segunda-feira, 6 de abril de 2015

1º Dia no Street Food European Festival (Estoril)

Era inevitável fazer uma visita ao Street Food European Festival, que se encontra a decorrer nos jardins do Casino Estoril até dia 12 de Abril. Já vos falei sobre algumas das expectativas que tinha para o evento e quais os participantes que considerei mais apelativos (aqui), mas a verdade é que ainda que a comida tenha correspondido ao que pensava, a organização do evento esteve muitos furos abaixo do que um evento deste género merecia. Comecemos por falar em vários pontos que terão de ser melhorados.


Sabia de antemão que seria necessário trocar dinheiro real por uma moeda fictícia usada para o evento, os "Streets", mas nada me preparou para as condições ridículas que este processo envolve. Existem 3 pontos de venda para este efeito, e apenas 1 pessoa é atendida de cada vez, o que leva a que um evento que deveria esperar milhares de pessoas apenas consiga atender 3 pessoas de cada vez. Claro que com a afluência de gente do primeiro dia, as moedas estavam constantemente a acabar, resultando nuns fantásticos 50 minutos de espera para trocar o dinheiro. Dinheiro esse que não é devolvido caso não seja usado. Visto não haver preços pré-definidos (como, por exemplo, no Peixe em Lisboa), isto leva-nos a tentar adivinhar um valor que servirá para comer e beber, correndo o risco de atirar demasiado por cima e acabarmos por gastar dinheiro que não será usado. E, mesmo sabendo que existem multibancos próximos do recinto, poderiam ter uns terminais de pagamento para facilitar a vida às pessoas. Metade deste problema foi ultrapassado às 15 horas (3 horas depois do evento abrir) quando autorizaram as bancas a negociar directamente em euros. Claro que as bancas não iam preparadas para isto, gerando também alguns problemas, inclusive a falta de recibos/facturas ou o facto de não terem troco para dar às pessoas. Só na compra de "Streets" é que poderíamos pedir uma factura.


Quanto ao espaço em si, seria simpático mais sombras e mais lugares para as pessoas se sentarem. Mais cadeiras, mais mesas, uns chapéus de sol ou até uma tenda com mesas corridas e bancos, uma miniatura do Festival do Caracol Saloio ao nível de logística de sentar se houver espaço, junto de outras pessoas. A inexistência de casas de banho também não faz sentido, não servindo a desculpa de existirem casas de banho nos cafés e restaurantes à volta do recinto. Pede-se que um evento destes tenha pelo menos meia dúzia de casas de banho portáteis para servirem para qualquer urgência. Poderiam também disponibilizar um mapa do recinto, com os locais onde se encontram os participantes, as casas de banho (caso existissem), os pontos de venda de bebidas, troca de moedas, etc. Claro que este mapa só seria válido caso todos os participantes anunciados estivessem presentes, o que não aconteceu, não sabendo se a culpa será da organização do evento ou dos responsáveis das food trucks em si. Mas se anunciam 60 food trucks (11 internacionais) não podem depois ter só metade, sendo que apenas me lembro de ver 3 internacionais: Crabbie Shack, Mozao e Fresh Rootz.


O horário também me parece meio estranho. A hora de encerramento ao fim de semana é discutível (poderia ser mais tarde), mas durante a semana o evento fechará às 20 horas. Para quem pensa sair do trabalho e passar lá para jantar terá que ir cedo. Alargando o horário mais 2 horas poderiam cobrir e atrair mais gente que queira ir experimentar o Street Food European Festival ao jantar, durante a semana.
Mas calculo que o maior problema tenha sido as baixas expectativas quanto à quantidade de pessoas que iriam frequentar o festival. Só dessa forma se justifica a escassez de "Streets" que depois infectou as food trucks começando a haver escassez de produtos em muitas. Penso que quase todas as bancas passaram por esta falta de stock. Não percebo a falta de precaução existente para evitar este tipo de situações. Sei que o espaço de armazenamento não é muito numa food truck e o volume de negócio do primeiro dia deve ter superado largamente aquilo a que estarão habituados, mas deveria haver métodos mais eficazes para precaver estas eventualidades. Agora, ao fim de 4 horas de festival já terem a banca encerrada por falta de stock?


Ridículo é haver uma exclusividade na venda de bebidas básicas (estou, como é óbvio, a falar de água!) para alguns stands. Se estiver a pedir comida e me apetecer beber água tenho que ir para uma fila de 20 pessoas, numa banca exclusiva? Não estou a falar de cerveja, falo de água! Porque acreditem que depois de 50 minutos de espera, ao sol, para trocar as (depois) inúteis moedas, eu vou pedir algo para comer e já agora peço uma água para me refrescar. Porque terei que passar por duas filas diferentes para isto? Se houvessem pontos de venda de bebidas de 10 em 10 metros talvez não me chateasse mas da forma como o recinto está organizado, torna-se bastante chato.


Passemos agora ao que de bom existe no festival, a comida! Sim, porque apesar de criticar muita coisa, nem tudo foi mau. O meu objectivo inicial, e que consegui cumprir, era experimentar, pelo menos, uma das bancas nacionais e uma das internacionais.
Comecei por me dirigir à banca que mais curiosidade suscitava, o Crabbie Shack, mas a fila era muito extensa (algo que foi constante durante as várias horas que estive no evento) e desisti dessa ideia. Deixarei o Soft Shell Crab Burguer para uma segunda visita. A segunda food truck internacional que me deixava a salivar era o Bunsmobile mas depois de duas voltas ao recinto descobri que não se encontrava presente. Quando andei a pesquisar quem vinha ao festival, baseei-me na lista que a Aptece, organizadora do evento, publicou aqui e assumi que na abertura estariam já todos os participantes presentes, mas ficaram longe disso.


Portanto, o passo lógico foi dirigir-me à food truck nacional da Conceito Food Store, para poder perceber que ofertas teriam disponíveis. Um menu muito variado, com propostas muito apelativas, e com a curiosidade de ter um menu de degustação (entrada, prato, sobremesa e copo de vinho, se não me engano) por 18€. Não é barato, mas é uma refeição completa, num conceito diferente. A minha escolha caiu sobre o Croissant de Salmão e confesso-vos que a primeira coisa que impressionou foi a parte visual. O chef Daniel Estriga não se descorou na exigência da apresentação da sua comida, fugindo ao estigma que a street food muitas vezes tem. Croissant quente e torrado com o salmão a dar um bom contraste de temperatura, sendo bem acompanhado por beterraba e algo que pareceu ser uma maionese caseira com um sabor muito ligeiro. O croissant era mais maçudo que o desejável e teria apreciado alguma acidez no conjunto mas, de forma geral, subtileza de sabores num bom início, deixando-me a salivar pelo resto da ementa.


Não havendo Charcutaria Lisboa, foi a Tasca Itinerante a escolhida para dar o seguimento à refeição, com uma óptima e generosa Tábua Individual, composta por 1 pão, 4 tipos de charcutaria e 4 tipos de queijo. Todos os ingredientes de óptima qualidade (pão inclusive), desejando apenas que o presunto tivesse sido cortado um pouco mais fino, mas nada de grave.


Faltava-me provar algo internacional e, depois de ouvir bons comentários de quem foi comigo, acabei por ir ao Mozao, a food truck que veio de Itália. Pensava que serviam tigelles mas parece que o conceito que trouxeram foi diferente, mostrando aos portugueses o Gnocco Fritto, um produto típico da região de Emilia-Romana. Massa saborosa, estaladiça por fora e fofinha por dentro, havendo a opção de pedir no seu tamanho tradicional, num prato com mortadela e salame, ou em versão XL, mas recheado. Experimentei o Gnoccolone Carbonara, que é recheado com uma pasta de natas e depois de frito é-lhe colocado uma finas fatias de (algo que parece) lardo por cima. Pedia-se mais recheio mas exceptuando isso, muito bom!


Acabámos esta primeira visita com um bom café no Coppenhagen Coffee Lab.


Continuo a achar que o festival merece uma visita e tenciono regressar ao Estoril para experimentar mais pratos. Esperemos que a organização consiga trabalhar nos pormenores que estão a falhar para poderem encerrar este primeiro Street Food European Festival em grande. A ideia do projecto é fantástica, a sua concretização é que ainda tem muitos degraus para subir.

5 comentários :

  1. É uma pena que num festival com tantas variedades de óptima comida, apresentem tantas falhas, o que pode acabar por desmotivar as pessoas de lá voltarem!
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    1. Esperemos é que ouçam o comentário dos muitos insatisfeitos como críticas construtivas e trabalhem para melhorar... É normal haver erros em primeiras edições de festivais (não pensei que houvessem tantos), mas o essencial agora é abrir os ouvidos e corrigir.

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    2. Sim, agora é preciso abertura e humildade da parte deles para saber ouvir os erros e corrigir, para que os próximos dias/edições sejam melhores!
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  2. Nunca irão aceitar comentários. Sou sócio da Aptece e sabe o que fizeram quando pedi contas? Além de me terem bloqueado da página do Facebook enviaram-me isto! Enviaram-me isto: http://www.alvodireto.com/index.php?do=/marketplace/71760/folhetos-pagos-pela-uni%C3%A3o-europeia-%C3%A0-aptece/

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    1. Paulo, se não os aceitam de certeza que estão atentos a eles porque já foram resolvidos alguns dos problemas iniciais, principalmente quando relativo ao uso dos "Streets" e da não existência de WC's... Num próximo post (algures durante a próxima semana) farei um rescaldo das minhas restantes visitas ao evento e abordarei as falhas que inicialmente apontei.

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