segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Menus de almoço: a sua banalidade e a excepção à regra!

Quantos de nós não frequentamos restaurantes, numa base quase diária, para almoçar durante a semana? Seja a típica ida ao food court do centro comercial mais próximo ou a tasca ao pé do emprego/faculdade, acabamos por cair numa rotina de pagar 7€/8€ por menus que não variam muito ou cuja qualidade não é nada de espectacular.


Risotto de Polvo Crocante
Por estes valores também não podemos estar à espera de comida de autor ou de algo muito elaborado, ou podemos? Será que podemos exigir comida cuidada, original, com boa apresentação e a preços baixos? Mas é claro que podemos!
Porque é que nos temos de conformar com comida de qualidade média em menus que por vezes chegam perto dos 10€? Será que neste deserto de restaurantes que trabalham com menus diários ao almoço, não há espaço para inovação e qualidade?


Tarte de Lima
Atenção, não estou a menosprezar os restaurantes que fazem isto. São úteis, a comida tem um nível de autenticidade enorme mas acaba sempre por parecer comida feita para "as massas", não é?


Bolinha de Alheira Panada em Sésamo sobre Risotto de Cogumelos com Azeite de Trufa e Crocante de Parmesão
Por esta altura já vocês estão a pensar que estou maluco, e que um restaurante que tentasse fazer isso acabaria por ficar sempre acima dos 10€, ou então seria um almoço onde ficássemos com fome. E se eu vos disser que é possível? Se eu vos disser que existe?! Se eu vos dissesse que sai mais barato ir comer "comida de autor" do que ir a uma qualquer hamburgueria da moda?! Curiosos?


Cheesecake
Em Alfragide, terra perdida e longínqua para muitos, existe um oásis no meio de tanto deserto! Nem tudo é prefeito e tem que haver alguns problemas, não pode ser só coisas boas... O restaurante não funciona com reserva de mesas, mas sim com reserva do prato do dia, que é único e tem doses contadas. Só mesmo reservando conseguimos garantir que iremos comer o prato desse dia.


Lombinho de Porco Preto com Molho à Portuguesa sobre Esmagada de Batata, Tempura de Morcela e Maçã Caramelizada
Mas não dá para experimentar essa fantástica cozinha sem ser ao almoço? Infelizmente, não! O restaurante só está aberto de 2ª a 6ª até às 20h, fecha aos fins de semana e feriados, por isso, para provar iguarias destas só mesmo neste horário "inconveniente".
Semanalmente sai um menu na página de Facebook do restaurante (podem consultar aqui) com os pratos dessa semana. O menu custa 7€ com Prato + Bebida + Café ou 8€ se acrescentarmos uma das deliciosas sobremesas existentes.


Tarte de Maçã
Agora, imaginem que existem mais restaurantes destes, a apostar em cozinheiros criativos e que possam fazer menus apelativos e a preços baixos? Todos poderíamos ganhar!
Já depois de ter escrito este artigo acabei por regressar à Escadinha e nada muda na minha opinião face aos maravilhosos pratos que aqui podemos experimentar!
Bochechas de Porco Preto com Cebolinha Carameliza e Puré de Castanhas
Folhado de Pato e Cogumelos com Arroz Basmati de Enchidos e Gomos de Citrinos
E vocês, conhecem algum restaurante que se pudesse encaixar nesta categoria?


A Escadinha
Alfragide, Portugal
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Preço Médio: < 10 €

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Il Matriciano (São Bento)

Estamos numa era em que as pessoas procuram autenticidade. Seja nos produtos que escolhem para sua casa ou nos restaurantes que frequentam. Há umas décadas, os conceitos que cá chegavam seguiam uma fórmula pouco original e com as ementas a tornarem-se quase cópias directas. Veja-se os restaurantes chineses ou italianos que havia. Mas com esta "moda" gastronómica emergente, começaram a abrir restaurantes que promovem autenticidade, seja na sua ementa seja na decoração ou até no serviço.
O Il Matriciano é um desses restaurantes. Tudo é promovido com um nível de autenticidade elevado, cuja minha curta experiência não me permite comprovar totalmente, mas onde até os empregados falam exclusivamente italiano. A ementa tem alguns pratos já nossos conhecidos e outros um pouco menos, mas mesmo os conhecidos são feitos segundo a tradição italiana. Como fiquei na recatada esplanada existente (que tem vista para a Assembleia da República) não tive oportunidade de ver a decoração interior.
Quando chegamos é-nos oferecido um copo de prosecco e um prato com uma amostra de um enchido e de um queijo. Umas boas vindas simpáticas enquanto damos uma vista de olhos pelas várias secções da ementa que, como é tradicional nos italianos, se divide em Antipasti, Primo Piatto, Secondi Piatti, Contorni e Dolci.
Começámos por dividir uma Bruschetta con Parma e Bufala, um prato simples e onde é suposto os seus ingredientes brilharem. Excelente mozzarella, e servida numa dose generosa, ao contrário de muitos restaurantes que apenas colocam 2 ou 3 fatias, e um presunto de Parma de excelente cura. Tudo regado com um bom azeite, tornando esta bruschetta como uma excelente entrada para uma noite de verão.


Entre a entrada e os pratos pedidos houve uma demora exagerada. Percebo que tudo seja feito na hora, mas 1 hora desde a entrada dos pedidos é excessivo. Aliás, todo o restaurante parece-me lento, tanto no serviço como na cozinha. Se estiverem com pressa não é um restaurante que recomende.
O Spaghetti Alla Carbonara segue à risca a receita original, com a utilização de guanciale, apesar de na ementa dizer bacon, já li artigos que mencionam o facto de realmente usarem o guanciale, uma peça de charcutaria feita com as bochechas do porco. Tenho ideia de nunca ter provado uma carbonara com pecorino mas fiquei fã da cremosidade que confere ao molho e do seu intenso sabor. Toda a concretização do prato é muito boa, sendo que apenas desejava uma maior porção de guanciale.


A espessura da Cotoletta Alla Milanese con Patate Al Forno era mínima, proporcionando uma textura leve, apenas conjugada com a da boa fritura. A carne estava bastante saborosa, calculo que devido a uma eventual marinada, e apenas falhou o ponto de sal das batatas, uma espécie de batatas wedges no forno.


A tradição do Il Matriciano é tanta que, habituado a pedir apenas um prato nos italianos que frequento, acabei por ficar terrivelmente surpreendido pelo tamanho das doses. Aqui é suposto fazer uma refeição completa com Antipasti, Primo e Secondi. Só me apercebi disto quando chegaram os pratos e, como não estávamos para esperar mais 1 hora, optámos por seguir para as sobremesas. Isto ajuda a que um restaurante que parece barato, acabe por não o ser, se não quisermos sair de lá com fome. O serviço foi sempre simpático e prestável, mas acredito que poderia e deveria ser feito um aviso, à semelhança do que um bom serviço faria caso se estivesse a pedir comida demais.
Acabámos a refeição com a sobremesa que peço sempre que estou num italiano mais tradicional, o Tiramisù. Estava excelente, não sei se o melhor que já comi mas dos melhores sem dúvida. Camadas bem definidas, com um bom nível de cremosidade e sabor a café. Se fosse servido um pouco mais fresco não lhe faria mal, principalmente nos meses quentes.


Sim, é um restaurante tradicional italiano, como tal todos os sabores típicos estão lá com um ênfase grande na utilização de produtos importados. Devo admitir que gostei bastante dos pratos experimentados mas, habituado a doses maiores, acabei por sair do Il Matriciano ainda com um buraquinho no estômago. Numa próxima visita já estarei preparado para tal.

Il Matriciano
São Bento, Portugal
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Preço Médio: < 40 €

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Depois - Bolos & Sobremesas (Mercado de Campo de Ourique)

O Mercado de Campo de Ourique tem uma banca para os gulosos. Porque depois de partilharmos a mesa com quem nos é querido, depois de enchermos a pança com a deliciosa carne do Atalho, depois dos crus da Carpacceria ou depois dos hambúrgueres do U-Try, então sim, é chegada a hora da sobremesa. E é nessa altura que nos dirigimos à Depois - Bolos & Sobremesas
A fatia de Tarte de Brigadeiro poderia ser mais cremosa. Todos os sabores estão lá, há uma boa combinação de texturas, mas pequenos apontamentos poderiam fazer uma grande diferença nesta tarte. Faltava um pouco mais de cremosidade, que iria ajudar a tornar a tarte mais leve, e apreciaria uma maior proporção de chocolate face à quantidade de bolacha.



Excelente o pote de Cheesecake de Doce de Leite c/ Oreo, com uma versão invertida desta sobremesa. Um bom creme, fugindo ao sabor cansado do Philadelphia usado em demasia, mas sem saber a natas. A combinação com Oreo não é nova mas funciona e liga muito bem com o doce de leite no fundo.



A Tarte de Limão Merengada era apenas simpática, sofrendo bastante de sintomas parecidos com os da Tarte de Brigadeiro. As proporções estão muito erradas, ainda que o merengue alto e fofo seja adequado, mas a quantidade de curd de limão é ínfima e não chega para balancear os restantes componentes, nem para os ligar. A falta de acidez também é um pormenor a rever, mas os restantes componentes não são maus, ainda que também não sejam fantásticos.



Uma bancada gulosa, com um potencial enorme e onde apenas alguns detalhes deveriam ser corrigidos. Muitos são os que precisam de adoçar a boca no final da refeição e o Depois irá facilmente satisfazer essas pessoas.

Depois - Bolos & Sobremesas
Mercado de Campo de Ourique, Rua Coelho da Rocha
Campo de Ourique, Portugal
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Preço Médio: < 10 €

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

U-Try (Mercado de Campo de Ourique)

Desta vez vou tentar não tecer qualquer tipo de comentários jocosos e pejorativos sobre a maldita moda das hamburguerias. Ok, exceptuando a frase de abertura...
Por muito que a moda possa ter passado dos limites da sanidade e do aceitável, eu continuo a gostar de hambúrgueres! E ainda tenho várias hamburguerias por todo o país que gostaria de experimentar. E porquê, podem vocês perguntar? Os hambúrgueres continuam a ser um produto apelativo, capaz de satisfazer o meu estômago e palato, e ainda por cima (tipicamente) por preços simpáticos.
Das várias bancas disponíveis no Mercado de Campo de Ourique, não poderia faltar uma com hambúrgueres. A escolha para a ocupação desta quota de mercado recaiu não sobre um dos gigantes franchisados (acho que não preciso mencionar nomes), mas sobre a hamburgueria localizada na Cidade Universitária, U-Try.
O Beicone, um dos pilares da casa mãe, é a típica combinação completa de bacon, queijo (neste caso Edam), cogumelos, cebola, alface e tomate. A cebola e os cogumelos salteados deram um brilho especial ao conjunto. Mas o que realmente pode ajudar a distinguir e qualificar as hamburguerias é a qualidade da sua carne. Bons toppings é complicado estragar (apesar já me ter acontecido), mas carne de qualidade, bem temperada e cozinhada como pedido faz toda a diferença! No U-Try este requisito foi preenchido com distinção. O pão era a componente mais fraca, não se apresentando tostado mas aguentando a integridade estrutural do hambúrguer durante toda a prova.



O Grique Hellman's, inserido na iniciativa da Rota dos Hambúrgueres da Hellman's, tinha uma combinação de ingredientes muito interessante e com alguma originalidade. À saborosa carne, previamente referida, juntou-se rúcula, cebola roxa, tomate, queijo Feta e um excelente molho tártaro (feito com maionese Hellman's). O molho aqui fez toda a diferente ajudando a ligar tudo e com o feta a dar-lhe um apontamento mais salgado muito saboroso. As batatas, comuns aos dois hambúrgueres, são simpáticas e estaladiças, mesmo já estando fritas de antemão.



Se já tinha curiosidade pelo espaço da Cidade Universitária, o facto de ter estado perante dois bons hambúrgueres, aguçou-me o apetite de visitar o espaço original. Ajudou-me também a comprovar que quando bem feitos, não há problema nenhum na moda das hamburguerias. O problema é quando não são bem feitos...

U-Try
Mercado de Campo de Ourique, Rua Coelho da Rocha
Campo de Ourique, Portugal
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Preço Médio: < 10 €

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Curtas #3: Block House (Oeiras)

O Block House é um dos restaurantes onde vou com alguma regularidade. É perto de casa, está aberto todos os dias da semana e tem uma qualidade de carne como não há muitos no concelho de Oeiras. 
A Bruschetta que servem não é dos melhores exemplares que podemos encontrar, principalmente quando comparado com bons restaurantes italianos, mas serve bem o seu propósito de entreter enquanto aguardamos os pratos principais. Gosto do pão que aqui utilizam e da forma como o torram mas depois colocam uma quantidade exagerada de tomate. Tornam complicado algo que deveria ser simples, como comer uma bruschetta.



Já percorri a ementa quase toda mas na minha última visita acabei por revisitar um prato que há muito não pedia. As Spare Ribs são das melhores que já encontrei. Uma peça de entrecosto inteira, o que é uma porção bastante generosa mas nada que eu não consiga dar conta, com a carne a sair do osso com facilidade. A peça é coberta com um simpático molho barbecue, ainda que já tenha provado molhos melhores.


Sim, é um restaurante localizado num centro comercial mas dificilmente definiria o Block House como um restaurante De centro comercial.

Oeiras, Portugal
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Preço Médio: < 30 €

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Atalho do Mercado (Mercado de Campo de Ourique)

Apesar de já ter experimentado o Atalho Real (aqui), estava algo curioso para saber que tipo de adaptações um restaurante teria que fazer à sua ementa, pois é natural que o espaço de armazenamento e as condições da cozinha sejam diferentes e que o menu tenha de ser adaptado para que o próprio serviço se adeqúe à estrutura e conceito do local. Neste caso, estou a falar especificamente do espaço Atalho no Mercado de Campo de Ourique, mais uma das bancadas interessantes deste espaço.
Pelos vistos, essa adaptação passou pela eliminação das entradas, saladas e alguns acompanhamentos, e a incorporação de mais um prato principal, as presas de porco preto. As doses parecem ser um pouco menores, com o consequente ajuste de preço. Estando com pessoas que não conheciam o Atalho, recomendei imediatamente que se pedisse o Entrecôte Maturado e o Chuletón de Buey, sendo que não tinha provado este último no restaurante do Príncipe Real.
A carne é realmente fantástica e a execução da mesma não falhou, à semelhança do que aconteceu no Atalho Real. O entrecôte continua a encher-me as medidas, com os seus veios de gordura saborosa a desfazerem-se na boca. 



Confesso não conseguir decidir-me qual a melhor. O chuletón é também fantástico, com uma qualidade de carne ímpar. Não reparei nas peças antes de cozinhadas, apesar de estarem expostas, mas acredito que as duas peças tenham um bom nível de marmorização devido à sua suculência, intensidade de sabor e ao facto de se desfazer quando a mastigamos. Único aspecto onde realmente poderiam ser melhores é na qualidade dos seus acompanhamentos. Uma salada perfeitamente normal, pois no Mercado não têm a sua coleslaw, e umas batatas wedges a precisar de melhor execução e também melhor tempero.



Estou a ficar um fanático do Atalho, principalmente quando me provam conseguir manter a consistência e qualidade na sua vertente de food court. Para todos os "meat lovers" em procura de saciarem a sua fome, o Atalho é de visita obrigatória!

Atalho do Mercado
Mercado de Campo de Ourique, Rua Coelho da Rocha
Campo de Ourique, Portugal
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Preço Médio: < 20 €

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Carpacceria (Mercado de Campo de Ourique)

Finalmente fui conhecer o Mercado de Campo de Ourique. O primeiro desta nova moda de mercados renovados, com o seu renovado conceito de restauração baseado no Mercado de San Miguel (em Madrid). Uma grande variedade de oferta gastronómica, capaz de agradar praticamente a todos. Sendo que muitos dos restaurantes demoram na confecção dos seus pratos, existem uns buzzers para que os clientes sejam notificados quando o seu pedido estiver pronto. As bebidas (mas não todas) podem ser pedidas já na mesa.
A estrutura deste tipo de food court funciona, ainda que não concorde com a exclusividade da venda de bebidas. Estes conceitos atraem uma multiplicidade de conceitos interessantes (algo que espero que seja contagioso aos Centros Comerciais) e conseguem cativar muitos clientes exactamente pela diversidade oferecida.
Um dos conceitos mais interessantes (consegui provar várias coisas mas farei 1 artigo sobre cada espaço) é a Carpacceria. O nome é explícito mas na ementa existem ainda tártaros, wraps e bruschettas.
Muito bem temperado o Carpaccio de Novilho do Mercado. Fatias de boa grossura e uma desavergonhada quantidade de tempero sem medo de dar sabor a um prato que se não for temperado é bastante insípido. Adoro os carpaccios com alcaparras, que nos vão dando pequenos toques de sobressalto no palato. Um óptimo exemplar do que um carpaccio deve ser.



Não havendo o Tártaro de Bacalhau, optámos por experimentar o Tártaro de Atum Asiático. Excelente a simples combinação de sabores do gengibre e da soja. Bons cubos de atum com uma grossura adequada e que nos permitem verificar a sua frescura assim como a sua textura.



Um conceito muito engraçado, e que mesmo não funcionando para uma refeição inteira (excepção provável feita aos wraps), é uma óptima opção para servir como entrada. Bons produtos e boas execuções fazem desta uma boa banca!

Carpacceria
Mercado de Campo de Ourique, Rua Coelho da Rocha
Campo de Ourique, Portugal
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Preço Médio: < 20 €

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Uma questão de qualidade (ou falta dela)!

Há coisas que não fazem muito sentido. Se um restaurante chega a um patamar de qualidade, não deveria trabalhar para se manter com essa qualidade? Qualquer decréscimo da mesma poderá influenciar novos ou habituais clientes. Eu sei que a pressão e o trabalho para manter um padrão de qualidade é muito, mas tal é necessário para que se consiga manter uma quantidade de clientes suficientes para podermos prosperar no mundo da restauração.



Se há coisa que me irrita é repetir um restaurante (algo relativamente raro em mim) e esse restaurante presentear-me com uma refeição muito abaixo daquilo que já la experimentei. Que seja um pouco abaixo eu até aceito, mas quando há uma notória queda na sua qualidade isso deixa-me irritado. Irritado e sem vontade nenhuma de regressar, porque sei que já foi bem melhor. Pior ainda quando vou lá com alguém porque lhe disse "Temos que ir ali, que vamos comer muita bem!" (sim, usei a palavra muita qual Jorge Jesus de devaneios gastronómicos!).


Ok, agora que este desabafo já me aliviou alguma pressão do peito, passo a explicar. No espaço de menos de 1 mês consegui ser vítima destes "descuidos", em 2 espaços distintos. Decidi voltar ao Gaijin Sushi Bar (sobre o qual já falei aqui) e experimentar a renovada carta do All You Can Eat. Uma ementa mais extensa, com peças novas, nomeadamente mais variedade nos gunkans, temakis e alguns spring rolls (com folha de arroz no lugar de alga), mas com algumas limitações de pedidos no sashimi e nos gunkans. Por exemplo, se desejarmos nigiris existe uma taxa extra de 3€ e continua a haver a taxa de 1€ para cada peça que não seja consumida.



Ok, políticas da casa à parte, o que me chateou foi a qualidade da comida ter sido pouco acima da média (deixando de ter uma relação qualidade/preço que considerava justa) e o terrível e baralhado serviço. Pratos com peças não pedidas e a chegar em duplicado foi o prenúncio de uma refeição que de nada teria de especial. Juntando a isso um arroz que não estava ao nível das anteriores visitas e a baixa qualidade demonstrada nalgumas peças (por exemplo, os rolos com pele de salmão tinham a pele dura e seca), ignorando ainda o facto de se poder considerar o menu algo limitado ao nível da criatividade (o que a mim não me chateia muito, desde que as coisas sejam bem executadas), então o Gaijin deixa de ser um restaurante que eu recomende facilmente.


O mesmo se passou com o tão famoso Ramires e o seu Franguinho da Guia. Se no ano passado, algo estranho se passou (podem ler mais sobre isso aqui), este ano foi uma desilusão tremenda. O frango não estava nada de especial, a salada não estava bem temperada e as batatas eram deploráveis. Neste momento, existem melhores (e mais baratas) opções para comer frango por todo o Algarve e até Lisboa!


Parece que se encostam à fama e se desleixam. Sei que a fama ganha dará para compensar a perda de alguns clientes a curto prazo, mas caso os restaurantes continuem assim não acham que poderão vir a sofrer? Não digo que precisem de se reinventar mas precisam, sem dúvida, de arranjar alguma forma de obter um feedback especializado e saber o que trabalhar para, pelo menos, manter a qualidade. Já não falo na questão de melhorarem, mas manter! 
Honestamente, não sei quando voltarei a qualquer um destes restaurantes, pois a vontade de gastar dinheiro num sítio que deixou de me satisfazer não é muita, principalmente quando há ainda tanto por experimentar.

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Mercearia do Peixe (Caxias)

Há muitos anos atrás fui a um restaurante, em Caxias, chamado Mercearia do Peixe e acabei por comer carne! E não estava nada mal, refira-se com honestidade. Mais pormenores, menos pormenores, achei que era um restaurante engraçado e até com uma ementa variada. Única coisa que me tinha realmente irritado era o facto da ementa ter Filet Mignon de Porco Preto. Apesar de ainda não ser tão aficionado à comida como sou agora, esse facto deixou-me algo arreliado pois este é um corte específico de raças bovinas.



Enfim, anos passaram e a verdade é que quase me tinha escapado da mente. Até que surgiu um almoço de família e lá acabei por ter uma segunda oportunidade na Mercearia, e desta vez iria para o peixe! A ementa é realmente variada e apresenta várias propostas com qualidade tanto na vertente carne como na de peixe, como as montras das mesmas demonstram. Para os leitores vegetarianos, lamento, mas não sei.



Com muitos membros familiares fãs dessa iguaria que são as ovas, mandámos vir umas Ovas Pescadas Grelhadas para irmos picando, enquanto aguardávamos pelos pratos principais. Para o efeito de partilha, as ovas surgiram já cortadas mas a nível de grelha poderiam estar melhores. A pele ainda mostrava alguma resistência acabando por se tornar um bocado borrachosa. Para não se tornarem tão secas, um vinagrete caseiro, talvez até com uma cebola picada, poderia ser uma ideia mais engraçada que o simples limão.



Tive também a oportunidade de provar o cantaril, perfeitamente cozinhado e a apresentar uma textura carnuda mas húmida, e o polvo à lagareiro, macio mas sem grandes apontamentos a fazer.
Para prato principal, escolhi umas Sardinhas Assadas que devem ter passado umas horas na praia, sem protector solar, antes de virem para a mesa, tal era a cor que algumas apresentavam. Tirando a ligeira carbonização externa, parece-me que o restante problema era da qualidade da própria sardinha e não da sua confecção. Este almoço realizou-se a meio de Junho e os exemplares de sardinha que experimentei ainda não pareciam estar na melhor das suas capacidades. 



Não é um restaurante que me fascine, apesar dos seus preços acessíveis e da variedade existente na ementa, mas ainda assim é uma opção relativamente segura para qualquer almoço de baixa despesa e bastante variedade.

Mercearia do Peixe
Caxias, Portugal
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Preço Médio: < 20 €

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Volver by Chakall (Lumiar)

Por vezes, os restaurantes parecem menosprezar clientes que se apresentam com vouchers ou com qualquer tipo de vale de desconto. São olhados como os poupadinhos, que tentarão fazer a refeição sem grandes gastos e provavelmente não deixarão gorjeta. Por isso, parece que o serviço se torna mais atencioso para com os clientes "normais", sendo desleixado e despreocupado para com quem aproveita estas promoções.
Mas em restaurantes como o Volver by Chakall isto não acontece! Somos respeitados e estimados como qualquer outro cliente, apresente voucher ou não (fui lá com um vale 2 por 1 da Time Out). O serviço foi sempre bastante profissional, notando-se uma preocupação com a satisfação dos clientes e garantindo que tudo estava do nosso agrado. O único problema que notei foi a existência de alguma demora entre as entradas e os pratos principais. 
Óptimos cocktails, principalmente o Daiquiri de Morango e Gengibre, mas também o gin, um Plymouth com romã, estava bem preparado, ainda que seja algo bastante mais simples quando comparado com um daiquiri.




A ementa não é nada fácil. Não é que seja esquisita ou com mau lettering mas porque ficamos com uma quantidade salivar extraordinária só de ler. Deixa-nos com vontade de provar tudo. Como tal não é possível, decidimo-nos por 2 entradas e 3 pratos principais (sendo que um deles é sugerido para 2 pessoas). A falta de luz nas fotos é natural, pois o Volver apresenta uma decoração bonita mas algo escura, tentando deixar um ambiente mais intimista e com pouca luz, algo que não ajuda quando andamos a tirar fotos à comida mas isso é um problema meu e não do restaurante!
O Couvert é bastante variado, tentando dar uma amostra da variedade e qualidade que se pratica no Volver. Muito bom hoummos e interessante combinação de cogumelo, puré de ervilha e crumble de morcela. Mesmo não sendo um fã de azeitonas, devorei sem misericórdia o scone de azeitona e a tapenade.



A cozinha do Volver não é necessariamente uma cozinha de autor ou complicada. Baseia-se também na qualidade dos seus produtos e na arte de os deixar brilhar sozinhos, como é o caso do excelente Chorizo Argentino con Chimichurri. Diferente dos chouriços ibéricos, e também por vezes chamado chouriço crioulo, não parece ter passado intensivamente por um processo de cura ou de fumo, apresenta-se quase fresco, sendo depois grelhado e regado com o chimichurri.



O Provoleta com Azeitonas e Bacon é qualquer coisa ridiculamente viciante. Não é uma fórmula muito difícil eu sei. Um bom queijo derretido, azeitonas (que eu pessoalmente dispensava mas é um gosto pessoal) e bacon. Algum pão torrado para acompanhar et voilà, uma entrada que vai deixar todos na mesa a desejar ter pedido mais do que uma dose daquilo. Guloso, pecaminoso e viciante provoleta. Pequeno apontamento para as facas que vêm com o queijo não darem muito jeito, sendo mais útil uma colher e uma faca. O pão que acompanha poderia ter maior largura para suportar melhor o peso do queijo.



O Baby Beef, um bife de vazia maturada de 500g, é uma das estrelas da casa. Carne bastante saborosa, apesar de não ser extremamente macia, oferecendo uma ligeira resistência. As pontas da peça não estavam bem limpas e tinham alguns nervos, tornando-se um pouco mais complicado de as mastigar. Tudo o resto estava impecável. Apesar de indicar que será para duas pessoas, a qualidade é tal que acho que conseguiria dar cabo de um bife destes sozinho.



Pouco menos saboroso, mas mais macio, o Olho-de-Boi (300g) é a confirmação que aqui a carne é tratada como em poucos sítios. Não só a qualidade das peças é das melhores em Lisboa, como a simplicidade com que é cozinhada e apresentada torna o Volver um restaurante de visita obrigatória.



Para entrar na "Alma" do restaurante, pedimos ainda o Wellington's Back, a interpretação do clássico prato britânico, Beef Wellington. A carne não poderia ser mais macia, desfazendo-se na boca, e todas diferentes variantes de sabor se ligam muito bem. O queijo da serra dá-lhe um toque salgado que conjuga na perfeição com o doce do mel e a pimenta rosa, acabando por ser tudo suportado pela duxelle. A temperatura da carne estava impecável mas a massa folhada poderia estar um pouco mais cozinhada, tendo o interior ainda um pouco encruado.



Acompanhámos os pratos com um Puré de Espinafres e Banana que me pareceu doce demais e sem grande encanto, um Mix de Batatas Fritas sem uma história de destacar e um excelente Arroz de Pinhões e Coentros. 
De louvar como em nenhum dos pratos a temperatura estava incorrecta. Pedimos as carnes mal passadas e foi exactamente isso que recebemos. 
Os 3 molhos que acompanham as carnes são todos muito bons, ainda que o Crioulo de Manga fosse o mais discreto e que menos aconselharia para acompanhar carne grelhada. Tanto o Chimichurri como o Diávolo estão aprovadíssimos
Depois da qualidade constante que todos os pratos mostravam pensei que não fosse possível as sobremesas estarem ao mesmo nível. Mas enganei-me! Estavam fantásticas, sendo o final perfeito para uma refeição de grande nível. Sinceramente, nem sei qual delas a melhor, se o maravilhosamente preparado Crumble de Morango e Ruibarbo, onde a acidez se intromete na doçura num equilíbrio digno de um trapezista do Cirque du Soleil, ou se a famosa Torta Rogel, com as texturas contrastantes e o viciante sabor do dulce de leche. Os morangos ajudam a cortar alguma da doçura excessiva desta última. Das melhores sobremesas que experimentei, seja em Lisboa ou em qualquer parte do mundo.


Crumble de Morango e Ruibarbo
Torta Rogel
O Volver by Chakall não é um restaurante barato. Existem em Lisboa outros restaurantes para comer carne com preços mais apelativos e com carne de excelente qualidade, mas no cômputo geral este é um dos melhores restaurantes de Lisboa, seja qual for a categoria onde o queiram inserir. 
Sem dúvida alguma hei-de voltar para o Menu Cool Taping, que me parece ser muito apelativo para um simpático jantar de amigos, com a partilha a ser a palavra de ordem.

Volver by Chakall
Lumiar, Portugal
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Preço Médio: < 40 €