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segunda-feira, 24 de julho de 2017

Envalira (Barcelona)

Nem todas as refeições em Barcelona poderiam ser tapas. Quer dizer, poder até podiam mas a verdade é que crescia em mim uma vontade de experimentar alguns dos afamados arrozes que por lá se fazem. Ainda que a tradição das paellas seja atribuída à zona de Valência, um pouco por toda a costa da Catalunha se fazem diversos arrozes como pratos regionais. Em Barcelona, os arrozes são mais facilmente encontrados na zona de Barceloneta, mais junto ao mar, porque era um prato típico dos pescadores aí residentes. Nas zonas mais interiores de Barcelona é mais difícil encontrar mas há um restaurante que aparece na maior parte das listagens dos melhores pratos de arroz em Barcelona.
Situado no bairro de Gràcia, na movimentada e vivida Praça del Sol, este restaurante tem a sua ementa virada para a comida espanhola, mas onde é sobejamente conhecido é pelos seus arrozes. Uma breve palavra para o movimento e vida que a Praça del Sol demonstrava nas primeiras horas da noite, com muita gente, sentada não só em esplanadas como em escadas ou no meio do chão, a conviver à volta de um copo ou um petisco.
Chegámos cedo e, como tal, ainda tivemos que fazer algum tempo até que o restaurante abrisse. Em Espanha janta-se um pouco mais tarde que em Portugal, e por isso é natural que alguns restaurantes só abram perto das 21 horas. O problema aqui foi a porta da rua do restaurante, que se encontra constantemente fechada, dando ares de quem se encontra fechado. É pouco convidativo a entrar, daí não termos visto muitas pessoas a frequentar o restaurante nessa noite, mas depois de lá estarmos dentro (o que demorou cerca de 10 ou 15 minutos enquanto tentávamos perceber se já se encontraria aberto ou não) percebemos que a porta se mantém fechada para preservar o ambiente calmo e tranquilo do restaurante. Cada vez que a porta se abria ouvia-se o rebuliço vivo da rua e respectiva dose de decibéis demasiado elevada. A sério, é mesmo muito elevada, como comprovava um estudo que se encontrava nesse dia no meio da Praça del Sol!
Começámos com o típico e tradicional Pão com Tomate! Já estão fartos de me ouvir falar de pão com tomate não é? Prometo que é o último, visto esta ter sido a minha última refeição em Barcelona. Aqui, um exemplar decente mas nada de fantástico. A forma como a baguete foi cortada não ajuda na forma como se come...


Apesar deste tipo de pratos se fazer acompanhar normalmente de proteínas marítimas, na Time Out Barcelona (aqui) mencionavam o Arroz à Milanesa do Envalira. De espanhol tem pouco mas de bom tem muito! Um arroz perfeitamente cozinhado, seco mas ainda com alguma goma e muito sabor! Pequenos pedaços de frango e de bacon iam populando o prato e o queijo derretido revelou-se um excelente acrescento. A nível de sabor não me soube a Espanha mas antes a Itália, lembrando um bom risotto, mas a verdade é que não desiludiu.


O que conseguiu surpreender foi o Arroz à Marinera. O ponto do arroz impecável mas o que aqui fazia a diferença era o caldo onde o arroz tinha sido cozinhado. Tudo ali sabia a mar! As doses aqui são adequadas para uma pessoa mas podiam ter um recheio mais uniforme. Havia no prato 1 lagostim, meia dúzia de bivalves (penso que amêijoas mas não me recordo bem) e algum choco e peixe (que parecia tamboril). Mas o que fez toda a diferença foi o caldo. E se estamos a falar de um prato de arroz, o destaque estava (e bem) no arroz!


Para nos despedirmos de Barcelona, decidimos comer Crema Catalana uma última vez. Excelente exemplar, com todas as texturas certas. Creme muito bom e nada grumoso e uma carapaça estaladiça perfeita, numa dose bastante grande que dá perfeitamente para dividir.


Foi um final muito bom para uma refeição que me encheu as medidas. Procurava este tipo de comida e sabe-nos sempre bem quando encontramos o que procuramos.

Envalira
Plaça del Sol, 13
Barcelona, Espanha
Foodspotting
Facebook
Site
Preço Médio: < 30 €
Data da Visita: 22 de Junho 2017

domingo, 23 de julho de 2017

Mussol Arenas (Barcelona)

Uma das primeiras pessoas a colocar a Catalunha no mapa da gastronomia mundial foi Ferran Adrià. O chef do El Bulli, que encerrou em 2011 e foi durante muitos anos considerado o melhor do mundo para a revista Restaurant, revolucionou mentalidades e introduziu na cabeça de muitos o conceito de gastronomia molecular! Ferran tem um brilhante irmão de nome Albert, que também o acompanhou no El Bulli, e que é neste momento o chef executivo de vários restaurantes do grupo El Barri Adrià (onde se inclui os estrelados Tickets, Hoja Santa ou Pakta, entre outros). Neste momento, Albert Adrià parece estar para Barcelona como José Avillez está para Lisboa, ou não tivesse o português bebido muitas influências dos irmãos Adrià aquando a sua passagem pelo El Bulli em 2006. Ambos detêm vários restaurantes na cidade onde trabalham e todos os seus restaurantes estão confinados numa única zona geográfica dentro da cidade. Se Avillez é o rei do Chiado, Albert Adrià tem todos os seus restaurantes perto da Plaça de Espanya (não sei exactamente o nome da zona). Claro que tentei marcar para o Tickets, mas a sua logística de abrir as reservas para o dia X exactamente 2 meses antes não ajudou e não consegui mesa. Por algum descuido, mas também para não ter restrições a nível de organização dos dias (só o Tickets me iria fazer ter essa condicionante), acabei por não marcar para qualquer outro do grupo Adrià, tentando a minha sorte na Bodega 1900. Como já devem calcular, pelo título do post, foi uma tentativa infrutífera, tendo acabado por ir jantar ao supracitado Mussol Arenas, que me tinha sido recomendado por alguém que vive na cidade. Então porquê todo este texto sobre a família Adrià? Porque são um marco na gastronomia catalã e, como tal, merecem ser referenciados sempre que possível.
Apesar do restaurante se encontrar num Centro Comercial, construído numa antiga Praça de Touros, o nível onde se encontra faz com que não se sinta qualquer ambiente de food court comercial. No topo do edifício, quase como se de um terraço se tratasse, encontram-se vários restaurantes com espaço própria, tendo alguns uma excelente e privilegiada vista para o Monte Montjuïc e a sua Fonte Mágica.
O Mussol Arenas apresenta uma ementa bastante variada e interessante, não sendo totalmente virada para tapas e apresentando alguns pratos de carne bastante apetitosos, mas o nosso apetite era o de tapear algo para depois podermos observar o espectáculo da Fonte Mágica através do parapeito do próprio "terraço". E, para começar a picar algo, umas boas Azeitonas, de 4 ou 5 variedades diferentes, e bem temperadas.


Excelentes os Cogumelos Recheados com Queijo de Cabra e Escalivada, uma espécie de ratatouille catalão, onde os vegetais (maioritariamente pimentos e beringela) são grelhados. A combinação é um sucesso com o forte sabor dos cogumelos a ser ajudado pelo fumado da escalivada e o queijo de cabra a dar aquele toque salgado essencial. Para um pouco de frescura, um ligeiro apontamento de manjericão.


Não podia faltar o Pão com Tomate, também executado com o catalão Pão de Coca, mas aqui algo a chegar-se ao queimado. De resto, a simplicidade do costume e os sabores excelentes como em qualquer outro lado.


Os Ovos Rotos com Presunto Ibérico de Bolota estavam muito bons, principalmente pela sempre suprema qualidade do presunto apresentado, mas as batatas fritas poderiam ser bem melhores.


As Batatas Bravas tinham algumas falhas. Não me importo que se sirvam as batatas em gomos, e até podem ser grandes mas então as batatas terão que cozinhar mais tempo senão ficam ainda encruadas por dentro (como era o caso). Pena também o seu nível de picante ser bastante baixo, parecendo mais umas batatas mansas que bravas.


Há aqui uma variedade de pratos pedidos que são recorrentes entre vários restaurantes porque são algumas das nossas coisas favoritas em Espanha e que não são fáceis de encontrar bem feitos em Portugal. Os Croquetes de Presunto Ibérico de Bolota do Mussol foram, infelizmente, os menos bons que já comi. Fritura algo desastrada, a chegarem à mesa com excesso de óleo e com alguns exemplares a abrirem já. O recheio é sempre bom e consistente, ainda que já tenha experimentado melhor.


As sobremesas também estiveram a um nível bastante aceitável com principal destaque para o Carpaccio de Ananás com Mousse de Crema Catalana. Bons contrastes de acidez e doçura com a hortelã a darem um novo nível bastante interessante.


Menos surpreendente e a um nível mais baixo, a Tarte Tatin Fria de Pêra com Gelado de Violeta e Chocolate Branco. Textura da fatia de Tarte Tatin demasiado gelatinosa mas com um decente sabor a pêra a combinar bem com o sabor mais floral do gelado.


Não sendo um sítio fantástico não deixa de ser uma boa opção para jantar. Talvez até menos para tapas e mais para a restante ementa existente. Tem ainda a mais valia da localização fantástica para quem quiser assistir ao espectáculo da Fonte Mágica.

Mussol Arenas
Barcelona, Espanha
Preço Médio: < 30 €
Data da Visita: 21 de Junho 2017

quarta-feira, 19 de julho de 2017

La Paradeta - Passeig de Gràcia (Barcelona)

Um dos muitos sítios que me recomendaram em Barcelona (e, mais uma vez, obrigado a todos os que me deram recomendações) foi o La Paradeta do bairro de Born. Claro que todas as recomendações acabaram por levar alguma pesquisa da minha parte, até para conseguir obter informações de datas de encerramento, preços, etc. Foi nesse momento que cheguei à conclusão que este La Paradeta tem 7 restaurantes espalhados por toda a zona de Barcelona e apresenta um conceito muito engraçado.
O que mais me atraiu nestes restaurantes foi, sem dúvida, o seu conceito. Estamos perante uma marisqueira self-service, com bons níveis de crítica pelas plataformas habituais (TripAdvisor e Yelp) e que parece apresentar uma relação qualidade-preço bastante apelativa. Apesar de não ter conseguido ir à de Born, visitei a que se encontra perto do Passeig de Gràcia, zona onde estava hospedado.
Quando digo que é uma marisqueira self-service, é mesmo a sério. Entramos e deparamo-nos com uma montra de peixe e marisco fresco, quase tudo com excelente aspecto (apenas a peça de atum que lá estava não convenceu). Daí, escolhemos o que queremos e o seu modo de confecção, dentro das possibilidades existentes, sendo que as opções estão limitadas (normalmente) a 1 ou 2 métodos de confecção pré-definidos. Os produtos escolhidos são pesados, é anotada a confecção, dão-nos um recibo com um número e as nossas escolhas são encaminhadas para a cozinha enquanto nós passamos para a 2ª fase. Ao balcão, e já com um tabuleiro, escolhemos o que queremos beber e pagamos. A seguir, vamos para a sala, bem decorada com apontamentos marítimos, e escolhemos uma mesa das que estiverem livres. Recomendo que escolham uma mesa que seja próxima da cozinha... já vão perceber porquê.
Lembram-se do recibo com um número que recebemos? Pois bem, este é o número que identifica o nosso pedido e que será comunicado pelos altifalantes para que possamos ir recolher a nossa comida. Este processo é feito item a item, logo este recibo tem que ser guardado até que todos os itens pedidos sejam riscados no recibo. A nossa escolha da mesa já foi a considerar esta logística logo ficámos na mesa mais próxima da janela para que este processo fosse o mais rápido possível.
O primeiro item a chegar à mesa foi uma Salada bastante grande (mesmo!), simpática, com tempero à parte, para ser ajustada pelos comensais, mas sem grandes apontamentos. A única questão menos boa, e algo questionável, foi a introdução do que nos pareceu casca de laranja, dando um sabor estranho ao prato. Acabou por servir bem o seu propósito de acompanhar o marisco ao longo de toda a refeição e cortando alguns sabores mais fortes.



Depois da exorbitância paga no Tapas 24 (aqui), foi de forma algo relutante que avançámos para as Puntillitas, ou Chipirones, "a la Andaluza" (fritos). Mas, aqui, o preço dos Chipirones ao quilo é mais baixo do que uma dose no Tapas 24! Existiria assim uma substancial diferença de qualidade? Não, nem por isso, pois também estes estavam bastante bem fritos. Os do Tapas 24 achei melhor temperados mas nada que justificasse a diferença abismal de preços.



Também nos fritos, escolhemos uma única lula, que foi rapidamente transformada nos famosíssimos calamares. Consistente a qualidade da fritura com este exemplar a apresentar-se ainda bastante macio.



Para terminar esta secção de fritos, uma (semi) novidade para mim, Chanquetes! Em Sevilha tinha experimentado um prato onde incluía estes minúsculos peixinhos fritos (aqui), desta vez experimentei-os numa prestação a solo. Devido à sua pequena estatura a verdade é que absorveram em excessivo o sabor do óleo, não apresentando nenhum sabor muito acentuado para além deste. Muito menos deslumbrante que a Chanquetada experimentada mas ainda assim simpático.



No campo das miniaturas, mas fugindo aos fritos, há também disponíveis Pulpitos, pequenos polvos, que aqui foram cozinhados "a la Plancha", ou seja, na chapa. Não sendo particularmente intensos no seu sabor, ficam bastante melhores quando levemente molhados no molho de ervas que estava presente no prato.



A única "desilusão" da noite foram as Gambas a la Plancha. Ainda que cozinhadas no ponto certo, esperava sabores mais acentuada, tendo as mesmas sido apenas levemente grelhadas na grelha sem grande mão no que a temperos refere. Ainda que o molho de ervas, o mesmo dos polvos, ajudasse um pouco, não se tornou nada de memorável.




No final, resta juntar os pratos todos e entregar numa janela específica para a recolha de loiça suja. Como vêem, a ausência de grande logística de empregados de sala ajuda a baixar os preços, tornando os preços desta marisqueira bastante competitivos e mais baixos do que a realidade da maior parte dos lugares. Claro que se optarmos por marisco mais "nobre" o preço poderá subir bastante mas é um local fantástico para comer bons petiscos marítimos a preços bastante justos.

La Paradeta
Carrer del Consell de Cent, 318
Barcelona, Espanha
Foodspotting
Facebook
Site
Preço Médio: < 20 €
Data da Visita: 20 de Junho 2017

terça-feira, 18 de julho de 2017

Tapas 24 (Barcelona)

Carles Abellán é um dos nomes que mais vezes me surgiu em pesquisas por restaurantes de Barcelona. Não tanto pelo restaurante com o nome do próprio mas principalmente quando se listava alguns dos melhores restaurantes de tapas em Barcelona! Cheguei a ver até comparações entre este Tapas 24 e o Cantinho de José Avillez, como restaurante de qualidade mas com preços acessíveis de chefs com ambições Michelin. Sendo próximo da zona onde estava hospedado, e onde por uma questão de logística acabei por fazer a maior parte das minhas refeições, tive que o incluir na lista.
Não tinha a certeza de como seriam os meus dias em Barcelona por isso não reservei nenhum restaurante, tendo procurado antes ter escolha em várias localizações onde calculei que me pudesse encontrar. Como tal, quando me dirigi ao Tapas 24, a fila era algo extensa mas estava de férias e ainda aconchegado dos churros do lanche por isso não me importei de esperar cerca de 30 minutos para conseguir dois lugares num local privilegiado, ao balcão juntos à janela da cozinha, onde pudemos ir cuscando toda a acção que ia acontecendo numa cozinha bem mais pequena do que esperava.
A ementa é composta maioritariamente por clássicas tapas espanholas, havendo ainda uma ementa do dia que aparenta demonstrar um maior nível de criatividade mas com valores bastante mais elevados que a carta fixa.
Como já disse noutro post, a zona da Catalunha não é conhecida pelas suas tapas, mas ainda assim a maior parte dos restaurantes que vemos abordam esta gastronomia tradicional espanhola. Mas não deixa de haver em Barcelona algumas tapas típicas, como esta Bomba de la Barceloneta, que mais não é que uma bola panada de puré de batata com carne picada e um bem condimentado molho. 


Excelentes também os Croquetes de Presunto Ibérico do Tapas 24. Cremosos, como manda a tradição, mas de intenso e fantástico sabor a presunto.


Não podia faltar o Pão com Tomate, como é óbvio! Aqui, numa versão fantástica onde utilizam pão de coca torrado, um tipo de pão tradicional na zona, bastante melhor que as sobrevalorizadas baguetes. De resto, a receita é simples: tomate maduro, bom azeite e sal. Não há como falhar.


Penso que a nível geral esta tenha sido a melhor refeição que fiz em Barcelona. Nada falhou, fosse nos pratos mais tradicionais, fosse em interpretações mais modernas de Carles Abellán, como testemunhámos nesta fantástica Salada Russa. Foge da típica salada russa com o uso de azeitona ou alguns pickles mas ganha em vivacidade e multiplicidade de sabores.


Não tínhamos visto as Puntillitas, ou Chipirones, na ementa mas dada a proximidade da cozinha conseguimos descortinar uma dose destes fantásticos e pequenos moluscos. O único problema? O preço exorbitante (21€) cobrado por uma dose que não era assim tão grande...


Uma das secções da ementa do Tapas 24 é exclusivamente dedicado aos Ovos Rotos, com cerca de 5 variedades diferentes de enchidos que podemos pedir para complementar o prato. Neste caso, optámos por pedir com Butifarra del Perol, um enchido de porco típico da Catalunha que tinha bastante curiosidade em experimentar. Todos os componentes do prato muito bons, mas o destaque vai mesmo para as batatas que se mostraram impecáveis. Não ia com expectativa nenhuma para a butifarra mas mostrou-se uma boa surpresa.


Toda a refeição esteve a um nível muito bom! Não fosse o preço exagerado das Puntillitas e acharia que o preço pago tinha sido mais do que justo pela qualidade apresentada.

Tapas 24
Barcelona, Espanha
Preço Médio: < 30 €
Data da Visita: 19 de Junho 2017

segunda-feira, 17 de julho de 2017

Curtas #17: Xurreria Banys Nous (Barcelona)

Sou um fã de Anthony Bourdain. Praticamente tudo o que o senhor produz eu vejo! Acho que ele tem, na verdade, a melhor profissão do mundo, tal como o próprio admite, ainda que não seja tudo um mar de rosas. Mas o que acho realmente fantástico é a procura de autenticidade que ele faz em cada sítio onde vai. Com a minha ida a Barcelona e o consequente trabalho de casa que fiz, descobri que no site do seu actual Programa, Parts Unknown, existem alguns episódios sobre o seu regresso à Catalunha. Claro que fui logo ver tudo e sacar mais algumas referências gastronómicas da cidade de Barcelona!
Uma delas, e a única pela qual passei, foi a Xurreria na Carrer dels Banys Nous, no Bairro Gótico de Barcelona. O passeio pelo bairro é mais do que obrigatório, por isso nada melhor que parar a meio e "restabelecer forças". Ainda estou meio chocado com a minha experiência de churros ao pequeno-almoço (aqui) por isso esta pausa foi feita a meio da tarde. Pensei que fosse encontrar um sítio superlotado de pessoas, mesmo que estes vídeos não tenham passado no programa da CNN mas apenas estejam disponíveis no site, mas encontrei uma pequena loja deserta.
Estávamos a meio da tarde com temperaturas acima dos 30 graus e percebo que a injecção de açúcar que os churros proporcionam não é a coisa mais apelativa, mas ainda assim tenho que dar a mão à palmatória e admitir que me souberam pela vida.
Impressionante qualidade na massa e respectiva fritura, nos dois tipos experimentados, polvilhados quanto baste com mais açúcar. Para terminar a bomba calórica e a injecção de diabetes imediata, um dos tipos que pedimos era recheado com doce de leite. Diria que isto poderia ser algo enjoativo mas a verdade é que se torna extremamente viciante!




Se estiverem por Barcelona, vão lá! A sério! É impressionantemente bom e eu nem sou grande fã de doces!

Xurreria Banys Nous
Carrer dels Banys Nous, 8
Barcelona, Espanha
Foodspotting
Preço Médio: < 10 €
Data da Visita: 19 de Junho 2017

domingo, 16 de julho de 2017

Curtas #16: Jamón Experience (Barcelona)

Mais do que um local para fazer uma refeição, ainda que tenha restaurante próprio, o Jamón Experience é um museu onde podemos ficar a conhecer melhor o processo de produção de um dos melhores produtos do mundo, o Presunto Ibérico de Belota!
Como refiro vezes sem fim, se há algo que nuestros hermanos fazem exemplarmente é a sua produção de presunto. A forma como utilizam a raça ibérica para a produção do melhor presunto do mundo, ou até como pegam na raça de porco comum (normalmente chamado porco branco) e conseguem dele extrair um bom Presunto Serrano já é de louvar. Estranho é nós portugueses não conseguirmos apresentar sempre a mesma qualidade que a do país vizinho. E porquê? Se temos acesso à mesma raça, temos pastos tão bons como os espanhóis (ou não fossem por vezes áreas adjacentes) então resta-me concluir que o processo de salga e de cura não é tão apurado como o deles.
Mas, voltando a esta fantástica experiência, aqui podemos perceber todo o processo que leva a este caso de sucesso único, numa visita por várias salas onde nos vai sendo explicado cada passo. No final, dá-se lugar à degustação de 6 presuntos diferentes, enquanto nos vão explicando as subtis diferenças entre os mesmos.


A degustação começa pelo presunto mais banal e fraco, o Serrano Reserva, que já de si era um bom presunto feito de porco branco. A seguir, um Presunto Ibérico, este sim já representante da raça ibérica de porcos. A denominação de belota é válida quando entre os 12 e os 18 meses do porco ele consegue aumentar o seu peso até aos 150kg alimentando-se ao ar livre de bolotas. Existem, em Espanha, 4 zonas DOP (Denominação de Origem Protegida) e tivemos também a oportunidade de provar um pouco do presunto ibérico de belota representativo de cada região: Guijuelo, Extremadura, Pedroches e Huelva. Pessoalmente, a preferência foi para o de Huelva mas seria um homem feliz a alimentar-me de qualquer um deles.


Quando terminada a degustação saímos pela parte de loja, onde somos automaticamente invadidos com o delicioso aroma do presunto que lá se vai cortando à mão para embalar e vender. Para além do restaurante e da loja têm ainda um pequeno espaço onde vendem sandes, sendo uma óptima opção para um petisco ou um rápido almoço para continuar a explorar a cidade. Caso decidam passar a refeição mais pesada noutro lado, o Mercado de la Boqueria é mesmo em frente e também merece uma visita!

Jamón Experience
Barcelona, Espanha
Preço Museu + Degustação: 19 €
Data da Visita: 19 de Junho 2017

quarta-feira, 12 de julho de 2017

Ciudad Condal (Barcelona)

Quando estava a planear as minhas férias por Barcelona pedi, na página de Facebook do blog (esta e onde todos vocês, caros leitores, deveriam colocar o vosso like), recomendações para comer na cidade! Claro que fiz, também eu, o meu trabalho de casa, pesquisando em vários sites algumas recomendações mas queria recomendações de quem já lá estivesse estado.
Obrigado a todos os que contribuíram para fazer crescer a lista de referências para Barcelona (tinha cerca de 55 e só lá iria estar 5 dias!) mas não consegui, como é lógico, experimentar tudo o que queria! Um dos locais que foi referenciado, pelo chef Hugo Bernardo do fantástico B'Entrevinhos (aqui) e mais tarde pelo meu próprio irmão, foi o Ciudad Condal. Ainda por cima era relativamente perto da zona onde se encontrava o meu hotel!
Por falar em hotel, vou fazer uma breve referência aos locais onde fiquei, só para referência de possíveis interessados em visitar Barcelona ou Madrid (onde estive 1 noite). O Hostal Medea, em Barcelona está relativamente bem localizado, com bastantes atracções a que se consegue aceder a pé, como a Sagrada Família, a Casa Milà ou a Casa Batlló, e ainda a 5 minutos das estações de Metro e Comboio de Passeig de Gràcia. É um hotel bastante minimalista e o quarto onde ficámos tinha duas pequenas janelas que davam...para lado nenhum! Não sendo fantástico, vale mais pela localização que pela qualidade do sítio em si. Foi um pouco daqueles casos onde as fotos online são melhores que a realidade que experimentámos mas também não é terrível.
Já em Madrid, onde estive apenas 1 noite para ir ao Download Festival, falhada a tentativa de voltar a ficar hospedado Hotel Praktik Metropol, acabámos por marcar o room007 Sol, muito perto do Teatro Real de Madrid, ou seja, com bons acessos e também numa zona bastante central da cidade! Aqui, a realidade do quarto já bastante mais próximo do que vimos online e ficámos bastante satisfeitos.
Bem, voltando às questões gastronómicas, estamos em Espanha amigos e aqui tenho o hábito de fazer ligeiras refeições ao almoço, consistindo maioritariamente em bocadillos (sandes) com presunto, deixando as refeições mais consistentes para o jantar.
Apesar de estarmos em Espanha, onde a arte de tapear é rainha, a verdade é que a zona da Catalunha não é uma zona cuja gastronomia tradicional seja representada com tapas. Mas, seja por motivos práticos ou turísticos, a verdade é que é mais fácil encontrar restaurantes com tapas do que restaurantes puramente catalães. 
O Ciudad Condal é um pouco isso, um restaurante mais representativo da gastronomia espanhola que se conhece no mundo do que algo catalão. A sua ementa é virada para os pequenos pratos, sejam eles em forma de tapas, montaditos ou flautas (pequenas sandes em baguete), com a maior parte das propostas clássicas e tradicionais, e juntando ainda uma pequena ementa de propostas do dia. A variedade é muita chegando a ter disponíveis quase 100 itens diferentes, dificultanto, e muito, a escolha.
Mais fácil foi escolher o que beber nesta primeira refeição em Barcelona, não podendo fugir ao vinho espumante tradicional desta região de Espanha, a cava!


Para nós, Espanha é sinónimo de 2 coisas: Pão com Tomate (em catalão, Pa Amb Tomaquet) e Presunto! E, sempre que possível, estes itens fazem parte das nossas refeições. É impressionante o quão bom é pão com tomate esfregado, azeite e sal! Ainda que o pão usado, uma baguete vulgar, pudesse estar torrado e pudesse ser de melhor qualidade, a verdade é que é o início de refeição perfeito.


Acho que já referi 1001 vezes que acho surpreendente a inexistência de mau presunto em Espanha. Seja em que zona do país for, encontramos bom presunto e a preços mais baixos do que os praticados em Portugal! Aqui não foi excepção com um óptimo Presunto Ibérico de Belota.


Incontornáveis também, para matar saudades de terras espanholas, pedir Croquetas, neste caso de Frango e Presunto. Boa fritura, excelente cremosidade dada pelo béchamel e óptimo sabor mas com o frango a ser completamente ofuscado pelo predominante sabor do presunto.


Ainda que em dose reduzida, até mesmo para uma tampa, as Gambas Al Ajillo deixaram uma boa impressão no seu molho de sabor apurado.


Apesar de bem cozinhados, e bem temperados, os Pimentos de Padrón não deixaram de desiludir um pouco pelo facto de nenhum dos espécimes deglutidos ter apresentado qualquer valor na Escala de Scoville.


Apesar da ligeira falta de sal, estava excelente este Surtido Cremoso de Cogumelos, com uma variedade bastante considerável e sendo tudo bem ligado com a cremosidade de uma gema de ovo.


Até agora o restaurante não tinha desiludido e manteve o nível nas sobremesas, com uma excelente Crema Catalana, uma sobremesa parecida com o Crème Brûlée ou o nosso Leite Creme mas com ligeiras diferenças nos seus ingredientes e método de confecção (podem ver as diferenças neste artigo). Creme bastante saboroso e uniforme com uma cobertura estaladiça perfeita.


Excelente também o Flan da Casa, tanto ao nível de textura como de sabor, sem ser excessivamente doce ou tornar-se enjoativo. Dispensei apenas o chantilly que se encontrava no prato pois não trazia nenhum valor ao prato.


Uma óptima refeição a abrir as hostilidades no país vizinho. A nível de valores, o preço das doses parecia estar em conformidade com o praticado um pouco por toda a cidade, mas de valores mais altos do que se encontram noutras cidade de Espanha, como Madrid ou Sevilha.

Ciudad Condal
Barcelona, Espanha
Preço Médio: < 30 €
Data da Visita: 18 de Junho 2017

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

41º (Barcelona, Albert Adrià)

Na altura em que comecei a conhecer e tentar saber mais sobre o trabalho de Ferran Adrià (dono do ex-melhor restaurante do mundo, El Bulli), apercebi-me que não havia um só génio na família e que também o seu irmão Albert trabalhava os ingredientes de uma forma peculiar e muito aproximada daquilo que se fazia no El Bulli. Foi assim que Albert fundou 41º, um restaurante em Barcelona onde não vamos só jantar... Como se pode ver se explorarmos um pouco o site do restaurante, é dado ao cliente a possibilidade de comprar bilhetes para um jantar que será uma "experiência gastronómica e audiovisual".


O custo de uma experiência de degustação destas é entre os 200€ e os 265€ (caso se deseje acompanhar com os vinhos recomendados)! A questão crucial aqui é... Será que uma refeição valerá um valor destes? Percebo o cepticismo quando se ouve o nome Adrià, pois pensamos normalmente em El Bulli e cozinha molecular! Mas penso ser necessário manter uma mente aberta quanto a este tipo de cozinha, o que ela representa e o que ela pode dar enquanto satisfação (ou não) a um cliente. Quem viu o episódio de Anthony Bourdain na sua primeira visita ao El Bulli, sabe que ele era também um céptico, amante das comidas simples mas facilmente se converteu à magia e à experiência de uma refeição deste género.
Mas a palavra chave aqui é experiência! Não sendo algo que esteja ao alcance de todos (ao meu não está certamente), não nos impede de saber mais sobre esta forma de cozinha em vez de a descartarmos pelo nome...

41º (Grados)
Avinguda Paral-lel, 164
Barcelona, Espanha