Uma das reaberturas mais ansiadas de 2018! A Sala de Corte, do chef Luís Gaspar, tinha encerrado em 2017, procurando um espaço maior onde pudesse acolher as dezenas e dezenas de pessoas que diariamente lá batem à porta, procurando uma das mesas carnívoras mais procuradas de todo o país.
Após longos meses, lá reabriu a Sala de Corte numa nova morada, perto da anterior. Ou seja, continuam no Cais do Sodré, com dezenas de pessoas à porta, que aguardam a oportunidade de ver em primeira mão os fantásticos Jospers a trabalhar. A boa notícia é que agora a Sala de Corte aceita reservas (via The Fork) ou por telefone, ainda que não para todas as horas.
Mal entramos deparamo-nos com uma enorme camâra de maturação onde podemos ver as múmias que irão servir os comensais presentes, separadas por cortes. Enquanto esperávamos pela nossa mesa, podíamos ir observandos os Jospers em acção, ainda que as labaredas que via me fizessem preocupar um pouco... Mas já lá vamos.
Antes de continuarmos, um disclaimer. Este não é um restaurante para vegetarianos. De todo! No máximo conseguiriam comer uma entrada e alguns acompanhamentos. Por isso, se forem vegetarianos ou vos fizer impressão carne mal passada ou crua, este pode não ser o restaurante certo para vocês, ainda que consigo quase garantir que iriam sair de lá convertidos.
Começámos com uma oferta da casa, um Pão com Chouriço, numa versão brioche e com uma intensidade de sabores que me apanhou um pouco desprevenido. Gosto de pão com chouriço, e acho piada aos fornos a lenha que encontramos nas feiras ou nas estradas para a Ericeira, mas esta versão conseguiu levar algo tão simples para todo um outro nível.
Bem, existindo croquetes na ementa, é inevitável que os peça e atacámos uns excelentes Croquetes de Novilho, servidos com mostarda de Dijon, com uma textura exterior perfeita e um interior cremoso e bastante saboroso. Algumas dúvidas quanto a se tinham queijo ou não, visto que tal foi referido quando nos serviram os croquetes, mas não me apercebi do seu sabor, ainda que uma das pessoas presentes na mesa o tenha sentido. Ainda assim, belíssimos exemplares com que me deliciaria diariamente se tal fosse possível.
Falando já da estrela principal da casa, a carne, uma das opções recaiu sobre o Chuletón Galego, da raça Rubia Galega, uma das melhores raças bovinas e que já se consegue encontrar em vários restaurantes da capital. Não sei se será melhor ou pior que raças portuguesas (se alguém organizar um workshop de comparação de diferentes raças, contem comigo!) mas a verdade é que é muito, muito, MUITO boa!
Engraçada a forma de trabalhar da casa que convidam a que seja a própria pessoa a escolher a peça de carne que irá comer. Neste caso, deixei que o serviço escolhesse a peça que iria alimentar duas pessoas, já que de certeza que perceberão mais do que eu destas coisas. A peça é então pesada e informam-nos do peso da mesma, para o caso de querermos uma peça maior ou menor. Gostei bastante desta forma de trabalhar, ainda que me tenha assustado com o facto de ter sido escolhida uma peça com 1,5Kg... Mas não se preocupem que não sobrou nada!
A carne é verdadeiramente fabulosa. Das melhores coisas que já comi! E consigo dizer isto ainda que o seu exterior se tenha apresentado ligeiramente carbonizado, traduzindo a preocupação que tive inicialmente em realidade. Quando estamos a grelhar algo, caso haja demasiada chama, cozinhamos o exterior muito mais depressa do que o interior, como é lógico. O que aconteceu aqui foi que a crosta exterior ultrapassou a desejada reacção de Maillard, e começou a apresentar aqueles sabores amargos queimados. Felizmente o interior estava perfeito, e acabou por me fazer ultrapassar o amargor exterior.
Bons acompanhamentos, alguns melhores que outros, mas de forma geral bastante interessantes. Esparregado de Espinafres com Queijo São Jorge DOP (12 meses) de sabor intenso, devido ao excelente queijo utilizado, um cremoso e saboroso Arroz de Feijão, Chouriço de Cebola e Farofa de Mandioca, e um Dauphinoise de Batata Doce com forte presença de queijo, que ofuscava a batata.
Ainda que o Chuletón fosse fantástico, algo que já esperava, o que não estava à espera é que o Tártaro do Chef fosse tão bom! É um prato que peço bastantes vezes, pois sou muito fã do mesmo (sim, gosto de carne crua! Muito!), mas não estava à espera de encontrar tão bom exemplar na Sala de Corte. Não sei porquê! Faz sentido que um dos melhores restaurantes de carne de Lisboa, tenha um dos melhores tártaros! Tudo bem balanceado, com um corte perfeito na carne, que permitia ainda alguma textura na mesma, e sabores fortes a conjugarem-se perfeitamente na boca.
O mais fraco mesmo foram as batatas fritas que o acompanham, demasiado grossas, sem um exterior crocante e a precisarem de uma segunda (ou terceira) fritura.
Antes da sobremesa, uma pré-sobremesa oferecida pela casa, na forma de umas Bolinhas de Sorbet de Lima, envolvidas numa Crosta de Chocolate Branco e Peta Zetas. A funcionar quase como um limpa-palato, mas mais divertido. Até me podem dizer que o uso de peta zetas já passou de moda mas acho que dá uma certa piada a elementos doces e funcionou muito bem aqui.
Para a sobremesa, decidimos partilhar uma Pavlova de Frutos Vermelhos com Sorbet de Framboesa e Lima e ainda bem que o fizemos, pois a pavlova tem um tamanho bastante generoso, ainda que era tão boa que talvez fosse capaz de a comer sozinho! Excelente crosta a revelar um interior abaunilhado, quase a fazer-me lembrar chocolate branco, com o uso dos frutos vermelhos no meio para ajudar a cortar os sabores excessivamente doces, tal como do óptimo gelado que se fazia acompanhar.
Um dos restaurantes da moda, com um dos conceitos que mais tem aberto pela cidade, o das steakhouses, mas com preços acima das outras casas. A refeição foi muito boa, mesmo considerando a ligeira carbonização do chuletón, e comemos acima do que seria recomendável mas não sei se justifica o preço quando comparado com outras casas do género.
Após longos meses, lá reabriu a Sala de Corte numa nova morada, perto da anterior. Ou seja, continuam no Cais do Sodré, com dezenas de pessoas à porta, que aguardam a oportunidade de ver em primeira mão os fantásticos Jospers a trabalhar. A boa notícia é que agora a Sala de Corte aceita reservas (via The Fork) ou por telefone, ainda que não para todas as horas.
Mal entramos deparamo-nos com uma enorme camâra de maturação onde podemos ver as múmias que irão servir os comensais presentes, separadas por cortes. Enquanto esperávamos pela nossa mesa, podíamos ir observandos os Jospers em acção, ainda que as labaredas que via me fizessem preocupar um pouco... Mas já lá vamos.
Antes de continuarmos, um disclaimer. Este não é um restaurante para vegetarianos. De todo! No máximo conseguiriam comer uma entrada e alguns acompanhamentos. Por isso, se forem vegetarianos ou vos fizer impressão carne mal passada ou crua, este pode não ser o restaurante certo para vocês, ainda que consigo quase garantir que iriam sair de lá convertidos.
Começámos com uma oferta da casa, um Pão com Chouriço, numa versão brioche e com uma intensidade de sabores que me apanhou um pouco desprevenido. Gosto de pão com chouriço, e acho piada aos fornos a lenha que encontramos nas feiras ou nas estradas para a Ericeira, mas esta versão conseguiu levar algo tão simples para todo um outro nível.
Bem, existindo croquetes na ementa, é inevitável que os peça e atacámos uns excelentes Croquetes de Novilho, servidos com mostarda de Dijon, com uma textura exterior perfeita e um interior cremoso e bastante saboroso. Algumas dúvidas quanto a se tinham queijo ou não, visto que tal foi referido quando nos serviram os croquetes, mas não me apercebi do seu sabor, ainda que uma das pessoas presentes na mesa o tenha sentido. Ainda assim, belíssimos exemplares com que me deliciaria diariamente se tal fosse possível.
Falando já da estrela principal da casa, a carne, uma das opções recaiu sobre o Chuletón Galego, da raça Rubia Galega, uma das melhores raças bovinas e que já se consegue encontrar em vários restaurantes da capital. Não sei se será melhor ou pior que raças portuguesas (se alguém organizar um workshop de comparação de diferentes raças, contem comigo!) mas a verdade é que é muito, muito, MUITO boa!
Engraçada a forma de trabalhar da casa que convidam a que seja a própria pessoa a escolher a peça de carne que irá comer. Neste caso, deixei que o serviço escolhesse a peça que iria alimentar duas pessoas, já que de certeza que perceberão mais do que eu destas coisas. A peça é então pesada e informam-nos do peso da mesma, para o caso de querermos uma peça maior ou menor. Gostei bastante desta forma de trabalhar, ainda que me tenha assustado com o facto de ter sido escolhida uma peça com 1,5Kg... Mas não se preocupem que não sobrou nada!
A carne é verdadeiramente fabulosa. Das melhores coisas que já comi! E consigo dizer isto ainda que o seu exterior se tenha apresentado ligeiramente carbonizado, traduzindo a preocupação que tive inicialmente em realidade. Quando estamos a grelhar algo, caso haja demasiada chama, cozinhamos o exterior muito mais depressa do que o interior, como é lógico. O que aconteceu aqui foi que a crosta exterior ultrapassou a desejada reacção de Maillard, e começou a apresentar aqueles sabores amargos queimados. Felizmente o interior estava perfeito, e acabou por me fazer ultrapassar o amargor exterior.
Bons acompanhamentos, alguns melhores que outros, mas de forma geral bastante interessantes. Esparregado de Espinafres com Queijo São Jorge DOP (12 meses) de sabor intenso, devido ao excelente queijo utilizado, um cremoso e saboroso Arroz de Feijão, Chouriço de Cebola e Farofa de Mandioca, e um Dauphinoise de Batata Doce com forte presença de queijo, que ofuscava a batata.
Ainda que o Chuletón fosse fantástico, algo que já esperava, o que não estava à espera é que o Tártaro do Chef fosse tão bom! É um prato que peço bastantes vezes, pois sou muito fã do mesmo (sim, gosto de carne crua! Muito!), mas não estava à espera de encontrar tão bom exemplar na Sala de Corte. Não sei porquê! Faz sentido que um dos melhores restaurantes de carne de Lisboa, tenha um dos melhores tártaros! Tudo bem balanceado, com um corte perfeito na carne, que permitia ainda alguma textura na mesma, e sabores fortes a conjugarem-se perfeitamente na boca.
O mais fraco mesmo foram as batatas fritas que o acompanham, demasiado grossas, sem um exterior crocante e a precisarem de uma segunda (ou terceira) fritura.
Antes da sobremesa, uma pré-sobremesa oferecida pela casa, na forma de umas Bolinhas de Sorbet de Lima, envolvidas numa Crosta de Chocolate Branco e Peta Zetas. A funcionar quase como um limpa-palato, mas mais divertido. Até me podem dizer que o uso de peta zetas já passou de moda mas acho que dá uma certa piada a elementos doces e funcionou muito bem aqui.
Para a sobremesa, decidimos partilhar uma Pavlova de Frutos Vermelhos com Sorbet de Framboesa e Lima e ainda bem que o fizemos, pois a pavlova tem um tamanho bastante generoso, ainda que era tão boa que talvez fosse capaz de a comer sozinho! Excelente crosta a revelar um interior abaunilhado, quase a fazer-me lembrar chocolate branco, com o uso dos frutos vermelhos no meio para ajudar a cortar os sabores excessivamente doces, tal como do óptimo gelado que se fazia acompanhar.
Um dos restaurantes da moda, com um dos conceitos que mais tem aberto pela cidade, o das steakhouses, mas com preços acima das outras casas. A refeição foi muito boa, mesmo considerando a ligeira carbonização do chuletón, e comemos acima do que seria recomendável mas não sei se justifica o preço quando comparado com outras casas do género.
Sala de Corte
Lisboa, Portugal
Preço Médio: < 60 €
Data da Visita: 22 de Agosto 2018
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