num forno de lenha para lhe conferir alguns sabores mais fumados. Carne bastante saborosa, a desfazer-se ao toque, e acompanhado por boa batata e feijão verde.


E eis que chega o grande momento da noite, com o leitão a chegar ao restaurante (o evento foi realizado no Clube do Bacalhau) mesmo antes de ser servido, com toda uma cerimónia exemplar por parte do Ricardo de como se corta um leitão.


E o que dizer deste leitão? É complicado. É muito complicado! Ficamos quase sem palavras mal nos apercebemos do quão perfeitamente a pele está tostada e quão suculento é o interior que protege. Impressionante também o molho apimentado que o acompanha, um pouco mais espesso do que o habitual mas também bastante mais saboroso! Perfeição suína num só prato!


Terminamos com uma Aletria muito boa, com a massa a não se mostrar demasiado empapada, nem o creme a ser excessivamente doce ou líquido.


São restaurantes destes que me dão vontade de arrancar ao fim de semana e ir descobrir estas pérolas da gastronomia portuguesa. E fazer isto regularmente para tentar conhecer o máximo possível das maravilhas que temos perdidas um pouco por todo o país...

Mugasa
Sangalhos, Portugal
Preço Médio: < 30 €
Data da Visita: 23 de Setembro 2017

quarta-feira, 27 de julho de 2016

De Castro Elias (São Sebastião da Pedreira)

O nome do Chef Miguel Castro e Silva deve soar familiar a muitos dos portugueses. Um historial de restaurantes de renome, sempre com o foco na comida tradicional portuguesa. O De Castro Elias é um dos seus espaços mais antigos na cidade de Lisboa (talvez até o mais antigo), sendo daqueles espaços onde a ementa reflecte o foco do chefe, apostando em petiscos e pratos portugueses, com os preços dos petiscos a aparentar um nível baixo mas que acaba por corresponder ao tamanho diminuto das doses. Tenho por hábito escolher 4 petiscos para duas pessoas e aqui tive que ir aos 7 para sair satisfeito.
Lado Positivo: experimentamos mais da ementa (e esta é uma daquelas ementas onde nos apetece pedir tudo).

Lado Negativo: sai um pouco mais caro do que nos habituais restaurantes de petiscos.
Começámos com uns fantásticos Ovos de Codorniz com Chouriço, extremamente bem executados e bastante saborosos. Simples e guloso.



Também na Açorda de Cogumelos e Enchidos a execução era fantástica, com a consistência ideal e os sabores bastante bem balanceados, não havendo nada que se ofuscasse ou sobrepusesse ao outro.



Já os Peixinhos da Horta não se apresentavam tão estaladiços como seria desejável e a polme poderia também ser mais saborosa. Aqui a estrela acabou por ser a maionese de alho e limão, que pegava nuns banais peixinhos da horta e os elevava a um nível acima da média.



A fritura das Lulinhas Fritas já repôs a qualidade e justiça quanto à capacidade de fritar comida da cozinha do De Castro Elias. Pedaços estaladiços por fora, macios por dentro, cheios de sabor e sem um pingo de excesso de gordura.



Um verdadeiro clássico de Miguel Castro e Silva são as suas fantástica Iscas do Cachaço do Bacalhau, com umas lascas perfeitas, no sabor e na textura, ajudadas por um polme saboroso e leve. Não se deixem enganar pelo nome, pois as iscas de bacalhau são um parente aproximado das pataniscas, e nada têm de relacionado com fígado.



Os Ovos Mexidos com Enchidos e Pão Frito (há aqui uma tendência grande para o uso de enchidos, mas quem sou eu para me queixar disso?) não desiludem e apresentam-se húmidos, contrastando com a textura do pão frito.



As Mini-Francesinhas são, adivinhem lá, mesmo mini! O pão é simpático e o seu interior é bastante interessante, ainda que mais contido do que estamos habituados a ver nas francesinhas tradicionais. Carne assada, macia e a transbordar de sabor, cortada grosseiramente e ajudada pelo sabor de um chouriço de óptima qualidade. O queijo cumpria o seu dever de encasacar tudo mas a (mini) estrela é o molho. Leve mas cheio de sabor ao mesmo tempo e com aquele picantezinho agradável.




A qualidade da comida é muito boa, e os preços podem parecer desajustados para as quantidades, mas a qualidade paga-se e este De Castro Elias está acima da maior parte dos restaurantes de petiscos.

De Castro Elias
Lisboa, Portugal
De Castro Elias Menu, Reviews, Photos, Location and Info - Zomato
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Preço Médio: < 30 €

segunda-feira, 23 de março de 2015

O Nobre / Spazio Buondi (Campo Pequeno)

O Nobre é, sem dúvida alguma, um dos restaurantes mais famosos na cidade de Lisboa. Não só por ser chefiado pela chef Justa Nobre, uma verdadeira estrela no pequeno mundo dos celebrity chefs portugueses, ou pelo famoso buffet de Cozido à Portuguesa que é servido aos almoços de domingo (apenas no Inverno, se não me engano), mas por ser um dos bastonários da comida tradicional portuguesa, com especial influência transmontana.
Já tinha tido a oportunidade de experimentar o buffet há uns anos e lembro-me de ter ficado bastante satisfeito com a qualidade da refeição em si, mas sempre tive curiosidade em voltar. Essa oportunidade surgiu quando ganhei um passatempo Zomato, num dos muitos blogs que sigo. O convite era para experimentar o Menu da Chef, que acredito ser equivalente ao Menu de Degustação que existe na carta do restaurante.
No início da refeição perguntaram-nos se desejaríamos ver a carta ou nos iríamos deixar levar pelas sugestões da casa. Claro que optámos pela segunda opção, e prontamente nos foi perguntado se tínhamos algumas restrições alimentares, pergunta essencial neste tipo de menu. Todo o serviço foi bastante prestável e simpático, sem ser intrometido, e colocando-nos sempre à vontade.
Começámos a refeição com um fantástico Presunto Pata Negra Joselito. Boa cura, bem cortado e com um bom nível de gordura presente nas fatias. Não há dúvidas que comer presunto de qualidade é um dos grandes prazeres da vida...


O presunto não esteve presente apenas em fatia, com umas Tostas com Manteiga de Presunto e Ervas a chegarem à mesa bastante estaladiças e gulosas. Apreciei a ausência de vergonha na altura de colocar a manteiga na tosta. Uma tosta quer-se bem barrada e com a manteiga derretida a cair pelas extremidades.


Petiscámos ainda uma Salada de Favas com Chouriço, uma versão refrescante do prato favorito de José Cid. De destacar o excelente chouriço, assim como a qualidade das favas usadas. Frescas, bem cozinhadas e com um tempero exemplar. Tudo conjugado resultou num prato simples e bastante saboroso.


Não é só a qualidade dos produtos que é notável, mas também a execução dos pratos em si, algo que foi notório quando alguém que não gosta de iscas (a minha excelsa cara-metade, que cada vez mais abre os seus horizontes gastronómicos) decidiu experimentar e repetir umas surpreendentes Iscas de vitela. Cortadas de forma muito fina, perdem toda a sua textura farinhenta, sendo depois temperadas com azeite, vinagre, alho e salsa.


Eis que chega um dos pratos icónicos do restaurante, a Sopa de Santola. Servida na própria carapaça, é um creme de marisco de sabores claros, simples e com uma cremosidade exemplar. Aliás, os elementos cremosos estiveram, ao longo de toda a refeição, sempre perfeitos na sua consistência, uma amostra da perfeição técnica da cozinha de Justa Nobre. Esta sopa aqueceu-nos a boca e o espírito. Agora consigo perceber o porquê da fama desta sopa, e apenas posso afirmar que é totalmente justificada.


O prato do mar, a Empada de Lavagante, continuou a revelar alguns pormenores de execução brilhantes. Massa bem cozinhada e estaladiça, recheio cremoso e com a proteína a revelar-se cozinhada na perfeição. Uma empada fantástica (a lembrar mais uma empanada) em toda a sua complexão. Acompanhou com legumes (courgette, cenoura, nabo, beterraba e couve-flor) simplesmente cozidos, parecendo depois terem sido borrifados com azeite. Visualmente, apresentavam um brilho que se traduziu também em sabores brilhantes. Nunca na minha vida comi legumes cozidos que fossem tão gulosos!


Até aqui tudo tinha deslumbrado e não foi diferente com o prato de carne, umas Bochechas de Porco Bísaro com Puré de Castanhas. Um puré uniforme, sem vestígio de granularidade e exímio tanto no sabor como na execução. As bochechas, cozinhadas até ao ponto em que as podemos comer com uma colher, estavam perfeitas também no nível de tempero. Um prato muito consistente e que é representativo das influências transmontanas na cozinha de Justa Nobre.


Já a rebentar pelas costuras e desejando apenas uma sobremesa pequena, chega-nos à mesa um Pijama! Ainda que em doses moderadas, as quatro sobremesas juntas ultrapassavam a nossa quota disponível, mas lá se fez o esforço e acabou por não sobrar nada. Tarte de Castanhas bem executada mas a desiludir um pouco no sabor, quando comparado com o puré de castanhas do prato anterior. Cheesecake muito amanteigado e a precisar de alguma acidez para contrabalançar o creme, mesmo considerando as raspas de laranja e lima presentes. Pudim Abade de Priscos e Sopa Dourada muito bons mas tendo um nível de açúcar (próprio destes doces) que o meu corpo tem dificuldade em ingerir em grandes quantidades. Apesar de boas, as sobremesas não estiveram ao mesmo nível dos restantes pratos.


Com o café uns caseiros Mini Pastéis de Nata. Mais uma vez, parece que nada falha na execução técnica dos pratos, com um recheio cremoso e saboroso a preencher um invólucro perfeitamente cozinhado e crocante.


A consistência apresentada em todos os pratos não é fácil de alcançar. O Nobre prima não só pela execução como pela qualidade dos produtos que confecciona, e assim se percebe o sucesso (justificado) que o restaurante tem ganho nos últimos anos. Pode não ser um restaurante barato, mas vale uma visita para podermos apreciar e testemunhar a qualidade da comida.

Zomato
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O Nobre / Spazio Buondi
Avenida Sacadura Cabral, 53B
Lisboa, Portugal
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Preço Médio: < 50 €