segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Uma viagem pelo sushi ou o porquê de não querer voltar ao Nagoya (Oeiras)

Acredito que alguns de vós irão acabar de ler este artigo com uma enorme vontade de me chamar "food snob" ou algo do género. Sei também que existem muitos fãs do(s) Nagoya(s) por aí fora, e este artigo é especialmente para vocês. 
Existe toda uma evolução natural para quem começa a comer sushi. Primeiro pensamos que peixe cru é esquisito. Não o queremos, preferimos até repudiar e dizer que gostamos da nossa comida cozinhada. Mas na verdade não fazemos a mínima ideia do que falamos. Achamos até que o sushi cheira a uma praça ao sábado de manhã. Mas temos uns amigos que gostam de sushi e até já há uns restaurantes que têm buffet de comida chinesa e japonesa, por isso já podemos ir com os nossos amigos e eles vão comer sushi enquanto nos refugiamos na comida chinesa, ou até no teppanyaki.
Mas já agora porque não provamos? Tiramos meia dúzia de rolos que os nossos amigos dizem estar "muita" bons. A maior parte não nos agrada, apenas um ou outro parecem provocar de forma positiva o nosso palato. Mas também não é assim tão mau, pois não? Depois começamos a descobrir que não são só os restaurantes chineses que servem sushi em grandes quantidades e baixos preços. Existem também alguns restaurantes como o Sakura ou o Nagoya, espalhados um pouco por toda Lisboa.
Começamos a experimentar coisas diferentes, a maior parte com queijo Philadelphia, e começamos a achar mais piada. Até existem algumas coisas com gambas panadas ou pele de salmão grelhada! Uau, afinal isto é bom. Ainda não achamos uma piada por aí além a coisas mais simples como sashimi, nigiri e hosomaki e, sinceramente, não sabemos bem o que estes nomes significam. Mas aqueles rolos com o arroz por fora, morango, salmão e queijo eram fantásticos! E começamos a ficar viciados. Rapidamente precisamos da nossa dose mensal de sushi, e arranjamos um destes sítios para nos satisfazer.
Mas queremos mais. Há restaurantes que praticamente só servem sushi de fusão e é isso mesmo que nós gostamos. São restaurantes mais caros do que o que estamos habituados mas queremos experimentar para perceber se a diferença de preço vale a pena. E é aqui que iremos seguir por um de dois caminhos. Ou não queremos dar este passo e estamos satisfeitos com a qualidade do sushi que comemos nesse momento, ou então vamos continuar à procura da melhor qualidade porque a ânsia de comer melhor sushi é grande.
Os restaurantes que começamos a frequentar têm a possibilidade de pedir combinados de sushi e sashimi. Apesar de não sermos grandes fãs de sashimi, começamos a ganhar-lhe gosto. E a diferença entre estes restaurantes de sushi e os que frequentávamos anteriormente? Abismal! O peixe é muito mais fresco e isso nota-se na textura e sabor. Começamos até a reparar em pequenas nuances como a qualidade do arroz, da alga ou da soja, Isto sim é sushi, pensamos nós. Habituamo-nos a novos padrões de qualidade, aprendemos a distinguir os diferentes tipos de peça e até começamos a pedir cada vez mais sashimi, havendo sempre uma preferência pelo peixe A ou B. 
Era mais ou menos neste ponto da viagem que me encontrava da última vez que fui ao Nagoya de Oeiras. Aproximava-se a hora de almoço e andava já com algumas vontades de sushi. Para não se gastar mais 4 ou 5 euros por pessoa, optámos por voltar ao Nagoya e assim poder saciar a nossa fome com muita quantidade e qualidade média. Mas as coisas já não funcionam assim. Fazemos toda a refeição no Nagoya com a clara sensação que este restaurante já não serve para as nossas necessidades. Nem  o preço baixo ou a possibilidade de comer tudo o que desejarmos é suficiente para compensar a qualidade medíocre de todos os aspectos do sushi que pedimos. Peixe de fraca qualidade, excepto o salmão. Arroz excessivamente compacto e sem sabor. Os rolos mais originais a apresentarem-se com peças inconsistentes e enjoativos no meio de tanto molho e mistura. 




Saio do restaurante com um desejo que não foi aplacado. Há apenas uns anos atrás este restaurante teria sido mais do que suficiente para eu ficar satisfeito e sentir que tinha recebido a minha dose mensal de sushi. Mas as coisas mudam e esta viagem parece-me ser quase inevitável para toda a gente que, como eu, está sempre à procura de melhor qualidade nas suas refeições. 
Se ainda não começaram a comer sushi, podem começar por este tipo de restaurante, sendo que a minha preferência vai claramente para o Sakura. Se já passaram esta fase, então tudo o que leram até agora não foi novidade nenhuma. Mas se se encontram neste tipo de caminho, vão por mim e comecem a procurar novos restaurantes. Por mais meia dúzia de euros conseguimos já boas opções para almoçar ou jantar!
Eu não sei bem em que ponto me encontro, mas sei que tenho ainda um longo caminho a percorrer. O último passo foi experimentar fazer sushi em casa. Se foi bom? Mau não foi. Para uma primeira vez até fiquei bastante satisfeito, mesmo com alguns erros cometidos quanto ao arroz. Deu, pelo menos, para acalmar a chama que o Nagoya não conseguiu apagar.




Podem agora chamar-me "food snob" se quiserem, mas acredito piamente que o gosto pelo sushi é um gosto que se vai adquirindo e refinando. Temos que saber por onde começar e que caminho seguir. Se tivermos alguém que nos possa guiar por estas andanças melhor ainda. Mas não desistam se não gostarem da primeira vez que experimentaram sushi. Tentem antes descobrir quais serão os restaurantes que têm sabores que mais irão de encontro às vossas preferências. Normalmente estes restaurante serão restaurantes de fusão, mas procurem um que seja bom e que tenha boas críticas online, por exemplo. O gosto pelo sushi é uma porta difícil de abrir, mas quando o conseguimos fazer é todo um caminho desbloqueado para novos sabores e experiências.

Nagoya
Oeiras, Portugal
Preço Médio: < 20 €

2 comentários :

  1. Gostei muito do texto e concordo com tudo o que escreveste. Também eu já fiz essa viagem pelo sushi.
    Comecei nos restaurantes de sushi achinesados e nas primeiras vezes odiei, achei tudo muito deslavado. Depois fui ganhando gosto e habituando-me aos sabores. Fui descobrindo novos restaurantes, continuando nos buffets/rodizios mas com mais qualidade, como o Arigatô, o Sushisan ou o Sushi Factory e foi nessa altura que comecei a gostar verdadeiramente de sushi.
    Hoje procuro conhecer os melhores. Já consegui experimentar alguns como o Suntory, o Sushic, o Origami ou o Umai e ainda continuo com vários na minha wishlist porque infelizmente o preço de um bom restaurante de sushi não é o mais amigo da carteira.
    De qualquer forma, sempre que a vontade de comer sushi aperta, já me custa voltar aos restaurantes de sushi a 10€, prefiro dar mais 4€ ou 5€ e ir a um Arigatô, por exemplo.

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    1. Fico feliz que as pessoas se consigam identificar com o que escrevi e que não seja o único a passar por esta viagem. Como tu, também eu tenho vários na wishlist que apenas poderei experimentar quando a carteira o permitir mas até lá fico feliz por haver opções de preço intermédio já com boa qualidade =)
      A tua última frase resume exactamente como me sinto e a motivação principal que tive para escrever este texto!
      Obrigado por teres comentado =)

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