terça-feira, 14 de abril de 2015

Rescaldo do Street Food European Festival (Estoril)

Já vos contei (aqui) quais foram as impressões com que fiquei no 1º dia do Street Food European Festival. Mas, tive a oportunidade de lá voltar mais algumas vezes durante a semana para poder comprovar a evolução desta primeira edição do Festival. Comecemos da mesma forma que comecei o anterior artigo, a falar sobre os problemas organizacionais que existiram, tentando manter a mesma ordem usada.
Acabaram-se as moedas, mas não os Streets. Depois do problema inicial, e depois da organização ter permitido que as bancas pudessem negociar directamente em €uros, voltou-se a negociar (na maior parte das bancas mas não em todas) apenas em Streets, desta vez impressos em cartão. Também a impossibilidade ridícula de não haver devolução de Streets não utilizadas teve um fim, deixando de haver uma clara exploração ao consumidor final. 
No que diz respeito ao espaço do evento, o recinto pareceu ter mais mesas e cadeiras durante a semana, mas seriam claramente insuficientes para as enchentes que se verificaram durante os dias mais fortes, como sexta e sábado. Quanto à questão da sombra, tudo se manteve igual, não havendo sequer uns chapéus de sol nas mesas disponíveis, algo que seria muito importante para os dias de sol e calor que se verificaram. Corrigiram também a inexistência de WC's, com a colocação de WC's portáteis em dois pontos do recinto.
Continuou sem haver um mapa dos participantes, e também a não comparência de muitos participantes anunciados pela própria APTECE. Na própria reportagem que apareceu no Telejornal da RTP1, no dia 4 de Abril, (e que pode ser vista aqui a partir do minuto 35), José Borralho, membro da organização do evento, afirma que há participantes de vários países, inclusive Itália, Polónia, Alemanha, Inglaterra e França. O problema é que dos países referidos apenas se fizeram representar Itália (Mozao) e Inglaterra (The CrabbieShack e Fresh Rootz), sendo que os espanhóis Food Nomads chegaram já durante a semana.
Houve pouca presença daquilo a que chamaria "comida de rua portuguesa". Bifanas e prego (em bolo do caco!) havia, mas e o resto da nossa finger food? Os nossos couratos? Os cachorros em carcaça? Os nossos panados? Nem uma banca de fartura e churros havia. Sei que a ideia é pegar em conceitos mais "gourmet" (palavra que já teve mais significado do que nos dias de hoje) mas não podemos descurar aquilo que já fazemos há muitos anos. Apenas precisamos de actualizar esse tipo de conceito, à semelhança do que se tem feito com os pregos e bifanas. 
Não sei se chegou a existir alguma alteração de horário durante a semana, mas pareceu haver uma flexibilidade de horário para as bancas encerrarem só quando já não houvesse clientes.
Segundo conversas que fui mantendo com pessoas que foram ao evento, não houve mais problemas de stock durante a semana, sendo que estes se repetiram apenas no fim de semana. No fim de semana, e com as bancas a tentarem fazer alguma gestão de stock para que não houvesse sobras em demasia, repetiram-se os problemas de falta de ingredientes, mas quase sempre mais próximo do horário de encerramento e não às 15 horas como no primeiro dia do evento. Ainda assim, é lamentável que uma das bancas (Walkamole) tenha estado sempre encerrada das 4 vezes que me dirigi ao festival!
Ou seja, a organização preocupou-se com as inúmeras críticas que surgiram e conseguiu corrigir aquelas que seriam de fácil e rápida solução. Esperemos que as restantes não caiam no esquecimento e que sejam corrigidos numa futura edição.
Findas as divagações quanto à organização, foquemos no que para mim é o mais importante, a comida! A melhor altura para experimentar este tipo de evento, fugindo às confusões e filas, é durante a semana. Por isso, nada melhor que um almoço mais tardio num dia de semana, para poder finalmente experimentar o tão famoso Soft Shell Crab Burger do The CrabbieShack. Um pão brioche que parece insuficiente para assegurar a integridade estrutural de uma sandes tão massiva, mas que é o invólucro perfeito para o formato do crocante e saboroso soft shell crab em tempura. Da combinação pedida (pepino em pickle, coentros e maionese de wasabi) apenas a maionese me pareceu demasiado subtil e não se mostrou relevante face ao intenso sabor do caranguejo e respectiva polme.


A fome era negra e escapou-se a foto ao Cachorro Francesinha do CaxoRRolote, mas ainda assim fica para a memória um exemplar simpático e de tamanho generoso. Talvez não tão adequado a um festival destes, pois é para se comer de faca e garfo num evento que poucas mesas disponíveis tem. O pão de cachorro, recheado com salsicha, fiambre e chouriço, é depois bem tostado e coberto com queijo ralado. O molho de francesinha é depois despejado em quantidade mais que suficiente sobre o cachorro, acabando por derreter o queijo colocado. No final, para ajudar a textura mais do que se tornar relevante ao nível do sabor, adiciona-se cebola frita. Apenas não fiquei totalmente convencido com o molho, achando-o um pouco pesado demais.
Nessa segunda visita, terminei a refeição com um Dulce de Leche Crepe de dimensões reduzidas. no Food Nomads. A massa do crepe era boa e de espessura adequada, o recheio é saboroso mas a dimensão oferecida é injusta face ao preço (3,50€) pedido.


A minha visita seguinte já estava previamente programada. Sabia que dia 9 de Abril estaria uma das carrinhas ocupadas com um conceito diferente: Um Chef, Um Foodie, Um Produto! Com o Chef Nuno Diniz (Restaurante York House e professor na EHTL), o Foodie Rodrigo Meneses (do foodie.pt) e... Porco! A Sandes de Porco Fumado com Maionese de Bacon (!!!) era apregoada como a Melhor Sandes de Porco Fumado, e isso não é dizer pouco. Estão a imaginar aqueles programas do Food Network com imagens pornográficas de barbecue? A imagem do tacho onde se encontrava a carne provocava-me esse mesmo tipo de sensação.


Um processo moroso e que envolveu vários dias de preparação para que pudessem presentear os seus clientes com algo que achassem digno de tão nobre e saboroso animal. Na minha opinião, acho que conseguiram superar as expectativas. Se no primeiro dia tudo estava fantástico, com um bom pão, uma carne saborosa, extremamente macia e a adição da melhor maionese que já alguma vez provei, no dia seguinte tencionava apenas levar alguém ao evento para a provar mas acabei por não resistir. As palavras "cebola caramelizada" envolveram-me o cérebro e sucumbi à tentação. E que bem fiz. A carne tinha sido cozinhada mais tempo e apresentava-se com ainda mais sabor que no dia anterior, a maionese de bacon continuava perfeita (estou seriamente a considerar pedir a receita) e a cebola caramelizada dava-lhe uma doçura extra que complementava na perfeição os temperos usados na carne. Aos responsáveis pela sandes um pedido... quero mais! Muito mais! O melhor que comi no Street Food European Festival, sem dúvida alguma. O sucesso (merecido) desta sandes foi de tal forma gigante que também eles se ressentiram da falta de stock, vendendo todos os 80kg de pá de porco fumada.


Na banca do #Porco havia ainda uns deliciosos mini Muffins de Porco. Ideia original e extremamente bem conseguida na ligação do doce do milho com o saboroso porco.


No fundo acho que a iniciativa foi um sucesso que deverá ser replicada e melhorada pelo resto das cidades do nosso país. Agora que viram quais os pontos-chave a melhorar, é levar a comida de rua pelo resto do país e aproveitar o tempo fantástico que temos durante quase todo o ano.
E vocês, com que opinião final ficaram deste evento? Que melhorariam? Que mudariam? Quero as vossas opiniões na caixa de comentários!

4 comentários :

  1. Nós fomos lá duas vezes, no Sábado de abertura e no último Domingo, claramente com pontaria para os piores dias mas foi quando pudemos ir... Acabamos por não experimentar tudo aquilo que queríamos, mas tudo o que comemos gostamos (alguns mais que outros, mas no geral estava tudo bom). Fomos ao Skinny Bagel, Mozao, Focaccia in Giro, Cucina Vai à Fava, Sushi Van, Bolas da Praia e acho que não me estou a esquecer de nada.

    Só um reparo: "repetiram-se os problemas de falta de ingredientes, mas quase sempre mais próximo do horário de encerramento e não às 15 horas como no primeiro dia do evento." - por volta das 13h de Domingo (dia 12) o CrabbieShack ainda estava fechado. Passado um bocado, já estava aberto e com uma fila interminável, onde nós nos metemos porque queríamos mesmo experimentar o hamburger... E depois de estarmos na fila uns 10m..... "CRAB SOLD OUT"... :/ percebo que não quisessem arriscar muito no último dia, mas não terem caranguejo às 14h, pouco depois de abrirem... Parece-me uma falha grave. Também não conseguimos ir ao Walkamole, porque estava constantemente fechado.

    A organização melhorou claramente de um fim de semana para o outro no que diz respeito aos Streets e às WCs. Notou-se o esforço quanto às mesas e cadeiras, apesar de ainda serem insuficientes, mas já se via muita gente prevenida de toalhas e afins para se sentarem na relva (foi o que nós fizemos).

    Apesar das falhas, das filas e das confusões gostamos e esperamos que se repita para o ano, talvez com mais foodtrucks e com melhor preparação das mesmas para enfrentar os fins-de-semana (one can only hope!) :)

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Olá Maria =)
      Antes de mais, obrigado por teres comentado. Sim, é uma falha grave no último dia do evento não haver comida pouco depois da abertura (só tinha conhecimento do caso do #Porco no domingo) mas confesso que não sei se no caso do CrabbieShack não vieram para o festival com stock contado à partida e sem possibilidade de fazer encomendas (devido ao tempo que poderiam demorar a chegar a PT) =\
      Penso que no último dia muitas das bancas não estarão para se preocupar porque depois de uma semana querem é encerrar a banca e ir para casa, ou no caso do Walkamole, continuar sem se preocupar! Esperemos que também essa falha, por parte das bancas, desapareça numa próxima edição =)

      Eliminar
  2. Obrigado pela simpatia!
    No nosso caso, o porco, era impossível repor a sandes esgotada, devido à enormidade de horas necessárias para o preparar.
    Não contávamos (claramente) com toda gente e isso foi uma falha.
    Por outro lado não estou disponível para enganar as pessoas e a preparar rapidamente um produto aldrabado, que não teria nada a ver com a ideia original...

    ResponderEliminar
  3. Olá Nuno,
    Pela preparação que vocês fizeram, e que o Rodrigo me resumiu, eu sabia que era impossível haver uma preparação da sandes na hora. Mas pela autenticidade do produto total (fosse pelo pão, carne ou restantes ingredientes), notou-se o carinho e dedicação que puseram na receita! Para quem esteve 4 dias no evento para fazer "uma" sandes, foi um sucesso garantido e ainda bem! Espero mais iniciativas da vossa parte =)

    ResponderEliminar