quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Rescaldo Tascas no Cais 2015 (Lisboa)

2ª Edição do evento Tascas no Cais, patrocinado pela Super Bock, um evento que junta alguns (poucos) restaurantes existentes na cidade, num recinto ao ar livre. Mais num conceito de partilha, os restaurantes têm vários pratos (com os preços a variar até aos 8€, mais ou menos) que poderão ser demonstrativos da cozinha que praticam na sua morada permanente. Nesta 2ª edição, pudemos contar com Taberna da Rua das Flores, Can The Can, Cantina LX e Tasca de Três, o único a não ter uma morada fixa, mas que junta o chef Nuno Diniz (da EHTL, Tágide e ex-York House), o chef Nuno Barros (1300 Taberna e ex-2780 Taberna) e o foodie Rodrigo Meneses (foodie.pt e Curador da Academia TimeOut). A iniciativa é bastante interessante mas pareceu pecar pela pouca oferta gastronómica existente. Na 1ª Edição estiveram presentes Ramiro, Cantina LX, Can The Can, Taberna da Rua das Flores/Flores do Bairro e Tasca de Três com Nuno Diniz, Nuno Barros e João Sá (ex-Assinatura e ex-G-Spot).
O evento teve um custo de entrada de 3€, dando direito a uma imperial, o que não é propriamente barato, tal como as ofertas gastronómicas não o são, se fizéssemos uma comparação puramente baseada na quantidade. Para além disso, das 4 ofertas existentes, as únicas que me cativaram o suficiente para me deslocar ao Cais do Sodré foi a Tasca de Três, de onde já conhecia a famosa Sandes de Porco Fumado, e a Taberna da Rua das Flores, um restaurante que desde há muito me suscita curiosidade.
Como em qualquer festival dos dias de hoje (não sei como se processou o ano passado pois não estive presente), todo o dinheiro que quiséssemos gastar teria que ser previamente trocado por senhas. Ainda que de melhor qualidade que as senhas dos festivais de Street Food (especialmente se tivermos em conta a edição em Paço de Arcos) e mesmo sem sabendo se aceitariam devoluções ou não (começo a estar de tal maneira preparado para este sistema que faço questão de saber exactamente o que vou pedir antes de trocar dinheiro) continuo a achar que na óptica do cliente final (aquele a quem qualquer evento é suposto satisfazer) esta solução é menos prática e pode chegar a ser prejudicial.
Apresentações e queixas feitas, vamos à comida! Como disse, a minha curiosidade recaía principalmente entre a Tasca de Três e a Taberna da Rua das Flores. É natural que a maior parte das escolhas tenham sido entre essas duas bancadas. Mesmo no evento, olhando para todos os menus, havia poucas propostas captivantes do Can The Can e a Cantina LX parecia ter uma ementa demasiado parecida com a do restaurante (que já conheço e cuja review podem ler aqui).
Na Tasca de Três, voltei a experimentar a Sandes de Porco Fumado. Depois do fantástico exemplar que experimentei no European Street Food Festival (aqui), as expectativas eram altas mas, infelizmente, não estava tão boa. O pão era bom mas a carne estava à temperatura ambiente e com uma menor profundidade de sabor. A maionese de bacon continua impecável e a rodela de tomate presente nada de novo acrescentou.



Os Ovos com Farinheira e Barriga de Porco estavam cremosos e com sabor ligeiramente predominante da farinheira, algo que poderia ser balançado com uma maior quantidade de barriga. Para os que possam fazer um ar desconfiado perante as palavras "barriga de porco", lembrem-se que o bacon vem desta deliciosa parte do porco.



Boa Mousse de Chocolate com Caramelo e Amendoim, demonstrando boa consistência e a não ser excessivamente doce, um erro onde muitas mousses de chocolate acabam por cair. A transversalidade de sabores entre chocolate e o caramelo não chocam e até se acentua graças a alguma salinidade do caramelo e do amendoim.



Já a Mousse Cítrica com Suspiros não estava tão boa, faltando-lhe a sua própria adjectivação e tornando-se demasiado doce. Tudo correcto a nível de textura e consistência, mas aquela acidez característica apenas foi descoberta no fundo do copo, com um creme que deveria ter sido um topping.


Não conhecendo a ementa habitual da Taberna da Rua das Flores, não sei quão comparável à que foi apresentada no evento, mas se a qualidade for algum indício então este é um restaurante obrigatório em Lisboa. Os Peixinhos da Horta estavam muito bons, com uma saborosa e estaladiça polme. O molho sweet chilli dá-lhes um toque original.



As Pataniscas de Bacalhau foram algo surpreendentes pela sua forma de apresentação e irrepreensível fritura. As pataniscas, cortadas de forma rectangular, estavam ultra estaladiças. Apenas achei que o sabor do bacalhau foi bastante mais suave do que o esperado, mas nada de grave.



O Picadinho de Carapau é algo de maravilhoso e refrescante. Bastante bem balanceado em todos os sabores presentes, fosse pela alga wakame ou pela acidez dada pela maçã, que suportaram o conjunto e ajudaram a elevar o carapau. Fantástico!



Uma ideia interessante na concretização do Frango Satay com bons sabores e uma boa quantidade de especiarias a transportarem o peito do frango até à Ásia, mas faltando um molho que ajudasse a dar mais vida a uma peça um pouco seca.



Outro prato fantástico desta Taberna, e que repetiria sempre que pudesse, foram os Lagartos Grelhados. A carne desfazia-se na boca e, dado à gordura intrínseca do corte, enchia-nos o palato com sabor e umami. A adição da cebola picada é importante para cortar toda aquela riqueza do porco.



No Can The Can, a qualidade da comida não deslumbrou. Apesar de achar alguma piada ao conceito, a curiosidade nunca se aguçou depois de ter lido algumas críticas menos positivas. E se a qualidade da comida for igual ao que aqui demonstraram, então não me parece mesmo que chegue a visitar o espaço. As Chamuças de Atum eram desinteressantes, com o sabor a ser todo mascarado pela quantidade de cominhos utilizada. Estavam bem recheadas, mas de resto nada de muito positivo a apontar.



Pouco acima estavam os Croquetes de Polvo com Tinta. Recheio demasiado unidimensional, avivando apenas quando misturado com a mostarda de dijon e um outro molho mais adocicado. Interessante proposta mas a concretização poderia estar melhor.



Único prato experimentado na Cantina LX, por motivos já explicados, foi a Tarte de Batata Doce. Ainda que bastante húmida, e com o acrescento interessante de sumo de laranja e respectivas raspas, a verdade é que o sabor da batata-doce não se mostrou.


A iniciativa é interessante, e os moldes em que é executada ainda podem ser melhorados, mas a base está lá e o conceito também (talvez até um pouco replicado do que se faz no Peixe em Lisboa). Todas as bancas estiveram perto das expectativas criadas, inclusive as de baixa expectativa. Como resultado final, ficou a enorme vontade de ir à Taberna da Rua das Flores e experimentar a restante cozinha do chef taberneiro André Magalhães.

Tasca de Três
Projecto único que surge apenas no evento Tascas no Cais. A ideia junta 3 chefs numa só ementa. Este ano tivemos o chef Nuno Diniz (Escola de Hotelaria e Turismo de Lisboa, Tágide e ex-York House), chef Nuno Barros (1300 Taberna) e o foodie Rodrigo Meneses (foodie.pt e Curador da Academia TimeOut).
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Preço Médio: < 20 €

Taberna da Rua das Flores
Morada Permanente: Rua das Flores, 103
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Preço Médio: < 20 €

Can The Can
Morada Permanente: Praça do Comércio, Terreiro do Paço, Ala Nascente, 82-83
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Preço Médio: < 20 €

Cantina Lx (review aqui)
Morada Permanente: LX Factory, Rua Rodrigues Faria, 103, Edifício C, Piso 0
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Preço Médio: < 20 €

4 comentários :

  1. Obrigado pela visita!
    Um pequeno comentário para referir que o porco fumado voltou a ser feito por mim e, salvo uma ou outra (possível) pequena alteração na marinada seca, feita sem medidas nem pesos, a receita era (e será se voltar a aparecer) a mesma.
    Um abraço

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    Respostas
    1. Olá Chef Nuno!
      Calculo que a receita tenha sido a mesma mas pareceu-me que os sabores estavam mais escondidos que no Estoril. Espero, sinceramente, que volte a aparecer porque é a melhor sandes de porco do país!

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  2. Também detesto o sistema de senhas usado.

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