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segunda-feira, 20 de agosto de 2018

Fialho (Tavira)

O Algarve é conhecido pela sua gastronomia virada para o mar, principalmente em preparações simples e que deixam o produto brilhar. Podemos encontrar restaurantes deste género um pouco por todo o lado mas, perto de Tavira, sempre tinha lido bastante sobre o Fialho, um dos restaurantes com melhor produto e melhor relação qualidade-preço. Não estamos no domínio das marisqueiras fancy, mas sim num típico restaurante algarvio, quase uma cabana à beira estrada, com um aspecto clássico de tasco.
Iniciámos hostilidades com umas boas Amêijoas à Bulhão Pato, ainda que o molho pudesse estar um pouco mais apurado, mas cumpriu na mesma os requisitos mínimos.


Atirámo-nos depois a umas Ovas de Choco, um petisco nunca antes experimentado por este vosso entusiasta, mas do qual fiquei fã. Encontra-se muitas vezes frito, mas aqui surpreendeu os comensais presentes ao aparecerem numa banheira de escaldante azeite aromatizado com alho e salsa. Não sabia bem o que esperar, mas fiquei rendido, tanto às ovas em si como ao azeite aromatizado onde cheguei a mergulhar pão diversas vezes.


Um dos ex-libris da casa é o Arroz de Lingueirão, que chega à mesa numa dose que dá para 3 pessoas. Infelizmente não achei que estivesse à altura de outros locais onde este icónico prato é servido. Para além do picante, que é uma preferência pessoal neste tipo de pratos, faltava-lhe algum sal e um melhor rácio na proporção entre arroz e bivalve. Pela positiva, arroz bem cozinhado, bastante caldoso e a gigantesca dose.


Encaro atum como se de carne se tratasse e, como tal, peço-o sempre mal passado. Infelizmente isso não aconteceu aqui com a Barriga de Atum. Boa qualidade da barriga, não tendo secado mesmo estando bem passada, mas acho que perde bastante ao ser servida assim.


Terminámos com uma Torta de Laranja com muito pouco sabor, mas de textura correcta. Numa região tão famosa pelas suas laranjas, seria de esperar que as tortas de laranja tivessem sempre bastante sabor.


Uma refeição com alguns altos e baixos mas não achei que justificasse a fama que tem. Tirando as ovas de choco, tudo o resto podia ser melhor e os pratos principais falharam em pormenores essenciais.

Fialho
EM 1339, 1090E - Luz de Tavira
Tavira, Portugal
Preço Médio: < 30 €
Data da Visita: 12 de Agosto 2018

segunda-feira, 14 de agosto de 2017

O Ribeirinho (Guia)

O Algarve é sobejamente conhecido pelas suas praias, o seu peixe, o seu marisco e os milhões de turistas que todos os anos populam cada metro quadrado de areia como se fosse o último. Mas, há um prato que atravessa as fronteiras da regionalidade portuguesa e é o foco de todos os que se dirigem à população da Guia, em Albufeira. Falo claro do Franguinho à Guia, popularizado pelo famoso Ramires (aqui) mas que se espalhou pela área de Albufeira como as hamburguerias se espalharam por Lisboa nos últimos anos. 
A questão aqui foi a perda de qualidade que verifiquei no Ramires da última vez que lá fui, começando a ouvir falar de muitas outras opções válidas na zona da Guia. Há até quem jure a pés juntos que o Teodósio tem, e sempre teve, um franguinho melhor do que o Ramires. Mas esse tira-teimas terei que deixar para outras núpcias.
Fomos então experimentar O Ribeirinho, na Estrada Nacional 125, onde a especialidade (e aquilo que vemos sair para todas as mesas) é esta pequena ave. O serviço é feito a uma velocidade quase estonteante (ainda que o restaurante esteja bem composto) e em pouco tempo chega a nossa vez de experimentar o afamado bicho.


Que em nada fica a dever à casa original, e baseando-me só na última visita que fiz ao Ramires arrisco-me a dizer que supera, seja na confecção do frango, no molho utilizado, na forma como o sabor da pele estaladiça nos preenche a boca ou até nos simples acompanhamentos que se apresentam bem executados.
Simples, bom e rápido... tudo o que queremos numa refeição de Franguinho à Guia!

O Ribeirinho
Guia, Portugal
Preço Médio: < 20 €
Data da Visita: 11 de Julho 2016

domingo, 13 de agosto de 2017

Serol (Armação de Pêra)

Como é lógico, não conheço todos os restaurantes relevantes do país. Arrisco-me a dizer que nem 1% desses restaurantes conheço ou tenho sequer referenciados, para não falar da volatilidade com que a definição de "relevância" pode mudar ou os restaurantes que podem abrir e fechar. Por isso, nunca tinha alguma vez ouvido falar do Serol, uma marisqueira já antiga em Armação de Pêra com um tipo de oferta que podemos encontrar um pouco por todo o país, e a preços que não me pareceram demasiado inflacionados pela zona.
Há aqui uma coisa que quero deixar clara. Temos das melhores, senão mesmo a melhor, costa do mundo! Temos produtos vindos do mar que deixam o resto do mundo a salivar! Temos acesso ao melhor peixe e o melhor marisco... então porque falhamos tantas vezes na forma como o tratamos?
Adoro Bifes de Atum. O que eu não gosto mesmo é que a quantidade de vezes que pedimos um bife de atum grelhado e vem completamente passado e seco! Já é natural que se use partes mais magras do atum para os bifes (salvo algumas excepções, normalmente no Algarve, onde conseguimos encontrar barriga de atum), mas agora cozinhá-lo até à exaustão? Vá lá, é atum! É tratá-lo como carne e deixá-lo muito mal passado! Principalmente quando o peço mal passado... aliás, se tivesse vindo cru para a mesa até tinha sido melhor. O serviço ainda tentou minimizar a questão mas a verdade é que era o último bife que tinham e odeio esperar por comida quando já toda a gente tem a sua na mesa. 


O sabor era bom e o atum até tinha alguma qualidade, o que ainda me chateia mais por a cozinha o ter estragado, mas é impossível ultrapassar o excesso do ponto de cozedura. Uma pena, já que os Lombinhos de Peixe-Galo à Bulhão Pato que também se comeram na mesa estavam bem melhores.
Assim que os restaurantes portugueses, principalmente aqueles que existem há demasiados anos e acabaram por parar no tempo, se aperceberem como se deve tratar a matéria prima fantástica que temos, então sim vamos finalmente poder mostrar a nossa gastronomia mais pura e tradicional ao resto do mundo!

Serol
Armação de Pêra, Portugal
Preço Médio: < 30 €
Data da Visita: 9 de Julho 2016

sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Casa da Igreja (Cacela Velha)

Há sítios que primam pelo uso de técnicas inovadoras na sua cozinha. Espumas, sous-vides, esferificações e outros que mais. Têm cozinhas gigantes e brigadas altamente treinadas para que tudo seja perfeito.
E depois há sítios como a Casa da Igreja, em Cacela Velha, onde é tudo perfeito recorrendo apenas a técnicas simples e aos produtos existentes a meros passos do restaurante. Claro que a proximidade à Ria Formosa é um privilégio, a vista natural é algo do outro mundo e a envolvente veranil ajuda mas é raro termos acesso a produtos desta qualidade a preços tão justos.


Começamos com o Pão que a casa tem, com uma crosta fantástica e um interior perfeito, daqueles que temos vontade de comer assim mesmo à guloso.


Mas que podemos, e devemos, acompanhar com um óptimo Queijo de Ovelha Amanteigado.


Ou um muito bom Chouriço Assado, que larga sucos merecedores de varrer todo o prato com o pão.


Mas não esqueçamos que nesta terra, os produtos marítimos são as grandes estrelas e na Casa da Igreja vamos encontrar apenas o melhor que a Ria tem para oferecer. Fantásticas Amêijoas, servidas sem grande artifícios ou temperos, com os bivalves são gordos e muito saborosos e o molho no fundo da travessa de uma naturalidade rara para quem está tão habituado aos coentros do Bulhão Pato.


E, que dizer das Ostras, sejam ao natural ou a vapor? Acho que nunca tinha percebido a expressão "comer o mar" tão bem como aqui. Ainda para mais com um preço inigualável em qualquer restaurante que já tenha visitado, pois uma dúzia custa 12€. Imperdível

Ao Natural
Ao Vapor
Tal como a cozinha da Casa da Igreja é simples, também este texto não precisa de muitas palavras. Simplesmente fantástico!

Casa da Igreja
Cacela Velha, Portugal
Preço Médio: < 30 €

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Uma questão de qualidade (ou falta dela)!

Há coisas que não fazem muito sentido. Se um restaurante chega a um patamar de qualidade, não deveria trabalhar para se manter com essa qualidade? Qualquer decréscimo da mesma poderá influenciar novos ou habituais clientes. Eu sei que a pressão e o trabalho para manter um padrão de qualidade é muito, mas tal é necessário para que se consiga manter uma quantidade de clientes suficientes para podermos prosperar no mundo da restauração.



Se há coisa que me irrita é repetir um restaurante (algo relativamente raro em mim) e esse restaurante presentear-me com uma refeição muito abaixo daquilo que já la experimentei. Que seja um pouco abaixo eu até aceito, mas quando há uma notória queda na sua qualidade isso deixa-me irritado. Irritado e sem vontade nenhuma de regressar, porque sei que já foi bem melhor. Pior ainda quando vou lá com alguém porque lhe disse "Temos que ir ali, que vamos comer muita bem!" (sim, usei a palavra muita qual Jorge Jesus de devaneios gastronómicos!).


Ok, agora que este desabafo já me aliviou alguma pressão do peito, passo a explicar. No espaço de menos de 1 mês consegui ser vítima destes "descuidos", em 2 espaços distintos. Decidi voltar ao Gaijin Sushi Bar (sobre o qual já falei aqui) e experimentar a renovada carta do All You Can Eat. Uma ementa mais extensa, com peças novas, nomeadamente mais variedade nos gunkans, temakis e alguns spring rolls (com folha de arroz no lugar de alga), mas com algumas limitações de pedidos no sashimi e nos gunkans. Por exemplo, se desejarmos nigiris existe uma taxa extra de 3€ e continua a haver a taxa de 1€ para cada peça que não seja consumida.



Ok, políticas da casa à parte, o que me chateou foi a qualidade da comida ter sido pouco acima da média (deixando de ter uma relação qualidade/preço que considerava justa) e o terrível e baralhado serviço. Pratos com peças não pedidas e a chegar em duplicado foi o prenúncio de uma refeição que de nada teria de especial. Juntando a isso um arroz que não estava ao nível das anteriores visitas e a baixa qualidade demonstrada nalgumas peças (por exemplo, os rolos com pele de salmão tinham a pele dura e seca), ignorando ainda o facto de se poder considerar o menu algo limitado ao nível da criatividade (o que a mim não me chateia muito, desde que as coisas sejam bem executadas), então o Gaijin deixa de ser um restaurante que eu recomende facilmente.


O mesmo se passou com o tão famoso Ramires e o seu Franguinho da Guia. Se no ano passado, algo estranho se passou (podem ler mais sobre isso aqui), este ano foi uma desilusão tremenda. O frango não estava nada de especial, a salada não estava bem temperada e as batatas eram deploráveis. Neste momento, existem melhores (e mais baratas) opções para comer frango por todo o Algarve e até Lisboa!


Parece que se encostam à fama e se desleixam. Sei que a fama ganha dará para compensar a perda de alguns clientes a curto prazo, mas caso os restaurantes continuem assim não acham que poderão vir a sofrer? Não digo que precisem de se reinventar mas precisam, sem dúvida, de arranjar alguma forma de obter um feedback especializado e saber o que trabalhar para, pelo menos, manter a qualidade. Já não falo na questão de melhorarem, mas manter! 
Honestamente, não sei quando voltarei a qualquer um destes restaurantes, pois a vontade de gastar dinheiro num sítio que deixou de me satisfazer não é muita, principalmente quando há ainda tanto por experimentar.

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Luar da Fóia (Monchique)

A serra algarvia é dona de uma beleza extraordinária. A sua paisagem e envolvente são únicas, dando lugar a recantos preciosos. Quando a isto se junta o melhor da gastronomia local, ficamos na presença de restaurantes que merecem ser icónicos em qualquer guia deste país que entenda promover a boa comida portuguesa.
Nem sempre os lugares de comida tradicional portuguesa são tascos. Nem sequer é uma regra que possa ser seguida axiomaticamente. Cada vez há mais lugares que não se preocupam só com a qualidade da sua comida ou com a utilização dos melhores produtos, dando preferência a sabores da sua região, mas que acrescentam a isso uma boa apresentação nos seus pratos, um serviço cuidado e um restaurante atraente. E quem diria que na Fóia, perto de Monchique, se encontra um lugar que preenche todos estes requisitos? A isso juntamos uma varanda detentora de uma das melhores vistas imagináveis e temos o Luar da Fóia!
Esta é daquelas ementas onde tudo é apelativo e onde cada item nos deixará o estômago a roncar em antecipação. Os preços parecem ser um pouco puxados (os pratos rondam os 15€) mas as doses são de tal tamanho que 3 chegam perfeitamente para alimentar 4 pessoas de bom apetite. Fora da ementa há ainda carnes maturadas, por isso não se coíbam de perguntar o que há.


Foto retirada daqui
O couvert apresenta um fantástico pão, com boa crosta e um interior qb de massudo mas muito saboroso. Apresenta-se também na mesa um bom queijo amanteigado e um Presunto de excelente qualidade, apesar de não aparentar ter muito tempo de cura e ser cortado de forma excessivamente grosseira. Pareciam mais bifes de presunto.



O Polvo Frito com Batata Doce foi a surpresa do dia. Não só a conjugação não é muito comum, como funciona na perfeição. A doçura da batata ajuda a suportar o sabor do polvo frito em alho e coentros. A execução de todo o prato é quase infalível e só desejaria que a batata estivesse um pouco mais crocante para contrastar com o macio polvo.



O Leitão de Porco Preto também tinha elementos surpreendentes. Ainda que apresentado sem um molho que suportasse a carne, o que não foi muito grave visto que não estava seco, o leitão veio praticamente todo desossado, mostrando algum cuidado por parte da cozinha quanto ao que põem no prato. A pele estava pouco uniforme quanto à textura, com algumas partes crocantes e outras nem tanto. Boas batatas fritas caseiras, cortadas finas, estaladiças e sem excesso de gordura.



Apesar de bem cheios, todos os comensais quiseram experimentar as sobremesas. A Mousse de Alfarroba com Gelado de Baunilha mostrou-se simpática, e deu uns ares de graça pela lembrança de gelado de baunilha coberto com chocolate derretido, mas não mais que isso.



O Morgado de Figo era demasiado consistente e seco, acabando por ficar cerca de metade no prato. Ao fim de várias colheradas os meus maxilares já se começavam a queixar. Precisava de algo que ajudasse a cortar a consistência do bolo, como um gelado.



Refrescante foi a reinterpretação de morangos com chantilly no formato de Morangos com Mascarpone. Uma sopa de morangos cremosa, com a sua acidez e doçura a ser bem suportada pelo mascarpone.



Excelente Pudim de Mel, com bom sabor e consistência, não se mostrando excessivamente doce ou massudo. A calda colocada por cima ajuda a que o pudim não esteja seco, acabando por ser a melhor sobremesa experimentada.



Um restaurante delicioso e que vale a viagem, sem dúvida! A localização é excelente, mas não nos esqueçamos que o que realmente interessa no final é o que sai da cozinha e foi esse ponto que me deslumbrou.

Luar da Fóia
Estrada da Fóia
Monchique, Portugal
Foodspotting
Facebook
Preço Médio: < 20 €

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Prazeres da Ria Formosa (Olhão)

Parece que a zona ribeirinha de Olhão está a crescer. Percorrendo toda a Avenida 5 de Outubro, dei por mim maravilhado pela quantidade surpreendente de restaurantes interessantes que por ali prosperam. Do mais tradicional e regional restaurante algarvio, a casas de petiscos, tascas modernas e até mexicanos. Parece haver de tudo um pouco, uns com melhor pinta que outros, mas ainda assim uma zona curiosa para se explorar. Estranhamente, não me lembro de ver uma hamburgueria mas de certeza que por lá haverá também esse fungo que, nos dias de hoje, prolifera em qualquer ambiente.
E foi exactamente a um destes novos restaurantes com boa pinta que fui jantar. O Prazeres da Ria Formosa é uma marisqueira, promovendo o melhor dos produtos locais, com um serviço amigável, brincalhão e descontraído.
Não sendo um grande apreciador de marisco (exceptuando eventualmente a secção de bivalves), acabei por petiscar um pouco da Mariscada Familiar e atentar à qualidade do que se servia. Para além da generosa quantidade do que é servido, dando a Mariscada para uma refeição de 2 ou 3 pessoas à vontade, tem uma variedade considerável de espécies, tudo cozinhado da forma mais genuína, para que a qualidade natural do produto sobressaia. Ostras, sapateira recheada e suas pernas, camarão cozido, camarão tigre grelhado, berbigão, lingueirão, amêijoas, e talvez algo mais que me possa ter escapado da mente, tudo de uma frescura invejável e excelente qualidade. A excelência dos produtos locais a poucos passos da Ria. Outra coisa não seria de esperar quando a proximidade à origem é tanta.



Muito bom o Arroz de Lingueirão, bastante malandro e tentando roubar todo o protagonismo ao anterior prato. Perfeitamente cozinhado, com uma quantidade adequada de "bichos" e um caldo saboroso, este exemplar em nada fica atrás de outros mais famosos. O tamanho da dose dá perfeitamente para 2 pessoas.



Decidi experimentar, para sobremesa, aquele que é o verdadeiro exemplar de um trifecta clássico da doçaria regional algarvia, um Doce de Figo, Alfarroba e Amêndoa. Ao chegar a fatia, pareceu-me um pouco massudo mas tal não se revelou na prova. Uma boa e clássica conjugação de sabores algarvios para terminar uma refeição também ela feita de produtos locais.



O Algarve está recheado de restaurantes como este. Muitos são meramente medíocres, mas outros sabem realmente o que estão a fazer, como é o caso deste Prazeres da Ria Formosa. A juntar à qualidade da refeição, as quantidades são generosas, tornando os preços bastante justos.

Prazeres da Ria Formosa
Av. 5 de Outubro, 94
Olhão, Portugal
Foodspotting
Facebook
Site
Preço Médio: < 30 €

quinta-feira, 30 de julho de 2015

O Fernando (Armação de Pêra)

O Algarve está recheado de tascos com pratos regionais, uns melhores outros piores. Sotavento a Barlavento, por todo o lado temos restaurantes que apregoam peixe e marisco da região, também como chamariz para as debandadas de turistas que enchem o sul do nosso país durante o Verão.
O Fernando é mais um destes restaurantes, onde as especialidades vêm do mar e que uma mão relativamente competente consegue fazer brilhar. Nas coisas um pouco mais elaboradas, isto já nem sempre se verifica, como foi o caso da Sopa de Peixe, com muita massa mas pouco peixe. O próprio caldo estava um pouco insípido, necessitando de mais sabor e também sal.



Acho que nunca comi umas Amêijoas à Bulhão Pato no Algarve que não fossem fantásticas, principalmente pela qualidade do bivalve em questão. Estas não fugiam à regra sendo bastante carnudas e com um molho bem apurado, onde podemos afogar todo o pão que nos seja depositado na mesa.



As Sardinhas Assadas mesmo estando bem grelhadas pecavam na sua qualidade. Parece que este ano está complicado conseguir experimentar umas daquelas sardinhas gordas, cheias de molho e que deixam uma piscina de umami no prato. Daquelas que abrimos para descobrir aquela tão deliciosa iguaria que são as ovas de sardinha.  



Um restaurante como tantos outros, com preços típicos para uma ementa típica. Se vale a visita? Porque não! Não há muito por onde errar com estes restaurantes onde as expectativas não são enormes.

O Fernando
Rua D. João II, 1
Armação de Pêra, Portugal
Foodspotting
Preço Médio: < 20 €

segunda-feira, 29 de junho de 2015

Restaurante Lounge Sal (Ilha de Tavira)

Última manhã de praia em Tavira, lá fomos nós até à Ilha de Tavira para aproveitar as últimas horas de sol algarvio, seguido de almoço num dos restaurantes da própria ilha. A ideia que tinha desses restaurantes é que seriam todos exagerados ao nível financeiro, virados para as centenas (milhares?) de estrangeiros que todos os dias frequentam aquela praia e sem uma qualidade por aí além. 
Mas este Sal acabou por me convencer do contrário. Começámos por conhecer a cozinheira que está à frente do estabelecimento, que é amiga de uma das pessoas com quem me encontrava, bastante simpática e que disse que fazia os possíveis na cozinha mas sempre com bastante amor. Pode parecer conversa da treta, mas o ar da senhora convenceu-me.
Começámos a refeição com um dos pratos mais curiosos da ementa, Mexilhão com Gengibre e Molho Napolitano. Bons mexilhões mas a verdadeira diferença estava no molho, com a conjugação do tomate, cebola e alho a combinarem perfeitamente com o gengibre tostado finamente picado, dando uma verdadeira sensação de profundidade nos vários sabores que nos vão preenchendo a boca.


As Tiras de Choco Frito são boas e com uma fritura uniforme, de boa textura e sabor, acompanhadas por uma maionese de alho não excessivamente forte. Não são as melhores que já comi mas são bastante boas!


O Lingueirão Salteado com Alho e Limão, a fazer lembrar um Bulhão Pato, com os bivalves bem cozinhados e um nível quase acertado de tempero, faltando-lhe ser acompanhado por um gomo de limão que pudesse ser mais facilmente espremido do que a rodela que vem no prato. Problema facilmente e rapidamente resolvido quando o pedido é feito aos empregados e rapidamente correspondido.


Mas, infelizmente, nem tudo esteve a um bom nível nesta refeição. O Polvo "Aglio Olio" com Batata-Doce com um péssimo nível de cozedura, estando duro, borrachoso e difícil de mastigar. O sabor até era agradável com o azeite a ser perfumado pelo alho que lá foi frito e as batatas de bom sabor e bem cozidas, mas o polvo acabou por estragar a experiência deste prato.


Também a Posta de Garoupa com Amêijoas, um dos pratos sugeridos pela cozinheira, acaba por não surpreender apesar do bom sabor da garoupa, mas a ser estragado pela quantidade de amêijoas que tinham areia, algo bastante desagradável. Um prato bom e consistente mas sem deslumbrar.


Também no campo das sobremesas houve altos e baixos. A Baba de Camelo, realizada com uma receita da filha da cozinheira, era bom por não ser tão doce como as que habitualmente se costumam comer, mas a textura não estava correcta e até já tinha criado um fundo de soro. 


Mas o melhor da refeição ficou mesmo para o fim, acabando com uma nota altíssima toda esta experiência. Pedimos dois Cheesecakes, um de Frutos Vermelhos e outro de Figos, e se o de Frutos Vermelhos já era bom, não sei bem como hei-de descrever o de Figos! É um dos melhores, ou até mesmo o melhor, cheesecake que já experimentei! A base podia não ser a mais consistente mas era bastante saborosa, com o queijo creme a ser complementado com raspas de lima que lhe dão um toque amargo ideal, sendo tudo encimado por um doce de figos de comer e chorar por mais. Inesquecível!




No final, não foi só o ar da senhora que me convenceu mas também a sua cozinha, apesar de alguns pontos mais baixos, a ser consistente e feita de bons ingredientes, com os preços a estarem um pouco acima do normal por o restaurante estar localizado na Ilha de Tavira.

Restaurante Lounge Sal
Tavira, Portugal
Preço Médio: < 30 €

segunda-feira, 22 de junho de 2015

O Convento (Tavira)

Desde pequeno que costumo ir passar férias a Tavira e sempre tinha reparado no Convento das Bernardas, um edifício imponente e num estado avançado de degradação. Mas isso mudou, e agora o Convento das Bernardas é um recuperado (pelo arquitecto Eduardo Souto Moura) complexo de habitação, que inclui um restaurante, O Convento.
Com mesa marcada, entramos no restaurante e deparamo-nos com uma sala grande e de aspecto requintado, com um pé-direito alto o que provoca algum eco na acústica da sala. Mas, sendo um grupo de 7, indicaram-nos uma sala à parte onde tinha sido colocado a nossa mesa para que estivéssemos mais à vontade. Apesar do sentimento de maior privacidade, a sala onde fomos colocados era toda uma diferente cacofonia de pratos a bater, o elevador da comida a subir e descer, a máquina do café a trabalhar, etc. Foi uma tentativa simpática, mas não sei até que ponto não preferia o eco das mesas vizinhas na outra sala...
A ementa é variada, com destaque para alguns pratos com produtos regionais (Polvo de Tavira, Amêijoas da Ria Formosa), mas depois de mais de uma semana a comer apenas peixe, decidi ir para a Bochecha de Porco Preto com Batata-Doce Frita e Cogumelos Salteados. Fantástica a bochecha, a desfazer-se com o garfo e a ligar perfeitamente com os cogumelos salteados, sobressaindo ainda o sabor do alho, mas não de maneira negativa. Também a batata-doce frita era muito boa e a funcionar muito bem como acompanhamento.


A sobremesa foi escolhida rapidamente, mantendo um tema de batata-doce com a aposta a recair sobre a Torta de Batata-Doce com Sabayon de Amarguinha. A torta cremosa e com um nível de humidade adequado onde a batata-doce brilhava, bem acompanhada de um sabayon que balanceava na perfeição a Amarguinha e a amêndoa, não ofuscando o sabor da batata-doce quando combinado com a torta.


Um restaurante simpático em Tavira, com algum requinte na confecção dos pratos mas principalmente na sua apresentação, com um serviço jovem mas bastante prestável e simpático. Os preços são um pouco mais altos do que as ofertas normais, mas entende-se pela qualidade dos pratos que acima descrevi.

O Convento
Tavira, Portugal
Preço Médio: < 30 €

segunda-feira, 15 de junho de 2015

Ideal (Cabanas de Tavira)

Há vários restaurantes que são de passagem (quase) obrigatória, cada vez que vou para a zona de Tavira, para comer alguns dos pratos mais icónicos da região. Se o Zé Maria e o seu peixe grelhado são obrigatórios, não ficará muito atrás a Sopa do Mar do Ideal, em Cabanas de Tavira. Servida no pão, com um creme de fantástico sabor, bons bocados de peixe e vários bivalves, que, infelizmente, nesta minha última visita estavam um pouco sobre-cozinhados e, consequentemente, de textura um pouco borrachosa.


Para muitos esta sopa pode ser uma verdadeira refeição, mas para mim é apenas o prelúdio para a mesma. Decidimos pedir para entrada também algumas Amêijoas que apesar de bem cozinhadas, lhes faltava mais tempero e uns óptimos Palitos de Atum, que são tiras grossas de atum marinadas em limão, envoltas numa polme e depois fritas. Como o polme ficou um pouco grosso, as tiras não estavam tão estaladiças como seria expectável, mas ainda assim uma boa surpresa.



A qualidade do atum no Algarve é realmente uma coisa do outro mundo. Basta entrar na praça de Tavira para perceber isso verificando a distinção que lá se faz entre o Fresco e o Congelado. Por isso é (normalmente) uma aposta segura pedir um bife de atum num restaurante, e foi isso mesmo que fiz. E o Bife de Atum à Ideal cumpre o requisito, mesmo sendo um bife de cebolada, acabando por não se tornar tão evidente a frescura do atum. Mas que é saboroso, é. Bom sabor, boa textura, bom molho e umas batatas fritas médias compõem este prato. 
Para além da Sopa do Mar, existem outros pratos que merecem ser degustados como é o caso dos Pastéis de Polvo e dos Filetes de Pescada (que tive oportunidade de provar em visitas anteriores).



Para sobremesa, outra especialidade desta casa, o Doce de Vinagre! Tirando o nome da técnica com que o leite é coalhado, este doce de avinagrado não tem nada, sendo bastante doce e um pouco granulado, mas sem dúvida uma sobremesa a experimentar.



Pode não ter sido a melhor visita que já fiz ao Ideal mas é um restaurante que nunca desilude, com pratos consistentemente bons e preços justos. Para garantirem que conseguem provar a Sopa do Mar e o Doce de Vinagre convém reservar quando fizerem a reserva da mesa, algo praticamente obrigatório no Verão, pois o restaurante está sempre cheio, tornando-o um pouco barulhento.

Restaurante Ideal
Cabanas de Tavira, Portugal
Preço Médio: < 20 €