quinta-feira, 30 de julho de 2015

O Fernando (Armação de Pêra)

O Algarve está recheado de tascos com pratos regionais, uns melhores outros piores. Sotavento a Barlavento, por todo o lado temos restaurantes que apregoam peixe e marisco da região, também como chamariz para as debandadas de turistas que enchem o sul do nosso país durante o Verão.
O Fernando é mais um destes restaurantes, onde as especialidades vêm do mar e que uma mão relativamente competente consegue fazer brilhar. Nas coisas um pouco mais elaboradas, isto já nem sempre se verifica, como foi o caso da Sopa de Peixe, com muita massa mas pouco peixe. O próprio caldo estava um pouco insípido, necessitando de mais sabor e também sal.



Acho que nunca comi umas Amêijoas à Bulhão Pato no Algarve que não fossem fantásticas, principalmente pela qualidade do bivalve em questão. Estas não fugiam à regra sendo bastante carnudas e com um molho bem apurado, onde podemos afogar todo o pão que nos seja depositado na mesa.



As Sardinhas Assadas mesmo estando bem grelhadas pecavam na sua qualidade. Parece que este ano está complicado conseguir experimentar umas daquelas sardinhas gordas, cheias de molho e que deixam uma piscina de umami no prato. Daquelas que abrimos para descobrir aquela tão deliciosa iguaria que são as ovas de sardinha.  



Um restaurante como tantos outros, com preços típicos para uma ementa típica. Se vale a visita? Porque não! Não há muito por onde errar com estes restaurantes onde as expectativas não são enormes.

O Fernando
Rua D. João II, 1
Armação de Pêra, Portugal
Foodspotting
Preço Médio: < 20 €

quarta-feira, 29 de julho de 2015

Risotto (Rio de Mouro)

Não tenho por hábito falar de restaurantes inseridos em food courts de Centros Comerciais (CC). As opções são quase sempre desinteressantes e de baixa qualidade. Mas abri um precedente quando falei do The Smokery (aqui) e continuarei a abrir excepções caso veja que o nível da comida ou o conceito é inovador e digno de interesse.
E é aqui que se enquadra o Risotto, no CC Fórum Sintra. Mas não existem já alguns restaurantes de CC que fazem risottos? Sim, mas quantos deles são exclusivamente dedicados a este prato? Na verdade, nem considero este estabelecimento como uma verdadeira cadeia de fast-food, pois os tempos de espera para os pratos são superiores ao da maior parte dos restaurantes aqui localizados. E digo isto como um aspecto positivo! Se me servissem um risotto em 1 ou 2 minutos iria estranhar a forma de preparação e finalização do prato. Aqui chegamos a esperar entre 5 e 10 minutos para que o prato seja finalizado e nos seja entregue, ou seja, existe uma boa preparação por parte da cozinha, que consegue ter várias porções de arroz já adiantadas. 
Não precisamos de fazer o risotto num só passo, podendo haver uma pré-cozedura que será finalizada na hora do pedido. Isto nota-se quando o prato chega a mesa. Um nível de cremosidade bastante satisfatório, e com o arroz a apresentar-se "al dente", não seria possível caso tudo estivesse previamente cozinhado. Aqui, nem as apresentações são descuradas. Apenas os caldos usados poderiam ser mais saborosos, dando maior intensidade ao prato.
No caso do Risotto de Frango e Abóbora, tudo foi executado com um nível de competência relativamente elevado com o frango a ser o ponto mais fraco. O facto de haver uma preparação prévia, pois era impossível fazer um peito de frango do início desde o momento que o pedido entrou até ao momento em que recebemos o prato, acabou por deixar o frango um pouco seco. 



Melhor ainda estava o Risotto de Bacon, Cogumelos e Alho-Francês, pois nenhum destes ingredientes estava mal cozinhado e todos eram de qualidade apreciável. De referir ainda que as doses de risotto são bastante generosas. 



Surpreendendo pela positiva, pois não sendo a primeira visita ao Risotto já conhecia a qualidade dos pratos principais, a Tarte de Limão Merengada. Um merengue simpático, uma curd de limão que poderia ter um pouco mais de acidez e uma bolacha que se revelou o melhor componente da sobremesa graças à adição de pequenos pedaços de manjericão à sua base.



Se fosse num restaurante próprio este Risotto poderia cobrar mais pelos seus pratos que eu pagaria sem pensar muito. A quantidade e qualidade apresentada são justificativos suficientes. Como está inserido num food court, acaba por se tornar uma opção excelente para uma refeição "not so fast-food".

Risotto
CC Fórum Sintra - Piso 2
Rio de Mouro, Portugal
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Foodspotting
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Preço Médio: < 10 €

segunda-feira, 27 de julho de 2015

Faisão (Campo Maior)

Estive uma semana a acampar pela Beira Interior e Alentejo, dando por mim em Campo Maior, um pouco farto de grelhados e com vontade de um bom prato alentejano. Ainda que mal preparado quanto à escolha de restaurantes, pois era um dos poucos sítios por onde não tinha contado passar nestas férias, uma rápida pesquisa online deu-me algumas opções e acabei por me decidir pelo restaurante Faisão. Na verdade, estava com desejos de dois pratos específicos e que eram dados como especialidades desta casa: Sopa de Tomate e Migas. Por isso, parecia-me o restaurante ideal.
Entramos e damos por nós naquilo que eu, como lisboeta, considero um restaurante tipicamente alentejano, com toda a decoração adequada. Abrindo a ementa, notamos que existem vários pratos do dia, com características regionais, mas que a ementa fixa contém poucos pratos regionais. Ainda assim decidimos experimentar duas das Especialidades da Casa, ambas aconselhadas para duas pessoas, sendo uma dela uma entrada.
Claramente a ementa tem uma gralha. As doses que nos foram servidas não são doses adequadas para duas pessoas, mas sim para três ou quatro! O Gaspacho à Alentejana é um tacho de barro enorme que bem poderia ser uma refeição completa. Mas não é só o tamanho da dose que é generoso, mas também os sabores que rapidamente nos preenchem a boca e violam o palato. Boa dose de acidez na sopa, bom caldo e bons ingredientes a revelarem os sabores da verdadeira cozinha alentejana e feita por quem tem mão para isso.


Também as Migas à Alentejana vinham numa dose cavalar, claramente um excesso para apenas duas pessoas, mas com tudo certo no que interessa. Boas migas, com um ar bastante caseiro e com bastante alho, fácil de retirar das migas visto estar inteiro para os que não são adeptos do mesmo. Mas a surpresa para mim foi a carne. Nem sempre sou adepto de pedir este tipo de pratos com carne frita pois mais de metade das casas acabam por estragar a carne durante o processo de fritura e fazendo com que a mesma fique seca. Esta vinha suculenta e a desprender-se facilmente do osso, também com bastante sabor e com uma boa dose de tempero, especialmente pimentão doce. Também os enchidos são merecedores de destaque, complementando e completando na perfeição o conjunto. Mais um prato a representar bastante bem a cultura gastronómica alentejana.


Mas nem tudo correu bem e a (grande) desilusão ficou guardada para o fim. O Molotof (Molotoff? Molotov? Não consegui encontrar uma resposta definitiva) estava com uma aparência bastante apetitosa, mas quando tentávamos cortá-lo à colher revelava-se borrachoso e nem o doce de ovos se safava nesta sobremesa. Depois de um inicio e meio auspicioso, o fim revelou-se quase tenebroso.


Faisão
Campo Maior, Portugal
Preço Médio: < 20 €

quarta-feira, 22 de julho de 2015

Churrasqueira da Parede (Parede)

Nunca tinha ouvido falar da Churrasqueira da Parede, mas entrou directamente para a minha wishlist ao fazer parte da Colecção de Bifes da Zomato. Sou apaixonado por um bom naco de carne, mal passado e suculento.
Uma rápida vista de olhos pela ementa e salta à vista o Bife Ancho Na Tábua. Bife Ancho? Que tipo de corte é este? Uma rápida pesquisa (que me levou aqui) diz-me que é um corte sul-americano, originário da Argentina, junto da zona do lombo e que tem uma zona gordurosa interna que separa dois tipos de carne numa só peça. Ok, é mesmo isto!
Ainda dou uma vista de olhos pelo resto da ementa, da qual provei os Croquetes com Arroz de Grelos. Recheio interessante, boa fritura e bom arroz de grelos, mas a estrela deste restaurante é mesmo o Ancho! A carne é muito saborosa, não sendo tão tenra como o típico lombo, e chega à mesa exactamente como pedida e como é recomendado que seja comida: mal passada! O tamanho deste bife é também de salientar. Uma porção bastante adequada, mesmo tendo em conta que possa haver algum desperdício pois não é um corte muito limpo, apresentando alguns pontos mais nevrálgicos. Só é pena as batatas fritas serem desinteressantes e não acompanharem a qualidade da carne. Mereciam mais tempo de fritura, ou até 2 ou 3 turnos de fritura.



Um restaurante pequeno, com uma ementa variada mas onde o destaque vai para a carne. A selecção de vinho é bastante limitada, sendo um capítulo onde poderiam claramente melhorar. Mas a qualidade do Bife Ancho é alta e o preço (12,50€) é mais do que adequado.

Churrasqueira da Parede
Parede, Portugal
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Preço Médio: < 20 €

terça-feira, 21 de julho de 2015

Curtas #1: Carta de Verão do B'Entrevinhos! (Oeiras)

Fui experimentar alguns pratos da carta de Verão do B'Entrevinhos e, apesar do meu prato favorito (a Barriga de Porco com Mel e Especiarias) ter saído da lista, as novas propostas são igualmente boas! Continuo a convencer-me que este é um restaurante de topo em todo o concelho de Oeiras.
Não me vou alongar muito sobre o restaurante (isso podem ler aqui) mas deixem-me garantir-vos que merece uma visita!
Nesta minha terceira refeição, provei as Asas de Frango Picantes onde apenas era desejável que a pele se apresentasse mais estaladiça. Tudo o resto estava irrepreensível.


O Papardele com Cogumelos Selvagens, Parmesão e Azeite de Trufa precisava de mais sabor, apesar do fantástico aspecto do prato. Excelentes cogumelos e boa massa caseira mas o conjunto precisava de algo mais.


O Magret de Pato com Moscatel era também muito bom, mas a pele podia estar mais estaladiça. O ponto da carne estava perto de perfeito e a riqueza do pato combina bastante bem com a doçura do moscatel.


Inovador, diferente, improvável e delicioso. Tudo adjectivos que se encaixam bem na Morcela com Gastrique de Frutos Vermelhos.


Aproveitem o Verão e vão petiscar qualquer coisa num caloroso fim de tarde. Aposto que ficarão como eu, encantados!

B'Entrevinhos
Oeiras, Portugal
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Preço Médio: < 30 €

segunda-feira, 20 de julho de 2015

Aquasul (Tavira)

Tenho a felicidade de já ter visitado Tavira por várias ocasiões, uma cidade algarvia de muitos encantos e boa gastronomia. Mas um dos restaurantes que sempre me tinha escapado, e que muita curiosidade me suscitava, era o Rive Gauche. Depois da inauguração do novo bar cultural O Poeta, lá surge finalmente a tão desejada oportunidade.
Entramos pela porta das traseiras, dando com um grupo de estrangeiros confortavelmente instalados perto da lareira que ambienta a sala (estávamos no frio invernal de Dezembro). Algum fumo na sala, algo incómodo mas normal quando as portas estão praticamente fechadas. Exceptuando este grupo, o restaurante encontrava-se vazio a um sábado à noite.
Um rápido olhar pela ementa foi o causador de alguma repulsa, notando que a ementa é uma desorganizada mixórdia entre o inglês, português e francês. Sei que este é um restaurante com comida de influência europeia (maioritariamente francesa), mas sou adverso às ementas "para estrangeiro ver".
Depois de pedida uma "Sopa de Tomate c/ Queijo Creme de Cabra e Manjericão" e um "Peito de Pato com Molho de Manga Picante" eis que chega o alarme dado pelo grupo de estrangeiros: "Hey! It's on fire!". Pois é, parece que a ideia fantástica de ter uma lareira (e consequente extracção) numa sala com tecto em madeira não correu muito bem e assim acabou gorada a nossa tentativa de jantar no Rive Gauche.



Felizmente, outro restaurante relativamente conceituado em Tavira encontra-se a 50 metros de distância e assim acabámos por conseguir uma mesa no Aquasul. Este é um restaurante italiano, claramente virado para os turistas, e que apregoa (em inglês, "para estrangeiro ver") a confecção de pratos com ingredientes bons, frescos e regionais. Parece-me uma boa premissa. Pena foi o aviso prévio, por parte da empregada, que começavam a escassear alguns ingredientes, havendo a possibilidade de não haver todos os pratos. "Quais?" perguntamos nós, obtendo a resposta "É mais fácil pedir e então eu depois verifico se há ou não."... Não era mais fácil o processo contrário?



Começámos por uma finíssima e boa Pizza de Alho, ou seja, Pão de Alho com massa de pizza, finamente estendido, besuntada com manteiga de alho e algum mozzarella para ajudar a juntar tudo. Bom, leve e de se comer à mão.



Provaram-se ainda uns Croquetes de Bacalhau. Excelente fritura a revelar um interior um pouco insípido. Um pouco de sal e cebola já lhe daria uma outra dimensionalidade no palato, aproximando-os mais do sabor que associamos aos pastéis de bacalhau. O molho romesco que acompanhava pareceu-me pouco arrojado, apesar de ajudar a conferir alguma frescura ao prato.



Para prato principal, decidi-me por uma Pizza Margherita. Se uma pizzaria conseguir uma boa Margherita então é meio caminho andado para produzir boas pizzas de forma geral. Sendo uma pizza mais simples, é também mais fácil compará-la com outras do mesmo género. Mas acabei por ficar um pouco desiludido com o que comi, pois foge à ideia que tenho desta tão tradicional pizza. A massa era boa e bem cozinhada, mas os ingredientes presentes eram fracos. O molho de tomate era excessivamente adocicado, a mozzarella deu pouco o seu ar de graça devido à escassez de utilização e o manjericão a ser transformado em algo parecido com um pesto mas que pouco sabor acabou por dar ao conjunto.


Pizza Margherita no Aquasul
Onde estão os meus pecaminosos pedaços de mozzarella derretida? Onde está um guloso molho de tomate que aumente a produção salivar das minhas papilas? E aquelas refrescantes folhas de manjericão? A comparação com outras Margheritas é inevitável (como a experimentada no Mercantina), mas mesmo que avaliasse só como uma pizza o molho de tomate acaba por pesar bastante na fraca avaliação que faço.


Pizza Margherita no Mercantina
Um restaurante com uma boa premissa mas que me parece falhar um pouco na concretização de alguns elementos simples. Espero ainda que o problema no Rive Gauche seja ultrapassado para que um dia o possa experimentar, mas sem incidentes.

Rive Gauche
Aquasul
Tavira, Portugal
Preço Médio: < 30 €

quinta-feira, 16 de julho de 2015

Landeau (Alcântara)

Deixem-me explicar-vos uma coisa. Eu não sou uma pessoa gulosa! Prefiro atacar a mesa dos salgados do que a dos doces a seguir à refeição. Dispenso a maior parte das sobremesas, existindo claro algumas raras excepções, sobre as quais já fui falando aqui no blog. E nem sou um fã de chocolate preferindo sabores cítricos e ácidos em qualquer altura do ano.
Mas não resisti ao Landeau. As coisas que se ouvem e lêem por aí fora sobre o maravilhoso Bolo de Chocolate foram-me entrando no cérebro e preferi saltar rapidamente do 1300 Taberna (onde também existe um famoso bolo de chocolate) para a esplanada do Landeau e saber afinal se a fama era ou não justificada.



E não é que me levantei rendido e deliciado por aquilo que normalmente consideraria uma obscenidade de açúcar? Aquela primeira colherada afasta qualquer dúvida que possa existir quanto à qualidade do bolo. Estamos na presença de chocolate (em pó) em cima de chocolate (em mousse) em cima de chocolate (em bolo). E talvez me esteja a falhar alguma fina camada intermédia com mais chocolate! Surpreendentemente, nada disto é excessivamente doce. Tudo tem a quantidade qb de açúcar para que o bolo não se torne enjoativo. Torna-se é viciante.

Landeau
Rua Rodrigues Faria, 103
LX Factory, Alcântara, Portugal
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Preço Médio: < 10 €

quarta-feira, 15 de julho de 2015

1300 Taberna (Alcântara)

Há muitos anos que não visitava a 1300 Taberna. A única experiência que lá tinha tido foi num Dia dos Namorados, com um menu predefinido e respectivo acompanhamento de vinho. Já na altura tinha ficado com excelente impressão do espaço e, sobretudo, da cozinha praticada pelo chef Nuno Barros, mas tardava por acontecer a oportunidade de poder experimentar o restaurante à carta.
E, eis que finalmente surgiu essa oportunidade, num almoço semanal. Sei que não é um restaurante barato, mesmo com um menu de almoço, que calculo ser mais barato que o de jantar, mas não esperava encontrar uma sala tão bonita numa tão desconsoladora solidão. Bem, ao menos teríamos o serviço e a cozinha praticamente só para nós...
Começámos a refeição com um Gaspacho com Cavala Fumada, que veio substituir (por sugestão do chef) a inexistência do prato de salmão fumado. Não acho que tenhamos ficado a perder com a troca. Pelo contrário, acho que a delicadeza dos sabores do gaspacho se complementavam de tal forma com a subtileza da cavala que saímos a ganhar. Fresco, revigorante e com textura dada pelo pão frito, este gaspacho é uma aposta ganha para tempos mais quentes.



Como o calor já se começava a fazer sentir, também a Terrina de Leitão, Brioche, Laranja e Pimenta Preta é um prato servido frio. O leitão macio e cortado fino brincava com o crocante dos croutons, a doçura da laranja e a envolvência da maionese de pimenta preta. Brincadeiras saudáveis, ou que assim aparentam, numa combinação clássica mas que nos satisfaz o espírito e refresca o espírito.



O Peito de Frango Recheado com Enchidos estava bastante bem executado com o peito a manter-se húmido e macio, algo que nem todos os restaurantes conseguem. Quantas vezes não nos apresentam um peito de frango seco e fibroso? O molho de fricassé um pouco discreto demais e a não fazer a diferença no prato. O ratatouille que acompanha, que nós pedimos para ser trocado por batata migada mas que o serviço gentilmente disponibilizou para que pudéssemos provar na mesma, não convenceu a francesa à mesa com uma versão mais pesada do que seria de esperar.



Vocês não sabem como eu gosto de uma boa bochecha. Sirvam-ma grelhada ou estufada mas é daquelas partes do animal que adoro e peço quase sempre que a vejo numa ementa. Principalmente se forem como estas Bochechas de Porco com Batata Migada e Maçã de Alcobaça que se separam facilmente na inserção do garfo, revelando um interior rosado e macio. Acompanhava com uma cremosa batata migada e balanceava com a acidez do puré de maçã.



Provei ainda umas saborosas Costeletas de Borrego Grelhadas com Couscous e Molho de Iogurte e Hortelã. Muito saborosas e exemplarmente cozinhadas. A sobremesa essa ficou para outras paragens, mesmo sabendo que o bolo de chocolate da Taberna (apelidado de Eusébio, desde os tempos de Oeiras) é um dos ex-libris da casa, mas a curiosidade de experimentar o do Landeau bateu mais forte.



O 1300 Taberna não é um restaurante barato mas apresenta uma cozinha de sabores claros e que justifica o preço praticado. Pratos bem executados, pela mão do chef Nuno Barros, que vão deixando história na cidade de Lisboa. A baixa cozinha, que Nuno Barros começou no 2780 Taberna, não se revela tanto mas parece ainda estar presente em pormenores dos pratos do 1300 Taberna.



1300 Taberna
Rua Rodrigues Faria, 103
LX Factory, Alcântara, Portugal
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Preço Médio < 40 €

segunda-feira, 13 de julho de 2015

Santa Luzia (Manteigas)

Quando vou de férias tenho a mania de me preparar ao nível gastronómico, para poder satisfazer as minhas vontades de jantar fora com alguma qualidade. Não quero com isto dizer que vá jantar fora todos os dias, muito pelo contrário. Apenas gosto de ter as minhas opções relativamente abertas, mas este método não é infalível. Quis ir em Setembro festejar uma data especial ao Vallécula, em Valhelhas, um restaurante onde fui no Verão de 2013 e do qual fiquei fã. Mas, apesar da informação que tinha retirado de alguns sites fiáveis, parece que o restaurante fecha para jantar ao Domingo, algo que eu não sabia. 
A segunda opção era o Dom Pastor, em Manteigas, mas parece que ao Domingo ao jantar também está fechado, algo que desconhecia devido à pouca informação online existente. Acabámos por dar uma volta por Manteigas, olhando para várias ementas, e decidindo ficar no Santa Luzia, por parecer ter a ementa mais apelativa.
Para começar a saciar o apetite aberto pela caminhada e ares da serra, foi pedida a Vara de Enchidos, que trazia 4 variedades diferentes de enchidos regionais, todos de um nível muito bom. Chouriços carnudos mas macios, uma morcela fantástica e uma farinheira de chorar por mais. Que todos os inícios de refeição fossem assim e eu seria sempre feliz.


Apesar de nos apetecer pratos de carne, queríamos grandes e bons nacos de carne, e por isso optámos por passar os pratos mais tradicionais como a Chanfana ou o Cabrito. O Medalhão de Vitela com Molho Bearnês a apresentar-se com um naco de carne de bom tamanho mas excessivamente passado (foi pedido mal passado e chegou médio-bem). A qualidade da carne era aceitável mas sem ser fantástica. Já o molho Bearnês veio cobrir todo o medalhão, mas com uma temperatura tépida e sem grande sabor. 


Como um só prato de carne não chega, pedimos também o Costeletão de Vitela ao Sal, sendo que este "ao Sal" nada tem a haver com a forma de cozinhar peixe "ao Sal", sendo, logicamente, uma costeleta de tamanho gigante grelhada e sendo temperada apenas com sal. Melhor qualidade na carne deste costeletão do que no medalhão, mas com o mesmo problema de temperatura na carne, pois o corte parecia-me pouco uniforme a nível de altura, tornando o centro da costeleta muito passada e apenas a parte junto ao osso estava mal passada. Ainda assim, doses bastante generosas e com bons acompanhamentos a preços simpáticos (12€ cada um dos pratos principais descritos).


Já um pouco cheios, decidimos pedir algo ligeiro para sobremesa, mas tentando voltar aos produtos regionais, e por isso pedimos o Queijo da Serra com Marmelada. Não sei bem o que esperava desta "sobremesa", mas certamente não era algo com tão pobre aspecto como o que surgiu. Esperava algo nas linhas desta imagem, com um queijo de comer à colher e algumas fatias generosas de marmelada. Mas, apesar do queijo de bom sabor, sendo bem acompanhado por uma marmelada boa, ainda que um pouco seca, todo o prato acabou por desiludir.


Ao longo de todo o jantar o serviço, apesar de simpático e prestável, parecia ter sempre aquela simpatia (es)forçada que se nota facilmente. Felizmente, não foi esforçado o suficiente que prejudicasse a experiência só por si, mas a qualidade da comida não ajudou a que ficasse com muito boa impressão.

Restaurante Santa Luzia
Manteigas, Portugal
Preço Médio: < 30 €

quarta-feira, 8 de julho de 2015

O Tavares (Linhó)

Já vos aconteceu recomendarem um restaurante, recentemente descoberto, para um almoço de família e depois não ser tão bom como foi da primeira vez que lá foram? Claro que existem N factores para que isto possa acontecer, mas a vontade de nos enrolarmos a um canto, embalando-nos e murmurando "Mas eu gostei mesmo deste restaurante há 4 dias atrás", é grande.
Vá, não vou exagerar, o restaurante não mudou da noite para o dia. A ementa continuou a ser apelativa, com pratos de carne e de peixe apetecíveis, a preços bastante justos e em boas doses, o serviço prestável, mesmo com bastante confusão, e a comida que pedi continuou num patamar de qualidade bastante aceitável. O que mudou? Os tempos de espera, e logo num dia em que eu estava com alguma pressa, e a falta de qualidade do atum.
Será uma questão de sorte na escolha dos pratos? Tanto na primeira como na segunda visita, os Lagartos de Porco Preto eram muito bons. O que o nível adequado de sal e uma mão competente na grelha fazem a tão "grosseiro" corte do animal. 



Também a gigante Espetada à Tavares com Louro se apresentava bem confeccionada, com os nacos de carne mal passados. O corte de carne era adequado à espetada mas precisava de um molho que complementasse a carne. Algo que a enriquecesse a nível de sabor. (Sim João, eu disse-te que ia mesmo pôr aqui a foto da espetada em que tu apareces... Isto de tirar fotos a comida tem os seus riscos de "emplastrismo")



Provou-se ainda um saboroso e exemplar rascasso. A fealdade do peixe é inversamente proporcional ao seu sabor. 
Também saboroso estava o Cozido à Portuguesa, prato do dia na segunda visita. Primeiro deixem-me salientar a imensidade da dose apresentada. Fiquei com a impressão que uma dose chegava perfeitamente para 3 pessoas. Depois, a diversidade e qualidade das carnes e enchidos representados. E o arroz, um dos indicadores de qualidade de qualquer cozido que se preze? Um pouco seco, mas bom de sabor e claramente cozinhado com a água do cozido. 



Mas porquê o drama quanto ao receio de fazer recomendações para ocasiões familiares? Primeiro porque a maior parte das minhas experiências em restaurantes são partilhadas com poucas pessoas. Quando multiplicamos este número por 5 é normal que os tempos de espera aumentem exponencialmente e o serviço se torne mais complicado. É difícil gerir uma mesa de 20 lugares num restaurante. 
Mas pior é quando as pessoas que lá levamos experimentam um prato que não está nem perto da qualidade que eu julgava que o restaurante seria capaz. Neste caso, vários Bifes de Atum onde nenhum se apresenta mal passado, como o serviço o tinha descrito. Todos vêm para a mesa bem passados e com um atum sem grande qualidade. Prontificaram-se a mudar por outro bife que tinham feito a mais e tinha sobrado mas também este sofria de sobreexposição ao calor.
Não deixo de considerar O Tavares como um bom restaurante, principalmente para grupos. As doses generosas e os preços moderados ajudam a equilibrar algumas inconsistências na qualidade da comida e possíveis atrasos na cozinha, que são expectáveis em grupos grandes.

O Tavares
Rua da Ribeira, 32
Linhó, Portugal
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Preço Médio: < 20 €

segunda-feira, 6 de julho de 2015

Herdade de Montalvo (Alcácer do Sal)

Já vos falei de uma das minhas paragens favoritas para quem faz a viagem de férias (ou trabalho) até ao Algarve, como O Cruzamento, mas outro bom ponto de paragem é Alcácer do Sal. Se quiserem ficar por Alcácer do Sal, existem várias boas opções nas imediações! Por já ter ido várias vezes ao Hortelã da Ribeira, sugeri à família irmos experimentar A Escola, restaurante ao qual fui o ano passado e onde fiquei bastante bem impressionado. Mas ao chegarmos ao restaurante, o que ainda envolve um desvio de 17km de Alcácer, deparámo-nos com a sala cheia e como a fome já apertava, não quisemos esperar e fomos à opção mais próxima possível, a Herdade de Montalvo.
Ao contrário da opção anterior, este encontrava-se praticamente vazio, e depois de posta a mesa no simpático alpendre de que dispõem, fomos informados quais eram os Pratos do Dia, acabando por nem sequer olhar para a ementa propriamente dita. Para mim, Galinha de Cabidela, tentando suprimir a fraca cabidela experimentada no Dom Henrique. E, não sendo uma cabidela fantástica, faltando-lhe uma maior profundidade de sabor e vinagre, ainda assim era saborosa e com a carne bastante macia. Também provei o Choco Frito e o Cachaço de Porco, estando ambos com uma qualidade acima da média.



Para a sobremesa pedi aquilo que foi dito ser uma das especialidades da casa, o Pudim de Abóbora. Apesar da aparência ligeiramente queimada (na sua base), esta sobremesa era simplesmente fantástica. Boa textura, óptimo sabor a abóbora, sem ser exageradamente doce para um pudim. Já a Sericaia era bastante massuda mas com uma óptima compota de ameixa (mas sem ameixa). Em conversa com os responsáveis do restaurante, percebemos que têm tido vários problemas em conseguir acertar na receita da sericaia.



Um restaurante simpático e, principalmente, uma óptima opção para se, como nós, chegarem à Escola sem reserva, encontrarem o restaurante cheio e não tiverem vontade de procurar muito mais por uma refeição.

Restaurante da Herdade de Montalvo
Alcácer do Sal, Portugal
Preço Médio: < 30 €

quarta-feira, 1 de julho de 2015

Santa Clara dos Cogumelos (Santa Apolónia)

A visita ao Santa Clara dos Cogumelos não foi uma visita qualquer. Para imaginarem o nível de expectativa em que me encontrava, este era o restaurante que estava no topo da minha wishlist. Adoro cogumelos e desde a abertura deste restaurante que andava tão excitado como um hippie no Woodstock. Demorou mas valeu a pena garanto-vos.
Primeira impressão, e que perdurou, foi a de um serviço informal mas respeitoso e bastante simpático. Por vezes, clientes portadores de descontos (como era o meu caso que ia com um desconto Time Out) podem ser alvos de um nível de simpatia inferior mas aqui não foi o caso. Durante toda a refeição houve simpatia e sorrisos, mesmo com algum embaraço, causado pela incapacidade de conseguir beber a cerveja artesanal produzida pelo restaurante, pois esta não parava de jorrar espuma como um vulcão activo. Uma situação que poderia ser chata acabou por ser resolvida com alguma diversão à mistura.
A ementa do Santa Clara dos Cogumelos é, como podem calcular, focada em cogumelos, de vários tipos e feitios. Um aviso à navegação: Se não gostam de cogumelos, esqueçam! Todos os pratos, sobremesas inclusive, contêm cogumelos. Não existem alternativas e, muito sinceramente, isso não me incomoda nem um bocadinho. É uma forma de se manterem fiéis ao conceito que têm e não acho que seja de forma alguma prejudicial.
Sendo um menu com entradas, petiscos e pratos, aconselho a pedirem (para 2 pessoas) 3 petiscos e 1 prato principal, podendo posteriormente decidir se querem mais ou não, mas esta foi a abordagem que seguimos na nossa visita. Aqui, o difícil é escolher.
Começámos com uns Pleurotus de Fricassé de excelente sabor e com o molho a apresentar uma boa cremosidade, mas gosto do fricassé com um maior nível de acidez para cortar a riqueza do ovo. De realçar que todos os pratos de petiscos são confeccionados com cogumelos diferentes, sendo estes uns Pleurotus Ostreatus, comummente denominados de Cogumelos Ostra.



Já os Cogumelos Panados pareciam ser uns típicos Cogumelos Paris (ou Agaricus Bisporus), perfeitamente fritos com aquela camada exterior crocante e o interior carnudo e macio. Acompanhou com um molho de iogurte e açafrão interessante e leve.



Para terminar a ronda de petiscos, chegaram os Shitake à Bulhão Pato. Boa consistência, bons cogumelos Shiitake e bom molho nesta interpretação de algo tão tipicamente português mas executado com um produto encontrado com mais regularidade na gastronomia asiática. Bom, guloso e a pedir pão, tal como o molho da fricassé também já tinha pedido.



Mas o prato da noite foi o Magret de Pato que, mesmo apesar de alguns aspectos com o qual não fiquei deslumbrado, foi o prato que mais marcou esta refeição. Um peito de pato com o interior bem rosado mas onde a gordura podia estar mais cozinhada e a pele mais estaladiça. Mas o efeito surpresa é o intenso sabor fumado que está incorporado no pato. Surpreendentemente bom! O molho de laranja ajuda a fundir sabores dando-lhe uma nota de maior dimensionalidade.
O risotto de Porcini (Boletus Edulis) "al salto" não convenceu. A técnica de fritura (usada tradicionalmente para reaproveitamento) acaba por secar um pouco o arroz, retirando-lhe cremosidade, e o próprio bago usado pareceu-me estranho. Duvido que fosse Arbório, e não tenho conhecimentos suficientes para os diferenciar, mas pelas descrições que li sobre os diferentes bagos, pareceu-me ser Carnaroli. (Podem ler aqui sobre os diferentes tipos de arroz para risotto)



Não podia sair do Santa Clara dos Cogumelos sem provar uma das sobremesas, pois estas também têm cogumelos. A escolha acabou por recair no Pecado de Santa Clara que, infelizmente, se mostrou pouco pecaminoso. Uma boa sobremesa, bastante inovadora no uso das trompetas da morte (Craterellus Cornucopioides) tanto no topo da tarte de limão como incorporadas em pó entre o creme de limão e o merengue. Bom, com doçura e acidez qb, mas que não me maravilhou neste viagem alucinogénica.



As expectativas que tinha para o Santa Clara dos Cogumelos foram correspondidas. Adoro o conceito e a ementa desenhada à volta desse mesmo conceito (algo que também me atraiu no Pigmeu). Adorei a comida experimentada e só fiquei triste por não conseguir experimentar toda a ementa. Resumidamente, adorei o Santa Clara dos Cogumelos.

Santa Clara dos Cogumelos
Mercado de Santa Clara, 7 - 1º Andar
Santa Apolónia, Portugal
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Preço Médio: < 30 €